War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 6
Capítulo 5 - Observado pelas Sombras


Notas iniciais do capítulo

A título de atualização: Na versão anterior, o nível de magia variava do zero ao cinco, agora, o estendi até o dez.



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~ Capítulo 5 – Observado pelas Sombras ~

 

Paralisado pelo medo, Witc não conseguia dizer mais nenhuma palavra. Seus músculos já não respondiam aos seus comandos. Aquela criatura encoberta pelas sombras dos arbustos deu um passo à frente e como instinto, os pés do garoto recuaram. Todavia, havia uma pedra atrás dele, a qual não pôde prever ou relembrar. – Ahh! – Gritou ao cair sentado. – Não se aproxime de mim. – Ele tentou se levantar e sair correndo, no entanto, a fera foi mais ágil e saltou sobre seu peito, lhe derrubando novamente.

Apesar de seus batimentos cardíacos acelerados, ele pôde sentir a respiração ofegante do animal e foi criando coragem. Lentamente virou o rosto para observar a face do que estava parado sobre ele. Era um pequeno lagarto de aproximadamente 30 cm e um pouco diferente do habitual.

— Então era isso? Não acredito que tive tanto medo. – Suspirou aliviado e pondo o bichinho do lado. – Espere só um pouco, vou buscar um quadro ali e já volto. Fique aí. – Disse ao lagarto que continuou sentado e apenas inclinou a cabeça para o lado esquerdo como se estivesse tentando entender o que aquele humano acabara de falar.

— Isso só pode ser brincadeira. – Murmurou ao ver a pintura. Ele voltou o olhar para o réptil e observou novamente o que estava desenhado ali. – Com certeza é alguma brincadeira. – O bichinho sorriu.

Enquanto isso, atrás da árvore, Akira o observava. Ela também não havia entendido o que tinha acontecido ali, mas não se aproximou e nem o atacou desta vez. Um pequeno sorriso de canto de boca se formou em seu semblante. – O que está fazendo, Akira? Pensou.

As nuvens que bloqueavam o brilho da Lua logo foram embora e ele poderia a ver caso ela permanecesse no mesmo local. Então, Akira saltou e se escondeu entre os galhos daquela árvore.

O que foi isso? Pensou Witc ao ver algumas folhas sendo levadas por uma leve brisa. – Acho melhor ir logo. – Ele retornou com o quadro, agarrou o pequeno bicho que ainda o esperava e foi procurar Rose.

***

Encontrando-a na cozinha, um turbilhão de palavras começaram a jorrar de sua boca. – Mãe, como a senhora me explica isso? – Mostrou a pintura que estava apenas com um contorno feito a lápis HB e todo o resto em branco. – E isso? – Mostrou o lagarto. – Não sei como, mas ele tem as mesmas formas do desenho, seu rabo é bem curto assim como o do desenho, parece entender o que nós falamos e o mais curioso: ele é exatamente igual ao desenho que pedi.

Ela o olhou atentamente e depois riu. – Também não sei explicar isso. Pintei da mesma forma que faço nas outras, a não ser que... – Lembrou que usou um pincel e uma tinta diferente. – Não, não sei. O que você vai fazer com isso? – O pôs sobre o balcão.

— Claro que vou ficar com ele. – Disse ao pega-lo novamente e joga-lo para cima, admirando-o com os olhos brilhantes, como se fossem dois pontos de luz. – Seu nome será Don. Vou mostrar para Lina. – Don tinha algumas características peculiares. Pele com pequenas escamas verdes e focinho curto. Em volta de seu pescoço, duas escamas côncavas, que partiam de seu peito e davam uma volta completa simetricamente e se encontravam em sua dorsal. Além disso, ele também possuía cinco proeminências na cabeça: duas lateralizadas, arredondadas e menores, duas em forma de pequenos chifres, um pouco mais a cima, e uma centralizada de cor mais escura.

***

No quarto, Lina seguia com seu novo hobby. Não possuía muitos amigos, então passava parte do tempo livre lendo sobre astronomia, física e assuntos de ciência em geral ou jogando videogame.

A cada dia a genialidade da garota a deixava mais entediada. Tudo parecia ser fácil demais ou sem graça. – Esse jogo é tão chato. Queria poder enfrentar inimigos mais fortes... – Pôs o controle ao lado e se jogou para trás, caindo pensativa sobre o colchão macio de sua cama, até que ouviu alguém bater na porta e chama-la.

— Lina... – gritou – Lina. Olha o que eu achei.

Ela levantou-se, ligou o abajur próximo da televisão e pediu para que ele entrasse. Ao ver Don em suas mãos, indagou surpresa. – Uma iguana?

— É mais ou menos. O nome dele é... – Witc é interrompido por uma voz soprano. Ainda de seu colo, ele sussurrou enquanto o olhava e movimentava as patas. – Don... Don... Nome Don.

Lina o tomou entre as mãos, o virou de cabeça para baixo e para os lados, procurando qualquer sinal de um organismo cibernético. – Espera um pouco, ele fala? É de verdade? – Ela ficou muito surpresa com aquilo.

— Fala. – Disse Don.

Convencida de sua existência, Don foi colocado em cima da cama e ela se apresentou em seguida da forma mais simples possível: pondo a mão sobre o peito e pronunciando lentamente cada palavra. – Olá! Meu nome é Lina. Qual o seu nome?

Ele tentou repetir os mesmos gestos. – Meu nome... Don. – Moveu a pequena pata em frente ao peito e sorriu.

— Ele consegue falar! Meus animais são incríveis! – Disse Witc com grande contentamento.

— E mesmo assim, você nem se importa com eles. Joy vive com a mamãe e a Escofinha passa mais tempo fora de casa do que com você. – Questionou. – E esse bicho é estranho mesmo hem!

Eles “testaram” o pequeno Don de toda forma. Fizeram-no dizer várias palavras, andar, correr e pular. Ele parecia não ter dificuldade em executar os comandos e aprendia rápido, porém, palavras com a letra “R” ainda travavam a língua do animal. Após algumas horas de brincadeira com o novo bichinho de estimação, suas energias se esvaíram, dando espaço a uma noite de descanso.

***

Enquanto seu corpo se debruçava entre os lençóis verdes de sua cama, sua mente viaja pelas ruas de Déviron Garden. As cores daquela atmosfera pareciam semelhantes, mas o garoto não podia controlar seu inconsciente, e acabou sendo dominado pelo ambiente que via.

Passando em frente ao museu, Witc não compreendia como tinha chegado ali, todavia, ele ouviu um som que parecia vir da igreja. – Que som é esse? Parece aquela... Eu conheço essa música. Vem Dali. – Não estava longe. Ele atravessou a pequena praça na lateral do prédio, chegou a rua do outro lado e seguiu correndo por mais 100 metros. – Eu sabia. É aquela banda novamente. Lina, Ayurik... Espera pouco, onde está todo mundo? – Por alguns instantes, falsas presenças se instalaram como companhia naquele local desértico e amedrontador. – Por que eles estão cantando aqui se não há... Pessoas, mas como? – Notou um falso público criado por lembranças esquecidas. – Nunca as vi na cidade.

Ele se aproximou um pouco mais e encontrou sua gata em um galho de uma árvore na esquina antes do templo. – Tenho medo de me aproximar, mas não saberei quem são. Não consigo ver seus rostos a essa distância. – Forçou a vista tentando observar a imagem com mais definição, e ordenou que o felino saltasse, que acatou sua ordem rapidamente. – Vamos lá, Escófia.

De forma sorrateira, Witc andou até estar de frente para o grupo. Pareciam ser os mesmos integrantes com os quais sonhara na primeira vez: Oito pessoas, dois eram vocalistas e um deles, uma mulher.

Ele observou atentamente cada detalhe da roupa da cantora e tentou de toda forma ver seu rosto, entretanto, o capuz sobre sua cabeça impedia qualquer feixe de luz atingir sua face. – Por que não consigo ver... Seus olhos. Posso os ver seus agora. – Neste momento ele fixou sua visão naqueles olhos castanhos avermelhados. – Eles são... Como sangue... Sua voz também é muito bela. Talvez eles não sejam... – Enquanto ele estava hipnotizado, um homem alto agarrou Escófia e a jogou dentro de um saco, então, Witc saiu do transe.

— Ei! Devolva ela. Ei! – Eles começaram a sair um a um.

— Vá embora, garoto. – Witc foi empurrado por um dos dois seguranças e caiu na rua.

— Não! Não! Devolva-a... – ele foi interrompido.

— Tarde demais, pequeno bruxo. – Chamas surgiram de suas mãos e queimaram o saco onde a gata estava.

— Não! – Gritou. Witc acordou e olhou desesperadamente para o tapete do lado esquerdo de sua cama, viu Don, e no outro repousava Escófia. – Ainda bem. Foi apenas um pesadelo. – Suspirou e voltou a deitar-se.

Agilmente, Akira se escondeu ao lado da janela e não permitiu ser vista. Porém, sentiu o coração bater mais rápido enquanto voltou a observa-lo através da vidraça. Como ele fica tão calmo com tudo isso? Ele parece não saber nada sobre a magia. E essa lagartixa... O que ela é afinal de contas? Pensou. – Ela virou-se para o lado oposto e inclinou a cabeça em direção ao céu logo em seguida. – Preciso dar um fim a isso tudo o mais rápido possível... – Foi interrompida por Tsifer que chegou repentinamente e pôs a mão sobre seu ombro, e assustando-a.

Sarcasticamente, ele logo tratou de encontrar um apelido para Akira. – Te assustei, princesinha? O que faz na rua, uma garotinha, há essas horas? – Tsifer, apesar de demônio, usava a forma humana. Era alto, forte e seus cabelos loiros caídos desciam de forma a cobrir as orelhas.

— Então você já chegou. Foi mais rápido do que pensei. Acho que aquele... Ele gostará de você.

— Espero que sim, mas alguém não respondeu a minha pergunta. – Insistiu.

— Não é da sua conta. Vamos.

— Você devia tratar melhor seu parceiro, princesinha. – Disse enquanto sorria, e logo em seguida ambos saíram.

***

Momentos depois

— Chegamos. Está pronto para conhecê-lo?

A confiança que ele tinha em sua beleza e força o destacava. – Sempre estou pronto, princesinha.

Ambos passaram pelo portão de entrada do castelo. – Lugarzinho maneiro. Um portão de entrada com uns cinco metros de altura, um jardim que não se pode ver o fim, se é que posso chamar isso... – notou os troncos mortos espalhados. – De jardim e um castelo com esse ar medieval. Quem escolheu essa decoração?

— Você fala demais para um demônio. Sabe o que aconteceu com o ultimo que falou demais? Bum! Explodiu. Então, apenas continue andando e não me atrase.

— Uh! – Ironizou. – Até que você parece bem assustadora para uma princesinha. Sinceramente, eu me borraria todo caso encontrasse você em uma rua escura.

Akira parou repentinamente, pegou seu arco, retirou uma flecha de uma comporta em suas costas e mirou na cabeça de Tsifer. – Não brinque comigo. Não sou sua “princesinha”.

— Calma. Calma. Somos companheiros... – Ele é interrompido.

— Já disse. Não sou nada sua. – Tsifer tenta pegar a espada em sua cintura. – Se eu fosse você não tentaria... Minha flecha está bem debaixo de seu queixo.

— Tudo bem, tudo bem. Você venceu. Posso ir agora?

— Não brinque comigo.

— Sim senhora. – Ele baixou as mãos e Akira acomodou seu equipamento novamente.

Eles andaram pela trilha de pedras entre as gramíneas que escondiam inúmeras armadilhas e monstros menores através da névoa até a entrada principal do castelo.

Chegando, a exigência de Ádrian já aumentou a pressão entre eles. – Estão atrasados. – Disse o lorde em voz alta ao ouvir o portão abrir.

— Perdão senhor.

— Tudo bem, minha cara Akira. – Levantou-se e questionou sobre o ser que a acompanhava. – E ele?

— Esse é o homem do qual falei outro dia. Tsifer, o demônio das lâminas de fogo e dominante de magia nível sete.

Sem deixar ser notado, um pequeno demônio da mesma classe de Tobby se aproximou do lorde e o serviu com um licor preparado a base de sangue e ervas. – Interessante. – Virou-se para o lado e cuspiu no chão. – Imbecil. Falei que queria com sangue de um grifo, não de qualquer quimera. – Ádrian jogou a taça nos pés de seu servo, derramando o restante do conteúdo, ordenou que trouxessem o líquido certo, e depois voltou o olhar para Tsifer. – Pronto para sua primeira missão?

Ele deu um passo a frente. – Já nasci pronto. Será uma honra servi-lo. – Respondeu.

— Gostei de você demônio das lâminas de fogo. Então, a missão é o seguinte.

[...]


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Sob o Véu