War Angel - Renascença escrita por Dálian Miller


Capítulo 31
Capitulo 28 (final) – O primeiro Santuário e a Princesa de Gelo


Notas iniciais do capítulo

Bom pessoal finalmente chegamos ao último capítulo de Renascença. Juntamente com este, estarei postando também o epílogo e algumas coisas que eu gostaria de dizer a vocês.

Antes de iniciarem, trago o trailer de Sonhos, o segundo livro da saga, que será lançado em Julho.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=oIV_iuqR7yQ

Boa leitura! :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/651306/chapter/31

~ Capítulo 28 – O Primeiro Santuário e a Princesa de Gelo ~

 

Esboço de Wechar

 

Os gritos de medo, os momentos de aflição, o sangue derramado, as aventuras vividas. Muito aconteceu aos jovens herdeiros em pouco mais de dois meses. A vida costumava ser mais simples antes de descobrirem sobre seus destinos, seus papeis. Contudo, apesar das dificuldades, uma voz sussurrava, delicada e insistente, alcançando a todos como uma canção de ninar. A motivação que lhes faltavam.

Em meio ao campo de batalha, o fervor do momento trazia a pequena Lina de volta, embora apenas pudesse assistir o druida em um combate feroz contra o demônio e o dragão de fogo. O vento soprava forte naquele instante, carregando consigo uma grande quantidade de partículas de magia.

Após conseguir se esquivar de alguns ataques, Wechar percebeu que não conseguiria enfrentar um inimigo de tamanho poder apenas com velocidade. Era necessária força, poder mágico e astúcia. Também notara que aquele monstro era sua cartada final e, caso derrotasse-o, Tsifer não poderia fazer nada para impedir sua morte, senão usar os próprios punhos e adagas.

— Nunca pensei que realizaria essa transformação... – Murmurou e cravou seu cajado no solo, iniciando a metamorfose. Seus olhos, antes castanhos, brilharam como um verde incandescente, assim como seus cabelos, que se moviam com a corrente de ar em sua volta. A medida que seu corpo humano assumia a forma de um centauro e crescia, sua mão direito adquiria garras tão fortes quanto as de uma águia real, criando uma armadura ao longo de seu braço. Sem perder sua velocidade, pequenos pares de asas nasceram em suas pernas e em seus braços. Não menos imponente, os chifres em sua cabeça se alargaram e moldaram-se como a coroa-lo. Quando finalmente sua transformação terminou, Lina pôde ver a pelagem branca da criatura a sua frente emanar uma forte aura, que alternava entre o verde e o violeta, ao longo de seus quase cinco metros de altura.

— E eu que me achava incrível...

— Não joga fora seu talento, pequena herdeira das chamas. Posso ter o domínio sobre a magia de nível 7 hoje, mas demorei 150 anos para chegar aqui e algumas décadas para alcançar o seu, enquanto você conseguiu, em poucos meses, controlar magias de nível 4 e até realizou um ataque de nível 6 sem nenhum treinamento; apenas gênios conseguem realizar tais façanhas, os escolhidos dos deuses. Agora, se me permite, preciso acabar com um dragão e um demônio. – Explicou o druida.

Correndo com rapidez, ele saltou, desviando das bolas de fogo lançadas por Tsifer e pousou com força, causando um tremor que até mesmo Shawn e os outros sentiram.

Apesar de menor, Wechar conseguia parar todos os ataques físicos do dragão usando seu braço encouraçado sem muito esforço, pois, mesmo maior, ainda era um Elemental. Entre esquivas e investidas, nada parecia parar o centauro branco. Quando, de maneira trapaceira, Tsifer direcionou outro ataque à Lina, cabendo ao druida apenas saltar em frente e tentar protege-la. O movimento era a oportunidade que o demônio precisava para acerta-lo, pois sabia que ele defenderia a herdeira e baixaria sua guarda.

Com os braços cruzados como escudos a sua frente, Wechar recebeu todo o impacto e, em seguida, fora surpreendido pelo dragão que avançava rapidamente em sua direção, arrancando seu braço com uma mordida destrutiva, ao passo que Tsifer cravava suas duas adagas nas costas de Wechar.

— Ah! – Suspirou entontecido pela ação do veneno nas adagas. Porém, graças a uma de suas habilidades de regeneração, a toxina não teve o efeito desejado por seu emissor. Preciso eliminar aquele dragão o quanto antes. Pensou, procurando uma solução. Sabia que seu braço esquerdo ainda estava no interior do réptil e lembrou-se que poderia tentar absorver a magia do Elemental e implodi-la.

Assim seguiu com seu plano. Aos poucos o animal foi encolhendo enquanto o membro amputado do druida brilhava em seu estômago. Semelhante a um balão inflado, o braço concentrava uma grande quantidade de magia, permanecendo instável no ar, quando finalmente fora solto, caiu, causando uma explosão, que foi seguida por uma forte onda de ar e culminou em partículas mágicas cintilantes por todo o local alcançado.

— Agora somos apenas nós dois, sem mais truques ou trapaças! - Bradou Wechar com uma mão sobre o corte. – Pequena, há algo que eu gostaria de pedir, cauterize esse ferimento. Estou perdendo muito sangue.

— Mas não consigo controlar minhas chamas... Posso acabar queimando todo o seu corpo. – Balbuciou.

— Ao menos tente. – Pediu novamente. Apesar do medo, Lina conseguiu concentrar o fogo apenas em suas mãos, causando a cicatrização acelerada do local danificado e estancando o sangramento.

Ao longo de alguns minutos, inúmeras trocas de ataques foram feitas. Tsifer, com suas adagas, tentava ferozmente combater o cajado de seu oponente, que apenas servia para evitar ataques mais destrutivos depois de tanto poder usado. Ambos estavam exaustos, entretanto, Wechar conseguiu desarmar o demônio, derrubando-o e se mantendo firme sobre ele.

— Você espalhou o mal por muito tempo, agora é chegado o momento de sentir o sabor de seu próprio veneno. – Com um único movimento, Wechar girou seu pescoço, pondo fim à sequência inquebrável de vitórias de Tsifer e podendo sentir-se aliviado, pois acabara de vingar a morte de seu amigo Ippy, embora isso também tenha custado um de seus braços e a pureza de sua transformação, o que alterou parcialmente a coloração branca de sua pelagem para um marrom escuro. – Minha missão aqui terminou. Irei aguardar a chegada de seus companheiros e retornarei para minha ilha assim que possível.

— Muito obrigada, senhor druida. Eu não estaria viva se não tivesse chegado na hora certa. – Lina agradeceu sorridente.

Ainda mantendo o nevoeiro negro, Néfiron, diferente dos outros subordinados de Ádrian, preferia manter uma distância de seus oponentes, utilizando, sempre que possível, seus lacaios zumbis como ataque ou defesa.

Ele logo sentira a baixa em seu time. Temendo seguir sozinho e precisar enfrentar vários feiticeiros, optou por recuar. Shawn, sua maior preocupação, estava firme.

— Percebi que um de meus aliados acabara de ser derrotado, seria um desperdício e uma desonra ao seu nome, ao nome de nosso lorde, caso eu decidisse enfrentar todos vocês... Não tenho a menor chance. – Balbuciava Néfiron sarcasticamente.

— Do que ele está falando, Mylla? – Indagou o jovem mago com curiosidade.

— Não faço a menor ideia.

— Ele está sendo irônico. Um demônio com poder suficiente para criar um nevoeiro nessas proporções não seria fraco, no mínimo mataria vocês dois com extrema facilidade e talvez, até mesmo Zenkatsu e eu. Acredito que ele é tão esperto quanto forte, ou não tentaria nos atacar por trás! – Bradou disparando pequenas esferas de luz em zumbis que se aproximavam por suas costas, explodindo-os.

— Você realmente é o feiticeiro que muitos chamam de caçador de demônios. – Gargalhou. – O sacrifício da humana me permitiu poder vê-lo pessoalmente, me sinto honrado; eu não me aproximaria tanto com minhas habilidades limitadas.

— Que sacrifício? – Shawn questionou.

— O sacrifício da senhora de grande fé... Acho que seu nome era... Zoe Fahir, se não me falha a memória. Vários portais por todo o mundo foram abertos simultaneamente como resultado de sua morte. Esses herdeiros medíocres não conseguirão proteger o planeta. É hora do submundo se tornar o mais poderoso entre os três, é hora de recuperar o poder divino e entrega-lo para a única deusa que existiu: Nefise!

— Não vou permitir... – Shawn foi interrompido por inúmeros sussurros, que pareciam vir de todas as direções, enquanto o necromante desaparecia entre as sombras. Alguns instantes depois, o nevoeiro foi se desfazendo gradualmente. Sem perder tempo, entraram no jipe e seguiram até Lina, de onde partiram para a Caverna das duas Gargantas.

Ainda preso entre a escolha de qual caminho escolher, Witc ficava mais nervoso a cada minuto perdido. Nada fazia sentido, até que notou o pingente da Clave de Sol brilhar com intensidade ao aproximar-se do lado direito.

— Será que... – Rapidamente mirou o objeto no caminho da esquerda, sem obter resultados, e voltou a mira-lo para a direita, quando, mais uma vez, a clave brilhou. – Então é esse que irei escolher.

Witc não conseguiu notar, porém, em uma das estalactites do percurso escolhido, havia um símbolo cravado, o mesmo que ele carregava no pescoço e guardava com grande precaução; a chave para muitas portas que ele encontraria pela frente, a solução para os segredos que precisaria decifrar.

A cada passo dado, seguir ficava mais difícil, e Witc se viu com problemas. Contudo, a medida que avançava, seu amuleto de olho de dragão detectava menos movimentos e a presença de inimigos se tornava cada vez mais rara, até que restaram apenas ele e outro ser vivo no local, este em sua frente.

— É ela, só pode ser a arqueira! – Afirmou com seriedade.

Akira, por sua vez, seguia com grande velocidade e vantagem sobre o feiticeiro. Sua corrida seguia de forma a não ter fim. Em alguns momentos tinha a sensação de estar subindo e que a saída logo chegaria, mas, ao alcançar seu ápice, voltava a descer, como fizera da última vez, encontrando um imenso lago de magma.

A jovem Madel sabia que aquele era o desafio final, sabia que a solução para seus problemas estava do outro lado do lago. Ao fundo, pôde ouvir a voz de Witc, ainda um pouco distante, mas se aproximando rapidamente. Deixar que ele vencesse colocaria todo seu esforço a perder, todas as dificuldades enfrentadas e seu único objetivo.

Vasculhando o local a procura de alguma passagem ou meio que facilitasse sua travessia, avistou um caminho estreito, com poucos centímetros de largura, também à direita, ao lado de um paredão que se erguia desde o magma derretido até o teto, e mais algumas estalactites que possivelmente serviria como suporte.

Era perigoso, mas não havia outra forma de seguir em frente, senão por ali.

Com passos lentos, Akira avançava sobre o precipício, deixando algumas pedras desprenderem-se sob seus pés. O fim estava muito próximo, quando, ao segurar no que seria o último apoio, sentiu ele rachar e recuou.

— Não posso cair aqui, quase conseguindo... – Movida pela pressão, em poucos segundos calculou outros pontos de apoio e voltou a avançar. Com sucesso, a arqueira conseguiu. Ao pisar do outro lado, pôde sentir uma forte magia emanar de seu corpo, como a recarregar suas energias, um sinal de que estava muito perto.

Ainda parada, Akira retomou sua guarda ao ouvir a voz do outro herdeiro do lado oposto e correu.

— Parada! Você não pode pôr as mãos na esfera de energia. – Esbravejou, seguindo rapidamente pelo paredão.

Embora tenha tomado cuidado durante todos os desafios, Witc se descuidou na parte final. O solo sobre seus pés estava instável, assim como as rochas presas ao teto, as quais usara como apoio. E, pouco antes de também conseguir cumprir a travessia, desequilibrou-se ao agarrar na rocha rachada.

Alguns metros dali, Akira ouviu o berro do jovem e estacionou. 

— Ele vai morrer e conseguirei vencer a corrida... Eu deveria deixa-lo cair... Mas isso é certo? Vencer sem lutar não é uma vitória... E se o que minha mãe falou for verdade? .... – Ela fez uma longa pausa, dividida entre o desejo de seguir e os ensinamentos de sua mãe. – Acho que me arrependerei disso pelo resto de minha vida, quem mandou ser fraca? – Depois de muito pensar, retornou rapidamente.

Agarrado com firmeza na parte inferior da parede, Witc tentava escalar, porém, sem sucesso. Ainda sobre seu dorso, o pequeno broto de arvoroso criara raízes em volta de seu pescoço, o medo de fogo o fazia tremer.

— Cuidado... Amiguinho, não aperta... tanto. Como eu queria ainda ter magia... para sair daqui... – Falou com dificuldade, e logo notou o rosto feminino acima de sua cabeça a observa-lo. – Por que voltou, deseja me matar de uma vez?

— Eu sabia que iria me arrepender. Cale-se, estúpido! Segure nessa corda, irei tira-lo daí.

— Por que... Está me ajudando?

— Apenas segure, não tem muito tempo, essa rocha logo se soltará. – Ordenou.

Após o esforço por ambos os lados, Witc conseguiu escalar até o topo, saindo do poço. Mesmo confuso, devia um imenso favor a Akira; um agradecimento seria o mínimo que ele poderia fazer mesmo sendo sua inimiga.

— Sabe, talvez você não seja tão mal assim, que tal... – Levantou a cabeça, ao diminuir sua respiração ofegante, a procura de um olhar de retorno, mas encontrou apenas as paredes escuras do restante da caverna a sua frente. – É, acho que ela não aceitaria minha proposta. Preciso seguir também.

Adotando novamente um ritmo acelerado, Witc avançou pelo caminho restante que curvava-se e elevava-se. Podia ver uma forte luz ao fundo.

— Será que consegui? – Indagou a si mesmo ao traspassar a saída.

Seus olhos não podiam acreditar no que viam. Seus pelos se ouriçaram pela sensação desconhecida, causando-lhe desconforto. Nunca antes presenciou ou visitou tal ambiente.

Coberto por uma espessa camada de gelo, o cenário glacial ao qual Witc acabara de chegar se estendia até onde sua visão podia alcançar. Uma imensa planície com uma cordilheira distante, provavelmente, aquela região já foi alagada em tempos passados.

Voltando-se para trás, também notou o desaparecimento da passagem para a caverna.

— O que está acontecendo aqui? Onde está o caminho de volta? Onde está a esfera de energia? – Indagava-se desesperado.

Há alguns metros dali, Akira, agachada, esmurrava o solo congelado com força enquanto lágrimas de raiva escorriam por sua face.

— Droga! Droga! Droga! Droga! Droga! Droga! Eu sabia que me arrependeria, alguém chegou antes de mim... Eu não podia ter voltado... Mais uma vez falhei em meu objetivo. – Em prantos, ela continuava suas lamúrias. – Mãe, falhei com você... Falhei com meu pai... Falhei com Aquiles...

Antes de ir ao encontro da garota, Witc notara três blocos retangulares, com aproximadamente dois metros de altura, a sua frente, seguindo até lá. Aproximando-se, o pingente da Clave de Sol desprendeu-se de seu pescoço, caindo sobre o mármore do sepulcro central e brilhando novamente. Sua reação imediata foi apanha-lo, contudo, deixou seus dedos tocarem a tampa do túmulo, tendo a visão de uma mulher com vestimentas brancas, cabelos tão claros quanto a neve e uma coroa de gelo sobre sua cabeça.

A força mágica do local o jogou para trás com grande repulsa. Tentando recuperar seu pingente de volta, Witc encontrara um novo item junto a Clave: Quase encoberto pela neve, um mapa desenhado em um tipo de papel antigo brilhava assim como o amuleto.

Em uma rápida análise visual, ele pôde notar o contorno de cinco símbolos interligados entre si, com apenas o primeiro símbolo completo. Este, diferente dos demais, formava a imagem de um castelo de gelo com uma estrutura quase simétrica, embaixo, feita de fogo.

— Ei, talvez... – Ao procurar Akira, ela já não estava no mesmo ponto, havia desaparecido, deixando-o sozinho naquela imensidão congelada.

Algumas horas depois, Shawn, Lina e seus amigos chegaram ao local, dando de cara com um final inesperado, o Santuário de um dos doze, o recinto da princesa de gelo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ainda não terminou, tem um pequeno epílogo que preparei. Está cheio de surpresas não vai deixar de ver né?!