Preso nos calabouços do castelo do Lorde Ádrian, Don continuava a ser alvo dos testes biológicos e experimentos malucos da Senhora da Dor. Seu corpo mudava gradualmente sem que ele percebesse, senão pelo frio que sentia.

— Ainda bem que tenho esse cobertor ‘pala’ me aquecer aqui... – Sussurrou o pequeno réptil.

— Eu conheço esse tecido, foi minha mãe que bordou. – Comentou um jovem na cela ao lado ao olhar por uma fenda na parede.

— Quem é você?

— Prazer, Aquiles. – Disse acenando com a mão em cumprimento e mostrando um sorriso chamativo.

— Eu sou o Don.

— Então, como ia dizendo, esse tecido foi bordado por minha mãe quando minha irmã e eu éramos pequenos. Como perdi o meu no ataque à nossa vila, acredito que esse deve ser o de Akira. – Explicou.

— Você nunca havia contado que a arqueira que trabalha para o imbecil do Ádrian era sua irmã. – Interrompeu uma mulher presa na cela da frente, juntamente com mais duas pessoas. – Mas que mal educada eu sou, meu nome é Tracy Roderick. Esta ao meu lado é Diva Farid e o outro é Frendon Apiúna, caímos aqui em um incidente no dia de nossa formatura com mais uma pessoa, Ádrian Violle, mas alguma coisa aconteceu a ele, algo que acabou o tornando um tipo de Lorde ou rei e o fez nos prender aqui.

— Se você é irmão da menina do mal, porque continua aqui? – Questionou Don.

Uma longa pausa foi feita antes que qualquer palavra pudesse ser dita.

— Quando nossos pais foram mortos, Akira tinha seis anos, mas já havia despertado seus poderes, assim como eu. Mesmo sendo graduado como arqueiro da guarda, eu não tinha força para derrota-los, então, me recusei a trabalhar para o demônio que nos capturou, Demoxon, e ele quis me matar. Minha irmã, mesmo com o desejo de também se tornar parte da guarda de arqueiros, possuía um coração puro, e fez uma proposta que, embora não o tenha agradado, soou interessante para o Lorde do Vale das Sombras. Ela jurou que lutaria ao seu lado caso ele me deixasse viver... Ela sofreu muito durante todos esses anos por minha causa... – Aquiles respirou fundo.

— Ei menino bonito, não se preocupe, iremos sair daqui, tenho um plano. – Sussurrou Diva olhando para o tecido que cobria o lagarto.

— Se sua irmã é boazinha, porque quis matar meu amigão? – Questionou novamente.

— Ela não quer mata-lo. Se eu estiver certo, seu amigão deve ser o feiticeiro que nossa mãe falou antes de sua morte. Ela era vidente, e previu que um jovem feiticeiro ajudaria Akira em algo grandioso, mas também estar ao seu lado seria o maior desafio que ela enfrentaria. Ela deve estar a procura dele há muito tempo... Para protege-lo e pedir sua ajuda.  

Depois da pequena conversa, todos adormeceram à espera do que o futuro os aguardava, uns sem a menor ideia do que poderia acontecer, seguindo com o medo constante, e outros, em alguma parte do mundo da superfície, recebendo o ônus do desconhecido e seguindo em busca de respostas.