Antes que novembro acabe... escrita por OmegaKim


Capítulo 6
Seis - Will


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente.
To aqui em plena 2hs da matina postando para vcs, seus lindos!!
Serio que eu já tenho quatro favoritações? kkkk... céus!
Bem vindo leitores novos!!
E boa leitura!!



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Seis – Will.

O despertador estava tocando, enquanto lá fora eu podia escutar o som da chuva. Porcaria. Acordei levemente e o desliguei. Voltei a deitar, porque estava tão friozinho. Perfeito para continuar dormindo até o dia seguinte. Fechei os olhos, embrulhei minha cabeça e voltei a dormi. Eu podia faltar a escola hoje. Não iam passar nada de importante mesmo. Mas isso foi totalmente arruinado, pois alguns minutos depois alguém estava me sacudindo.

– Vamos, filho. – ele dizia, enquanto sacudia meu ombro. Abri os olhos levemente. – Você vai se atrasar.

– Me deixe em paz. – resmunguei e virei de lado, fechei os olhos de novo. Mas o lençol onde eu me escondia foi brutalmente puxado de cima de mim. Me sentei mais rápido do que o previsto. – Porra!

– Olha a boca. – papai disse, mas não havia irritação alguma na sua voz. – Se arrume. Estarei te esperando lá embaixo. – ele embolou meu lençol e jogou em mim. Então saiu.

Peguei o lençol, o abracei e deitei novamente. Fechei os olhos. Só mais cinco minutinhos.

– Não dorme de novo! – escutei papai gritar do corredor.

– Que saco. – resmunguei, enquanto voltava a me levantar. E me arrastei até o banheiro.

O dia tinha começado chuvoso. Tudo estava nublado, cinzento e frio, quase parecido demais com Londres. Apesar de eu ter vindo de lá muito pequeno, ainda lembro de algumas coisas. O modo como tudo parecia monocromático, o cheiro de fumaça, a umidade. São pequenas coisas que ficaram presas na minhas memorias, detalhes de uma vida que eu não vivi o suficiente para ter saudade.

Tomei banho e me arrumei numa lerdeza que me surpreendeu. Essa preguiça toda não era só culpa do dia nublado, mas também do fato de eu ter passado a noite anterior estudando. Tentei aprender todos os assuntos das malditas matérias em que estou pendente – o que significa quase todas. Mas não deu muito certo. Empaquei em Literatura. Como aquilo é chato. E Inglês então... foi nela que acabei dormindo, lá pelas duas da madrugada.

– Vamos, Noah! – escutei meu pai gritar enquanto eu penteava meu cabelo, revirei os olhos. Deixei o pente sobre a cama e peguei minha jaqueta.

Desci as escadas correndo, tentei ir até a cozinha mas papai me barrou. Me entregou uma maçã e praticamente me arrastou até o carro. Bufei sentado no banco de trás, mas logo me deitei nele. Mordi a maçã e fiquei bem quieto mastigando a fruta.

– Não precisa ficar emburrado. – Mike comentou.

Observei o teto do carro.

– Não estou emburrado. – respondi. Porque de fato eu não estava. Estava cansado e com sono, mas não emburrado.

– Então por que essa cara? – eu sabia que ele estava só tentando ser amigável, o que era tão ruim quanto.

Não era que eu sentia raiva do meu pai ou que eu não gostasse dele. Eu gostava e muito, mas nós nunca nos demos muito bem. Maya costuma dizer que eu tenho a personalidade da minha mãe, coisa que ainda não decidi se era um elogio ou um insulto. Acho que fica entre os dois. Porque Erica sempre foi uma pessoa difícil, teimosa e impulsiva demais, qualidades que eu reconheço em mim toda vez que faço algo errado. E por eu ser assim, acabo sempre batendo de frente com a gentileza e amabilidade do meu pai. Pois veja bem, Mike está tentando. Sim, eu reconheço isso. Ele está sempre tentando tornar as coisas mais amenas para mim, como a fiança que ele pagou em vez de me deixar preso ou em Los Angeles, quando ele largou tudo e me trouxe pra cá achando que isso tudo vai me ajudar, vai me tornar melhor, que vai nós tornar melhores.

No entanto, nunca fomos realmente próximos apesar de ter sido apenas nós dois desde que eu tenho 12 anos. Sabe, é meio difícil construir uma relação com alguém que nunca está lá. Pois, Mike sempre foi muito ocupado com o seu trabalho e também sempre frequentei internatos, então é de se esperar que nunca estávamos em casa e quando estávamos, bom, não tínhamos tanto assunto assim.

– Estou com sono. – acabo dizendo, apenas para ter o que dizer e não deixa-lo no vácuo e também, se eu me mostrar amigável vai que ele me devolve o celular, ao menos.

Depois disso seguimos mais alguns minutos em silêncio, mastigo o resto da maçã vagarosamente mantendo minha boca ocupada apenas para não ter o que dizer nada. O barulho da chuva contra o teto acaba me deixando meio sonolento, aperto a jaqueta contra meu corpo e acabo fechando os olhos, apenas para ser despertado por Mike – mais uma vez.

– Não durma. – ele diz e há um tom de diversão na sua voz. Conti a vontade de mandar ele calar a boca. Tentei manter meus olhos abertos. – Hoje é sua consulta com a psicóloga, não?

Aquela que você está me obrigando a frequentar?

– Sim. – resmunguei e cruzei os braços ainda deitado no banco de trás.

Hoje era quinta-feira, o que significava a minha primeira consulta com a psicóloga da escola que o meu pai, juntamente com a Diretora Mary, está me obrigando a frequentar. Depois das aulas terei que ir na sua sala para “conversar sobre meus problemas”, segundo Mike.

Escutei papai suspirar. Lá vem coisa. Eu até já sabia, toda vez que Mike suspirava quando estávamos “conversando” significava que o Olhar Tristeza Suprema estava vindo para dizer um oi. E isso já era irritante o suficiente para que eu quisesse gritar, e no intuito de evitar isso me sentei e torci para chegarmos logo na escola.

– Noah, - suspiro. – eu sei que está chateado. Mas tudo isso é para o seu bem. – ele tentou encontrar meus olhos pelo espelho retrovisor, mas desviei meu rosto para a janela e pude ver a entrada da escola, a visão dos portões embaçados pela chuva.

Nem ao menos esperei ele chegar perto. Peguei minha mochila e simplesmente abri a porta, pulei para fora do carro em movimento sob os gritos de Mike para que eu parasse. Corri chuva adentro, passei pelos portões e me enfiei dentro da escola. Nunca ela tinha me parecido tão acolhedora como nesse momento.

Sacudi minha cabeça numa tentativa de fazer o excesso de água sair do mesmo. E depois fui até meu armário, peguei o livro que iria usar e segui para a aula.

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Seguro o pincel entre os dedos e fitei o quadro branco a minha frente, onde a equação jazia ameaçadora. O professor Roger tinha me feito vim no quadro depois que ele tinha me pegado cochilando numa carteira no canto da sala e eu rebati seu comentário com uma resposta malcriada, e numa maneira de me envergonhar ou de provar sua autoridade, ou ambos, o Professor me mandou ir no quadro resolver uma questão bem difícil de propósito. Mas a parte engraçada disso, era que eu tinha resolvido essa questão na noite passada durante minha maratona de estudos.

Então por isso, resolvi brincar com os nervos de Roger. Primeiro hesitei em responder, lancei a ele meu olhar confuso e cheio de pânico e quando percebi que ele estava crente que eu não sabia como responder, encostei o pincel no quadro e comecei a rabiscar o cálculo. Os números me vinham naturalmente, acho que no fim não existia algo que eu gostasse mais do que de números. Eles sempre eram tão certos e nunca tinham uma segunda opção, ou o resultado era esse ou não era. Simples assim.

– Pronto. – falei e deixei o pincel em cima da mesa dele. Não esperei que ele me mandasse sentar ou que viesse conferir o cálculo, que eu tinha certeza de que estava certo, apenas dei as costas para ele e voltei para minha carteira sob o olhar engraçado de todos da turma.

Depois disso, Professor Roger me deixou em paz. Ele seguiu a aula normalmente depois de elogiar a contragosto meu desempenho na resolução da questão. E no decorrer das aulas percebi que a chuva fez muitos alunos faltarem a escola até mesmo Liz e Matt não vieram juntamente com Mark e Roderick, mas se bem que não vi Will – não que eu estivesse o procurando -, no entanto é difícil vê-lo de qualquer forma, já que não estamos no mesmo ano escolar. Porque enquanto estou aproveitando o segundo ano do ensino médio, Will está no terceiro ano se preparando para deixar essa porcaria de escola pra trás e ingressar numa faculdade.

O intervalo chegou mais rápido do que o previsto e com ele veio a solidão. Ainda não tinha percebido, até o momento em que sentei sozinho no refeitório como Liz e Matt faziam falta ou como eu sentia falta da minha antiga vida. Sempre tive muitos amigos, nunca fui o tipo antissocial ou recluso. Sempre me dei bem com as pessoas e, sem querer me gabar e já me gabando, eu era um arraso nos debates em sala de aula. Suspirei com esse pensamento. Essa mudança destruiu tudo que eu era, pois agora nem consigo me reconhecer e, principalmente, não consigo me reconhecer no garoto que morava em LA. Acho que é por isso que me recuso a falar com meus amigos de Los Angeles. Porque no fim, eles querem falar com o Noah que era amigo deles, não com essa casca cheia de raiva e tristeza que acabei me tornando.

É engraçado como nos dias chuvosos o tempo parece passar mais rápido mesmo que você não esteja fazendo nada de importante. E foi assim, que num piscar de olhos me vi entrando na sala da psicóloga da escola. Dra. Martha Hess. Li numa plaquinha na porta. Dei uma batidinha na porta e escutei ela me mandando entrar.

Ela estava arrumando alguns papeis sobre a mesa, mas alguns escorregaram da sua mão e caíram. A mulher se abaixou e tentou junta-los mais uma vez, andei até o lado da mesa e me abaixei ao seu lado. A ajudei na organização dos papeis.

– Obrigada. – agradeceu, enquanto se sentava na cadeira atrás da mesa marrom de carvalho. – Você é o...

– Noah Grace. – completei e dei uma olhada na sala dela.

Era simples, pintada num tom de verde monótono e sem nada luxuoso. A única coisa de destaque era a mesa de carvalho, elegante demais para um lugar pobre como esse.

– Ah, sim. – sorriu. E notei como tinha um sorriso bonito, aberto e sincero combinava com sua aparência jovial. O cabelo cheio e a pele negra, os olhos igualmente negros. Era bonita, realmente bonita e parecia tão mais uma colegial do que uma doutora. – Estava esperando por você.

Dei um sorriso de canto para não parecer tão indiferente. Dra. Martha me pediu para sentar na cadeira à frente da sua mesa. Me acomodei ali e esperei. Ela mexeu entre os vários papeis e achou minha ficha. Passou os olhos escuros pelas coisas ali escritas e só depois que anotou algumas coisas no seu bloquinho cor-de-rosa, foi que ela se dirigiu a mim:

– Então Noah, aqui diz que foi seu pai que solicitou essas consultas. – e levantou os olhos para me fitar, e notei que eles eram adornados por longos cílios escuros que curvavam na ponta.

Será que ela era modelo nos tempos vagos?

– Sim, foi ele. – respondi.

– Por que ele fez isso?

– Andei fazendo coisas erradas. – ela era tão agradável de se olhar e de se falar que não existia razão alguma para mentir. – E ele acha que estou enlouquecendo.

– E você está? – sorriu no fim da pergunta mostrando que era uma pergunta retórica para descontrair. Sorri de lado.

Desviei o rosto para observar os pingos de chuva baterem contra o vidro da janela.

– Me fala um pouco do seu pai, Noah. – pediu.

E ainda sem olhar para ela, respondi:

– Ele é médico cirurgião no hospital daqui.

E então silêncio.

Eu podia escutar o atrito da ponta da caneta no papel, enquanto Martha rabiscava qualquer coisa.

– Você não é daqui, não é?

Olhei pra ela e balancei a cabeça em negação.

– Sou de Los Angeles. – e eu quase podia tocar o orgulho existente nessas palavras.

– Mesmo? – ela pegou minha ficha mais uma vez. – Aqui diz que nasceu em Londres.

– Sim, nasci em Londres mas vim para Los Angeles quando completei seis anos.

– Por que veio para Los Angeles? – seus olhos escuros estavam me encarando mais uma vez, analisando meus movimentos, lendo meus trejeitos.

– Minha mãe teve alguns problemas. – não pude evitar que minha voz adquirisse um tom baixo.

– Que tipo de problemas?

– Apenas problemas. – falei vago.

Esse era um assunto delicado, não queria falar sobre isso.

Martha anotou mais algumas coisas.

– Me fale sobre sua mãe. – e dava para senti a delicadeza empregada nessa sentença.

Olhei mais uma vez para a janela. Tudo embaçado do lá fora, tudo tão molhado e frio, cinzento e quieto tão parecido com Londres. “Feche os olhos, Noah. E conte até cem”, escutei a voz dela na minha cabeça. O pedaço de uma lembrança que estava se perdendo. Eu devia ter cinco anos de idade e mamãe estava brincando comigo, não lembro de quê. Mas era como um segredo, pois ela sempre dizia “Não conte para o papai”. Mas é obvio que papai descobriu e eles brigaram. Ainda lembro da raiva empregada em cada sentença que ele dizia, enquanto Maya tampava os ouvidos e eu, tão pequeno, me limitava a contar até cem.

– Noah. – me chamou quando fiquei em silêncio por tempo demais. Pisquei e olhei para a doutora. – Me fale sobre sua mãe.

– Ela está morta. – e me levantei. Dei as costas para a doutora. Sai da sala a passos rápidos.

Eu não podia falar sobre isso. Não agora e provavelmente nunca. Ainda era muito doloroso e sombrio. Não, eu não podia. Não conseguia, não queria.

Estava tão imerso na minha fraqueza em não conseguir falar dela, que esbarrei em alguém.

– Ei. Olha por onde anda, idiota! – praguejou e percebi que tinha o feito jogar os livros no chão.

Me abaixei ao lado do garoto para ajudar.

– Me desculpa. – falei. E entreguei os dois livros para ele. – Eu não quis...

Então ele levantou o rosto e me encarou. Era Will. O cabelo loiro parecendo mais claro por causa da luz florescente do corredor, os óculos perfeitamente colocados no seu rosto. Ficamos em pé ao mesmo tempo e nem ao menos esperei ele dizer alguma coisa, me desviei dele e continuei meu caminho para fora dali sem me importar se estava chovendo ou não. Naquele momento, eu só precisava ficar longe dali. Longe de Martha que queria saber de tudo sobre ela, longe dessa escola que em nada tinha a ver comigo, queria – por fim – ficar longe dessa cidade. Queria minha vida de volta, meus amigos de volta...

Merda, como eu quero tanto um cigarro.

A chuva estava mais forte do que pensei, pois logo meu cabelo ficou molhado e minha roupa começou a colar contra a minha pele e por mais que eu apertasse a jaqueta contra meu corpo, não adiantou de nada e por isso desisti. Apenas deixei a água se infiltrar na minha roupa, escorrer por meu corpo, entorpecer minhas emoções. E quando dei por mim, estava com os braços cruzados e tremendo tanto que suspeitei estar no começo de hipotermia. Mas me forcei a continuar andando, minha casa não era tão longe assim da escola. E a chuva cada vez mais forte, ao longe escutei uma trovoada e minha visão estava distorcida por causa do tanto de água.

Eu não devia estar demorando tanto para chegar em casa. Parei em uma travessia, olhei em volta, mas não conseguia reconhecer a rua. Será que me perdi? E sob todo o barulho da chuva, um carro parou na minha frente e alguém gritou depois de abaixar o vidro:

– Ei!

Dei um passo até lá. Reconheci as lentes arredondadas. Will.

– Precisa de uma carona? – e existia uma certa preocupação misturada com diversão.

– Não. – respondi prontamente, pois me lembrei das coisas ruins que Liz dizia sobre ele e recomecei a andar em linha reta.

O carro veio me seguindo.

– Parece que você precisa. – ele disse por sobre a o barulho da chuva. Não respondi, e não foi por malcriação não. Eu estava tremendo tanto que sabia que se tentasse falar mais de uma palavra, ia gaguejar e tudo que eu não queria era gaguejar ou parecer frágil diante de William Moore. – Vamos logo. É só uma carona. – sem resposta da minha parte. Eu continuava andando em linha reta. Em direção à onde? Não tinha mínima ideia. Estava perdido, no fim das contas. – E você parece bem perdido.

O fitei. Ele ergueu uma sobrancelha como que dizendo “vamos logo, ninguém está olhando”. Revirei os olhos e entrei no carro. Era limpo e totalmente diferente de um carro de adolescente, pois não havia um saquinho de salgadinho em nenhum lugar ou roupas intimas femininas entre os bancos e muito menos sujeira. Havia apenas um carro super limpo de bancos macios de couro. E o cheiro lembrava algo como tinta de caneta, papel e um perfume amadeirado, tudo misturado. Mas o cheiro não era ruim, na verdade era reconfortante como o cheiro da chuva ou uma música boa. Peguei o sorriso torto dele com o canto do olho enquanto me sentava no banco do carona, ao seu lado. Will suspendeu o vidro e seguiu com o carro.

– Você deve gostar mesmo de chuva, hein. Porque só um maluco se enfiaria numa tempestade dessas.

Silêncio.

– Então, onde você mora?

– No-o c-condomínio Per-per-pertenson. – gaguejei, meus dentes batendo.

– Não é longe daqui. – comentou e me fitou de canto de olho enquanto eu me abraçava numa tentativa fajuta de me aquecer.

E num movimento imprevisível demais para mim, ele tirou uma mão do volante e vasculhou com ela no banco de trás até que puxou um pano e me ofereceu, identifiquei como sendo uma camisa. Mas ainda assim, não pude evitar olhar com desconfiança para o que ele me oferecia.

– Pega logo. – ele empurrou a camisa na minha direção. – Vai te ajudar a parar de tremer.

Balancei a cabeça para espantar toda a minha desconfiança e peguei a camisa. Ele voltou a olhar para rua e continuou dirigindo enquanto eu tirava minha jaqueta e desabotoava com dedos trêmulos a camisa da escola. Vez ou outra peguei uns olhares de soslaio de Will para cima de mim.

– O-o que f-foi? – perguntei depois que me vesti, e me sentia menos ensopado.

– Por que tem medo de mim? – perguntou sem rodeios.

– Eu não tenho medo de você. – consegui dizer sem gagueja o que significava que eu estava voltando a minha temperatura normal.

– Então por que me olha como se eu fosse um terrorista? – ele estava tão sério, os olhos azuis vidrados no caminho.

– Liz me disse algumas coisas... – comecei pateticamente.

– Não devia fazer tudo que Elizabeth diz.

– Eu não faço tudo que ela diz. – me defendi.

– Não é o que parece. Até mesmo foi preso no lugar dela. – e me fitou, existia uma certa irritação ali no canto da sua boca.

– Não fui preso no lugar dela, eu estava lá também. Ajudei a destruir.

– Porque ela mandou.

– Porque você mereceu. – rebati.

– Foi isso que ela te disse? – apertou o volante.

– Foi isso o que eu vi naquele dia no refeitório.

– Você não sabe de nada.

– Sei que quebrou o acordo que tinha com ela.

– Você faria o mesmo se estivesse no meu lugar. – confessou, então parou o carro.

E quando me preparei para perguntar o que ele queria dizer com isso, Will disse:

– Chegamos.

Fiquei encarando o seu perfil, tentando extrair alguma coisa dele. Tentando ler algo no rosto dele. Mas não havia nada. Will estava fazendo um bom trabalho em esconder suas emoções. Suspirei e abri a porta.

– Espera. – ele disse. Me virei para olhá-lo. – Sua mochila. – e outra vez, sua voz estava naquele tom amigável. Ele é bipolar? Vendo meu olhar surpreso, o loiro explicou. – Você esqueceu na sala da psicóloga.

Peguei a mochila e sai do carro. Me abaixei na janela e disse:

– Obrigado. – eu sabia ter bons modos quando necessário e também achei que ele merecia.

– Não há de quê.

Me afastei do carro e corri para entrada da minha casa, rezando para não ficar tão molhado. E assim que entrei, fiquei a observar o carro do loiro ir embora pela fresta da cortina ao mesmo tempo que pensava o que diabos ele quis dizer com “você faria o mesmo se estivesse no meu lugar”.


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Notas finais do capítulo

Bom, gente como eu to postando tão tarde só para vcs... então comentem, ok? Não doí, não mata e não cai o dedo e ainda por cima, me deixa feliz e me faz ficar animada pra escrever rsrs...
Mas digam, o que tão achando do Will? Ele é meio misteriosos e todo bipolar por um motivo, ok? Coisa que vai ficar clara no decorrer da história, vcs vão ver, assim como vão ver porque esse é o nome da fic...
No entanto, to animada hoje. Então vou contar pra vcs como essa fic nasceu. Alguém já escutou Delicate, do Damien Rice? Não? Então dá uma procurada e presta atenção na letra. Foi por causa dessa música que Antes que Novembro nasceu, a letra é muito boa e resume mais ou menos como vai ser o relacionamento do Will com o Noah.
Então é isso kkk... Boa madrugada!!
bjs.



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