Antes que novembro acabe... escrita por OmegaKim


Capítulo 7
Sete - Figura de Linguagem.


Notas iniciais do capítulo

Hey!
Vim mais cedo dessa vez, não? kkk... é que a minha facul tá na semana de tecnologia, o que significa que eu não tenho quase nenhuma aula. Só duas para ser mais exata. E como não to ficando muito no laboratório, resolvi escrever e vim aqui postar!!
To feliz hoje, apesar de a palestra que eu ia assistir sobre astrofísica ter sido cancelada.
Bom, é isso.
Boa leitura. E bem vindos leitores novos.



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Sete – Figura de Linguagem.

A sexta-feira tinha nos presentado com um belo sol, brilhante e quente como se estivéssemos em pleno verão, o que foi meio que suficiente para que eu ficasse desconfiado. Pois no dia anterior tínhamos tido uma tempestade, com direito a trovões, relâmpagos e água, muita água. Fui até mesmo obrigado a pega uma carona com Will, depois que ele me encontrou perdido num cruzamento, já que eu havia tido uma consulta nada boa com a psicóloga da escola – Dra. Martha Hess.

Mas hoje era sexta-feira, o sol estava brilhando, o céu estava livre de nuvens e tudo parecia colorido demais e brilhante demais. Coisa que só aumentava minha desconfiança ou talvez, eu só estivesse ficando maluco.

É, esse tempo todo sem celular tem me deixado bem paranoico.

O caminho até a escola foi tranquilo. Meu pai ficou em silêncio o tempo inteiro, o que foi ótimo porque eu não estava no melhor do meu humor. Mas não foi só isso que fez o dia ficar particularmente bom. Depois que papai me deixou na escola e me disse para não ir pra casa sem ele, as horas passaram mais agradavelmente possível.

Liz e Matt estavam particularmente animados para uma festa que ia acontecer naquela noite, até mesmo me convidaram e eu disse não, porque não estava nem um pouco afim de levar mais uma bronca do meu pai. Mas acabou que eles insistiram tanto e tanto, que acabei dizendo sim. E sim, eu sabia que estava me metendo em encrenca. Mas o que eu posso fazer? É mais forte que eu.

Quando as aulas finalmente acabaram e eu podia dá graças e boas-vindas para o fim de semana, lembrei que ainda não podia ir para casa. Hoje também era dia de aula de reforço com Will. E foi assim que o meu dia leve e brilhante teve fim.

Me arrastei até a biblioteca, no intuito de me atrasar mesmo. Fato que eu consegui. Pois quando entrei na sala-biblioteca, Will já estava lá. Seu rosto contorcido numa expressão de poucos amigos, o que denunciava seu estado impaciente, o cabelo loiro bagunçado – talvez – por ele ter passado os dedos ali enquanto me esperava, e os óculos estava meio torto no seu rosto.

– Até que enfim! – ele exclamou enquanto eu puxava a cadeira a sua frente para me sentar. – Achei que tinha morrido no caminho.

E para implicar, falei:

– Eu bem que tentei.

Ele apertou os olhos na minha direção, encarei de volta.

– Tudo bem. – Will suspirou e derrotado desviou o olhar para o livro que havia a sua frente. - Vamos acabar logo com isso.

Observei enquanto ele abria o livro, que depois notei ser de Literatura. Fala sério.

– Então, leu as páginas que marquei?

Não.

– Tentei. – respondi colocando a mão na nuca, do jeito que eu sempre fazia quando estava mentindo ou particularmente desconfortável.

– Pelo visto não. – sim, eu podia identificar a irritação na sua voz. – Hum... – o loiro olhou um tempo o texto no livro, passou algumas páginas. – Em 19...

– Isso é chato. – cantarolei, o interrompendo de propósito. Porque no fim, ele foi quem quis isso: essas aulas ridículas. Eu podia perfeitamente estudar sozinho e estaria fazendo isso se Will não fosse tão irritante e não tivesse me ameaçado.

– Mas você precisa estudar isso.

– Não com a sua ajuda. – resmunguei.

– Já discutimos isso.

– Não, não. Você me ameaçou, lembra? – e incrivelmente ele levantou o rosto e sorrio na minha direção. Um sorriso zombeteiro.

– Ah, pobre Noah, foi obrigado a participar das aulas de reforço pelo malvado Will. – fez uma expressão de falsa preocupação. – Você mereceu ser ameaçado tanto quanto meu pai mereceu que destruísse a loja dele.

– Achei que não se importasse.

– Eu menti. – confessou. – Agora cala a boca e presta atenção na aula.

Estreitei meus olhos pra cima dele, totalmente mal humorado.

– Não pode me obrigar. – cruzei os braços e olhei para o lado, apenas para encontrar alguns pares de olhos em cima de mim e de Will. Aparentemente todos estavam acompanhando nossa discussão.

– Argh. Como você é teimoso. – soltou. – Olha, eu tenho que escrever alguma coisa naquele relatório.

– Escreve que não quero ser ensinado por você. – disse voltando minha atenção a ele.

– Ah. Então o problema é comigo. – ele encostou a costa no encosto da cadeira e cruzou os braços. – Sua amiguinha Elizabeth foi quem encheu sua cabeça com histórias macabras sobre mim?

– Não preciso de Liz para formar minha própria opinião.

– Mesmo? – desdenhou, o azul tão afiado sobre mim quanto a ponta de uma faca. – Então me diga, Noah, como formou sua opinião sobre mim?

– Naquele dia no beco. – acabei dizendo.

Isso tinha acontecido a um milhão de anos atrás. Eu nem deveria lembrar mais, contudo era bastante difícil esquecer quando o garoto envolvido nisso estudava na mesma escola que você e quando toda a maldita cidade onde você morava agora, girava em torno do quão incrível ele era. Mas a pergunta que valia um milhão de dólares ficava rodando minha mente, me perturbando o inconsciente e me deixando um pouco mais pirado a cada dia. Por que por mais que eu tenha desistido da minha investigação em torno de Will Moore, essa dúvida ainda continuava comigo. Por que, raios, alguém andaria e seria o melhor amigo do seu agressor?

– Devia esquecer isso. – e toda a sua pose de confiante caiu, e sobrou apenas um garoto meio assustado. Ele até mesmo descruzou os braços e desviou o olhar do meu

– O que há de errado? – continuei, porque um dos meus defeitos é a curiosidade e eu já estava cansado disso de ter que esquecer ou aceitar quando diziam que eu não entenderia. – Por que Mark te bateu? Por que ainda anda com eles? Por que parece tão resignado em viver desse jeito? – as perguntas foram saltando da minha boca numa velocidade impressionante. – Por que quebrou o acordo com Liz? Por que se afastou de Matt e Liz? Por que...?

– Falei para esquecer isso. – ele disse, a voz firme e o rosto terrivelmente sério. Engoli em seco, pois Will parecia tão gélido e perigoso quanto uma cobra.

Observei o loiro fechar o livro e guarda-lo na sua mochila, colocou apenas uma das alças. Se pôs de pé e disse:

– Não quer que eu seja seu professor, tudo bem. Vou deixar você em paz. Mas não quero saber de você se metendo em assuntos que não lhe dizem respeito. – então simplesmente me deu as costas e saiu da biblioteca.

Uma parte de mim ficou feliz em se livrar dele, a outra estava extremamente curiosa para saber o que Will estava escondendo, que o prendia tanto a Mark e sua turminha. Mas existia uma terceira parte minha, que estava extremamente decepcionada com o fato de ele estar tão longe agora. Ignorei essa parte.

###

Esperei papai dormi, para poder descer as escadas bem devagar, tentando fazer o mínimo de barulho possível, até mesmo tinha tirado os meus sapatos. Então era isso: hoje era a festa que Liz e Matt tinham me feito prometer que iria com eles, e porque sei que papai nunca deixaria eu ir em festa alguma ainda mais com eles, que tive que recorrer ao plano infalível: Sair escondido. Esse é o motivo de eu estar deslizando pela casa com todo esse cuidado, que só um ladrão teria.

Mas enfim, consegui sair sem fazer um barulho sequer para acordar meu pai controlador. Sim, são anos de prática. Confesso que tive que fugir de vários dormitórios depois do toque de recolher nos colégios internos que frequentei. Sabe, as melhores festas só acontecem depois da meia-noite.

Depois que tranquei a porta usando a minha cópia, eu simplesmente sair correndo dali e só parei quando encontrei Liz e Matt à minha espera na esquina da mina casa. Os dois se limitaram a rir de mim e então seguimos os três em silêncio até onde Kiera estava nos esperando com sua caminhonete.

– Noah, quanto tempo. – ela disse.

– Pois é. Aconteceram algumas coisas. – e olhei de soslaio para Liz, que teve a decência de encolher os ombros.

Entrei na caminhonete seguido de Liz e Matt. Nos esprememos na cabine e Kiera deu a partida e assim seguimos em direção a festa.

A festa em si não foi tão animada assim, apesar de eu ter bebido bastante e dançado muito, até me divertido um pouquinho. A música até que era boa, as pessoas legais e a companhia de Liz e Matt tornava tudo bem mais leve. O problema aconteceu quando Kiera bebeu demais e começou a dá em cima de todas as pessoas ali, inclusive eu. Ela deu em cima até mesmo do Matt, que ficou tão envergonhado com o fato dela o ter chamado de “gostoso” que corou, o que foi um fato surpreendente, já que Matt é negro. Bom, de qualquer forma eu e Liz não conseguimos segurar a risada.

Mas o constrangedor aconteceu quando Kiera resolveu reparar na minha existência e no fato de eu ser um garoto. Sim, ela marcou em cima de mim. E em um momento que eu estava parcialmente distraído, ela roubou um beijo meu. Fato que fez Liz gargalhar até não querer mais. No entanto, o ponto alto da noite foi quando Matt recebeu um drink de cortesia de alguém do bar. O moreno quis morrer de tanta vergonha ao mesmo tempo que eu peguei um certo brilho no olhar dele e depois disso não o vimos mais.

Acabei tendo que dirigir até em casa, já que Kiera estava bêbada demais para isso e Liz também. No entanto depois que me deixei em casa, Liz foi obrigada a dirigir até a casa de Kiera e deixar a morena lá.

Entrei em casa meio tonto e subi as escadas sem me importar se estava fazendo barulho ou não. Me joguei na cama e apaguei instantaneamente, sem nem ao menos tirar a jaqueta ou os sapatos.

Acordei com uma dor de cabeça filha da mãe no dia seguinte e agradeci mentalmente por ser sábado e não ter aula.

O resto do fim de semana foi regado ao silêncio e monotonia. Passei a maior parte do tempo estudando e estudando e estudando. Em nenhum momento falei com Liz ou Matt – e ambos também não tentaram falar comigo – e meu pai não devolveu meu celular.

Então segunda-feira chegou e trouxe com ela a terrível verdade de que eu teria uma prova de Inglês na quinta. Eu bem que estudei. Tipo, estudei mesmo e muito. Mas quem é que entende essas coisas, afinal? Figura de Linguagem? Não, meu caro professor. Isso não é para mim. Eu nem ao menos vou precisar disso na minha profissão, mas é claro que eu não podia dizer isso a professora. Então tive que estudar e sozinho, já que Will não ia mais me dá aulas e procurar qualquer um dos monitores estava fora de cogitação, porque eu mesmo havia dito ao loiro irritante que não precisava de ajuda. E se eu disse isso, não posso voltar atrás. A não ser, é claro, que eu queira ouvir algum comentário sarcástico dele. Resumindo: estudei sozinho. Virei noites com aquele maldito livro na mão, sozinho e como era de se esperar...

Sim, isso mesmo.

Eu me ferrei sozinho.

Recebi minha nota duas semanas depois. Um belo E. Até que fiquei feliz por não ter zerado a prova, mas um E? Era tão ruim quanto. No fim da aula, a professora me chamou para uma conversa, que se resumiu no meu péssimo desempenho na prova e no quanto faltava muito pouco para que eu reprovasse de vez. Mas como ela tinha escutado algo sobre eu ser muito bom com números, resolveu me ajudar. Ela propôs que eu refizesse a prova no fim do mês, eu concordei. Mas eis a questão: Se eu não consegui fazer a prova da primeira vez por que, raios, eu iria conseguir fazer uma segunda vez? Foi então que uma ideia me surgiu.

Agradeci a professora pela oportunidade e corri em direção a única pessoa naquela maldita escola que podia me ajudar atirar uma nota razoável na prova.

Era quarta-feira, o que significava que ele só podia estar em um lugar: Biblioteca.

Entrei na biblioteca sem acreditar que estava realmente fazendo isso. Era totalmente impensável e contra os meus princípios, mas eu me encontrava sem escolhas. Matt não podia me ajudar, ele odiava tanto Inglês quanto eu, e Liz, bom... ela nem ao menos frequentava as aulas de Inglês. Nem ao menos sei como ela vai passar no fim do ano. Entretanto, havia ele. A última opção. A opção para uma pessoa desesperada como eu. Porque eu não podia reprovar em Inglês, se isso acontecesse a Diretora ia descobrir que não estou frequentando as aulas de monitoria e iria devolver minhas faltas e então eu reprovaria de ano. E meu pai, na melhor das hipóteses, iria me mandar pra Marte, se eu reprovasse.

A biblioteca estava vazia. Nem mesmo os monitores ou os alunos que deveriam estar aqui nesse horário não estavam. Olhei no relógio perto da porta e percebi por que não havia ninguém ali. Ainda faltava uma hora para que as aulas de reforço começassem. Fui até uma das mesas vazias destinadas as aulas e deixei minha mochila ali, pensei em sentar e esperar Will aparecer. Mas alguma coisa chamou a minha atenção, uma movimentação entre as estantes de livros. Me afastei da mesa e andei até lá, atravessei a linha imaginaria que separa a sala da biblioteca. Meus olhos estavam fixos na movimentação, tentando entender quem estaria esse horário na biblioteca. Mas por algum motivo o tom do cabelo dessa pessoa me parece muito familiar.

Fico de frente para a estante, olhei por entre as frestas dos livros e avistei os detalhes dele. É Will quem está ali. Com cuidado tirei um dos livros para poder ter uma visão melhor dele.

O loiro tem a costa encostada na prateleira atrás de si, as sobrancelhas juntas em concentração e as lentes do óculos refletem o que ele está lendo, ao mesmo tempo que seus olhos azuis se fixam nas páginas como se ele estivesse vendo um mundo inteiro, um mundo que eu não posso ver. Mas mesmo que eu não possa ver o que ele certamente está vendo, não posso deixar de constatar o quão fascinante Will está. Existe alguma coisa no modo como seus olhos se movimentam e na forma relaxada do seu corpo, e até mesmo no jeito que ele respira que chama atenção, que é fascinante. Olhar para ele assim, quando não sabe que está sendo observado é como olhar para um animal exótico. Como um leão albino, incrivelmente bonito ao mesmo tempo que é incrivelmente perigoso, se você chegar perto demais.

– Está me deixando constrangido. – ele disse sem tirar os olhos da sua leitura ao passo que eu fui pego de surpresa e deixei o livro que segurava cair num baque surdo que ecoou pela biblioteca inteira e trouxe um “shiii” da bibliotecária como resposta.

– Droga. – murmurei e me abaixei para pegar o livro enquanto escutava o riso baixinho do loiro do outro lado. O coloquei no lugar e fui até onde Will estava.

O encontrei devolvendo o livro que estava lendo para estante e então procurou outro sem nem ao menos dá alguma atenção para minha presença. Dei um passo em sua direção, meio incerto olhei para baixo e tentei forçar o motivo que me levou até ali para fora dos meus lábios. Mas nada aconteceu. Enquanto isso Will continuava mexendo nos livros, tirava um, olhava capa e depois abria o mesmo, lia uma frase aleatória e depois devolvia para o lugar. Então recomeçava seu ritual. Observei isso por um tempo, tentando ganhar alguma coragem, tentando reduzir meu orgulho.

– Veio aqui só para ficar me admirando? – ele perguntou se abaixando e lendo os títulos que haviam ali.

– Não, eu...

– Veio atrás de um livro? – era incrível a capacidade que Will tinha de parecer amigável e indiferente ao mesmo tempo. – Eu poderia te ajudar, mas – se pôs de pé e olhou pra mim, o azul intenso sobre mim. Irritante. – você não precisa de ajuda. – e voltou a pegar um livro qualquer da prateleira.

– Na verdade, - comecei. – eu meio que preciso. – e essa última parte saiu sussurrada, tão baixo que pensei que Will não teria escutado. Mas ele olhou pra mim por sobre o ombro, os olhos semicerrados em dúvida sobre o que escutou. Suspirei. Era agora ou nunca. – Preciso de ajuda. – falei mais alto dessa vez. – Fui muito mal na prova de Inglês. Tirei um E.

– Hum. Que pena. – indiferente, ele começou a folhear o livro.

Soltei o ar pela boca. Será que ele não via que eu estava engolindo meu orgulho ao vim aqui e confessar isso? Ele bem que podia facilitar também, ne.

Mordi meu lábio inferior, um claro sinal de impaciência da minha parte.

– Will, - comecei de novo. Ele não teve nem a consideração de ergue os olhos daquele maldito livro. – preciso de ajuda. – terminei ao passo que toda a minha dignidade ia embora.

– Você já disse isso.

– É, mas parece que você não está escutando. – ele fechou o livro, o colocou no lugar e me encarou de braços cruzados.

– Estou escutando agora. – fez questão de usar o seu tom mais sério, quase parecido com o do meu pai quando descobriu os cigarros no meu quarto no quinto ano.

Suspirei mais uma vez, desviei meus olhos para o meu tênis. Estavam surrados e precisavam de uma lavagem urgente. Mike devia liberar algum dinheiro para que eu comprasse um par novo.

– Preciso que me ajude a estudar. – disse de uma vez, alto e claro e com a sensação amarga na boca.

– Mesmo? Porque se bem me lembro, você disse que podia fazer isso sozinho.

Merda.

O encarei.

– Desculpa, tá legal? – a ponta de irritação na minha voz não passaria despercebida por ninguém, muito menos ele. – Eu me enganei. Não pensei quando disse aquilo e sim, eu achei que podia conseguir. Mas Inglês é uma bosta. Quem entende aquilo? Onomatopeia, sintaxe ou pronome. Pra que droga serve isso, afinal?! – eu estava falando um pouco alto demais, totalmente impaciente e despejando toda a minha frustração em cada palavra.

– Serve para você passar de ano. – ele respondeu e percebi que havia uma pontinha de diversão estampada ali, no canto da sua boca.

– Vai me ajudar? – perguntei um pouco mais calmo e com cada parte de mim gritando: diga sim, diga sim, diga sim.

– Não faço mais parte da monitoria. – acabou dizendo e encostou a lateral do corpo na prateleira a sua direita. – Mas acho que Fabi pode te ajudar numa boa.

– Mas... – comecei, no entanto parei sem coragem alguma de continuar o que eu dizer.

– Mas...? – ele incentivou, desviei o olhar. Me encostei na mesma prateleira que a dele e cruzei os braços.

– Mas você é o melhor, não é? Escreve naquele jornal ridículo todas aquelas matérias. Acho que você entende mais que a Fabi.

Confissão: eu queria que fosse ele. Pronto, é isso. Sim, eu queria que fosse Will a me ensinar Inglês, não Fabi ou o Papa. Era Will. Simplesmente pelo fato de que eu estava curioso demais para saber o que tanto ele escondia e também porque eu estava bastante curioso para conhecer ele de verdade, não essa caricatura prepotente e manipuladora que andava pelos corredores da escola como se fosse o rei do pedaço.

– Não é um jornal ridículo. – defendeu e senti na sua voz o quanto aquilo era importante para ele. – E você tem razão, eu sou melhor em Inglês que Fabi.

– Então dê as aulas no lugar dela.

De canto de olho o vi balançar a cabeça.

– Você é uma graça. – comentou e levantei meu olhar para encara-lo, surpreso por ele dizer algo como isso. Então ele corou, por ter sido pego no ato.

Acho que ele não pretendia dizer isso em voz alta, mas aconteceu. E ao mesmo tempo que eu via William Moore corar pela primeira vez e me sentia tão estupefato por isso, Liz surgiu de lugar nenhum e atrapalhou o que quer que estava acontecendo ali.

– Noah! Até que enfim te achei. – ela ofegou e quando percebeu Will ali, estreitou os olhos verdes para cima dele. O loiro ergueu mais uma vez o seu muro de indiferença e prepotência e encarou Liz de volta.

Prevendo uma discussão, apenas me coloquei na frente da garota.

– O que foi? – soltei.

Tire sua atenção dele, foque-a em mim.

– É o Matt. Você vai querer ver isso. – então ela segurou minha mão e me puxou para longe dali, e enquanto ela me levava ainda olhei para trás apenas para ver que Will tinha voltado para o seu ritual, mas agora não parecia tão interessado como antes.


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Notas finais do capítulo

Achei esse capitulo fofinho, por causa desse final. rsrsrs...
Não tenho muita coisa para dizer aqui hoje.
Então, só para não perder o habito: COMENTEM!! (rsrsrs)
xoxo



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