A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 7
Treinamento


Notas iniciais do capítulo

Finalmente férias! E para comemorar, que tal um capítulo novo?



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O dia amanheceu em Valhalla com muitos dormindo no salão e alguns dormindo nos quartos que foram disponibilizados. As semideusas tiveram que acordar cedo, na verdade elas foram acordadas por Frigga antes do sol nascer, e foram tomar café da manhã. Depois do café, Skadi e Neith, uma mulher de curtos cabelos negros, pele morena e olhos castanhos trajando vestes vermelhas escuras como sangue seco, um cinto de ouro com um par de sai, adornos de ouro e botas marrons, as levaram para Jotunheim para caçar.

– Caçar?! – Espantou-se Jasmine.

– Isso mesmo. – Disse Neith – Você não caça apenas animais, mas pessoas também.

– Ou seres mitológicos. – Complementou Skadi.

– Mas para isso, é preciso saber qual trilha seguir para alcançar seu alvo.

– E prestar atenção para saber se não está sendo seguida ou levada para uma armadilha. Venham ou iremos atrasar o cronograma.

Skadi e Neith ensinaram a Jasmine e aprimoraram as habilidades das outras não só no rastreamento como também no arco e flecha e no arremesso de lanças, embora tenho desistido da grega ao constatarem que ela não se dava bem com nenhuma das duas armas. Algumas vezes as deusas disputavam para ver quem era a melhor caçadora e terminava sempre em empate.

Depois das aulas de caça, as quatro foram para Vanaheim ter aulas de natação com Njord, mas acabaram encontrando com Sobek, o deus com cabeça de crocodilo.

– É o seguinte: era pro Njord estar aqui, mas como ele não vem aqui há um bom tempo e foi visitar uns conhecidos, eu que vou dar aula. Não quero problemas, pois estou com uma ressaca dos infernos.

– Ferrou. – Raven sussurro para as amigas. – Sobek é maluco.

– Primeiro tenho que ver qual é o nível de vocês para depois começar o treinamento pra valer.

Raven já tinha tido aulas com Sobek antes e sabia muito bem o que fazer, Helena e Diana tiveram aulas com Njord e nadavam bem, mas Jasmine nunca nadou na vida, por isso era a mais atrasada, para a infelicidade do deus com cabeça de crocodilo. Sobek teve que respirar muito fundo e tomar dois frascos de calmante para enfim ensiná-la sobre o nado e a respiração. Enquanto ele ensinava Jasmine no lago, as outras tinham que nadar no rio que desaguava no lago e fugindo de crocodilos.

– Elas estão fugindo de jacarés?!

– São crocodilos! Eu lá tenho cara de quem gosta de jacaré?! É um incentivo para melhorarem a velocidade na água.

Depois que o treinamento aquático acabou e elas se secaram, as quatro se dividiram. Diana, Raven e Helena foram com seus pais e Jasmine ficou com Njord, que já tinha voltado de sua visita.

– Por que tivemos que nos separar?

– É que agora cada uma vai trabalhar o seu atributo. Raven vai treinar o controle do sol e da energia solar com Rá, Helena vai treinar as trevas, a magia da morte e o controle dos mortos com Hel e Diana vai treinar estratégia de batalha com Odin.

– E eu?

– Vai treinar o controle e a harmonia da natureza comigo. E se der, te ensino algumas coisas sobre o mar.

– Controle e harmonia?

– Sim. Vou te ensinar a usar a natureza ao seu favor, a como regenerar uma área desmatada e até a ouvir o que a natureza tem a dizer. Afinal, você é filha de Gaia, responsável pela vida em Midgard.

– E como eu faço isso?

– Sabe como os nórdicos criaram os humanos?

– Diana disse algo a respeito. Ou foi Helena?

– O que importa é que após os Três Grandes derrotarem o gigante Ymir e de seu corpo veio a existir Midgard, Odin, Ve e Vili deram outros dons a duas árvores que foram escolhidas para dar origem aos humanos. Ve deu aos primeiros humanos o dom da fala e da palavra, Vili deu o pensamento, os sentimentos e as emoções e Odin deu o sopro da vida, o espírito.

– Aonde quer chegar?

– Você precisa conciliar corpo, mente e espírito se quiser ser forte. Afinal, uma alma saudável é feita de um corpo saudável e de uma mente saudável.

– Isso foi profundo.

– Gostou? Tirei de Soul Eater.

Depois de um bom tempo, era hora do almoço e todos voltaram para Valhalla. Depois do almoço, as garotas tiveram aulas com Thoth. Essas aulas iam desde a leitura de textos em grego, runas e hieróglifos a ciência, física, biologia, história e tudo mais que ele podia ensinar, menos astronomia e astrologia. Thoth pediu a Seshat que ensinasse grego antigo à Jasmine enquanto ele ensinava as outras línguias às outras, porém nas outras aulas elas se juntaram.

Depois das aulas do Thoth, elas foram para Helheim com Hel, Hades e Anúbis. Eles as ensinaram um pouco de direito e cuidados com os mortos e as almas. Depois seguiram com elas para Niflheim, onde Hel as ensinou a se virar num nevoeiro, as separou e as testou para ver como agiam. Só Helena que se saiu bem, Diana teve um resultado satisfatório e Raven e Jasmine foram um desastre.

Elas voltaram a Asgard, mas dessa vez foram para Folkvang, o palácio de Freya, para aprender magia com a própria e Ísis. Depois Néftis as levou para o Duat para que aprendessem a se virar numa tempestade de areia, nessa tarefa só Raven que se saiu bem, as nórdicas nem tanto e Jasmine se perdeu, fazendo a deusa procurá-la em meio a tempestade. Néftis ainda ensinou uns feitiços úteis e alguns macetes.

Para Helena, Diana e Raven, a maioria dos treinamentos era rotina, mas para Jasmine, era muito cansativo. Ela não conseguia entender como as outras três não se sentiam cansadas com tudo aquilo, foi então que se lembrou que conviviam com os deuses desde o nascimento e já estavam acostumadas, ao contrário dela.

Depois de retornarem a Asgard mais uma vez, elas tivera aula de direito com Forseti e Maat. Terminada a aula, era a hora dos combates.

– Até que enfim! – Exclamou Diana. – A parte mais esperada do dia.

– Combates? Mas eu não gosto de lutar!

– Mas é preciso. – Disse Helena. – Até os vanir precisam saber lutar.

– Depois disso estamos livres.

– Livres para tomar banho, descansar, jantar e ter aula de artes com Hathor e Bragi e depois astronomia e astrologia com o Thoth, de novo. – Relembrou Raven.

– Como vocês aguentam isso?

– É costume dos nórdicos treinarem seus filhos desde pequenos. – Disse a ruiva. – Todos os deuses, menos Fenrir e Jormungand, se disponibilizam para ajudar.

– Meu pai quer que eu tenha a melhor educação possível, por isso ele fez todos os egípcios, tirando Seth, a me ensinar tudo o que pudessem.

Diana teve que enfrentar Thor, Helena teve que enfrentar Balder, Raven teve que enfrentar Sekhmet e Jasmine teve que aprender os conceitos básicos de luta com Sif e Tyr. Sif a ensinou a atacar e defender e Tyr a ensinou a usar sua arma e a não ter pena dele por ter apenas a mão esquerda. A primeira luta era sem armas, as outras tiveram armas, mas logo perceberam que Jasmine não era boa com nenhuma, o que os fez mudar de planos e treiná-la com o cajado e a adaga.

Depois dos combates, todo mundo teve que se curar, tomar banho e esperar a hora do jantar. As garotas usaram esse tempo de espera para descansar. Foi então que encontraram Macária, Seshat e Thrud conversando sobre algo.

– Minha vida acabou. – Disse Seshat chorosa.

– Não diga isso, você é uma deusa, sua vida durará para sempre. – Disse Macária.

– Eu não vivo, só existo.

– Era só uma porcaria de livro! – Resmungou Thrud.

– Não era só um livro! Era a minha vida, a minha razão de viver, o meu grande amor!

– Não acredito que estou ouvindo isso!

– Você pode relê-lo. Sua vida não acabou porque terminou de ler um livro.

– Vocês não entendem! Meu coração foi despedaçado e não tem nada que vai tirar esse vazio de mim!

– Se quiser, posso te emprestar o meu. – Macária usou as trevas para trazer o seu livro.

– Me dá! Me dá! Me dá!

Assim que Seshat pegou o livro, ela o abraçou como se estivesse abraçando um amigo querido ou um amante. A deusa soltou várias exclamações de agradecimento, entusiasmo e que devolveria assim que acabasse de ler. Assim que parou de falar, ela abriu o livro em uma página qualquer e começou a cheirá-lo.

– Eu não estou vendo isso! – Exclamou a deusa nórdica. – Para de cheirar esse livro, mulher!

– Mas cheiro de livro novo é tão bom!

– Ele não é novo, na verdade, ele tem uns 150 anos. – Retrucou a deusa grega.

– Cheiro de livro velho também é bom, me faz lembrar bibliotecas.

– Andou fumando papiro ou é maconha mesmo?

Seshat nem ligou para o comentário de Thrud, tudo que ela queria era curtir o “novo” livro que tinha em mãos. Thrud resmungava que ela era estranha para Macária, que retrucava dizendo que, pelo que ela escutou falar, a egípcia era uma leitora ávida, apenas isso.

Um cavalo surgiu do nada sendo perseguido por outra deusa. Era Árion fugindo de Despina enquanto cantava Let it go. Todas as deusas e semideusas riram da cena, mas logo foram chamadas para jantar.

Depois do jantar, elas tiveram que aprender a tocar instrumentos musicais e a cantar com Hathor e Bragi. Após a aula de artes e música, finalmente chegou a última aula e as quatro foram para o lado de fora.

– Frey?! O que faz aqui?! – Perguntou a filha de Odin.

– Como vocês não tiveram tempo de ter aula comigo, então vocês vão aprender além de astronomia e astrologia, navegação também.

Frey tirou Skidbladinir, seu navio voador, do bolso e o desdobrou até ficar no seu tamanho normal. Os seis subiram a bordo. Frey, que estava no leme, explicava como fazer um navio zarpar.

– Segurem firme que o bagulho é sinistro.

Todos seguraram em algum lugar do navio e o Skidbladinir zarpou. No começo uma rajada de vento cortante passou pelo grupo, depois foi só calmaria, mas foi quando olharam para fora que sentiram a adrenalina correr pelas veias.

– Estamos navegando no céu! – Exclamou Raven impressionada.

– Mas como isso é possível?! – Perguntou a filha de Gaia.

– O Skidbladinir foi feito por anões, os mesmo anões que forjaram suas armas. – Respondeu Thoth

– Eitri e Brokk!

– Segurem-se, nós vamos para Midgard!

Frey começou a dar instruções e explicações sobre navegação. A paisagem pelo caminho era impressionante. Elas podiam ver tudo, Iggdrasil, os nove mundos da cosmologia nórdica, os outros planetas, as estrelas, o sol, tudo. Thoth explicava para elas sobre cada coisa que viam.

Ao atingir os céus de Midgard, as garotas ficaram encantadas. Voar entre as nuvens naquele navio era um sonho. Quando estabilizaram, Thoth chamou a atenção de todas e começou a explicar sobre as estrelas, as constelações e o que mais pudesse explicar sobre astronomia e astrologia.

Depois dessas últimas aulas, eles retornaram a Asgard. As garotas estavam tão cansadas, que quando chegaram aos seus quartos, desabaram na cama e dormiram.

No dia seguinte, tiveram que repetir a rotina de novo, além de se despedirem dos deuses gregos. Diana, Raven e Helena aprimoraram suas habilidades enquanto Jasmine não só aprendeu grego antigo e atual como melhorou consideravelmente suas próprias habilidades. Mas na hora do jantar, que era um banquete menor, pois os deuses nórdicos não conheciam outro estilo de comemorar sem que transformassem o ambiente em uma taverna, Loki explodiu.

– Puta que pariu! Quem colocou esse vídeo na internet?! – Resmungou Loki. – NÉFTIIIIIIIIISSS!

– Nem olhe para mim porque eu não sei e não fui eu.

– Alguém sabe?!

– Eu sei e vou falar mesmo que você não mereça. – Disse Tyr. – Isso é praga de ex-mulher.

– A Angr esteve aqui?! – O tom de Loki era de surpresa.

– Eu queria ter visto a Angr. – Disse Seth. – Ia disputar bebida com ela.

– Seth, você estava tão bêbado que até Ísis venceria de você. – Disse Néftis. – Neith te disse para não beber tanto hidromel.

– Mas você me desafiou!

– Mas é claro que sim.

– Puta que pariu! Praga de ex-mulher é pra vida toda! Por que não vai até Iron Wood se vingar?

– Ta maluco?! Angrboda vai me quebrar inteiro! Com quem eu fui me meter?

– Não era pela Angr que estava chorando que nem um bebê depois que encheu a cara depois da separação. – Relembrou Néftis.

– Pena que o Hades foi embora. Ele é o que mais adora lembrar das merdas do Loki.

– Vocês dois são maus. Imagino quando eram casados. Não é a toa que Seth ganhou uns belos cornos.

– Ao menos eu não era estuprado pela minha mulher.

Os dois começaram a trocar farpas e só não brigaram fisicamente porque Loki sabia que era a pior ideia dos nove mundos. Esse era um trabalho para Hórus, Anúbis, Sobek, Sekhmet, Angrboda, boa parte dos nórdicos, o Trio Temível e alguns outros deuses.

O outro dia não foi diferente, afinal os treinos nunca acabavam e na manhã do terceiro dia em Asgard, as semideusas tiveram que se despedir.

– Se algum engraçadinho te sacanear, chuta o saco dele! – Aconselhou Thor.

– Você sempre diz isso.

– Quer que eu as acompanhe? – Perguntou Vidar.

– Não, você vai fazer até Dionísio se cagar de medo.

– Tem certeza?

– Tenho.

– Seu pai já foi? – Perguntou Helena.

– Sim. Ele e os neteru foram ao raiar do dia, mas consegui me despedir. E a sua mãe?

– Foi na noite passada.

– Jasmine, venha cá. – Pediu Njord.

– Sim?

– Preciso te dar algumas coisas antes de partir.

Njord pegou um celular que mais parecia uma árvore e um pingente que lembrava um carvalho celta e deu a ela.

– Este é o seu próprio Godcel. Você pode se comunicar comigo e com qualquer outro que tenha um. E essa é a sua Godkey, ela não é nórdica, mas os anões disseram que seria melhor assim. Você pode me visitar sempre que desejar seja aqui ou em Vanenheim.

– Muito obrigada!

Com isso, ela abraçou o mentor com lágrimas nos olhos e foi retribuída. Ao longo dos três dias de treino, Njord a tinha ensinado muito sobre a natureza e principalmente sobre o mar, afinal era o deus do mar apesar de ser um vanir.

– Eu queria poder te ensinar muito mais além do básico dos vanir e do mar, mas não posso. Você é a filha da natureza. Sempre se lembre que a natureza abrange a vida e a morte, pois ambas são necessárias para sua manutenção. Sempre que tiver dificuldade de meditar, ouça Cicle of Life, eu baixei no seu Godcel.

– Eu vou.

– E não se esqueça de ver os filmes que mandei. O Rei Leão e Irmão Urso são os mais indicados para você.

– Vou lembrar.

– Qualquer coisa me ligue.

– Está bem.

– Eu vou sentir saudades!

– Pai, ela precisa ir. – Disse Freya, cujo colar parecia ser feito de prata e brilhar como estrelas prateadas naquele dia.

– Mas eu vou sentir saudade!

– Pai, você está pagando o mesmo mico sempre que um dos seus filhos parte por algum tempo. – Disse Frey.

– Pai, solta ela.

– Njord, largue a menina! – Ordenou Skadi. – Não está vendo que está atrasando a partida das garotas?!

– Está bem. – Njord a soltou. – Vá e lembre-se que não há vergonha alguma.

– Eu vou.

Com Diana, Raven e Helena, Jasmine retornou ao Acampamento Meio Sangue. Não parecia que algo de interessante tinha acontecido, mas ao adentrarem na Embaixada, viram um monte de sapos na fonte.

– É sério isso? – Perguntou Diana. – Pegadinha com sapos?

– Ainda bem que tem essa fonte ou estariam pela casa. – Disse Raven.

As meninas se livraram dos sapos sem o menor nojo ou discrepância, o que fez quem quer que passasse por lá se surpreender e aquele que ria, ganhava uma diarreia tão forte que mal conseguia chegar ao banheiro a tempo. Não demorou para a enfermaria lotar.

– Os feitiços de Néftis são muito úteis, principalmente para vinganças pessoais. – Concluiu Raven após ouvirem sobre a superlotação da enfermaria por casos de diarreia misteriosa.


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Notas finais do capítulo

Soul Eater é um mangá que ganhou anime muito engraçado. Nele se aprende que uma alma saudável é feita de um corpo saudável e uma mente saudável.
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Skidbladinir é o navio voador do Frey, que pode ser dobrado e colocado no bolso. Dizem que o navio tem capacidade para carregar todos os deuses. Imagine o que dá para fazer com um navio voador.
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Njord pode ser o deus do mar, mas também é protetor dos caçadores, só não fica claro que tipo de caçadores (de animais da floresta ou de animais marinhos, como baleias), então acabei conciliando os dois.
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O Rei Leão e Irmão Urso são dois filmes da Disney capazes de fazer muita gente chorar, principalmente com toda a temática abrangente.
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Ficou pouca coisa, mas prometo que os seguintes terão mais coisa.