A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 38
Reunião de Pais parte 6


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente.
Devem estar se perguntando, o que houve com o capítulo? Bem, aconteceram muitas coisas desde a última vez, desde desespero até o maior bloqueio criativo que tive na vida. Hoje é que consegui voltar a escrever e trazer o capítulo para vocês.
Sem mais delongas, boa leitura.



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— Esperem aí! – Exclamou Camazotz. – Deixa eu ver se entendi. Vocês dois... – Disse apontando para Árion e Despina. – São gêmeos?

— Somos. – Confirmaram.

— Esses dois são filhos desses dois... – Apontando para Poseidon e Deméter. – Que foderam nas formas de cavalo e égua quando ela estava procurando pela filha que tinha sido raptada por esse cara... – Disse apontando para Hades. – Porque ela... – Apontou para Afrodite. – Disse para ele. – Apontou para Eros. – Que o sukita ali era solitário e precisava de um pouco de amor e desafiou a tacar flecha nele. É isso mesmo?

Todos, com exceção de Despina e Árion, se entreolharam antes de confirmar.

— E depois dizem que nós maias somos problemáticos.

— Isso sim é um bom enredo. – Comentou Seshat escrevendo em um caderno tão rápido que parecia que a caneta pegaria fogo.

— Os filhos dela devem ser bem criativos no campo da escrita, não acham? – Perguntou Brigid.

— Com certeza. – Afirmou Macária, Thrud só meneou a cabeça.

Deméter se encontrava escondida atrás de Haumia e Poseidon estava ao lado dos irmãos. Árion se encontrava com os amigos equinos e os equinos trazidos pelas celtas só não estavam mortos por causa dele.

— Então quer dizer que ela é tipo minha irmã?! – Perguntou Percy atrasado.

— Meia-irmã. – Advertiu o cavalo. – Irmã é só minha.

— E nem isso eu o considero. – Se palavras saíssem desenhadas da boca, da boca de Despina sairiam estalactites.

— Também nunca ouvi falar de você.

— Deveria.

O clima ficou tão tenso e gelado que Percy sentiu o próprio sangue congelar dentro de suas veias. Era uma sensação terrível, doía muito. Não era só ele, todos que estivessem entorno da deusa eram afetados. Era como congelar de dentro para fora.

— Despina, pare com isso já! – Ordenou Poseidon, mas não surtiu efeito. – Hades! Hefesto!

— A filha é sua. – Hades lavou as mãos.

— Minha bolsa de ferramentas congelou!

— Brurr... Que frio. – Comentou Amon.

— Eu disse que o inverno estava chegando, mas ninguém me ouviu!

— Esse negócio de “o inverno está chegando” se referia à sua irmã?!

— E a quem mais iria referir?

— Freya, ligue para a sua mãe agora. – Ordenou Odin. – Peça para ela vir com urgência.

— Precisa da sua mãe para vir te buscar? – Provocou Afrodite.

— Ao menos eu tenho mãe e não nasci de um saco decepado.

As duas começaram uma discussão acalorada que teve até grupinho de apostas para o caso de evoluir para uma briga. Freya acabou se esquecendo do pedido de Odin.

— Njord, chame a sua ex-mulher.

— Eu até poderia, mas... – Comentou um tanto triste. – Sem ofenças, Odin, por que você não a chama?

— Porque eu esqueci o GodCel em casa. Está tudo bem?

— Eu não sei se ela vai querer me atender.

— Ve, Vili!

— Esquecemos também.

— Porra, ninguém tem como chamar a Skadi?!

— Eu chamo. – Ofereceu-se Rá, pegando o GodCel e ligando para a deusa.

— Obrigado.

O frio se fazia tão presente que os campistas correram para os chalés para buscar um casaco e retornar, mas nem isso parecia surtir efeito. Sienna, Diana e Helena tinham emprestado seus casacos para Raven, Parvati e Jasmine. Os meninos tinham pegado os casacos com Nicolas.

— Caralho, que frio da porra! – Reclamou Angus. – Eu podia estar em casa, quentinho debaixo das cobertas, mas tenho que ficar aqui fora e congelar o saco.

— Sienna, não está com frio? – Questionou Tyler ao ver que ela usava um casaco normal e não um daqueles casacos de pele dos esquimós.

— Não.

— Tem certeza?

— Sou acostumada ao frio.

— Mas receio que o frio possa aumentar. – Comentou Nicolas. – Talvez a nível de Niflheim. Escutei Odin pedir para chamarem Skadi.

— Estou bem.

A temperatura caíra bruscamente, congelando todo o cenário. O frio era tanto que nada escapava. Até mesmo o mar congelava quando o gelo se estendeu. Aquilo deixou Poseidon e Tangaroa preocupados, pois era o tipo de gelo que não poderia ser derretido facilmente, era o frio que congelava e se tornava tão sólido quanto o próprio solo. Nijord estava mudado, tinha as feições cansadas e melancólicas, algo que não era visto com frequência. Se encontrava em uma tristeza quase nostálgica.

— Freya, o que o pai tem? Ele fica assim sempre quando há gelo por todo lado.

— É complicado, Nicolas. Mais do que possa imaginar.

Poseidon e Deméter resolveram lutar para impedir o inverno eterno, mas era praticamente impossível visto que Despina congelava tudo. Até o ar estava mais frio. O gelo tinha avançado tanto no mar que incomodava as criaturas marinhas. Um tremor abalou o acampamento e do mar saltou uma serpente de aspecto temível. Era maior do que tudo que já tinham visto, tanto que apenas parte dela ficou fora d’água, o resto se encontrava submerso.

— PUTA QUE PARIU QUE FRIO DA PORRA!

— Essa coisa fala?! – Exclamaram alguns.

— Jörmi! – Chamou Sleipnir.

— Slei?! Por acaso Hel resolveu trazer Niflheim para Midgard e eu não estou sabendo?!

— Encolha e traga seu rabo para cá que eu explico.

Mesmo encolhendo de tamanho, a serpente não deixava de ser gigante, tendo que diminuir mais ainda seu tamanho antes de chegar a terra e se juntar ao cavalo de oito patas.

— Eu não esperava que Jormungand aparecesse. – Comentou Diana.

— Quem? – Perguntaram alguns personagens sem importância.

— Meu tio. – Disse Helena.

— Essa é a Serpente de Midgard? – Perguntou Jasmine.

— Ele é grande mesmo. – Comentou Angus.

— Ok, que coisa é essa?! – Perguntou Frank aos estrangeiros pela primeira vez.

— Jormungand, também conhecido como a Serpente de Midgard. – Explicou Nicolas. – Ele é filho de Loki e da giganta Angrboda, irmão do lobo Fenrir e de Hel, a morte. Também é meio-irmão do Sleipnir. Seu veneno é tão mortal que é capaz de matar um deus. Thor lutou contra ele no Ragnarok e ambos morreram. Mas calma que a mãe da Helena trouxe todo mundo de volta para a manutenção da mitologia nórdica.

— O que ta pegando, Slei? – Perguntou a serpente.

— É a irmã gêmea do meu amigo. Está puta com os genitores e resolveu trazer o inverno de Westeros.

— E nem me avisaram?!

— Avisar como? Velejando em alto mar e mergulhando?! Sou um cavalo, não o Jack Sparrow.

— Vira um hipocampo ou algo assim.

Da floresta congelada suriu outra figura medonha, mas esta era um lobo. Um lobo inteiramente negro maior que a própria floresta. Seus olhos amarelos brilhavam como duas lanternas. No entanto, ele também diminuiu de tamanho, mas mesmo assim também era enorme.

— Vi você saltar do mar feito uma lombriga. – Disse com uma voz tão grutal que chegava a dar arrepios nos semideuses. – O que houve?

— Ta frio pra porra e ainda pergunta?!

— Fresco.

— Vai se foder, Fenris.

— Um problema com a família do meu amigo. O pai lerdo e irresponsável, a mãe louca por cereais, o cavalo que pinta a crina e a Elsa ali.

— Olhe pelo lado bom, você pode ser um verdadeiro Stark. – Brincou Jormungand.

Oh oito patas, da onde você conhece essas criaturas?

— Gaoithe!

— Eu esqueci de apresentar. Pessoal, estes são meus meios-irmãos, o Lobo Mau e a Anaconda.

— Quer ser devorado de novo?!

— Falando sério, são Fenrir e Jormungand, Fenris e Jörmi para ficar mais bonito. Fenrir é arisco assim mesmo e Jörmi por incrível que pareça tem algum senso de humor. Eles são filhos da minha mãe com Angrboda e fazem parte do Trio Temível.

— Hades...

— Diga, baiacu.

— Loki curte zoofilia?

— Não, seu cérebro de alga! Angrboda nem é um animal!

— E não me xinga não! – Exclamou Loki. – Tive oito filhos, três nasceram animais, um foi transformado em um lobo, um morreu e uma é meio cadáver.

— E os outros dois?

— As gêmeas? Com minha ex.

— Que ex? – Perguntou Hades.

— Glut.

— Quantas ex você tem?

— Só duas. A Angr e a Glut.

— E paga pensão para todo mundo. – Comentou Néftis zombeteira.

— Não precisa espalhar isso para todo mundo.

— Caralho! – Exclamou Poseidon ao quase ser perfurado por uma estalagnite de surpresa enquanto resolvia a situação do Loki. – Sua doida de pedra, quer me matar?!

— Aí, chamou de doida de pedra! Eu não deixava. – Provocou Árion.

— Pare de por lenha na fogueira, cavalo!

— Eu também não deixava! – Dessa vez, a provocação partiu de Jormungand.

— Sleipnir, que porra está acontecendo e por que ela se parece tanto com a Skadi? – Perguntou Fenrir.

— Para começar, o burro transformado em alazão ali e a Elsa são gêmeos. O bacalhau e a aveia são irmãos e pais deles, ele estuprou a doida dos cereais em forma de cavalo quando ela virou uma égua e os dois cagaram e abandonaram os dois. Agora eles querem vingança.

— A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena.

— Jörmi, cala a boca. – Resmungou o lobo.

O frio não parava, chegando a congelar as portas dos chalés. As amazonas que estavam mais doentes sucumbiram e Despina não dava sinais de que iria parar, tanto que as celtas dispensaram os cavalos para longe para não congelarem e Fiáin teve que usar a magia de seu chifre mara manter as montarias dos deuses aquecidas. Não adiantou Percy tentar convencê-la, Despina não negociava. Até tentou impedir, mas Poseidon teve que jogá-lo para o lado, caso contrário, uma estalagmite teria perfurado seu coração, perfurando assim o braço do deus. Mal perfurou e o braço começou a congelar.

— Quando foi que se tornou tão forte assim?!

— Isso importa?

— Lerigou! Lerigoooou! – Cantaram Árion e Jormungand.

Por um instante, o frio parou de avançar, mas não era fogo ou forja que o tinha parado. Andando calmamente pelo cenário estava uma mulher também gelada, mas esta era acompanhada por dois lobos. O olhar era tão penetrante que era capaz de congelar a espinha.

— Freya!

— Frey?! – Exclamou surpresa ao ver o loiro com o javali dourado.

— Gêmeos 10/10! – Saudou Apolo.

— Não comece, Apolo. – Reclamou Artêmis.

— Hey, Apolo.

— Cara, o que faz aqui?

— Eu estava com a mãe quando Rá ligou e vim acompanhá-la e ver se está tudo bem com você, Feya. E com Nicolas e o pai.

— Estamos ótimos. Somente a mãe para parar esta loucura.

— Ou continuar.

— A mãe de vocês? – Perguntou Artêmis.

Frey apontou para a figura gélida acompanhada pelos lobos. Ela ainda jazia parada, sem fazer nada, como uma estátua.

— Skadi.

— Não sei se a deixo continuar ou a impeço, Despina. Seus motivos são justos para mim.

— Você veio ajudar ou não?! – Perguntou Deméter, recebendo um olhar cortante logo em seguida.

— Ela conseguiu parar a Despina. – Comentou Hera.

— Skadi é a deusa da caça e do inverno. – Contou Ve. – Ela é uma jotun também. Foi ela quem pôs aquela serpente que pingava veneno no rosto do Loki quando o prendemos antes do Ragnarok. Ela fez isso porque não a deixaram congelar as bolas dele. Isso seria crueldade.

— Loki, você não é um jotun? – Perguntou Néftis.

— Skadi é capaz de congelar o sangue de um jotun. – Comentou ele.

— Irá exigir que eu recolha a neve e o gelo?

— De inverno para inverno? Não será capaz. Você condenou a todos ao inverno eterno, ambas somos o inverno e não podemos pura e simplesmente cancelar o que você fez. Não, isto está além dos deuses.

— Rá, pode fazer algo? – Perguntou Vili.

— Poderia, mas aumentaria ainda mais a temperatura global, incineraria as pessoas e derreteria todo o metal de Nova York e Long Island.

— Apolo! – Chamou Zeus.

— Vai dar não. Rá já respondeu por mim.

— Não tem como fazermos uma alteração no sol sem causar impactos de grande proporção.

— Áine, você também é a deusa do verão. – Lembrou Epona.

— Querida Epona, seu pudesse fazer algo, não estaríamos neste inverno. Minhas habilidades não surtem efeito.

— Nem as minhas surtirão. – Pronunciou-se Dagda. – Isso está além dos deuses.

— A gente está fodido e nem é culpa minha dessa vez. – Comentou Loki para Hades e Néftis.

— Está feliz com o que você fez, Despina?! – Reclamou Poseidon.

Despina o olhou de cara feia e lançou um raio congelado no genitor. Coube a Skadi retirar o gelo que se instalara dentro de Poseidon, mas fez questão de fazer da forma mais dolorosa que podia.

— Isso tem que ter um fim. – Sentenciou a nórdica.

— Só terá depois que eu conseguir minha vingança ou pereça tentando.

— Eu sei.

— Zeus, me permite cuidar disso? – Perguntou Dagda. – Há uma solução mais diplomática e rápida para parar o avanço deste inverno.

— Matar a Despina?

— Jamais o faria.

— Então o que tem em mente?!

— Parar o congelamento antes que ela congele a América e depois o mundo.

— Lerigou! Lerigou! Winter is Comiiiiiiiing! – Cantaram Árion e Jormungand em coro.

— Faça o que quiser, contanto que acabe com essa cantoria irritante.

Dagda pegou sua clava e seu caldeirão e começou a murmurar coisas em celta, recitando um feitiço. Ele dizia tão rápido que era difícil assimilar qualquer palavra, até mesmo para os celtas ali presentes. Uma densa névoa rodeou Despina e Árion, os encobrindo por completo. Quando a névoa se dissipou, Despisa era uma criança aparentando ter 9 anos e Árion era um potro. O vestido estava grande demais para a deusa.

— É por isso que odeio trabalhar com gêmeos.

— E o que isso tem a ver?!

— Dependendo da ligação que os gêmeos tenham, a magia que você usa em um pode afetar o outro.

— Acha que transformá-los em crianças vai resolver? – Perguntou Hera.

— O que eu fiz foi fazê-los retornar à forma que eram crianças, com isso, também seus poderes. Eles estão limitados a quando eles eram crianças. Quando o feitiço terminar, seus poderes voltarão a ser o que eram.

— Quanto tempo o feitiço dura?

— 30 dias, até lá, é bom que seus dois irmãos reparem os danos causados a eles.

— Reparar uma ova! – Reclamou o deus do mar. – Agora posso finalmente dar um jeito neles.

Despina o olhou de cara feia. O ar gelado se tornou espinhos de gelo e foi disparado em todas as direções. Rá derreteu alguns e Skadi derrubou outros.

— Era para isso ter acontecido? – Questionou o Maior Egípcio a Dagda.

— Era para ter limitado os poderes dela. Pelo visto ela já possuía grande poder na infância.

— Ta fodido. – Disseram Amon e Atum em uníssono.

— O que a gente faz? – Perguntou Poseidon.

— A gente o cacete! A filha é sua, a merda é sua, se vira! – Declarou Hades.

— Parece uma daquelas garotas que morreu afogada e retornou do Hades como fantasma do lago. – Comentou Zeus. – Como o Hades disse, se vire.

— Belos irmãos eu tenho.

Skadi revirou os olhos. Estava cercada de inúteis. Esperou os gêmeos se aproximarem para avançar com sua neblina gelada. Quando a neblina se dissipou, nenhum dos três se encontrava presente.

— E o inverno se foi.

— Cala a boca, Jörmi! – Resmungou Fenrir.

— Vocês dois continuam barulhentos.

A visão de Hel fazia a espinha de qualquer um congelar, embora não fosse tão hedionda quanto Ah Puch. Talvez fosse seu rosto impassível e ao mesmo tempo sua aparência. Fenrir e Jorungand não se incomodavam com sua presença.

— Irmã! Há quanto tempo!

— É bom vê-la, Hel. – Disse Fenrir educadamente.

— Meia-irmã!

— Já vi que vocês estão fodidos com esses cavalos. – Néftis riu do próprio comentário.

— Às vezes sua capacidade de rir da desgraça me surpreende. – Comentou Hades.

— Não fique assim, Hades. É só não ser como o Loki e provocar terríveis incidentes.

— Mas eu conserto depois! – Resmungou o nórdico.

— E quando não é você, sobra para nós.

Hel não respondeu às saudações de seus irmãos ou de seu meio-irmão. Preferiu caminhar pela multidão de semideuses. Alguns recuaram por medo, outros levaram suas mãos às canetas, mas não o pessoal da Embaixada, eles se mantiveram firmes. Helena retirou o capuz antes de avançar.

— Helena.

— Mãe.

Era sempre assim, um cumprimento formal por parte das duas. Não que Hel não se preoucupasse com a filha, ela apenas era justa e imparcial com todos, até com os próprios filhos. Nicolas e Diana, que tinha deixado Lena com Lou Ellen, tinha se aproximado também, sendo seguidos pelos outros membros da Embaixada.

— Lady Hel.

—Dona Hel. – Disseram os dois nórdicos.

— Crianças.

O silêncio reinou no lugar. Hel se retirou e foi cumprimentar seus irmãos e os deuses. Os semideuses olhavam para o grupo e para os deuses esperando uma explicação para o que acabara de acontecer.

— Está tudo bem, não precisam ter medo. – Declarou Diana. – Nenhum dos deuses aqui presentes irá lhes fazer mal, isso seria uma declaração de guerra pelo Pacto dos Três Maiores.

— E vocês nórdicos têm medo de declarar guerra?! – Perguntou um figurante.

— É, eles aprendem rápido. – Comentou Angus antes de bocejar.

— Não com Odin e Hel presentes. – Pronunciou Nicolas.

— E alguém seria louco de declarar guerra com Anúbis e Hel presentes? – Perguntou a ruiva bem humorada.

Macha e Shiva se entreolharam, Parvati olhou para Shiva e Kali e Chaac para Tohil, Ah Puch, Jaguar e Camazotz. Hades olhou severamente para Néftis e Loki, que faziam cara de anjo, e agradeceu mentalmente por Seth não estar ali.

— Mas afinal, o que é esse Pacto dos Três Maiores que tanto falam? – Perguntou a conselheira do Chalé de Hecate, já que sempre ouvia falar e nunca sabia o que era.

— Isso é uma história curiosa e não sei se têm estômago para ela.

— Tudo culpa do Zeus! – Acusou Poseidon.

— Vai se foder seu mexilhão feio!

— A culpa foi sua mesmo, esqueceu que nos fodemos feio?!

— Você também não tem moral para falar!

— Nenhum dos dois tem. – Cortou Hades.  – Podem deixar que eu conto essa história para eles.

— Eu também irei. – Disse Maat. – Não estou permitida a mentir.

— Eu também. – Pronunciou-se Hel.

— Eu acho melhor eu contar esta história. – Recomendou Dagda. – Sou do lado imparcial e apesar de Maat e Hel não poderem mentir, eu posso tratar do assunto com mais delicadeza.

— Concordo. É melhor o Dagda contar. – Disse Odin.

— Não vejo problema. – Comentou Maat.

— É justo.

Os deuses retornaram para as mesas enquanto Dagda foi até uma pedra congelada e se sentou. Os semideuses fizeram um semicírculo na terra congelada em torno do Grande Celta como crianças prestes a escutar uma história do avô.

— Antes de começarmos, devo avisar que pode ser um pouco forte, então preciso saber o quão bem conhecem mitologia grega.

— Isso só pode ser brincadeira!

— Não estou brincando. Alguns de vocês ouviam falar de Medusa? Quíone? Íon? Ou mesmo de Árion e Despina que criaram toda esta confusão? Pois bem, não é difícil encontrar histórias em que os deuses violam mulheres e perseguem ninfas. Cito a mitologia grega não por ter algo contra, mas por ser um parâmetro a todos vocês, já que a maioria aqui pertence a ela, deveriam no mínimo conhecê-la. Já os romanos também deveriam, uma vez que ambas são interligadas e a maioria dos deuses possui uma contraparte.

A história começa na idade das trevas, idade a qual os semideuses deveriam ficar ocultos dos mortais e não podiam usar seus poderes abertamente. Foi nesta idade que Zeus e apaixonou por outra mortal, mas esta o reijeitou de todas as formas. Como é sabido, os deuses greco-romanos não gostam de ser negados e insistem em obter o que querem, mesmo que para isso tenham que recorrer à violação, e dessa vez não foi diferente. Zeus violou a moça em uma igreja. Ela tentou lutar, mas não conseguiu impedir o ato.

A pobre moça se sentiu tão humilhada e se recusou tanto a carregar um filho dele que ela cometeu suicídio. No entanto, ela não era uma moça qualquer, era uma semideusa, uma filha de Rá. Quando sua alma chegou ao Duat para julgamento que os deuses egípcios estranharam, Anúbis, como de costume, pesou o coração e a pena e a vida toda da menina foi mostrada aos deuses. Quando Rá descobriu o que tinha acontecido, ficou furioso e proclamou guerra ali mesmo. E então uma guerra devastadora entre as mitologias greco-romana e egípcia eclodiu.

Enquanto os greco-romanos mandavam seus filhos para a guerra, os egípcios, assim como as outras mitologias, não temiam se por na linha de frente. Um desses eventos durante a guerra foi o Massacre do Acampamento Meio-Sangue, no qual os egípcios enviaram a leoa Sekhmet para o acampamento grego. Foi uma chacina, mas nada comparada a Chacina do Acampamento Júpiter, a qual enviaram Seth. Os semideuses romanos foram exterminados da forma mais brutal que os olhos podem ver.

Sem os semideuses, os deuses greco-romanos tiveram que descer de seus tronos e enfrentar os egípcios face a face. A guerra sempre traz resultados devastadores e quando duas mitologias conflitam, os mortais são os que mais sofrem. Nós celtas estivemos no meio, mas éramos neutros por não declararmos apoio a nenhum dos lados. No entanto, a guerra estava nos afetando e resolvemos pôr um fim a ela.

Eis que surgem os nórdicos, cansados de verem tanta guerra e devastação por Midgard por causa da uerra mitológica. Nos aliamos a eles e juntos combatemos greco-romanos e egípcios para pôr um fim naquilo de uma vez por todas. Se continuasse se expandindo da forma que estava, a guerra chegaria aos hindus.”

Dagda respirou fundo antes. A memória ainda estava viva em sua mente, podia sentir o cheiro do sangue e os gritos, sejam de desesperou ou de guerra.

— Alguns de vocês devem estar extasiados por pensar em algo assim, é meu dever lembrá-los que na guerra há mais perdas em ambos os lados do que ganhos.

Não demorou para que eu e Odin chegássemos ao Olimpo, onde Zeus e Rá travavam uma batalha árdua. Nem tão árdua assim, já que Rá o usava como saco de pancadas. Odin interviu entre os dois e ele e Rá começaram a discutir. Ao ser indagado, Rá contou o motivo da guerra, o qual foi zombado por Zeus e Odin desceu o cacete nele.

O fim da guerra foi proclamado e os egípcios, bem como alguns nórdicos e celtas exigiram a cabeça do Maior Grego ou sua castração por Sekhmet, mas conseguimos negociar e Rá se contentou com o testículo esquerdo de Zeus, sendo assim, ele não tem tantos filhos como antigamente.

Depois disso, Zeus, Odin e Rá fizeram um pacto em que nenhum deus poderia fazer mal a um semideus de mitologia diversa da sua, caso contrário seria uma declaração aberta de guerra, sendo válido para toda e qualquer mitologia. Há algumas exceções como legítima defesa, autorização pelo membro de outra mitologia, deuses da morte e do submundo.

Também foi criada a dupla nacionalidade mitológica, uma vez que era possível um semideus ser adotado por um deus de outra mitologia.

Com a paz, pudemos restaurar as coisas, mas para mascarar a guerra dos mortais, lançamos um feitiço poderoso que os fazem crer que foi a Peste Negra a causadora de tamanha desgraça.”

 

Após o relato, muitos tinham os olhos arregalados e bocas abertas. Não tinham coragem de perguntar nada. Os únicos que não estavam surpresos eram os estrangeiros.

— V-Vocês sabiam disso? – Perguntou Jasmine quase em um sussurro.

— Nós crescemos ouvindo isso. – Contou Frísio, que estava ao seu lado e segurou sua mão para acalmá-la. – Prometo que faremos de tudo para não acontecer de novo, embora não dependa só de nós. – Olhou de relance para os romanos e alguns gregos.

— Obrigada, Frísio.

— É melhor voltarmos, crianças, os deuses os aguardam. – Pronunciou Dagda antes de se levantar e sair.


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Notas finais do capítulo

Jormungand, também conhecido como a Serpente de Midgard, é o segundo filho de Loki e Angrboda. É uma serpente gigantesca que foi atirada no nosso oceano, dizem que pode dar a volta ao mundo e ainda morder o próprio rabo. Ele mataria e seria morto por Thor no Ragnarok.
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Jörmi é o apelido de Jormungand na série de comics Father Loki da Savu0211, se alguém tiver interesse, está aqui o link e divirta-se: http://savu0211.deviantart.com/gallery/43010983/All-father-Loki
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Fenrir é o primeiro filho de Loki e Angrboda, é o lobo gigante que comeu a mão direita do Tyr. No Ragnarok, Fenrir engoliria Odin montado em Sleipnir e seria morto por Vidar.
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O Stark que o Jormungand se referiu era à família Stark de GoT, não ao Tony Stark. É sempre bom lembrar de onde a Marvel tirou inspiração para as HQs do Thor.
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"A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena." Frase clássica do Seu Madruga.
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É isso, pessoal. Demorou, mas chegou. Espero vocês no próximo para ver o rumo que tudo isso irá tomar. Até lá.



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