A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 39
Reunião de Pais parte 7


Notas iniciais do capítulo

Sei que fiquei muito tempo sem postar, mas esse capítulo rendeu e muito. Queria acabar logo com a reunião de pais que não aguentava mais.
São 13 mil palavras, gente, divirtam-se enquanto o próximo está em andamento. ^^



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Ao retornaram para as mesas, os semideuses viram que parte dos deuses tinha ido embora. Tirando os gregos, quem permanecia eram os Três Grandes Egípcios com Hórus, Anúbis e Néfitis; os Três Grandes Nórdicos com Nijord, Hel e Loki; Epona, Áine, Macha e Rhiannon; os Três Grandes Maoris com Rongo e Haumia; Sedna e Malina; Ganesha, Shiva, Parvati, Durga e Kali; e Chaac, Tohil, Ah Puch, Camazotz, Jaguar e Ixtab. Dagda se juntou a eles, que bebiam em conversavam. Era perceptível que se não fosse pela bebida ali presente, boa parte deles estaria se matando ali mesmo. Fenrir e Jormungand estavam com as montarias e os equinos restantes.

Os semideuses retornaram às mesas baixas, destinadas a eles, mas tiveram que se rearranjar nos lugares. Os romanos que vieram em missão preferiram se sentar em uma mesa separada, com exceção de Frank e Hazel, que se sentaram com seus amigos. Os integrantes da Embaixada estavam na mesa perto da de Percy, já que Leo e Marcos queriam ficar próximos, e perto da de Will, dos Stoll, Lena e Lou Ellen, já que o filho de Apolo criara algum tipo de intimidade com Nicolas e fazia questão de ver como Jasmine estava, os filhos de Hermes não queriam perder as tretas com Eliot, Tyler, Marcos e Angus, e a filhas de Hecate tinham proximidade com Diana e Nicolas. Parvy e Raven conversavam sobre a possível reforma que a egípcia ordenaria que fizessem na Embaixada e Sienna e Helena permaneciam em silêncio, apenas observando.

Os deuses falavam dos feitos dos filhos dentro e fora do acampamento. Dionísio não deixava de relatar nada, nem mesmo os problemas em que se metiam ou a dor de cabeça que davam.

— Mas vocês não convocaram essa reunião para simplesmente beber e falar dos nossos filhos. – Disse Rá.

— Não, mas é por coisas estranhas vêm acontecendo ultimamente.

— Cerridwen me contou sobre a pedra dos hindus que estava sendo escavada. – Comentou Dagda. – E Brigid e as amigas encontraram uma pedra similar em território chinês com escrituras persas.

— Que tipo de pedra? – Perguntou Parvati.

— Freya e Frey me descreveram. Não me lembro agora, mas não era boa coisa.

— Isso me lembra, isto foi revelado. – Sedna mostrou um papel com alguns trechos.

— “Somente o sentimento mais puro poderá afastar a morte.” – Leu Haumia.

— “Quando a escuridão cair, inimigos se tornarão aliados.” – Leu Rongo.

— “Do caos surgirá a esperança.”

— “Da rivalidade o amor.”

— “O sangue falará mais alto.”

— Mas que diabos é isso?! – Perguntou Tohil.

— Trechos da profecia não escrita. – Respondeu Sedna. – Tootega os decifrou, mas eles estão sujeitos a mudanças. Não confiem neles.

— Isso está ficando preocupante a cada dia que passa. – Disse Odin. – E não sabemos contra o que iremos lidar.

— Odeio essas coisas. – Resmungou Tawhiri.

As mesas dos semideuses não paravam quietas, não após a história contada por Dagda. Eram contos e mais contos de mitos, teorias da conspiração ou apenas conversa normal. Alguns aproveitavam a situação para beber as bebidas alcoólicas que os deuses consumiam.

— Não beba demais, vai acabar dormindo na hora de sair.

— Se eu puder sair, pardal. Estou de castigo mesmo.

— Talvez o tio Anúbis possa adiar para amanhã ou você pode trocar por serviço.

— Eu preciso de férias!

— Dia, não vire tudo de uma vez! – Recomendou Nicolas.

— Calma, é preciso mais do que isso para me embebedar. – Volta a tragar o hidromel.

— Está dando mal exemplo para a criança.

— Esses dois bebem tanto assim? – Perguntou Will.

— Bastante. – Ele também deu uma tragada em seu hidromel. – Mas a Dia é nórdica e aprendeu com os aesir, o Angus, eu não faço ideia.

— Vocês nórdicos bebem tanto assim?

— Muito, mas não somos só nós. Os russos se entopem de vodka e têm um fígado bom. Os povos europeus em geral bebem algo alcóolico. Alguns por causa do frio, principalmente no norte.

— Nick, você está dando aula sobre bebidas de novo. – Riu Diana.

— Oh, então ultrapassei o meu limite.

— Só você mesmo, Nick.

A ruiva riu com próprio comentário. Nicolas não era muito de beber e quando isso acontecia, virava uma enciclopédia falante. Diana tomou o copo que ele tinha na mão.

— Chega de bebida para você, Wikipedia.

— E para você também, aspirante a valquíria.

Ele retirou ambos os copos das mãos da ruiva e eles riram daquilo, como uma piada interna.

— Faz tempo que não me sinto bem assim. – Disse ela.

— Com tanta coisa acontecendo, não sei como você aguenta.

— Tento resolver um problema de cada vez, quando eu não consigo, esmurro o saco de pancadas que tem no meu quarto.

— Você tem um saco de pancadas no seu quarto, Dia? – Perguntou Lena.

— Tenho, pedi para a Raven colocar lá quando construímos a Embaixada. Agora que paro para pensar, parece que foi há tanto tempo.

— Eu me lembro de quando chegaram. – Comentou Will. – Vocês foram defender a Jasmine quando foi revelado que ela era filha de Gaia.

— E tem como esquecer daquela cena? – Perguntou Lou Ellen retoricamente. – Vocês duas literalmente desafiaram o acampamento inteiro! Por alguém que nem conheciam.

— Na verdade nos conhecemos em um barraco de madeira. Raven armou um escândalo por causa daquele barraco.

— Ainda bem. – Disse Nicolas. – Senão, aonde eu iria ficar com Angus, Eliot e Frísio?

— Em outro barraco de madeira. – Brincou a filha de Hecate.

— Os deuses me livrem!

O grupo riu da reação do filho de Njord. Realmente, ninguém merecia ficar naqueles barracos.

Frísio e Jasmine acabaran virado auxiliares de Raven, já que Parvati tinha se juntado à galera da zoeira.

— Eu não sei se faço um puxadinho, ponho um segundo andar no estábulo ou se removo o telhado e crio um terceiro andar. Isso vai dar trabalho.

— Se quiser, posso chamar o Lugh. Ele é o nosso faz tudo.

— O que ele sabe fazer?

— Lugh é um grande guerreiro e também é deus do sol e da luz e das artes manuais. Ele é carpinteiro, pedreiro, ferreiro, músico, feiticeiro, padeiro, cervejeiro, guerreiro, marceneiro, tecelão, costureiro, artesão, ele é o mestre de toda e qualquer habilidade que pode ser aprimorada.

— Tudo ao mesmo tempo?

— Sim.

— Está mais que contratado.

— Eu não sabia que os celtas tinham alguém com tantas habilidades. – Comentou Jasmine maravilhada.

— E temos, mas se Lugh vier aqui os outros deuses vão passar raiva.

— E vocês dois? – Perguntou a egípcia.

— Nós dois o que?

— Quando é que vão parar de ficar escondendo que tem algo acontecendo entre vocês?

— Algo acontecendo? – A grega estava confusa enquanto o celta corou e desviou o olhar.

— Falo do namoro de vocês. – Frísio ficou vermelho como o vestido de Macha.

— Mas somos apenas amigos, não namorados.

— É verdade.

— Entendi.

Apesar de não haver nada entre os dois, Raven já os casava em sua mente fértil. Por mais que quisesse, não iria interferir. Se algo tivesse que acontecer, que fosse naturalmente, caso contrário só colocaria pressão e poderia resultar em desastre. Só se intrometeria se realmente precisassem da sua ajuda.

Nas mesas dos deuses, gritos ecoaram pelo ar. Ixtab, que estava sentada entre Tohil e Ah Puch, tinha pegado uma faca e a enfiado na própria garganta, desabando sem vida sobre a mesa. Tohil retirou a faca, pegou uma tigela e a encheu com o sangue da deusa.

— Normal. – Os maias deram de ombros.

— Tohil! – Repreendeu Chaac ao vê-lo beber o sangue da tigela.

— O que foi? Estou com fome!

— Kali também quer!

— Eles acham isso normal?! – Perguntou Hórus boquiaberto.

— Ixtab faz isso toda vez que tem RDMSA. – Disse Anúbis. – É normal para mim.

— Marcos, os seus deuses têm problemas. – Disse Travis.

— Que isso, eles são só traumáticos. – Riu.

— E você acha graça?! – Reclamaram Jason, Piper, Annabeth, Calipso, Hazel e outros.

— É porque vocês não conhecem os astecas. Há um deus asteca equivalente ao meu pai, seu nome é Tlaloc. Antigamente, antes dos europeus virem para a América, eram realizados sacrifícios humanos para agradarem aos deuses, como os oráculos na Grécia. Alguns deles.

— O que isso tem a ver?!

— Não sabiam? Sacrificavam pessoas aos deuses, inclusive, em Olímpia e em Chipre acreditavam que os deuses se expressavam nas entranhas da pessoa sacrificada. Eles até tiravam as entranhas.

— Cara, você conseguiu acabar com todo o meu apetite. – Reclamou Travis.

— Isso não é nada comparado aos astecas e maias, e olha que os sacrifícios ao meu pai eram bonzinhos. Quando os maias sacrificavam ao meu pai, levavam a vítima a um poço para que fosse afogada. Caso sobrevivesse ao primeiro afogamento, era entorpecida e lançada de novo, se sobrevivesse ao segundo, era indagada sobre o que ouviu dos deuses. Se os sarcedotes julgassem favorável, escapava do sacrifício com status de favorito do meu pai.

— E você chama isso de bonzinho?!

— O de Tlaloc envolvia afogar crianças e às vezes virgens e crianças de peito. Depois que os astecas afogavam as crianças no lago, eles as coziam e ingeriam. Se uma das mães chorasse, era motivo de alegria porque iria chover para fazer o milho crescer.

O grupo ficou em silêncio absoluto tentando processar o que acabara de ouvir.

— Graças a você, eu nunca mais durmo na minha vida. – Disse Connor.

— Eu te disse que os astecas são piores. Tlaloc não tem paciência como o meu pai, fora que ele adorava espalhar doenças. Já falei que ele governava um “paraíso” para pessoas que morreram afogadas em uma inundação ou que foram atingidas por um raio, fora as que morreram por lepra ou doenças contagiosas? Ele adora espalhar doenças.

— Cara, você é mais novo do que todo mundo desta mesa e é um poço de trauma. – Comentou Tyler.

— Eu sei.

— Por isso que eu te adoro! – Exclamou Angus bagunçando o cabelo do maia.

— Quem são os Três Grandes Astecas? – Perguntou Parvati curiosa.

— Quetzalcoatl, Tezcatlipoca e Xolotl.

— Porra! – Exclamaram os egípcios e alguns gregos.

— Vocês se acostumam. – Brincou Tyler.

— Você gravou os nomes deles? – Perguntou Piper.

— Eu sou maori. Os maoris, assim como os mesoaméricos eram considerados indígenas, não temos problemas com nomes grandes e complicados.

— Quetzalcoatl é um pássaro serpente ou serpente emplumada, é o deus da vida, da vegetação, dos alimentos e da ascenção espiritual e do planeta Vênus. Tezcatlipoca é um dos irmãos de Quetzalcoatl e inimigo do mesmo, é o deus da noite e da feitiçaria e criador do mundo e dizem que o Jaguar, ou Tepeyollotl, é uma variante dele. Xolotl é irmão gêmeo de Quetzalcoatl associado com doenças, desgraças, deformidade, raios, morte e com cães, ele que guia os espíritos para o outro lado. Ele parece um cão todo deformado e monstruoso.

— Me lembre de nunca visitar o panteão asteca. – Disse Leo arrancando risadas dos outros.

Drew não iria desistir de sua aproximação com Angus. Ela iria tentar seduzi-lo com o charme, ficaria próxima do garoto mais bonito da Embaixada, se aproveitaria e quebraria seu coração, foi por isso que se sentou na mesa perto dele. Esse fato não passou despercebido por Helena e Sienna.

— Angus é filho de Anúbis, deve estar tramando alguma coisa. – Comentou Sienna desinteressada. – Não precisa ficar encarando como se estivesse com ciúmes.

— E não estou. – Disse a morena albina em seu tom de voz habitual. – Por que se importa?

— Não me importo, apenas quero evitar uma possível briga que pode resultar em dor de cabeça dentro da própria Embaixada.

— Entendo.

— Está frio aqui. – Disse uma voz feminina.

— Realmente, não deveria ser verão?

Duas figuras femininas surgiram. A primeira era de uma mulher asiática cujo cabelo negro estava puxado para fazer um coque no alto da cabeça e a parte de trás caía solta vestindo um hanfu cuja blusa era amarela, a saia rosa e uma grossa faixa azul amarrada com cordas verdes. A segunda também era asiática, tinha dois odangos no alto da cabeça e o resto do cabelo solto e vestia um hanfu de blusa azul, saia roxa e uma grossa faixa vermelha amarrada por cordas laranja.

— Perdão por atrapalhar a reunião, mas é importante. Sou a deidade Long Mu e esta é a deusa da lua Chang’E. Viemos a pedido do panteão chinês.

— Os chineses enviaram uma deidade para falar conosco?! – Surpreendeu-se Zeus. – Eles só podem estar de sacanagem!

— E qual é o problema de eu ser uma deidade? Já ouviu falar de modos?

— Long Mu...

— Você é bem atrevida para uma deidade!

— Long Mu...!

— Eu não sou qualquer deidade e mesmo se fosse deveria mostrar um pouco de respeito!

— Long Mu, onde estão seus filhos?!

— Meus filhos?!

A asiática olhou em volta e realmente estavam apenas ela e Chang’E. Seus filhos tinham desaparecido.

— Onde estão meus filhos?!

— Eu não sei, estavam com a gente agora pouco.

— ZAO YAO! ZEIN YAN LIN! Onde estão meus filhos, Chang’E?!

— Deve estar por aí.

— Não me diga que veio deixar seus filhos aqui! – Disse Dionísio preocupado.

— Claro que não! Jamais os deixaria aqui.

— Como se os quisessemos aqui. – Comentou Poseidon.

— Claro que não, iriam querer para si próprios.

— Acusa-nos de algo grave! Para que iríamos querê-los?!

— E precisam de motivo para querer alguém ou algo?

— Já nos cansamos de você! – Levantaram-se dois dos Três Grandes Gregos, sendo que Zeus tinha em mãos o raio mestre e Poseidon fazia a parte não congelada ao longe se agitar.

— E eu de vocês! ZEIN ZAO YAO LIN YAN!

Em meio aos animais surgiram cinco adolescentes asiáticos em idade colegial, sendo eles quatro garotos e uma garota. Eles nada disseram, apenas correram em direção à chinesa. Antes que a alcançassem, as crianças se transformaram e no lugar delas havia cinco dragões chineses, um vermelho, um amarelo, um roxo, um azul e um verde.

— Puta merda. – Hades esfregou as têmporas.

— Se foderam! – Disse Loki.

— Tem mesmo que fazer isso? – Pergunou Chang’E derrotada, teria sido melhor ter ficado na lua.

Uma forte tempestade tomou conta do acampamento, o que deveria ser estranho, mas o que era mais estranho ainda era o fato de surgir um furacão que levantou somente Zeus e Poseidon, que ficaram rodando. Os dragões vermelho e verde rondavam o furacão. O amarelo rodeava a chinesa.

— Pare essa merda!

— Estou tentando, mas não consigo!

— Como não?! Você que ficou com os céus!

— Não dá! Faça algo, você também envia tempestades!

— Estou tentando, mas não dá!

— Tawhiri!

— Tangaroa!

— A merda é tua, te vira! – Resmungou Tangaroa.

— Minha magia está bloqueada. – Comentou Rá.

— A minha também. – Disse Shiva. – Estranho, não?

— A gente tem que fazer alguma coisa! – Disse Odin.

— Mas sem nossos poderes e sem magia não podemos. – Disse Dagda. – Algo está nos bloqueando.

— Mas o que seria capaz de bloquear os deuses assim?!

Alguns semideuses tinham procurado abrigo debaixo das mesas, outros insistiam em ficar no mesmo lugar ou se levantaram. Os murmúrios não paravam.

— Alguém sabe quem é ela? – Perguntou Tyler.

— Não acredito que está preocupado com isso! – Reclamou Lou Ellen.

— Não, Tyler tem razão. – Disse Parvy. – Pensem bem, ela estava procurando os filhos, depois gritou algo e apareceram estes dragões.

— Infelizmente eu não conheço a mitologia chinesa. – Disse Raven.

— Nem eu. – Disse Diana.

— Infelizmente eu também não. – Tornou a dizer Parvati.

— É para isso que existe a Godpedia. – Comentou Angus pegando o Godcel e pesquisando. – Eita porra!

— O que foi? – Perguntou Eliot.

— Vocês não vão acreditar quem ela é.

— Quem?

— Daenerys da Casa Targaryen!

— Primeira de seu nome. – Disse Tyler.

— Filha da Tormenta. – Disse Marcos.

— A Não Queimada. – Leo entrou na brincadeira.

— Mãe de Dragões. – Disse Eliot.

— Quebradora de Correntes. – Parvati aderiu ao humor.

— Rainha dos Ândalos e dos Primeiros Homens. – Entrou Connor.

— Senhora dos Sete Reinos. – Disse Travis.

— Khaleesi! – Exclamou Hermes.

— Você sabe quem ela é?! – Questionou Hera.

— Não, mas achei a zoeira válida. – Sorriu.

— Ah, vão tomar no cu todos vocês! – Exclamou Diana. – Nenhum de vocês sabem quem ela é e vão pra zoeira?

— Zoeira is life! – Exclamaram Travis e Coonor em uníssono.

— Que orgulho. – Hermes até limpava uma lágrima imaginária.

— Falando sério, o nome dela é Long Mu. – Disse Angus. – Ou como a chamam, Mãe de Dragões. Seu nome real era Wen Shi, ela costumava a pescar no Rio Xi até encontrar uma pedra bonita e levar para casa. Ela descobriu que essa pedra era um ovo e dele nasceram cinco serpentes, que mais tarde, quando cresceram, descobriu que não eram serpentes e sim dragões. Ao que parece esses dragões são os filhos dela.

— A verdadeira Daenerys Targaryen. – Comentou Eliot.

— É a primeira vez que me chamam assim. – Riu a deidade de forma agradável, demonstrando ter senso de humor.

— Ela é considerada mãe dos dragões por causa disso? – Perguntou Tangaroa.

— Ora, irmão, algumas pessoas consideram cães e gatos como seus filhos. – Disse Haumia. – Ela considera esses dragões.

— É mais do que consideração. – Intrometeu-se Rongo olhando o Godcel. – Pelo que eu estou lendo aqui, esses dragões são tão devotos a ela como filhos com uma mãe. Eles a defenderão e protegerão como se fosse a mãe deles.

— Ouviram?! – Perguntou Hades aos dois irmãos. – É melhor pedirem desculpas à mãe deles!

— Nem fodendo!

Água foi trazida do rio e adentrou no tornado, tornando-o uma tromba d’água e afogando os dois deuses, raios também surgiram, dando belas descargas elétricas. Os dois gritavam palavrões ao léu, isso quando Zeus não tinha água nos pulmões e Poseidon quando não era eletrocutado.

— Esses dois nunca aprendem.

— Aqui diz que os dragões chineses controlam a água e até mesmo o clima, isso inclui rios e mares também. – Comentou Rá. – Eles são poderosos, símbolos de poder.

— Essa mitologia é uma confusão. – Disse Amon.

— Aqui também diz que os dragões chineses também podem mudar de forma para bestas ou adquirir forma humana. – Comentou Odin.

— E que a cor do dragão pode influênciar em seu atributo. – Disse Dagda. – Os azuis representam o augúrio do verão, os vermelhos e os pretos são mais ferozes e causam tempestades e até outros desastres naturais, já os amarelos não podem ser domados, capturados ou mortos.

— É, a gente está ferrado. – Comentou Hades.

— PAREM ESSAS COISAS!

— Se desculpem com a mãe deles que eles param!

— Nem Mortos!

— A gente não vai sair daqui hoje.

Árion está perdendo isso.— Comentou Gaoithe.

— Eu conto a ele quando voltar a Asgard. – Disse Sleipnir.

— Bem que podia ter uma casa das serpentes em GoT.

— Aquieta o rabo, Jörmi. – Respondeu Fenrir bruscamente. – Você já tem a Sonserina.

— Fala isso porque você já é um Stark!

— Puta merda! Eu saio por alguns instantes e isso acontece?!

Árion tinha retornado e Skadi e Despina vieram com ele. Despina vestia roupas nórdicas do tamanho de uma criança.

— Essa roupa é bonita e ficou bem em você. – Disse Anfitrite.

— Eu ficaria longe se fosse você. – Recomendou Deméter.

— Era da Freya quando mais nova. – Disse Skadi.

Enquanto os outros estavam concentrados nos dragões ou em outras questões, Hermes tentou se aproximar de Long Mu e assim, quem sabe, encontrar uma brecha e fazera mãe de refém para negociar com os dragões. Infelizmente o caduceu foi arrancado por um vento sobrenatural e o dragão amarelo notou a sua presença.

— Khaleesi! – Apresentou-se nervoso por ser descoberto.

— Parece que o apelido pegou.

— Ora, você é a mãe de dragões, por que não a chamariam assim?

— Por muitos motivos. Não veio me roubar, veio?

— Por que eu roubaria a Khaleesi?

O amarelo avançou com a cabeça, bufando em desaprovação, mas Long Mu o acalmou ates que fizesse algo ao grego.

— Você é o deus dos ladrões.

— Toma-me por um ladrão? Oh, assim me ofende, Khaleesi. – Fingiu­­-se de ofendido com as mãos para o alto. – Vim apenas negociar.

— Como todo bom político. – Arqueou uma sobrancelha enquanto cruzou os braços.

— Toma-me como um político ao invés de ladrão?

— Qual é a diferença entre os dois?

— Essa é boa.

— QUER PARAR DE FLERTAR COM A XINGLING TARGARYEN E NOS TIRAR DAQUI?! – Rosnou o Maior Grego.

— Tem belos dragões.

— Não estão à venda.

— O que a faz pensar que eu iria comprá-los?

— Vai me dizer que não gostaria de possuir um dragão.

— Você me pegou. O que eu tenho que fazer para a Mãe de Dragões libertar aqueles dois?

— Parar de me discriminar por ser uma deidade já é um começo.

— Quem liga para a sua origem mitológica?! Você tem cinco fucking dragões!

— Me bajular não vai adiantar muita coisa.

— Mas vale a tentativa.

— Yao. – O amarelo olhou em descrença, mas não ficou menos irritado.

— Mas que bagunça é essa?!

— Amate, mantenha calma.

— Não me peça calma em uma hora como essa!

O casal recém-chegado tinha a pele amarelada e olhos puxados, típicos das pessoas do extremo oriente. A mulher era belíssima a ponto de atrair os olhares de todos sobre si, tinha longos cabelos negros decorados por um adorno de cabelo que mais parecia uma coroa solar, seus olhos alaranjados quase vermelhos pareciam duas chamas incandescentes, ela vestia um quimono dourado e vermelho mostrando imponência. O homem também era provido de tamanha beleza com seus longos cabelos brancos que quase tocavam o chão decorados por um adorno que parecia uma coroa lunar, seus olhos eram de um índigo bem escuro, ele usava um quimono prateado e índigo demonstrando suavidade.

— Lady Amaterasu. – Rá foi o primeiro a saudá-la, levantando-se de seu acento.

— Grande Rá. – Ela fez uma breve referência, seguida do belo homem.

— Agora fodeu. – Comentou Amon para os outros.

— Lorde Tsukuyomi. – Cumprimentou Chang’E em uma reverência.

— Chang’E, é bom revê-la. – Cumprimentou com um grande e amigável sorriso. – Como vai o nobre coelho de jade?

— Bem, senhor.

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo?! – Exigiu Tawhiri.

— Tawhiri, cala a boca. – Mandou Tangaroa.

— O que você me mandou fazer?!

— Podem os dois calarem a boca?! Não estão vendo que a situação não é boa para as nossas brigas? – Disse Tane, os fazendo ficar quietos.

— Long Mu, peça aos seus filhos para pararem com isso.

— Lin! Zao! Aqui!

O dragão verde parou por uns instantes e até ponderou em ir, mas o vermelho não parou de jeito nenhum, mesmo a chinesa o chamando pela segunda vez.

— Sinto muito, Lady Amaterasu, mas Zao é o meu filho mais teimoso. Ele não vai desistir até ouvir um pedido de desculpas.

— De novo?! Vocês, dois peçam desculpas agora ou eu juro que esses dragões vão ser o menor dos seus problemas!

— Ninguém levanta ou questiona. – Comentou Raven para todos da mesa.

Percy não iria deixar que ela fizesse isso, mas foi só começar a se levantar que sombras envolveram seus pulsos e o obrigaram a sentar.

— A Ray disse para ninguém se meter. – Comentou Angus extremamente atento ao casal.

— Ela não pode fazer isso!

— Conhece ela, Ray? – Perguntou ignorando o herói, os olhares sobre si e e qualquer protesto.

— Impossível não conhecer. Ela é Amaterasu, a deusa japonesa do sol e a que comanda sua mitologia. Ela e seus irmãos Tsukuyomi e Susanoo formam os Três Grandes Japoneses.

— Pensei que era para falar sobre a deusa e não de Naruto. – Brincou Leo.

— Mas ela não tem o que fazer aqui. – Disse Diana. – Isso é uma reunião de pais e nem os japoneses e nem os chineses têm filhos aqui.

— Eu pensei nisso, Diana, mas não acho que esse seja o motivo. Eu nunca a vi tão brava como agora.

— Para dois dos Três Grandes Japoneses estarem aqui, algo muito grave deve ter acontecido. – Comentou Parvati.

— Amate, não há necessidade disso. – Disse Tsukuyomi. – Não viemos aqui causar uma guerra.

— Mas alguém precisa dar um jeito nisso.

— Devo lembrá-la que assim que pisamos aqui, nossos poderes estão bloqueados?

— Onde ele está?!

— Long Mu, o que houve? – Perguntou Chang’E.

— Você viu o meu filho?!

— Qual deles?

— O Zein?

— Qual deles é o Zein?

— Droga, o outro sumiu também! Onde estão os meus dragões?!

— Não é que ela disse mesmo? – Disse Atum tendo que dar o dinheiro da aposta para Vili.

— Vai com calma. – Pediu Hermes tentando acalmá-la. – Não é o fim do mundo se eles não aparecerem.

— O atributo do Zein é magia. Se eu não encontrá-lo, todos aqui ficarão sem seus poderes pela eternidade.

— Ô Zein, a sua mãe está chamando!

— Zein! Yan!

— Dragãozinho!

— Não o chame de dragãozinho, ele pode ficar irritado.

— Ô mago implacável pica das galáxias!

— Também não precisa exagerar.

— Façam-me o favor. – Disse Amaterasu massageando as têmporas.

— Pipoca? – Ofereceu Shiva para a esposa, que aceitou.

Da floresta, emergiram os draões roxo e azul. Ambos estavam molhados e traziam peixes, além de comê-los. Long Mu não tardou em correr até ambos, deixando o amarelo para trás, e dar uma boa bronca, estava preocupada com eles.

— Quem diria que foram só fazer uma boquinha. – Comentou Hermes ao amarelo, que somente resmungou. – Um segundo, como eles podem estar molhados se Despina congelou tudo?

— São os poderes deles. Me admira que tenham congelado tudo no verão.

— Não congelamos. É uma longa história, a qual terei todo o prazer em contar, mas você pode acabar com este inverno?

— Eu não. – Riu. – Não possuo poder algum, apenas cuidei de um ovo. Mas o Yan pode. – O grego sorriu. – Preciso que parem de bloquear os poderes e tragam o verão de volta. – Os dois resmungaram em resposta e bateram as patas no solo em sinal de teimosia. – Ao menos devolva os poderes de Amaterasu e Tsukuyomi.

E assim foi feito. Em um piscar de olhos, os japoneses receberam seus poderes de volta.

— É a última chance de pedirem desculpas. Amate não está com paciência e não temos tempo a perder. – Disse Tsukuyomi. – Se ela tiver que declarar guerra e trazer todo o panteão japonês, pode ter certeza que o fará.

— Só esqueceu da parte de largar o Sasanoo no Olimpo. – Comentou Shiva ainda degustando a pipoca.

— DESCULPA! – Gritaram os dois em uníssono, afinal, não queriam Susanoo solto no Olimpo.

A tempestade parou, os dragões se recolheram para perto de sua mãe e Zeus e Poseidon caíram direto no mar. A magia foi restaurada, assim como os poderes de todos, que permitiu Poseidon retornar a eles e ainda salvar o irmão do afogamento.

— Desculpe por meus irmãos, que graças a eles tivemos toda essa confusão e perdemos tempo. – Disse Hades. – Qual o motivo da vinda de vocês?

— É sobre as escavações e as pedras encontradas. – Disse Chang’E. – Poderíamos esperar essa reunião acabar para mudar de assunto, mas...

— Uma dessas pedras foi quebrada no Tibet. – Esclareceu Long Mu. – Um demônio chamado Kalanemi emergiu dela.

— Puta que pariu! – Gritou Shiva. – Segure a minha pipoca! – Deu a tigela para a esposa.

— Algum problema, Lorde Shiva? – Questionou Chaac de forma respeitosa.

— Sim, esse demônio é dos nossos. Preciso informar a Vishnu com urgência. – Tinha acabado de discar e começou a falar com Vishnu em seu idioma nativo.

— Pensei que os hindus reencarnassem, inclusive os demônios.

— E reencarnamos. – Disse a Grande Parvati. – Mas há algum tempo, selamos os nossos demônios para não reencarnarem mais e assim não destruírem o mundo. Ou ao menos impedir Shiva e Kali não destruírem o mundo lutando contra eles.

— Quando foi isso? – Questionou Ganesha.

— Há algum tempo, mas nosso panteão já o está combatendo. – Informou a mãe dos dragões.

— Um novo Conselho Oriental foi convocado pelos Três Grandes Chineses Fu Xi, Shennong, o imperador vermelho, e Huangdi, o imperador amarelo. – Contou Chang’E. – Alguns dos nossos deuses se sentaram para discutir diplomaticamente enquanto outros foram lutar contra o demônio.

— Por isso que enviaram nós duas. Chang’E e eu não somos tão importantes em nosso panteão. Na verdade nossa importância é quase nada comparada aos outros deuses.

— E nós os estamos ajudando. – Disse Tsukuyomi. – Amaterasu, Susanoo e eu estávamos discutindo no conselho enquanto enviávamos outros deuses para ajudar aos chineses a lutar contra o demônio.

— Nenhum de nós gosta da ideia de demônios perambulando por aí, ainda mais no mundo atual em que tudo é compartilhado em tempo real. – Tornou a dizer a deusa da lua.

— Por isso deixamos nossas diferenças milenares de lado e decidimos trabalhar juntos. – Disse Amaterasu. – Tanto nós japoneses quanto os chineses possuímos demônios selados e espalhados pelo globo.

— Compreendo sua situação. – Disse Parvati, a deusa. – Nós hindus também possuímos e não gostaria de pensar na tragédia que seria se todos estivessem soltos.

— Não só nós. – Disse Shiva encerrando a sua conversa. – Várias outras mitologias também possuem. Precisamos reunir todos os nossos.

— Não foi apenas para nos alertar que vieram aqui. – Comentou Sedna. – Sobretudo dois dos Três Maiores Japoneses.

— Não. Sabemos que será questão de tempo até envolver todos aqui presentes e este acampamento.

— Lorde Huangdi sugeriu antes mesmo de convocar o Conselho Oriental. Se for para nos preparar para o pior, que deveríamos enviar nossos filhos para este acampamento, como prova de nossa união e garantia de que estamos dispostos a cooperar. – Revelou Long Mu, fazendo Dionísio cuspir seu vinho.

— Então eseus filhos vão ficar aqui? – Perguntou Hermes.

— Não. – Riu. – Ninguém seria louco de deixar cinco dragões chineses em um lugar cheio de crianças e adolescentes. Ainda mais com Zao, que é temperamental. Criaria uma tempestade no primeiro acesso de fúria.

— Zao é verde?

— Não, é o vermelho. O verde é Lin, a única fêmea.

— O verde é fêmea?!

— Nós falamos da filha de Guan Yu. – Disse Chang’E retornando ao assunto. – É a única semideusa que temos em todo o panteão.

— Nós discutimos isso no conselho e concordamos. – Anunciou Amaterasu. – Tsukuyomi e eu viemos trazer nossos próprios filhos. – Dionísio engasgou com o vinho.

— Por que essas merdas têm sempre o nome de vocês?!

— Não liguem, ele é dramático assim mesmo. – Disse Diana.

— Onde estão seus filhos? – Questionou Hera.

— Eles estavam arrumando suas coisas. Chegarão em breve. – Disse o Deus da lua, que transmitia uma aura tão calma que contrastava com a aura poderosa da irmã. Oh, aí estão eles.

O trio se aproximou do local, sendo ele composto por um rapaz e duas moças. O rapaz japonês com pele amarelada e olhos puxados, ele tinha o cabelo negro curto como em uma daquelas boy bands asiáticas, olhos de um negro profundo e vestia uma calça larga preta, blusa branca, casaco azul marinho com o interior vermelho, lenço vermelho no pescoço e tênis. A primeira moça era japonesa, tinha longos cabelos negros e uma franja, seus olhos eram castanhos. Ela vestia uma blusa rosa, saia azul escura, meia-calça cuja parte preta tinha a forma de um gato, sapatos vermelhos e casaco amarelo. A outra moça era uma chinesa de cabelo preto curto que mal batiam nos ombros e olhos castanhos que vestia uma camisa branca estampada grande e larga, short preto, meias listradas em preto e branco e botas negras de cano baixo.

— Desculpem o atraso, tivemos problemas com o fuso. – Disse a japonesa.

— Onde vamos ficar? – Perguntou o rapaz.

— Com a gente! – Diana ergueu o braço para que eles pudessem ver e se localizar.

— Já sabe o que fazer, não é Ray? – Perguntou Angus.

— Você e Helena podem levantando os defuntos. Precisamos de um terceiro andar.

— Se continuar assim, os mortos vão abrir um sindicato.

— Se ninguém tem algo contra ou a acrescentar, então está decidido. – Sentenciou Amaterasu, obtendo a concordância dos demais deuses.

— Eu tenho uma colocação!

O braço erguido possuía uma tatuagem de uma tesoura de poda com as iniciais SPQR. Ele pertencia a um garoto de pele alva, cabelos ruivos encaracolados e dono de belos olhos verdes. Pela camiseta roxa, era perceptível tratar-se de um integrante do Acampamento Júpiter. A atenção de todos se voltou subitamente para ele, o acuando um pouco, o fazendo se arrepender de ter feito aquilo, mas não se deu por vencido.

— Pode falar. – Disse Odin de forma acolhedora, que foi acompanhado por um gesto de Dagda, um de Haumia e um de Tsukuyomi, deixando o ambiente menos pesado.

— Vocês precisam de toda a ajuda que puder, então, eu pensei... Como os acampamentos estão em paz e é inevitável que nos envolvamos, nós poderíamos ajudar também.

— É uma boa colocação. – Disse Haumia. – Afinal as mitologias grega e romana são interligadas.

— Poderíamos convocar os deuses exclusivamente romanos, uma vez que Zeus e Júpiter são o mesmo deus. – Tane tinha entendido aonde o irmão queria chegar. – Sendo assim, poderiam atribuir tarefas aos semideuses romanos também.

Murmúrios de concordância se alastraram pelos deuses. Eles pareciam concordar e discutir a respeito.

— Entretanto não há muitas trocas entre os acampamentos. Estamos em paz, mas mesmo assim, parece que estamos divididos.

— David, já falei para deixar isso de lado. – Disse um compatriota romano.

— E por que você não se muda para este acampamento? – Indagou o deus da lua.

— Eu não podeira. – O ruivo desviou o olhar. – Diferente do acampamento romano, os alojamentos daqui são divididos por deuses.

— Não há um que represente a contraparte do seu pai divino?

— Minha mãe não tem contraparte grega.

— É com a gente! – Disse Tyler em alto e bom som ataindo a atenção de todos. – O que foi?

— Tyler tem razão. – Disse Little Parvy. – Se ele é exclusivamente romano, então tecnicamente é um estrangeiro.

— Assim como todos nós.

— Mas a filha da Gaia é nossa. – Insinuou Drew.

— Gaia e Njord. – Cortou Angus, não a deixando nada contente. – Ela tem dupla nacionalidade mitológica, portanto, está com a gente.

— Andou aprontando, Njord? – Perguntou Dagda.

— Você me conhece.

— Ainda bem que Freya puxou a mim e o impede de encher o palácio dela de crianças. – Comentou Skadi.

— Não seja tão má, Skadi.

— Acho que já tem a sua resposta. – Disse o deus da lua gentilmente.

— Se quiser, vá, afinal a ideia foi sua. – Sentenciou Zeus, tendo a concordância de Odin e Rá, o que era quase raro.

O ruivo congelou por um instante, olhou para a mesa que se encontrava o pessoal o qual estviera olhando por um tempo. Engoliu em seco se o aceitariam ou não, tinha muitas dúvidas.

— Vem logo, porra! Vai ficar só olhando?

Apesar da brincadeira de Angus, o romano engoliu em seco e foi até a mesa. A ideia tinha sido dele, nada mais justo cumprir com o que propora, mesmo que estivesse totalmente incerto. O moreno abriu um amplo sorriso e o ruivo parou um pouco afastado dos asiáticos, que tinham se aproximado da mesa, mas não chegaram a se sentar. Marcos foi quem os recebeu.

— Sejam bem vindos à Embaixada, onde garotas impõem medo e os garotos nunca viram uma tesoura na vida.

— O que quer dizer com isso, Chuvisco? – Questionou Eliot.

— Quando foi a última vez que vocês cortaram o cabelo? Eu sou o único que corta o cabelo aqui.

— Isso é inveja que o meu é bonito.

— Como um ninho de rato. – Comentou Tyler.

— Você está do lado de quem?!

— Do meu.

— Como se o seu fosse grande coisa!

— Você já me viu de cabelo solto uma vez, lembra? Ou será que ficou concentrado em outra coisa?

— Tyler, você definitivamente não presta. – Comentou Marcos negando com a cabeça. – Não sabe que a galinha da macumba é do vira-lata ali?

— Está é muito atrevido ô poça ambulante. E não ri não, Angus! Você é o maior culpado de nós aqui.

— O que foi que eu fiz?!

— Matou o barbeiro de inanção.

— Isso é inveja porque o meu cabelo é o único que presta. O de vocês é todo fodido.

— Ata. – Disseram Tyler e Marcos em uníssono.

— E não é que presta mesmo? – Comentou Eliot passando a mão no cabelo do moreno.

— Deixa eu ver. – Tyler fez o mesmo. – Não é que presta mesmo?

— É verdade. – Marcos tinha feito a mesma coisa.

— Realmente, o cabelo dele é bom. – Raven entrou na brincadeira.

— E não é verdade? – Comentou Parvati fazendo o mesmo.

— Até tu, Parvy?!

— Não é que vocês estão certos? – Arriscou-se Leo a mexer no cabelo do egípcio.

— Podem largar. – Angus se desvencilhou deles e depois jogou o cabelo para frente e depois para trás, como em um headbanger, para ajeitá-lo. – Eu sei que vocês me amam, mas não precisam arrancar pedaço de mim.

O grupo riu. Nicolas acabou se levantando para cumprimentar os recém-chegados.

— Não se incomodem com eles. Eles brincam a maior parte do tempo, mas são boa gente.

— Achei impressionante a intimidade que eles têm. – Comentou a japonesa corada.

— Nem todos aqui são como eles, não precisa ficar preocupada.

— Onde deixamos as nossas coisas? – Perguntou a chinesa.

— Raven pode cuidar disso para vocês. Enquanto isso, sentem-se com a gente.

Os asiáticos não tardaram a se sentar, já o romano ficou em dúvida se deveria. Nicolas o empurrou de leve até a mesa. O ruivo não ofereceu resistência e acabou por se sentar ao lado do nórdico.

— Sejam bem vindos. – Cumprimento Parvati educadamente. – Caso precisem de algo, não hesitem em procurar as nossas conselheiras.

— Obara e Nymeria Sand. – Disse o maori, arrancando risos do grupo zoeiro, do garoto japonês e da chinesa.

— Volta para o mar, Magikarp! – Exclamou a nórdica.

— Diana e eu somos as conselheiras da Embaixada. Sou Raven Oally, filha de Rá.

— Diana Niamburg, filha de Odin.

— É um prazer conhece-las. – Disse o menino japonês respeitosamente. – Takeda Yamato, filho de Amaterasu.

— Kawazaki Mikoto, filha de Tsukuyomi.

— Chen Fang, filha de Guan Yu, mitologia chinesa. Vocês devem me conhecer por Fang Chen na ordem ocidental.

— Ordem ocidental? – Perguntou Jasmine.

— Nos países asiáticos se utiliza o sobrenome antes do nome, como no caso do Japão e da China. – Explicou Parvati. – No caso, os nomes deles, para nós, seriam Yamato Takeda, Mikoto Kawazaki e Fang Chen.

— Nem todos usam a ordem oriental, mas é bom sempre deixar claro qual é o nome e qual é o sobrenome. – Disse Fang. – Sou de Macau e sei o quanto isso pode ser complicado, principalmente para as pessoas do ocidente.

— Macau? – Questionaram todos.

— É uma região administrativa especial da China. É como Hong Kong, só que colonizada por portugueses e abarrotada de cassinos. Em Macau podemos usar tanto nomes em português como em chinês ou cantonês. Às vezes gera estranhamento, ainda mais quando o nome é posto em ordem oriental. Em todo caso, me chamem de Fang.

— Prefiro Chen Fang, é bem mais legal. – Disse Angus.

— Que bom que acha isso. Vocês são...?

— Angus Underground, filho de Anúbis.

— Marcos Gutiérrez, filho de Chaac, mitologia maia.

— Helena Nifelmung, filha de Hel, mitologia nórdica.

— Sienna Seafoam, filha de Sedna, mitologia inuit.

— Parvati Ganaraj, filha de Ganesha.

— Eliot Skyfall, filho de Hórus.

— Tyler Shellfish, filho de Tangaroa, mitologia maori.

— Frísio Wildwind, filho de Epona, mitologia celta gaulesa.

— Nicolas Vanenmont, filho de Njord, mitologia nórdica.

Todos olharam para o ruivo que se sentara ao lado do nórdico. Nicolas o encorajou tocando em seu ombro para que se apresentasse. O romano tomou coragem, agora não poderia voltar atrás.

— David Newgarden, filho de Pomona. – Pensou um pouco antes de acrescentar. – Mitologia romana.

— Nunca ouvi falar dessa deusa. – Disse Jasmine inocente.

— É porque ela não tem uma contraparte grega, Jazz. – Explicou Nicolas. – Pomona é uma deusa exclusivamente romana. Alguns deuses romanos não possuem contraparte grega, tais como Belona, Jano, Terminus, Pomona, há outros menos conhecidos.

— Qual o atributo dela?

— É a deusa dos pomares e da abundância. – David explicou. – Muita gente a confunde com Deméter.

— Não acho que a confundira com Deméter. Pomares fazem parte da fruticultura, pode ser considerado um ramo da agricultura, mas não é bem a mesma coisa.

— É gentil dizer isso.

— Jazz, você ainda não se apresentou. – Comentou Raven.

— Oh, desculpe. Sou Jasmine Oak, filha de Gaia. E filha adotiva de Njord. – Achou por bem acrescentar.

— Você é a famosa filha de Gaia! – Exclamou Yamato. – Ouvi sobre você. Como conseguiu sobreviver aqui?

— Como assim?

— Em parte é por nossa causa. – Pronunciou-se Helena.

— Enquanto vocês conversam, eu vou por a mão na massa. – Disse Raven antes de se levantar.

Angus e Helena invocaram os mortos novamente para que Raven começasse seu trabalho. Diana foi com ela para ver o progresso. Alguns se espantaram, mas não era nada de preocupante.

— Acho que coube a mim a tarefa de introduzi-los completamente na embaixada. – Disse Nicolas meio sem graça.

— Mas não fomos introduzidos? – Perguntou Yamato.

— Há algumas coisas que precisam saber sobre nós, a começar pelo Niraj.

— Niraj?

Parvati assoviou e o tigre foi para perto da mesa. Os asiáticos se puseram e modo de alerta e pose de luta. David ficou paralisado quando viu o animal. Parvati fez carinho no tigre seguida por Marcos.

— Este é o Niraj. – Apresentou a hindu. – Ele é meu tigre.

— E o nosso mascote. – Acrescentou Eliot.

— Niraj fica no prédio com a gente, mas não tenham medo. Ele não faz mal. – Tornou a dizer o nórdico amigavelmente.

— N-No prédio?! – Espantou-se o romano.

— Sim, ele dorme com a Parvati.

Os asiáticos relaxaram, mas David estremeceu. Como eles deixavam um tigre dentro do alojamento?

— Não precisa tremer desse jeito. – Disse Angus sentado ao lado do romano, mas como ele tinha parado lá? – Ou é outra coisa que teme?

— Não faço ideia do que está falando.

— Faz sim. Tem medo de não ser aceito pelo que é, pelo que gosta. Ou acha que não notei isso?

O romano paralisou em meio a tanto pavor. Ele só poderia estar blefando, ninguém podia saber, ninguém sabia, não era possível!

— Quer um conselho? Ninguém aqui vai te julgar por isso.

— Angus, não amole o novato! – Bradou Nicolas.

— Calma, eu só estava tentando ajudar.

— Não ligue para ele. Ninguém sabe o que se passa na cabeça do Angus.

— Eu não preciso ser defendido. – Respondeu o ruivo.

— Não vai se dar bem com atitudes assim. – Rebateu o egípcio.

— A Raven vai pedir ajuda de vocês depois. – Disse Parvati, percebendo a situação. – Ela vai querer saber se têm alguma preferência na decoração dos quartos.

— Podemos opinar? – Questionou Mikoto.

— Claro. Oh, e vai fazer algumas perguntas a você, Marcos.

— A mim?

— Sobre seu amigo.

— Claro.

— Por que usar mortos? – Questionou Fang.

— Ray usa mortos para reformar a Embaixada desde que a construiu. – Disse Eliot. – Vocês verão que isso é comum. Vão acabar se acostumando.

— Seria bom alertá-los sobre os companheiros do Frísio. – Lembrou a hindu.

— É verdade. – Tornou a dizer o nórdico. – Se vocês têm cavalos ou algo parecido, temos um estábulo próprio para eles. E Fiáin e Gaoithe não fazem mal a ninguém.

— Somente Fiáin. – Corrigiu o celta. – Gaoithe pode fazer se irritado. É fácil diferenciá-los, Fiáin é o unicórnio branco e Gaoithe é o negro. Árion fica com eles, é um implicante, mas não levem a sério tudo o que ele diz. Eu me preocuparia mais com Sinnen.

— Sinnen?

— Meu pesadelo. – Pronunciou-se Helena.

— Como dito, Sinnen é um pesadelo. Helena e eu somos os únicos que podem montá-lo. Sleipnir às vezes aparece, mas é raro e não precisam se preocupar com ele.

— Eu não estou entendendo nada. – Comentou David.

— Eu também não entendia, mas posso te ajudar. – Disse Jasmine. – Eles sempre me explicaram tudo sobre suas mitologias.

— Sempre?

— Sim. Não precisa ter medo de perguntar. – Tornou a dizer Jasmine. – Eu mesma não sabia bem quem são os pais deles e não sei como são os japoneses e os chineses.

— Adoraria te explicar. – Disse Mikoto animada. – A mitologia japonesa também é conhecida como xintoísmo. Nossos Três Grandes são Amaterasu, a deusa do sol, meu pai Tsukuyomi, o deus da lua, e Susanoo, o deus do mar e das tormentas. Os três nasceram de Izanagi.

— Izanagi?

— O deus criador. Ele e sua irmã e esposa Izanami criaram o mundo e uma série de divindades, mas não criaram os Três Grandes Japoneses. Izanami morreu ao dar à luz a Kagutsuchi, o deus do fogo, o qual Izanagi cortou com sua espada em oito pedaços quando estava tomado pela fúria. Ele foi até o Yomitsu Kuni, o submundo, para trazê-la de volta, mas já era tarde porque ela comeu o fruto do Yomi e iria descansar.

— Izanami pediu para Izanagi não a olhasse, mas como ele estava desejoso por sua amada, acendeu uma tocha e a olhou. – Continuou Yamato. – Quando viu que era um cadáver putrefato, ele fugiu. Ela ficou furiosa e mandou as entidades do submundo persegui-lo, mas não deu certo, então ela mesma o perseguiu. Izanagi conseguiu escapar e bloqueou a entrada do Yomi com uma grande pedra. Os dois ainda se encontraram cara-a cara e romperam o casamento.

— Após o contato com os mortos, Izanagi se sentiu impuro e foi se banhar para que se purificasse. Vários deuses surgiram de sua roupa descartada. Enquanto se banhava, três deuses nasceram. Se seu solho esquerdo nasceu Amaterasu, de seu olho direito nasceu Tsukuyomi, e do nariz nasceu Susanoo. Izanagi repartiu seu reino entre eles.

— É uma história e tanto. – Disse Marcos. – Por que ninguém investe e faz uma série disso?

— Boa pergunta. – Respondeu Yamato.

— E os seus deuses, Fang? – Questionou Tyler.

— Minha mitologia é um conjunto de histórias que englobam o taoísmo e até o budismo. Os Três Grandes Chineses são os Três Augustos, os três primeiros reis-deuses que usaram seus poderes para melhorar a vida da população. Quem criou a humanidade foi Nu Kwa, uma deusa metade humana e metade serpente. Ela é esposa de Fu Xi, o Primeiro Augusto.

— Como ela criou?

— A partir do barro. Não me impressiona que várias mitologias usem o barro como matéria para criar humanos. – Riu.

— Mas ela não é uma dos Três Grandes, é?

— Não, mas seu marido Fu Xi é. Ele é considerado o fundador da nação chinesa, fora que ensinou os homens a caçar, pescar, a escrever, cozinhar, fazer sacrifícios aos deuses, enfim, as coisas básicas da época.

— E os outros? – Questionou Jasmine.

— Calma. O próximo é Shennong, o Imperador Vermelho. Ele foi o sucessor de Fu Xi e ensinou à humanidade sobre as práticas da agricultura e do uso de plantas para fazer remédios. Após perder a batalha para o Imperador Amarelo, seus povos se fundiram. Huangdi, o Imperador Amarelo, foi o mais importante. Ele fundou o que hoje é a China, junto com Shennong, que se tornou seu amigo, repeliram os bárbaros. Ele ainda introduziu o calendário chinês e criou a astrologia chinesa, a medicina, o taoísmo, o feng shui, o shuai jiao e outros elementos. Juntamente com os seus ministros ele escreveu o Livro do Imperador Amarelo, um dos livros mais importantes da medicina tradicional chinesa.

— E o seu pai?

— Meu pai é Guan Yu, o deus da guerra e das artes marciais, ele também inventou uma das mais importantes armas do arsenal chinês, a guan dao.

— Guan dao?

— É uma lança que pesa uns 50 quilos ou mais.

— Como você consegue erguê-la?! – Questionou Marcos. – Ela não pesa o mesmo que você?

— O manejo é muito mais do que força, é habilidade. É preciso ter extrema habilidade para conseguir manejá-la sem problemas.

A reunião continuou por algum tempo. Ares e Macha tinham estado fora esse tempo todo, brigando entre si, afinal, por mais que Macha fosse uma Morrigan, algumas coisas nunca mudavam. Tanto que não presenciaram a chegada dos orientais. Novamente o grego estava no chão. A celta ficou por cima dele em provocação.

— Venci.

— Quero revanche!

— Vamos ficar nisso o dia todo?

— Vamos!

— Não estou com vontade.

Macha deitou-se em cima dele da forma mais folgada imaginável. Ares inverteu as posições e ficou por cima, segurando o pescoço da celta com força. A ruiva apenas sorriu. Sua mão se encheu com o líquido dourado quando a lâmina de um punhal atravessou a pele do deus. Ares a largou e se afastou rapidamente e Macha puxou a arma para si, deixando que o sangue em sua lâmina pingasse em sua boca, apreciando o sabor.

— Sou uma Morrigan. Não pense que vai ser tão fácil.

— Isso foi golpe baixo!

— Na guerra vale tudo.

Ele teve que concordar. Macha aproveitou para desferir outro golpe, o qual foi bloqueado por pouco. Não seria fácil vencê-la, mas por mais que o resultado fosse o mesmo, era a adrenalina que contava.

De volta ao local da reunião, viravam uma caneca de álcool atrás da outra e discutiam diversos assuntos, mas ainda não estavam bêbados. Em uma dessas discussões, eles decidiram que teriam lutas demonstrativas na Arena, para ver como estava o treinamento deles. Isso daria a chance de Quíron e o Senhor D avaliarem os asiáticos. Mikoto, Fang e Yamato tiveram que usar o banheiro comunitário para se trocarem por insistência da japonesa, que não queria estragar a meia-calça. Os três puserem as camisas do acampamento. Ao entrarem na Arena, a paisagem não foi diferente. Gelo para todo lado.

— Yan!

Ao ouvir o chamado da mãe, o dragão azul subiu aos céus. O azul rodou por alguns instantes e por fim, o gelo derreteu e o verão se fazia presente mais uma vez. O dragão azul retornou para perto de seus irmãos, pois os combates iriam começar. Alguns já tomavam seus lugares na arquibancada. Fenrir e Jormungand alteraram seu tamanho de forma que pudessem ficar sentados do lado de fora da Arena, mas que pudessem ver o que se passava. Suas sombras se estendiam de forma ameaçadora. Quíron explicou as regras aos campistas.

— Sério isso? Que graça tem usar nossas armas e não poder matar ou mutilar? – Questionou Fang.

— É só treinamento, aromatizante. – Provocou Yamato.

— Não pedi sua opinião, Naruto.

— Yamato, tenha modos, por favor. – Pediu Mikoto.

— Eu só estava brincando.

— Você quer mesmo matar alguém, Fang? – Perguntou Tyler.

— Metade do meu arsenal é para isso.

— Então use a outra metade. – Quíron interrompeu a conversa. – Quem vai primeiro?

Mikoto empurrou Yamato para frente, dando a entender que ele deveria ser o primeiro. Os outros cochicchavam para ver quem iria enfrentá-lo.

— Antes de tudo, eu só aceito lutar contra os melhores. Os mais fracos, nem vou perder meu tempo.

— É muito presunçoso, ô Jack Chan do Paraguai. – Disse o Senhor D.

— Jack Chan é chinês e eu estou sendo realista. Quero um desafio.

— E vou avisando que eu também quero. – Disse Fang.

Murmúrios de indignação se alastraram por entre os campistas. David, inconformado, andou por entre a multidão para desafiar o japonês, mas Anguns o impediu, segurando seu braço e o puxando para si. O ruivo acabou corando. Eliot estava ao lado dele, como sempre, e acabou presenciando a cena.

— Aonde você pensa que vai? – Questionou o moreno.

— I-Isso não é da sua conta!

— Não ia desafiar o Yamato, ia? Porque se for, eu não vou deixar.

— Isso não é problema seu!

— Cara, você ficou maluco?! – Perguntou Eliot. – Eles são asiáticos, você não deve desafiá-los assim do nada.

— Ainda mais que você não vai dar conta deles.

— Eu venho de um acampamento de regime militar, é claro que dou conta.

— Você vai se ferrar se fizer isso. Não está nem no meu rítimo e muito menos no de Angus.

— O que vocês sabem sobre mim?

— Que tal perguntar o que sabemos sobre os romanos?

— É melhor assistir. – Sugeriu Angus. – Depois você me diz se está preparado.

O romano acabou por desistir, não pelo bom senso, mas porque não conseguia se soltar do egípcio. Os dois egípcios tiveram que arrastar o romano para a arquibancada quando um oponente foi escolhido para Yamato. O japonês enfrentaria um filho de Atena. David acabou sentado entre Eliot e Angus, sendo que ao lado de Eliot estava Tyler e atrás deles estavam Nicolas, Frísio, Jasmine e Mikoto. Fang, Parvati, Sienna, Helena e Marcos se encontravam a frente deles. Leo se sentou ao lado de Marcos com Calipso ao seu lado e Jason e Piper atrás deles, juntamente com seus amigos. Long Mu decidiu se juntar a eles se sentando ao lado de Fang com seus filhos ao redor e Hermes não perdeu a oportunidade, já que onde tinha possibilidade de ter treta, ele estava lá.

— Ele não vai pegar uma arma? – Questionou David vendo o japonês totalmente desarmado.

— Só porque ele está desarmado, isso não significa que ele é menos perigoso. – Disse Nicolas.

— Você ainda tem muito que aprender sobre os orientais. – Disse Eliot.

Mesmo que o adversário e os responsáveis pelo acampamento questionassem Yamato sobre usar alguma arma, o japonês afirmava que não usaria nenhuma naquela luta. Quando começou a lutar, os dois ficaram parados se encarando. Logo o japonês percebeu que era uma estratégia de contra-ataque, ele queria ver seus movimentos antes de pensar em algo. Yamato correu até ele para atacá-lo. Como esperado, o adversário se defendeu, no entanto, o japonês era mais esperto e mais rápido. Ele não precisou fazer muita coisa, somente aplicar alguns golpes de punho, agarrar e girar o pulso do adversário para tomar a espada e imobilizá-lo.

— Ainda quer lutar contra ele? – Questionou Angus ao ruivo, que não sabia o que dizer.

A próxima a ir para a arena foi Mikoto. Yamato tomou o seu lugar na plateia, ao lado Angus. Mikoto iria enfrenar Annabeth e diferente de Yamato, usaria uma arma. As duas se encararam por um bom tempo, mas nenhum ataque foi desferido. A japonesa foi para a sombra e pegou um leque índigo com detalhes ricamente decorados em branco para se abanar. O verão estava de volta e com ele, o calor.

— Está mesmo quente hoje. Acho que preferia o gelo.

— Você não vai lutar?

— Me pergunto o mesmo.

Novamente silêncio. A loira a analizava pra descobrir qual seria sua estratégia.

— Tem certeza que não prefere trocar? Se lutar comigo, será derrotada.

— O que está tramando?

— Apenas te dando uma chance de parar com isso. Viu Yamato. Se eu lutar, terá um destino pior, pois irei usar uma arma.

— Não ouviu falar sobre mim. – Preferiu não comentar sobre a tal arma, seus amigos a explicaram sobre a Chain.

— Sinceramente, não me importo com o que fez. Eu sou de um nível diferente. Yamato provou isso.

Mikoto respirou fundo. Vendo que a loira não cederia, a japonesa fechou o leque e a atacou com o leque fechado. Annabeth se defendeu usando sua espada de osso de drakon, que deveria ter cortado o leque, mas não o fez. Mikoto rapidamente pegou outro leque com a mão livre, o abriu e passou pela barriga da adversária. Elas se separaram, sendo que a filha de Atena segurava a barriga. Sangue pingou do leque.

Murmúrios ecoaram pela arquibancada. Todos tentavam ver e entender o que aconteceu. A japonesa tornou a atacar, usando ambos os leques e os manchando com o sangue da adversária. A rapidez da oriental e o choque inicial não tinham deixado Annabeth raciocinar. Após o ataque, Mikoto chotou a loira, a mandando para trás. No instante seguinte, a japonesa tinha um dos leques apontados para o pescoço da grega e o outro erguido pra cima.

Em meio a exclamações de surpresa e um brilho peculiar advindo de um dos leques, Quíron foi verificar de perto. Yamato sorria com o feito da prima. Fang ria com a situação.

— Eu sabia! – Exclamou a filha de Gun Yu. – Estava claro como o dia!

— O que estava claro? – Perguntou Jasmine.

— Que o leque era a arma.

Vendo a confusão no olhar da garota e nos outros presentes, Fang respirou fundo e retirou de sua Chain um leque vermelho com desenhos dourados, mantendo-o aberto.

— É igual o que ela está usando. Na frente, esta bela arte, atrás. – Ela virou o leque para que pudessem ver, as hastes que sustentavam o tecido e o faziam abrir e fechar eram lâminas cruéis e afiadas. – A arte da guerra.

— A Kitana existe! – Exclamaram Marcos e Leo juntos, arrancando risadas.

— Os leques são armas comuns no oriente. No Japão nós os chamamos de tessen. – Exclareceu Yamato.

— Na China os chamamos de tie shan e nas Coreias buchae. Os leques de metal eram usados principalmente por cortesãs na China, no Japão e na Coreia. Hoje qualquer um pode usá-lo no Tai Chi Chuan e outras artes marciais.

— E vocês sabiam que ela iria usá-lo esse tempo todo. – O deus ergeu a sombracelha.

— Ele podia saber, já que são próximos. Eu deduzi quando ela foi para a sombra antes de abri-lo.

— Isso não faz sentido! – Exclamou David.

Fang usou as lâminas de seu próprio leque para refletir a luz do sol e jogá-la no rosto do romano. Depois ela só fechou e guardou o leque.

— Se ficasse no sol, a luz seria refletida e teriam desconfiado que houvesse uma lâmina. No caso, várias delas. – A voz provinha de Mikoto, que tinha retornado.

— Você é a Kitana? – Questionou o deus.

— Quem me dera.

— Eu quero lutar contra você. – Declarou Fang se levantando e encarando a japonesa. – Seus leques contra meus sai.

— Vai querer interpretar também? – Mikoto estava empolgada com essa ideia.

— E por que não?

— Eu adoraria algo assim. Interpretamos as falas de qual jogo? Podemos usar magia para transformar essas roupas em cosplay!

— Não acha muita coisa?

— É preciso suar para fazer algo bem feito.

— Ô Nicolas.

— O que foi, Tyler?

— Se um de nós acabar tendo que enfrentar a Mikoto, é melhor não usarmos nossos poderes.

— Por quê?

— Ela é filha da lua.

Apesar dos planos que Mikoto e Fang faziam, Quíron acabou com eles quando chamou a chinesa para a arena. Fang achou justo ter que lutar uma partida antes, já que a japonesa teve a sua. Fang entrou na arena com suas espadas gancho apoiadas em seus ombros e cruzadas atrás de sua cabeça, causando espanto à plateia. Ela lutaria contra um romano, Frank.

— Se ele for esperto, ele se rende. – Comentou Eliot.

— Ela não vai machucá-lo, vai? – Perguntou Calipso.

— Não sei, nós a conhecemos hoje.

— E apesar do Conselho Oriental, nós não temos contato com qualquer semideus chinês ou coreano. – Disse Yamato. – É melhor você tomar cuidado com ela, Mikoto. Não temos ideia do que ela pode fazer.

A luta não durou muito, mesmo com as habilidades de Frank em combate e de poder se transformar em qualquer animal. As espadas gancho eram letais e as habilidades da chinesa em artes marciais só a deixavam mais mortal ainda. No entanto, ela teve que se controlar para não matá-lo e não enfiar suas armas e puxar os intestinos dele para fora. Não quebrou as regras, não subjugou o oponente e muito menos o fez implorar por sua via ou integridade. Ela apenas saiu da arena. Assim como muitos em ambos os acampamentos, Chen Fang era uma filha da guerra, mas a sua guerra deveria ser lutada com honra, pelo menos, era o que seu pai achava.

Os combates seguiram assim por diante, somente as amazonas não lutaram, pois estavam doentes e os dragões não faziam questão nenhuma de curá-las. Não era problema dos chineses em todo caso.

Yamato teve que desembainhar sua katana quando foi lutar com Eliot. Katana e cimitarra colidiram em um combate mortal. O egípcio era rápido e o japonês ágil. Ambos apelaram para seus poderes, o que deu alguma vantagem a Eliot, já que os poderes de Yamato lembravam muito os de Raven com quem treinara a vida toda.

— Seu filho é impressionante. – Comentou Amaterasu.

— Obrigado. – Agradeceu Hórus. – O seu também é um ótimo lutador. Você o treinou bem.

— E você o seu.

David foi bem em seu combate, mas ele não tinha pego nenhum membro da Embaixada ou muito difícil. Odiava ter que admitir, mas Angus e Eliot estavam certos sobre enfrentar Yamato. Ele também não gostaria de enfrentar Eliot, mas adoraria luar com Angus, que fazia de tudo para não lutar.

Quando Tyler enfrentou Mikoto, ele não usou seu poder, assim como Nicolas. Embora extremamente questionados, eles não responderam muita coisa, só que as chances eram maiores sem seus poderes.

As duas únicas vezes que Helena entrou na arena foram mais que suficientes. A nórdica só precisou de sua adaga e era tão ágil e rápida que parecia uma sombra. O único trabalho que ela teria mais tarde, era o de tirar o sangue de suas roupas.

Fang era uma guerreira formidável e não rinha usado outra arma além da espada gancho. Segundo a chinesa, ela queria um combate rápido, mas nenhum dos seus oponentes era digno de enfrentar sua arma convencional.

Frísio tinha enfrendado Marcos e Nicolas e tinha se mostrado menos agressivo com eles do que com os gregos e os romanos, mas não menos habilidoso e letal. Quando lutou contra David, Angus e Nicolas tiveram que intervir para que ele não machucasse o ruivo gravemente. Jasmine quem curou os ferimentos do romano.

Quando foi a vez de Jasmine na arena, muitos estranharam que ela usasse um cajado. A morena pôs o adversário para dormir e assim ganhar uma luta sem feridos. Muitos estavam incrédulos, alguns reclamaram, mas Dionísio desatou a rir de todos.

— Que foi?! A garota joga de mago, queriam o que?! Que ela saísse metendo porrada em todo mundo com aquele cajado?!

Quando Mikoto e Fang foram se enfrentar na arena, elas trocaram suas camisas do acampamento e shorts por trajes brilhantes e chamativos retirados do nono jogo da cronologia oficial da franquia, usando máscaras ninja. O da japonesa era azul e ela carregava os seus costumeiros leques, já o da chinesa era rosa e para a surpresa de todos, ela segurava um par de sai.

— Sério que elas estão de cosplay de Kitana e Mileena?! – Perguntou Leo com um brilho estranho no olhar.

— A Mikoto já parecia a Kitana, agora tenho certeza de que ela é. – Disse Tyler.

— Isso vai ser foda! – Exclamou Eliot.

— É Mileena, é Kitana, é Obara e Nymeria Sand, acho que até eu vou me mudar para essa Embaixada. – Brincou Hermes.

— E temos o nosso Rain também. – Brincou Angus a pontando para Marcos. – E o cavalo do Slash versão humana.

— Se fode, Angus! – Reclamou Frísio.

Mikoto tinha aberto o leque em frente ao corpo como uma dama e depois aberto os dois e os posto de lado, apontados para a direita antes de guardá-los, já Fang cruzou os sais em frente ao corpo e depois os girou e os guardou. Enquanto realizavam os movimentos da entrada das personagens de Mortal Kombat X, elas recitaram as frases do mesmo jogo para dar mais realismo.

— MORTAL KOMBAT! – Gritarram alguns deuses, mas as duas não se moveram, pareciam esperar algo.

— Alguém quer ter as honras? – Questionou Amon.

— Vai você, Hades. – Disse Néftis. – A voz do Loki é fina demais para isso.

— Fina demais é o cacete!

— O ideal seria o Seth, mas já que ele não está aqui e vocês insistem.

— Eu quero dizer! – Reclamou Zeus em birra.

— Não, eu que quero! – Poseidon tentava reivindicar o direito.

— Tenha santa paciência! – Resmundou Tawhiri.

— Round 1! – Gritou Jormungand. – FIGHT!

As duas avançaram ao mesmo tempo e alguém fez a música do filme tocar. Leques e sais colidiram pelo menos umas cinco vezes naquele início, juntamente com alguns chutes. Elas podiam estar fantasiadas, mas a luta era real. Boa parte estava admirada, mas sempre tem um grupo de chatos para reclamar e até xingar as lutadoras, principalmente partindo das garotas. Marcos não tardou a fazer chover nessas pessoas e Eliot complementava com rajadas de vento. Yamato aumentava a incidência solar quando eles terminavam, no dia seguinte teriam queimaduras de sol além de um belo resfriado.

— Precisam mesmo disso? – Questiono David.

— Se não precisasse, não estaríamos fazendo. – Comentou o loiro.

— Elas não estão querendo chamar atenção, só querem se divertir interpretando duas personagens de um jogo de luta. Isso se chama cosplay. – Esclareceu Angus como se lesse a mente do romano. – É o que esses reclamões não entendem.

— Mas... Precisam usar algo tão curto? Digo, aquilo é praticamente uma calcinha.

— São trajes clássicos das personagens. Se elas usassem os trajes do MKX, ninguém entenderia ou faria a associação. As pessoas não as estão vendo pelas roupas, mas pelo que elas representam.

O romano o olhou confuso, mas ao invés do egípcio, Yamato decidiu explicar.

— A graça do cosplay não é apenas se vestir como o personagem, mas ser o personagem. Você deixa de ser você mesmo por algumas horas para se tornar um personagem que gosta ou admira. Quando elas puseram aquelas roupas e entraram na arena, elas passaram a ser Kitana e Mileena.

— Elas podem até estar interpretando seus cosplays, mas a luta continua sendo real. – Comentou Nicolas.

— Exatamente. – Tornou a falar o japonês, mas sem tirar os olhos do romano. – O público as vê como Mileena e Kitana, essa é a intenção delas quando se vestiram assim. Essa é a graça do cosplay.

— Pena que algumas pessoas não entendem isso e denigrem e criticam as pessoas que fazem. – Comentou Frísio um tanto ácido.

David sentiu que era para ele, mas ficou quieto. Angus respirou fundo. Iria trocar um olhar rápido com Eliot, mas este se encontrava entretido na conversa com Tyler. Ao menos o loiro não dava mais tanto trabalho como antigamente. Isso o aliviava, mas agora teria outros dois.

A luta continuou por um bom tempo. Ambas eram de nível superior à maioria que estava naquela arquibancada. Os golpes eram violentos, as lâminas chegavam a rasgar a carne, nada era simulado. Em um dado momento, a de roupa rosa derrubou a de azul e habilmente impedir que continuasse. O público vibrava, alguns clamavam por um Fatality. Ela guardou os sais e retirou a máscara, sendo imitada pela outra. Estendeu a mão, que foi agarrada, e ajudou-a a se levantar. Eram Fang e Mikoto novamente.

— Não dá para ter Fatality, é proibido matar. – Disse Fang, se estava zombando ou não, isso fica a cargo da interpretaçãode cada um.

Ambas deixaram a arena. Ao retomarem seus lugares, Jasmine não perdeu tempo e começou a curá-las. A japonesa sorriu acolhedoramente.

— Miko, o que aconteceu?! – Questionou Yamato. – Você perdeu para... Ela!

— Filhos da guerra são para serem fortes, não? Fang se mostrou uma adversária formidável.

— Sou mais forte do que aparento, cabeça de wasabi.

— Ouviu isso, Angus? – Perguntou Tyler. – Você vai ter mais uma para lutar com você.

— Fala sério! – Reclamou o egípcio. – Vocês gostam de me dar trabalho.

— É forte?

— Filho de Anúbis. – Disse Eliot.

— Aceito o desafio.

— Luta com o Eliot, ele é filho de Hórus! Pode muito bem lutar com você.

— Para você dormir o resto do dia, sarnento?

— Sou tão previsível assim, pardal?

— Aí estão vocês! – Exclamou Raven indo em direção ao grupo. – Procurei por vocês em toda parte! Não temos tempo a perder.

— Algum problema, Ray? – Perguntou Eliot.

— Eu preciso saber se os novatos apoiam o projeto e se querem acrescentar algo nos quartos. Preciso de você também, Marcos, e sem zoeira no quarto do seu amigo. Melhor, liga pra ele e me deixa falar com ele.

— Você não brinca mesmo em serviço. – Comentou o maia surpreso.

— Se eu brincasse, ainda estaríamos morando em barracos de madeira atrás do Chalé de Hermes.

— Fizeram uma favela de madeira atrás do meu chalé?! – Perguntou o deus suepreso enquanto Long Mu apenas ria.

— O que vão querer nos quartos?

— Eu acho que nada. – Disse Yamato.

— Posso ir com você? – Perguntou Mikoto.

— Claro.

— É só um quarto, não precisa se desesperar. – Disse Fang. – Qualquer coisa está bom.

— Diana tem um saco de pancadas no quarto dela. Vai querer um?

— Pensando bem, vou sim. – A chinesa voltou atrás. – E um boneco de madeira wing chun.

— Quero um desses bonecos wing chun também. – Disse Yamato.

— Anotado. E você, David. O que vai querer?

— E-Eu?

— Sim. Mais natural, mais luxuoso, só me falar que os mortos fazem.

— Eu acho que... – Olhou em volta e só se apavorou mais, mas era por culpa dele mesmo que estava ali, então teria que se virar. – Isso é mesmo importante?

— Se não quiser um quarto todo rosa cheio de babados e frufrus, é. – Disse Angus, fazendo o romano ficar mais nervoso ainda.

— Algo que não seja muito exagerado como um senador, mas que não seja muito rústico como de um aldeão. – Disse Parvati em seu socorro.

— É, algo assim. – Confirmou acanhado.

— Anotado.

— Hei, Rapina, é a sua vez! – Chamou o Senhor D.

— Agora não dá!

— Vai logo que o pessoal está esperando!

Bufando, Raven deixou suas coisas com Parvati e foi para o centro da arena. Retirou duas espadas douradas, ambas eram gêmeas. Angus e Eliot sabiam que quando a morena invocava as espadas gêmeas, era sinal de impaciência e que queria terminar logo com aquilo. Tinham pena do adversário. Para a surpresa de todos e para maior irritação de Raven, o adversário escolhido foi Jason.

— Ele está ferrado. – Comentou Eliot.

— Eu não diria isso. – Disse Piper. – Jason é...

— Quase igual a mim.

— Você não é filho de um dos Três Grandes.

— Mas sei voar e dominar os ventos como ele. Raven treinou comigo à vida inteira, seja em Oakland ou em Nova York.

— Oakland? – Perguntou David. – Você é de Oakland?

— Sou, por quê?

— Você é aquele garoto voador problemático que vivia causando desordem!

— Nossa, que mundo pequeno! Não faço isso desde os seis anos quando meu pai me proibiu.

— Quem diria, tem alguém da sua cidade para atazanar, hein pardal. – Brincou Angus.

— Na verdade, sou de São Francisco. – Disse o ruivo.

— Tu ia para São Francisco fazer essas merdas?!

— Ué, ambas as cidades são próximas. Há inclusive uma ponte que liga Oakland a São Francisco. Você já esteve lá, sarnento.

— Não estou lembrado disso.

— Você não se lembra nem de que lado do rio você mora.

— Que rio? – Tornou a questionar o ruivo.

— O Angus é de Quebec. Tem um rio menor que corta a cidade. Aposto que ele nem sabe o nome do rio. – O moreno coçou a parte de trás da cabeça.

— Por que veio para cá se o Acampamento Júpiter fica na saída de Oakland? Não seria mais perto?

— A Raven já estava aqui, então o sarnento e eu fomos praticamente chutados para cá.

— Por falar na Ray, dá só uma olhada.

Quando a luta começou, a egípcia demonstrou toda a destreza das espadas gêmeas, tanto em ataque quanto em defesa e mesmo com raiva, não deixava de estar focada na luta. Não demorou para que Jason percebesse que não iria derrotá-la somente pelo físico. Teve que usar seus poderes, ele só não contava Raven conseguiria lidar com a adversidade tão bem, mesmo com tempestades, o sol surgia e a egípcia encontrava uma forma da energia solar de machucá-lo. Além dos deuses, Raven treinou com Eliot e Angus a sua vida inteira, seja na movimentada Nova York, na ensolarada Oakland ou na fria Quebec. Mesmo que chovesse, trovejasse e até nevasse ou caísse granizo, os três eram obrigados a treinar.

Em uma tentativa, Jason subiu aos céus para executar um ataque aéreo. Raven não era estúpida, usou a luz solar para cegá-lo e atacá-lo. Quando tudo terminou e o romano se encontrava no chão, dominado pela egípcia, Odin pôde respirar aliviado. Ele tinha mantido o olho em Zeus e Rá desde antes de a luta começar sabendo que Zeus iria intervir e se isso acontecesse, Rá interviria para impedi-lo e os dois brigariam. Ele quem teve que acalmar os ânimos de ambos antes que saíssem no tapa.

— Corvo, que diabos você está fazendo?! – Gritou a filha de Odin entrando na arena. – Porra, você me deixou sozinha comos defuntos!

— Eu não tive escolha se me obrigaram a lutar.

— Volta lá que sem você não terminamos hoje.

Raven saiu da arena e levou Marcos e Mikoto consigo. Diana iria acompanhá-los, mas a anunciaram para a próxima luta. Ela se perguntava quem diabos iria querer lutar contra ela se o acampamento inteiro já sabia de sua força. Era um romano. Diana nem perdeu tempo, quando a luta começou, ela pegou seu martelo de guerra, cujo cabo era longo, e o usou para arremessar o adversário para fora da arena, como uma bola de baseball.

— Acho que usei força demais. – Constatou ao perceber a besteira que tinha feito.

O romano voava sem rumo. Quem foi pegá-lo foi Jormungand. A serpente se jogou de forma dramática para pegar o semideus com a boca, caíndo no chão quase em câmera lenta. Depois ela se recompôs, colocou a cabeça na arena e cuspiu o romano. Sleipinir apareceu neste exato momento.

— ESTÁ SALVO!

— Olha, seus filhos só estavam jogando baseball com a prima. – Comentou Néftis entre Loki e Hades.

— Jörmi será o melhor apanhador da temporada. – Disse Loki.

— Esse cara deve ter quebrado todos os ossos do corpo. – Disse Hades vendo os médicos irem socorrer o coitado.

Diana saiu do prédio da arena para se encontrar com Raven e os mortos. Sleipnir saiu juntamente com Árion e Despina e convenceu aos meios-irmãos a diminuírem de tamanho para poderem jogar Stoneball.

Os combates foram seguindo. Marcos voltou bem a tempo de lutar, afinal, ele só tinha ligado para o seu amigo, o apresentado à egípcia e passado o número dele a ela. Novamente tinha deixado o oponente no chão, tinha ido bem, mas seu tio Tohil queria o coração do oponente e Camazotz queria a cabeça dele.

No final, Angus e Fang estavam na Arena. Angus pegou a sua foice e ativou a segunda lâmina enquanto Fang carregava uma lança peculiar, a guan dao. A lança era maior que ela e parecia ser mais pesada que a chinesa, mas quando ela atacou, logo perceberam que tamanho e peso não eram as piores das preocupações. Angus era excelente, mas tinha muito mais trabalho com Fang que com Raven ou Eliot. Suas lâminas sempre causavam impacto toda vez que cruzavam.

Realmente estava difícil decidir quem venceria. Mesmo com toda a habilidade de Fang, Angus se recusava a usar os mortos ou as sombras. Sorte que usavam armas logas, pois se fossem curtas, mesmo ele sendo melhor com facas, Fang teria vantagem com chutes e habilidades marciais. Diana poderia ter um novo desafio e parar de cobrá-lo por uma luta. Brigaram por mais algum tempo, Angus conseguiu quebrar a defesa da chinesa, mas era uma armadilha e ela conseguiu chutá-lo. A luta terminou quando os dois guardaram as armas.

— Cara, ela é realmente boa! – Exclamou Eliot. – Ela te pegou de jeito!

— Percebi. Quem sabe assim Diana arrume outa pessoa para lutar com ela.

— Você nunca lutou com ela.

— E nem vou. Quero é dormir.

— Típico.

A reunião terminou, os deuses se preparavam para ir embora, embora tivessem alguns que precisariam ser carregados de tanta bebida que tomaram. A Embaixada também tinha ficado pronta, um terceiro andar fora adicionado e o estábulo tinha aumentado de tamanho.

— Os quartos de vocês são no terceiro andar. – Informou Raven aos novatos. – Sintam-se livres para explorar o prédio e espero que aproveitem.

— Raven. – Disse Rá sendo acompanhado por Odin, Chaac, Tangaroa, Sedna, Dagda, Epona, Tsukuyomi, Long Mu, Ganesha e Shiva.

— Pai. Grande Odin. Senhores.

— Viemos nos despedir. – Disse Odin. – Precisamos nos recuperar da ressaca se quisermos estar prontos para convocar nossas reuniões.

— Reuniões?

— Para decidir junto com os outros deuses o que faremos. – Disse o Maior Egípcio. – Virá conosco?

— Claro.

— Nós também vamos. – Anunciou Angus passando o braço por sobre os ombros de Eliot.

— Espero que sim. Se não me engano, seu pai lhe deu um castigo. Há muito a ser feito.

— Fala sério!

— Se fodeu, sarnento!

— Eu também vou. – Afirmou Diana.

— Irei contigo, Freya também estará lá. – Disse Nicolas, Helena assentiu em concordância.

— Eu deveria ir também? – Perguntou Jasmine aos nórdicos.

— Não será preciso. – Respondeu a ruiva. – Essas reuniões são cansativas e eu, Nicolas e Helena damos conta.

— Entendi. – Uma asiático a abraçou, a assustando. – Hã?

— Parece que Zein gostou de você. – Disse Long Mu rindo. – Divirta-se, Fang. Contamos com você.

— Obrigada, senhora. Onde estão os outros quatro?

— Eu não sei. – Só não capotaram porque não era um anime.

— Mãe! – Reclamou Frísio sendo abraçado pela mesma.

— Que foi? Não sei quando irei vê-lo novamente.

— Eu vou com vocês.

— Sabe que não precisa vir cosnoco. – Disse Dagda.

— Mas eu quero estar lá quando você decidir. Vocês me dizem para ser responsável.

— Se é o que deseja, não posso impedi-lo.

— Oh, Little, Parvy, fico tão feliz que virá conosco! – Exclamou Shiva abraçando a neta.

— Pai, ela não afirmou isso.

— Mas eu quero que ela venha!

— É de suma importância para ser ignorado, então irei com vocês.

— Viu, ela vem.

— Vai ficar chateado se eu ficar? – Perguntou Marcos.

— Claro que não, meu filho. – Chaac afagou a cabeça do garoto. – Você tem coisas a resolver aqui. Eu te conto quando a reunião terminar.

— Ok, então.

— Vocês fizeram um bom trabalho. – Comentou Sedna analisando a construção.

— Agradeça a essa garota. – Diana pousou o cotovelo no ombro da egípcia. – Sem ela não teríamos nada disso.

— Entendo. Sienna?

— Irei com você, minha mãe.

— Tem certeza? Sabe que pode ficar.

— Tenho.

— Pai? – Chamou Mikoto.

— Miko, não precisa vir, nós só vamos resolver algumas coisas. Divirta-se aqui. Você também, Yamato.

— É claro. Onde está minha mãe?

— Amate está resolvendo algumas coisas. Sabe que ela não gosta de despedidas.

— Nesse caso, eu também vou. – Disse Tyler.

— Vai porra nenhuma! Você tem prova.

— Qual é! Minhas provas não são mais importantes que um possível fim do mundo!

— Mas se o mundo não acabar, você vai ficar reprovado? Só por cima do meu cadáver! Você fica e estuda!

Eliot, Angus e Marcos tiveram que rir da desgraça de Tyler, sendo seguidos por Yamato. Parvati teve que cobrir a boca com a mão para não rir. O grupo entrou no prédio, os veteranos para arrumar suas coisas e os novatos para conhecer. Não viram os outros deuses, talvez fosse melhor assim.


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Notas finais do capítulo

Lugh é o deus celta irlandês das artes manuais, além de ser um guerreiro. Além de lutar, ele é músico, carpinteiro, ferreiro e qualquer profissão que envolva arte manual.
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Tlaloc é o deus asteca da chuva, que também é associado com doenças. Ele seria equivalente a Chaac, só que pior. Tlaloc também governa um paraíso para pessoas que morreram afogadas, de lepra ou doenças contagiosas, sendo que ele causava inundações e espalhava doenças.
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Sacrifícios humanos aos deuses sempre existiram, independente de mitologia. Alguns acreditavam que os deuses se manifestavam em partes do corpo, como os intestinos dos sacrificados.
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Quetzalcoatl o deus da vida, da vegetação, dos alimentos e da ascenção espiritual e do planeta Vênus. Ele é representado como um pássaro serpente ou uma serpente emplumada.
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Tezcatlipoca é um dos irmãos de Quetzalcoatl e inimigo do mesmo, é o deus da noite e da feitiçaria e criador do mundo. Ele se parece com um jaguar, tanto que o deus Jaguar maia, ou Tepeyollotl como é chamado pelos astecas, é uma variante dele.
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Xolotl é irmão gêmeo de Quetzalcoatl associado com doenças, desgraças, deformidade, raios, morte e com cães, ele que guia os espíritos para o outro lado. Ele parece um cão todo deformado e monstruoso.
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Chang'E é a deusa chinesa da lua. Diferente dos outros deuses, ela é uma mulher que mora na lua. Há várias variações de seu mito, mas todas terminam com ela bebendo uma poção que a faz levitar até a lua e sendo separada de seu amado que fica na Terra. Na fic, se ela está na Terra é porque a coisa ta feia para os chineses.
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Long Mu é a mãe dos dragões. Seu nome verdadeiro é Wen Shi. Um dia ela pescou no rio um ovo, que levou para casa e dele nasceram cinco serpentes. Ela as criou e as serpentes cresceram e a ajudavam com a pesca. Quando as serpentes ficaram maiores, viu que não eram serpentes e sim dragões. Os dragões a amavam como mãe e tinham uma profunda devoção para com ela. Quando ela ficou idosa, foi chamada para ver o imperador, mas os dragões sempre a impediram de viajar devido à idade avançada. Quando ela morreu devido a velhice (e sem conhecer o imperador), os dragões a enterraram, se transformaram e crianças em idade colegial e se dispersaram.
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Não é mencionado no mito de Long Mu os nomes, as cores ou o sexo dos dragões, na fic eu que instituí. Se alguém quiser escrever, podem deixar a imaginação fluir.
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Daenerys Targaryen é a mãe dos dragões em GoT, por isso que Long Mu é associada a ela na fic.
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Diferente dos dragões ocidentais, os dragões chineses são associados com a água, com rios e até com o clima. A cor do dragão também pode influenciar em seu atributo. Os azuis representam o augúrio do verão, os vermelhos e os pretos são mais ferozes e causam tempestades e até outros desastres naturais, já os amarelos não podem ser domados, capturados ou mortos. O roxo ser da magia foi invenção minha. Eles também podem mudar de forma para bestas ou humanos.
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O desenho Jake Long, o Dragão Ocidental retrata bem a transformação do dragão chinês em gente.
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Long quer dizer dragão em chinês e Mu (de Áries) significa mãe.
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Hermes não é só o deus dos ladrões como dos diplomatas também, além de outros atributos.
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Amaterasu é a deusa japonesa do sol. Ela é irmã de Tsukuyomi e Susanoo. Também é o nome de uma técnica de Naruto.
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Tsukuyomi é o deus japonês da lua. Também é o nome de uma técnica de Naruto.
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Susanno é o deus do mar e das tempestades.Também é o nome de uma técnica de Naruto.
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Tanto os japoneses quanto os chineses acreditam que há um coelho de jade na lua que faz remédios.
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Kalanemi foi um demônio morto pro Vishnu na mitologia hindu.
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"Segure a minha pipoca!" foi reformulado do meme "Segura meu Poodle!" do filme As Branquelas.
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Guan Yu é o deus chinês da guerra e das artes marciais. É um poderoso guerreiro com uma honra implacável. Mesmo sendo capturado e tendo que trabalhar para o inimigo de um de seus irmãos de armas, ele alertou que iria procurar seu "irmão" se descobrisse o paradeiro dele, e cuidou e protegeu as esposas do irmão de armas sem se envolver com qualquer uma delas.
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Guan Yu também é o criador da Guan Dao, uma lança que pode chegar a pesar 50 quilos.
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Pomona é a deusa exclusivamente romana dos pomares. Ela cuida mais dos seus pomares do que de si mesma.
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Alguns países orientais, especialmente as Coreias, o Japão e a China, usam o sobrenome na frente do nome.
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Macau é uma região administrativa especial da China, da mesma forma que Hong Kong. É cheia de cassinos.
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Macau foi colonizada por portugueses, então sim, falam português por lá.
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Izanagi e Izanami foram os deuses irmãos e esposos que criaram o mundo e os outros deuses. A história é longa e está no texto. Izanami agora está no submundo e Izanagi deu origem a Amaterasu, Tsukuyomi e Susanoo.
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Fu Xi foi o fundador da nação chinesa, fora que ensinou os homens a caçar, pescar, a escrever, cozinhar, fazer sacrifícios aos deuses, enfim, as coisas básicas da época.
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Shennong, o Imperador Vermelho, foi o sucessor de Fu Xi e ensinou à humanidade sobre as práticas da agricultura e do uso de plantas para fazer remédios. Após perder a batalha para o Imperador Amarelo, seus povos se fundiram.
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Huangdi, o Imperador Amarelo, foi o mais importante. Ele fundou o que hoje é a China, junto com Shennong, que se tornou seu amigo, repeliram os bárbaros. Ele ainda introduziu o calendário chinês e criou a astrologia chinesa, a medicina, o taoísmo, o feng shui, o shuai jiao e outros elementos. Juntamente com os seus ministros ele escreveu o Livro do Imperador Amarelo, um dos livros mais importantes da medicina tradicional chinesa.
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O leque de aço, ou tessen, parece um leque comum e inofensivo, mas ele possui lâminas que ficam ocultas na parte de trás. Antigamente eram usados principalmente por cortesãs. Atualmente é usado nas artes marciais, podendo até mesmo ser usado um leque comum.
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O boneco wing chun é um pedaço de madeira com vários braços usado para treinar artes marciais.
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São Francisco não tem apenas a Ponte Golden Gate, há outra ponte na cidade, ponte esta que liga São Francisco a Oakland.
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Diferente do que pensamos, a entrada para o Acampamento Júpiter não fica perto de São Francisco e sim perto de Oakland. Para sair de lá e chegar a São Francisco é preciso passar por Oakland primeiro.
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A cidade de Quebec é cortada pelo rio Saint Charles. O Rio São Lourenço, que é o maior, banha a cidade, mas não a corta.
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É isso, espero que tenham que tenham gostado, desculpem o horário, estou postando meia noite, se fiquei devendo algo, por favor me avisem. Se tiver algo que preciso editar, podem falar sem problema. Até o próximo.



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