Sterben escrita por Pamisa Chan


Capítulo 2
Zorn


Notas iniciais do capítulo

Segunda fase: Ira



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Depois de alguns dias passei por um interrogatório. "Você havia bebido antes de dirigir ou usado alguma substância entorpecente ou ilegal?" "Onde está sua carteira de motorista?" "Quantos anos você tem?" "O que você estava fazendo quando o acidente ocorreu?". Comecei a me irritar com todas essas perguntas. Como eles podiam ficar me perguntando esse tipo de coisa enquanto minha irmã estava morta e não havia nada para fazer sobre isso?!

Impensadamente, comecei a gritar agressivamente contra o homem que estava me interrogando. "O senhor não tem o que fazer?! Olha o que aconteceu com Lucy! Está morta! Morta! E o senhor só se importa em me prender?!". O homem foi paciente, para a minha sorte. Ele podia muito bem ter me mandado para a prisão de uma vez, ou chamado aqueles homens gigantes para me segurar, mas ele não fez isso. Ele apenas me olhou e disse "Acalme-se, madame.". Aquilo me irritou ainda mais.

"Como o senhor pode estar tão calmo numa situação dessas?!" eu berrei "E ainda por cima fingir que está tudo bem! O senhor não tem juízo?!". Eu vomitava as palavras sem nem pensar nas possíveis consequências, só sabia que um furor subia por todo o meu corpo e eu nem conseguia controlar a metralhadora que eram os meus lábios.

"Senhora, vou te dispensar por enquanto. Quando estiver em melhor estado psicológico conversaremos." Ele pegou o telefone na mão e começou a murmurar algumas palavras em francês, e eu pouco entendi. Logo em seguida, um homem grande entrou na sala e me levou para fora, me segurando pelo braço. Com um sotaque francês horroroso ele me mandou ficar na sala de espera da delegacia, enquanto minha mãe chegava.

Minha mãe. Eu tinha até esquecido dela. Como ela ficou depois de saber que a Lucy morreu? Que eu... matei ela. Argh! Como a Lucy teve coragem de fazer aquilo comigo?! Eu... eu... ela devia ser mais resistente! Eu resisti! Por que ela não?! Eu não acredito que ela fez isso comigo! Não acredito que aquele carro idiota fez isso comigo! Que esses policiais fizeram isso comigo! Odeio essas pessoas! Ninguém presta! Ninguém!

Vi minha mãe chegar, e ela veio em minha direção, na espera de um abraço. Eu não recusei mas também não retribuí. Ela me abraçou e ficou chorando. Não parecia me culpar pelo que houve. Mas a quem enganar? Eu causei aquilo! Foi culpa minha! Eu me odeio por ter feito isso com a minha própria irmã! Mas... de quem é a verdadeira culpa?

Fui para fora da delegacia, queria respirar. Respirar o ar que poluí com o sangue da Lucy. E que passei a poluir com minha ira, meu ódio, meu desejo de vingança. Mas... vingança de quê? De quem? Contra o quê? Contra quem me deixou sair de casa? Contra a pista molhada? Contra os pneus do carro? Contra minha irmã? Contra mim? Contra meu destino que nunca alcancei? Chutei a árvore que estava do meu lado. Algumas folhas caíram e muita água escorreu da copa banhada de chuva. Molhei uma senhora que estava passando na rua, que me disse umas palavras ofensivas em francês. Ninguém fala alemão por aqui?! Odeio essas pessoas também.

Fiquei uma meia hora ali, parada na escadaria da delegacia, refletindo sobre quem era o maldito culpado pela morte de Lucy. Logo, uma voz me chamou de dentro das grandes portas. "Senhorita Léna" aquele não é meu nome! Ele não sabe pronunciar meu nome! "Pode entrar, por favor."


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado de mais um estágio. O terceiro capítulo pode demorar um pouco, porque ainda nem escrevi e.e Enfim, espero que gostem! Não esqueçam de comentar!
Beijinhos!