Sterben escrita por Pamisa Chan


Capítulo 1
Leugnung


Notas iniciais do capítulo

Primeira fase: Negação.



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Seu corpo vermelho deitava sobre meus braços. Eu normalmente não aguentaria o peso, mas desta vez parecia uma pena. Sua vida escorria por meus dedos como areia escorre pelos dedinhos de uma criança na praia tentando fazer um pequeno amontoado de grãos em suas mãos. Aquilo não podia estar acontecendo. Jamais. Era um sonho. Eu precisava acordar. Era um pesadelo, com certeza. Daqueles que acordamos num pulo mas sorrimos ao ver que não foi real.

Coloquei seu corpo ensanguentado do lado e deitei a cabeça sobre o volante. Comecei a chorar e gritar, enquanto socava o volante com as mãos e fazia o som da buzina ecoar sobre a chuva. Depois de um minuto assim, decidi ligar para uma ambulância, polícia, bombeiros, qualquer coisa. Ela não podia estar morta. É claro que não! Estava desacordada, com certeza! Mas morta?! Não! Isso não poderia ter acontecido... Poderia?

Quando abaixei a mão até os pedais para pegar o celular, percebi que estava destruído. Olhei para o retrovisor e... eu também estava. Meu rosto estava coberto de sangue. Mas eu não sentia dor. Como eu poderia? A vida dela era muito mais importante, com certeza! Voltei a segurar seu corpo, chacoalhei-o e pedi pra que acordasse, mas não acordava. Tinha sono muito pesado, com certeza. Abracei-a e gritei algumas palavras que saiam tão emboladas quanto um fone de ouvido tirado de uma caixinha de fios e cabos que não era tocada por muito tempo. "Deus! Me acorde, por favor! Me acorde! Eu não quero mais estar neste pesadelo!" Implorei, mas nada acontecia.

Alguns poucos carros passavam na rua e espirravam a água pluvial ao redor. Comecei a perceber os detalhes a minha volta. Por que isso tinha de acontecer bem numa estrada quase vazia? Com certeza só podia ser um pesadelo. Não tinha outra opção. Resolvi relaxar um pouco e deitar-me no banco, até acordar. Aquele pesadelo não me venceria! Não agora que eu estava lúcida!

Acordei com o sol em meu rosto. Ainda estava no carro. Mas ela com certeza estava ali pra me dizer que estava tudo bem e só paramos no posto pra abastecer antes de continuar a viagem. Enganei-me. Ela estava exatamente na mesma posição. Mas agora algo estava diferente: Estávamos cercadas por policiais e paramédicos.

"Moça! Moça! Que bom que você acordou! Tá tudo bem?!" Os médicos diziam enquanto os policiais revistavam a parte de trás do carro e outros doutores tentavam tirá-la dali com uma maca. "Hein? Lucy! Pra onde estão levando ela?! Lucy! LUCY!" "Acalme-se, senhorita! Vamos fazer o que for possível pra que ela viva! Vamos te levar também. Você está com uma ferida séria na cabeça. É quase um milagre que tenha sobrevivido ao sono depois de uma lesão dessas." Os homens me ergueram cuidadosamente. Minha cabeça começou a doer muito. Soltei um grito de dor. Eles me colocaram numa maca também, como se eu estivesse inconsciente! Parecia que não entendiam minha situação! Colocaram-me dentro de uma ambulância e me levaram. Eu gritei o tempo todo por Lucy. Eu não queria perdê-la. Isso não fazia sentido! Não podia estar acontecendo!

Passei alguns dias no hospital. Quando me deram alta, recebi a notícia: "Sentimos informar, mas Lucy Fankhauser não sobreviveu ao acidente."


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Notas finais do capítulo

Será uma shortfic de 5 capítulos. Não reclamem dos capítulos curtos. Sério.