A Seleção de Arendelle escrita por Ana Carolina Lattaruli


Capítulo 34
Shadows


Notas iniciais do capítulo

AS PROVAS ACABARAM, O SEGUNDO ESTÁGIO ACABOU, A VIDA É BONITA NOVAMENTE!

Eu sei que demorei mais de um mês para postar esse capítulo mas eu pensava em vocês todo santo dia!



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Anteriormente em A Seleção de Arendelle:

 

Anna e Lia leram a carta, e agora Anna quer saber a verdade sobre a sua família, sobre a morte da sua mãe. 

Há algo nestas paredes, neste castelo. Há algo dentro deles, de Jack e Elsa, cujo poder é maior do que podem cogitar ser. 

Se a alma de Elsa é fogo, a de Jack é incêndio. 

Os dois dançaram juntos, mas Elsa não pode se concentrar em apenas uma pessoa na Seleção, o Rei descobriria sua preferência e coisas ruins aconteceriam. Ele não gosta do Jack. O Rei tem um plano. 

***

MIIA - Dynasty: The scar i can't reverse, when the most it heals the most it hurts.

 

***

 

Pov. Elsa

 

Procuro Jack na multidão.

Há empregados limpando o chão que, antes, estava manchado de sangue e agradeço mentalmente à Rapunzel por se voluntariar de prontidão e escoltar Flynn para fora da festa, juntamente com a equipe de paramédicos.

Tento não pensar no sangue, pois lembro como foi da última vez. No último Baile Real. 

Os empregados também limparam o sangue naquela ocasião, mas limpar a minha mente foi tarefa apenas minha. 

Eu não sei o que houve com Flynn para que isto acontecesse, mas sei que Jack tem uma leve suposição, pois pude ver o mesmo do outro lado do salão, encarando Flynn enquanto tudo acontecia.

Passei por alguns selecionados que pareciam perdidos e tentei acalmá-los, dizendo que estava tudo bem com o Flynn, e que tomaríamos as devidas providências em um futuro breve.

Mal sabem eles que não pretendo sequer contar do acontecido para o Rei.

Não quero que Flynn saia.

Algumas pessoas começam a ir embora, e fazem reverência ao saírem. Vêm falar comigo, agradecem e vão embora.

Há uma falsidade estampada no rosto de uma maioria, mas a minoria no salão, de descendência mais pobre, me trata de uma forma tão real que seria impossível não pensar que a maldade é despertada com o tamanho do patrimônio.

Mesmo que isso seja mentira.

Os mais importantes em questões políticas e sociais sempre foram para mim os mais mentirosos, inclusive o meu pai, minha irmã e eu mesma.

 

*

 

Há tempos estava procurando por ele e finalmente o encontrei. Jack está sentado à mesa com mais três selecionados, Hook, North e Watt, e todos parecem abatidos e com uma certa raiva no olhar, exceto Watt, que está comendo.

Ao ver eu me aproximando, North alerta todos da mesa, que se levantam e fazem reverência.

Faço sinal de que aquilo não é necessário e peço para que os mesmos se sentem.

Esquecendo todo e qualquer resquício de etiqueta, sento-me à mesa e respiro fundo, dando-me o descanso que não tinha há boas horas.

Fecho os olhos, sentindo o ar entrar em meus pulmões e me lembrar de que estou viva e estou bem.

Posso sentir os quatro me fitando, porém assim que pisco, todos desviam os olhares.

Tomo coragem e paro de fingir ser alguém que não sou por pelo menos alguns minutos.

—Como vocês estão? – Pergunto, sem nenhum ar de superioridade ou paredes ao meu redor, pela primeira vez em anos.

Hook se mexe na cadeira, um pouco agitado.

—Na medida do possível, Princesa. – Responde.

—Entendo. – Balanço a cabeça positivamente, porém vagarosamente, combinando com a minha resposta.

Um pequeno silêncio se instala e tento não encarar nenhum deles nos olhos, por isso fiz questão de sentar-me ao lado de Jack, assim não ficaria de frente para aquele par de oceanos.

Assim eu não teria perigo de me afogar.

—Ele não teve culpa. – É North quem fala, depois de um tempo. Eu o encaro, de cenho levemente franzido.

—Quem não teve culpa?

—Flynn, Alteza. – Esclarece. – Ele não teve culpa de tudo que aconteceu.

Engulo em seco com a menção de seu nome, eu não pretendia que o assunto chegasse tão rápido.

—O que de fato aconteceu? – Aproveito para sanar minha curiosidade, pousando os olhos em Watt, que apenas me observa sem dizer nada. Sem nenhum comentário engraçado ou algo do tipo.

Jack, pela primeira vez desde que cheguei, vira seu rosto completamente para mim e me olha nos olhos. Parece me despir, não tirando minhas roupas, mas sim minha pele, sobrando apenas a minha alma para ser vista.

E este tipo de olhar me assusta.

—Há segredos entre nós, alteza. – Percebo que falar comigo lhe causa uma certa temeridade e não consigo entender o motivo de isso acontecer apenas agora, meses depois da seleção ter começado.

Começo a ter raiva de Jack.

—Perdoe-nos, alteza, mas não vimos nada e, mesmo que tivéssemos visto algo, não podemos revelar nomes, não pretendemos ganhar jogando sujo. – Hook se faz presente novamente, encarando North sem que ninguém perceba, para que o mesmo fique calado, mas eu percebo. Suas palavras me fazem ficar ainda mais chateada, apesar de terem sido mais doces que as de Jack.

—Ganhar. – Repito, baixo. Posso sentir uma vontade de chorar chegando nos cantos dos olhos, uma vontade que faz o meu nariz arder. – Claro.

Levanto-me da mesa e todos, por questão de etiqueta, levantam-se também, fazendo a mesma velha reverência.  

Quero que todos sumam, quero que o Jack vá embora, mas A Seleção está longe de terminar.

É um pesadelo necessário, segundo meu pai.

 

*

 

A maioria das pessoas já foram embora e eu não consigo mais ficar acordada. O trono é um lugar bem confortável, apesar de me trazer lembranças ruins.

Observo todos que vêm, falam comigo e vão embora para suas castas e casas.

Anna toca em meu ombro e me dá um beijo na bochecha, antes de se retirar para seus aposentos, escoltada por guardas reais.

De repente, sobram apenas dez pessoas no salão, que vêm em fila falar comigo, não me levanto para nenhuma delas, apenas agradeço por terem comparecido e elas saem, também já cansadas pelas danças, bebidas ocasionais e conversas esfarrapadas.

Foi um belo baile, mas nada comparado à antigamente. Eu sei que elas falam isso entre si, dá para notar que foi um baile arranjado às pressas.

Um baile necessário para que coisas erradas sejam varridas para debaixo do tapete.

Meu olhar vagueia pelas grandes janelas do salão, pelas portas que davam para o quintal e as vidraças que ficavam no andar de cima. Observo o grande relógio, que marcava duas horas em ponto. 

De repente, sinto um calafrio percorrer meu corpo e prendo a respiração ao avistar algo em uma das janelas do segundo andar, quase ao lado do relógio. Há uma sombra ali. Sei que estou com sono, e que estou traumatizada, mas uma sombra ali. É uma pessoa. A sombra se projeta e se deixa visível graças à lua, mas, por um momento, parece que ela quer ser vista, não é um mero acaso. 

Pisco, e ela some. 

E eu me desespero por um pequeno momento. Será que o que vi foi real? Como falar sobre isso sem causar um pânico geral? A última coisa que necessitamos no nosso reino é um outro ataque. 

Os guardas que sobraram escoltam os selecionados que ainda restavam no salão de volta para os seus quartos e o último deles a falar comigo me desperta por dentro, tirando-me do catatonismo em que eu me encontrava e, por um minuto, esqueço o que vi.

—Jamie. – Meneio com a cabeça, mantendo a postura.

—Alteza. – Ele faz uma reverência e sorri. – Agradeço pelo baile hoje e pelas danças concedidas.

—Não há por que agradecer. – Respondo, sorrindo em resposta.

—De qualquer forma... foi uma honra. – Ele me olha profundamente com seus olhos castanhos e posso ver uma certa bondade passar por eles. Há luz dentro deles.

Jamie já está de costas quando eu o chamo novamente.

—Terça-feira. – Percebo que minha voz sai com clareza, algo que não vinha acontecendo há um bom tempo. – Venha me procurar no jardim às 16:00.

—Pensei que o Jardim fosse proibido.

—E é, a não ser que a realeza faça o convite ou conceda a entrada.

—Então, é um encontro?

—Talvez. – Meneio com a cabeça, em uma felicidade silenciosa.

Ele não esconde seus sentimentos e sorri um sorriso de ponta a ponta.

Há uma ingenuidade nele, um batimento cardíaco instável quando o mesmo se aproximou e dançou comigo.

Há amor em suas veias, e eu preciso entender um pouco mais sobre como é ser assim.

Ele faz uma reverência, mas não há etiqueta nela, apenas respeito.

—Boa noite, alteza.

E seria uma boa noite, se eu conseguisse pregar os olhos. 

*

 

 

 


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Notas finais do capítulo

EU TO CHOCADA TÁ

Vocês também encheram a cabeça de muitas teorias??? Gostaria de ler todas as teorias que vocês formaram até agora, sério mesmo.

Sobre as recomendações, eu nem acreditei que vocês ainda estão recomendando, eu só tenho a agradecer, de verdade mesmo.

MUITO OBRIGADA POR TUDO QUE VOCÊS ME PROPORCIONARAM NA MINHA VIDA DE NYAH, AMO VOCÊS DEMAIS E VOCÊS SÃO IMPORTANTES!

VÃO LER RIO DE TINTA!