A Seleção de Arendelle escrita por Ana Carolina Lattaruli


Capítulo 33
Dancing With Ghosts


Notas iniciais do capítulo

ESSE CAPÍTULO ESTÁ SEM CONDIÇÕES DE TRETOSO, CONTINUE POR SUA PRÓPRIA CONTA E RISCO!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/649048/chapter/33

Nos capítulos anteriores de A Seleção De Arendelle:

 

"Anna e Lia saíram no meio do baile.

Há uma carta. Há um segredo guardado à sete chaves pelo rei. Há uma morte. Duas. Quem será o verdadeiro culpado?"

 

E isso é o que você viu na Seleção De Arendelle.

 

***

 

Temporary Love: So unsafe, is this temporary love i crave.

 

***

 

Pov. Anna

 

 

Antes e durante o tumulto.

 

Lia me conduz pelos corredores iluminados por velas que remanescem bonitas na escuridão.

Chego ao meu quarto e abro-o, espero ela passar e fecho-o logo em seguida.

Sinto minha respiração acelerar e o ar ficar rarefeito quando ela se aproxima, mostrando-me a carta perfeitamente dobrada entre seus dois dedos.

Seu sorriso, antes tão forte e vistoso, já não está mais em seu rosto. Algo nela me diz que ela já andou lendo a carta.

—Lia? – Minha voz tem um tom de pergunta, ela apenas afirma com a cabeça, sabendo o que quero perguntar.

—É ruim. – Diz. Eu respiro fundo, sentando-me na cama e me jogando para trás sobre o colchão, completamente perdida. – Desculpe-me por ler, Anna.

—Não tem problema. – Digo para o teto. – Eu não contarei a ninguém.

Posso senti-la me encarando, tentando encontrar meios de me fazer sorrir, mas nada poderia apagar os meus pensamentos dessa carta nesse momento.

—Você quer ler? – Ela pergunta, aproximando-se meio passo. – Ou eu leio para você?

Olho-a de soslaio, ainda deitada, e indico o meu lado na cama.

—Leia para mim. – Peço.

Ela anda até a cama e senta-se ao lado do meu corpo jogado. Observo seu perfil, enquanto ela toma fôlego. Vira-se para encontrar meus olhos encarando-a e parece se preparar psicologicamente antes de abrir a boca e começar, com uma voz tão suave que me daria sono se não fosse o conteúdo da carta, sendo ali exposto de forma tão cruel que sinto uma lágrima descer, acompanhada de mais vinte. 

—“Ele sabe sobre nós. – Ela começa fazendo-me ficar sentada de súbito. Lia me olha assustada, e eu afirmo com a cabeça para que ela continue. — As paredes do castelo não podem mais nos esconder, e os olhos estão por todas as partes.

Não me deixam mais entrar pela cozinha e o guarda que me ajudava foi executado.

E., me escute. Eu preciso lhe agradecer. Não tenho muito tempo, posso senti-los se aproximando.

Eu te amo, hoje, amanhã e na eternidade. Eu sei que nunca terei a chance de acordar ao seu lado pela manhã, e sei que nunca terei a chance de lhe dizer adeus. Mas apenas saber que tive a chance de te conhecer, de te ter, de ser tocado na alma pela sua risada e de sentir seu sabor em meus lábios já me basta. Não sei se essa carta chegará até você, não sei se sobreviverei até amanhã, mas preciso que você seja forte.

Salve-nos. Salve o seu povo. Erga sua voz, lute pelo que considera justo e não se esqueça das montanhas. Não se esqueça da morte da sua mãe nem da morte do meu pai.

Nem da morte de centenas.

E, por favor, jamais se esqueça de mim, porque eu jamais me esquecerei de você. Calma, nos encontraremos novamente, mesmo que seja apenas em seus sonhos. Perdoe-me, sei que está torcendo o nariz nesse momento, mas é a verdade.

E lembre-se:

Que o céu me envolva e o frio se torne parte de mim. Que a tempestade vire abrigo e que o coração jamais congele.

O nosso adeus não existe, E., sempre nos encontraremos novamente.

Para sempre seu, F.”

Ela mal termina de ler, e eu levanto-me da cama. Olho-me no espelho por quase um minuto. Fico tentando entender o que acabei de ouvir.

Posso ver Lia atrás de mim, sentada na cama, esperando a minha reação. 

Não há reação. Não sei como reagir.

Pelo espelho, vejo ela se aproximar de mim. Seu semblante é triste como o meu. Ela lembra do ataque exatamente como eu me lembro. Ela lembra dos choros e da gritaria. Do sangue.

Seus dedos escorregam por entre os meus, e eu seguro firme em sua mão, agarrando-me ao único ponto que me mantém em pé.

Ela me olha pelo espelho, ao meu lado.

—O que faremos agora? – Ela sussurra, perguntando. Posso sentir um gosto amargo na boca. Um gosto de ferro.

—Agora? – Quero gritar, quero correr, fugir e fingir que nada disso jamais aconteceu, mas não posso. Ao invés disso, encaro-me no espelho para logo depois aproximar-me, apoiando minha testa na dela e fechando os olhos. Sinto sua respiração entrelaçar-se com a minha, e, por um momento, me sinto em paz. Mas esse momento se vai. – Agora descobriremos quem matou minha mãe.

 

***


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

MEREÇO COMENTÁRIO SURTANDO SIM