Dream Catcher: Quando os sonhos se tornam reais escrita por Ms Joseane


Capítulo 2
O que aconteceu?


Notas iniciais do capítulo

Olá! Mesmo com a extremamente baixa receptividade vou continuar postando, tentando manter a média de um capítulo por semana. Boa leitura!



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Depois que Cindy foi embora, rapidamente peguei uma tela em branco e, enquanto recriava o esboço que eu tinha feito ao acordar, fiquei pensando sobre o dia estranho que eu tive. Quando eu era criança muitas vezes acordava gritando por sonhar com pessoas estranhas lutando, minha mãe até tentou me levar a um psicólogo uma vez, mas nunca imaginei que um desses “personagens” que protagonizavam meus sonhos poderiam realmente existir. Parei de pintar e observei a minha coleção de quadros expostos: todos com figuras que mais pareciam oníricas do que qualquer outra coisa, seres com corpos esbeltos, vestidos em roupas brancas e fluidas, lutando entre si. Mas o sonho de hoje havia sido diferente, nunca antes eu senti o que um deles sentia, era mais como se eu fosse uma espectadora anônima do que acontecia. Pintei o corpo alto e musculoso de Ryan, sua barba fina e rala, seu cabelo castanho levemente despenteado e seus profundos olhos azuis. Olhei para a tela que pintava e os olhos de Ryan me encaravam: como isso pôde acontecer?

Me distrai pintando e quando fui pintar o machucado no braço de Ryan percebi que não estava enganada, realmente o corte era extremamente profundo, eu já havia visto aquelas lâminas (em outros sonhos) matarem esses seres, nunca poderiam ter feito um corte superficial. Decidi terminar logo a pintura e parar com minhas conjecturas. O relógio me mostrava que já era noite quando finalmente senti que a pintura estava finalizada e a assinei. Resolvi sair de casa e relaxar um pouco a minha mente e chamei Anne para sair comigo (Cindy ainda deveria estar chateada comigo expulsando-a, como ela diria). Bati na porta da minha vizinha e ela logo apareceu:

– Sophie! Que surpresa, geralmente sou eu que bato na sua porta porque você não larga as pinturas pra me ver - ela disse sorrindo.

– Engraçadinha, cada uma com seus hobbies, ok? – falei sorrindo também – Vamos sair pra jantar? Não comi nada o dia inteiro.

– Claro, entra, só vou pegar meu casaco e minha bolsa.

Anne era alguns anos mais velha que eu e Cindy e já estava quase se formando na faculdade. Anne era um pouco mais alta que eu, era mais magra do que eu e tinha lindos olhos verdes que sempre ficavam por trás de seus óculos estilosos. Seus cabelos ruivos faziam todos olharem para ela, mas, mesmo assim, não ligava muito para garotos e festas. Ela era muito esperta e passava a maior parte do seu tempo estudando ou vendo séries médicas na televisão.

Entrei na casa de Anne e a sobriedade do lugar nunca deixava de me surpreender. Todas as paredes vazias, sem uma pintura, além de a decoração ser composta basicamente de livros e maquetes do corpo humano. Anne me pegou olhando para suas coisas e já chegou dizendo:

– Nenhuma palavra sobre a minha decoração dona artista – sorriu – aonde vamos?

– Estava pensando em um lugar mais confortável, estou bem cansada.

– Deixa me adivinhar: passou o dia inteiro pintando?

– Uma parte dele – admiti.

Depois disso fomos andando até um restaurante perto de onde moramos e conversando sobre todos os tipos de assuntos. Isso que eu gostava em Anne, ela percebia quando eu precisava de uma boa distração. Entramos no restaurante e logo pedimos nosso jantar. Resolvi falar sobre meu dia para tirar uma dúvida que estava me perseguindo.

– Anne, hoje a caminho da faculdade encontrei um rapaz com o braço muito machucado no meio da rua – omiti a parte de conhecê-lo de meu sonho – e quando ele não quis ir a um hospital o levei para casa para que você o ajudasse.

– Você sabe que isso não foi nem um pouco sensato né? Além do mais eu não posso clinicar fora do campus.

– Eu sei, mas você não viu o quão profundo estava o corte, ou assim parecia. Enfim, quando chegamos na minha casa sai a sua procura, mas você não estava...

– Tive plantão na clínica hoje – ela me interrompeu.

– Certo, mas quando eu voltei para ver o que eu podia fazer para ajudar o rapaz ele já estava de pé observando minhas pinturas. Quando eu falei do machucado ele somente desconversou e disse que quando lavou melhorou. Mas só tinha uma leve marca do que antes era um machucado enorme. Isso é possível?

Anne ficou pensando por uns minutos antes de afirmar:

– Nunca ouvi falar de nada assim, se você diz que o machucado era realmente feio... – mostrei a ela o esboço da pintura que agora se encontrava em meu bolso – Esse corte parece muito profundo, eu não estou vendo ao vivo, mas diria que precisaria até mesmo de pontos. – ela analisou.

– Foi o que imaginei – suspirei.

– Por que você desenhou o garoto hein Sophie? – ela me olhou com um sorriso malicioso no rosto.

– A imagem me marcou, foi só – falei, ficando envergonhada – além do mais a tarefa para a aula de hoje era sobre anatomia humana.

Depois de implicar comigo mais um pouco, comemos nossa comida tranquilamente e fomos para casa logo depois. Me despedi de Anne e assim que deitei na cama caí no sono rapidamente. Nesta noite não sonhei com Ryan, somente com outras lutas em que eu somente observava. Acordei revigorada e pronta para esquecer o dia anterior. Peguei o quadro que havia pintado de Ryan e fui andando até a universidade. Encontrei Cindy logo que entrei na sala:

– Bom dia, flor do dia – disse muito animada.

– Bom dia, teve visitas ontem? – ela perguntou claramente querendo saber de Ryan.

– Não, somente fui jantar com a Anne depois de pintar – e mostrei o quadro pra ela.

– Ficou bem fiel ao seu esboço – ela tocou o quadro – você fez o machucado em relevo – falou levemente impressionada.

– Achei que precisava mostrar a profundidade do corte – dei de ombros.

– Você mesmo quando não vêm à aula acaba fazendo o melhor trabalho da turma – e rimos juntas até o professor entrar e começar a aula.

O dia se passou rapidamente e, antes de ir pra casa, passei na sala do professor do dia anterior para entregar meu quadro:

– Professor Wilians, Cindy me disse o tema da aula de ontem e lhe trouxe o que fiz para compensar minha falta – expliquei antes de lhe entregar a obra.

– Senhorita Sognare, um trabalho muito bem feito como sempre. A expressão está bem caracterizada, o corte bem realístico, meus parabéns!

– Obrigada professor – sorri.

Fui para casa ouvindo minhas músicas em meus fones de ouvido e me joguei no sofá para assistir um pouco de televisão (algo que fazia um tempo que não fazia). Passei algumas horas vendo minhas séries até que Cindy chegou trazendo muitas comidas e guloseimas para devorarmos juntas.

Nos sentamos no sofá para comer e ver alguma coisa na tv enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias.

– Hum, amanhã é a festa do Brian, não se esqueça – ela me disse (Brian é um colega nosso que todo mês faz uma festa enorme em que todos são convidados).

– Não estou muito no clima para festas – reclamei.

– Na-na-ni-na-não, você vai comigo nem que eu tenha que vir até aqui e te arrastar – delicada como sempre. Eu simplesmente não via muita graça nessa festa, afinal Cindy sempre bebia demais e me obrigava a dançar a noite inteira com ela.

– Infelizmente eu sei que isso é verdade, então está bem, se você faz tanta questão, eu vou.

Ela sorriu imensamente e pulou em cima de mim e depois ficamos vendo comédias românticas até cairmos no sono. Uma boa parte do meu sonho desta noite estava normal, até que um dos seres (de olhos muito negros) me observou intensamente. Acordei com Cindy me sacudindo e dizendo que tínhamos que ir, afinal o professor daquela aula não permitia atrasos.

O dia se passou relativamente calmo e logo fui pra casa me trocar para a festa de mais tarde. Coloquei um vestido preto justo até a cintura e depois solto até o meio das coxas e uma sandália prateada, uma maquiagem simples e o cabelo solto e peguei minha bolsa. Onde moro tudo é perto (amo cidades universitárias), então não tive porque ir de táxi até a festa, mesmo não sendo muito seguro, fui andando. Passando na frente de uma rua sem saída perto da casa de Brian ouvi um grito. Meu corpo, contrariando todos os meus instintos, foi em direção ao som e ao chegar na origem do grito vi uma daquelas pessoas do meu sonho no chão, aparentemente morta. Olhei para cima e vi os mesmos olhos negros com que havia sonhado. Ele sorriu malignamente para mim e começou a falar numa voz (apesar de tudo) sedutora.

– Ora, ora nunca achei que seria tão fácil atraí-la até aqui.

Ouvi várias gargalhadas e saíram da escuridão várias pessoas de olhos avermelhados. Comecei a recuar de costas e logo percebi que estava encurralada ao bater em um deles. Eles começaram a se aproximar cada vez mais de mim e eu já previa minha morte quando comecei a ouvir um barulho de lâmina cortando carne e logo Ryan estava na minha frente me estendendo a mão. Aceitei rapidamente e ele me tirou dali literalmente voando.


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Notas finais do capítulo

Um pouco óbvio o que Ryan é agora, não? Mas como será que Sophie reagirá? Até a próxima! Xx



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