Once Upon a December... escrita por VersalhesTodd


Capítulo 3
002 - Frio


Notas iniciais do capítulo

Acabou a enrolação, podem ter um gostinho de como será esse mês de Dezembro!



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Polônia – 1942

Era inevitável, o jovem adulto realmente não conseguia conviver com o fato de que ele era o responsável por toda aquela tristeza. Na hora em que fez aquilo, ele só estava cumprindo com aquilo que lhe pareceu correto no momento. Os pais da garota iriam morrer de qualquer forma, não iriam? Seria mais fácil acabar com tudo e deixá-la livre para fazer o que lhe era ordenado, mas desde o dia em que chegara, Celina estava inconsolável e diversas vezes deixava de concluir suas tarefas para chorar.

Nenhum dos outros soldados eram tão maleáveis. Todos pareciam cegos ao que, para Friedericht, era simples: A garota era inocente. Os pais podiam ser os insetos judeus que haviam ajudado a destruir a Alemanha e deixar o país em uma grande depressão, mas a menina era inocente. O que os pais lhe ensinaram ainda podia ser revertido se ela fosse ensinada. Será que o Führer iria aprovar a ideia? Talvez, mas a garota não era ariana. Não tinha motivo para que Friedericht acreditasse que era uma boa ideia.

Apesar de tudo isso, ele ainda tentava fazê-la parar de chorar. A dor de perder os pais era algo que ele não conseguia imaginar e, quando fizera isso, sentiu um aperto no coração. Matar o pai é fácil, como o dele, o homem não devia ser presente, era um judeu, ligava mais para suas riquezas do que para a família. Mas a mãe, ah, a mãe deveria ser uma mulher que cuidava e bem-tratava a menina, como seu maior tesouro.

Tesouro...

– Celina... Celina... Pare de chorar. – Ele pedia. A relação dos dois era estranha. Ele não falava muito com ela, apenas a mandava cumprir suas obrigações, mas sempre tentava ser um pouco mais gentil com ela e as outras crianças. – Você tem trabalho a fazer. É melhor continuar. Se outro soldado vier, você vai se machucar. É isso que quer?

Ele era duro, mas a olhava com compaixão. Os olhos castanhos da menina brilhavam, salpicados com gotículas de água que insistiam em permanecer nas órbitas ao invés de rolar pela face e grudar seus cabelos negros na pele, parte pelas lágrimas, parte pela chuva.

– Vá embora! Assassino! – Ela respondeu em sua língua, mas Friedericht sabia o que ela estava querendo dizer.

– Garota, seus pais eram pessoas ruins. Eu estava ajudando o mundo e ajudando você. Você não quer se tornar uma pessoa ruim, quer?

– Você é uma pessoa ruim! – Gritava ela em prantos.

– Você não entende, acha que eu sou o vilão, mas talvez você entenda. – Ele levou a mão ao bolso e, de dentro dele, retirou um colar de cordão de ouro e uma pedra vermelha que brilhava. – Isso é um tesouro, como você pode ser um dia. Mas para isso, precisa fazer o que mando.

Ele colocou o colar no bolso da garota e a forçou a se levantar, para que voltasse ao trabalho.

[...]

França, 1952

Era um dia ensolarado, apesar de não estar exatamente quente. O sol brilhava no céu azul, salpicado com algumas belas nuvens brancas e fofas que Celina adorava usar de fundo para suas obras de arte.

A Torre Eiffel podia ser vista perfeitamente da sacada do café onde a mulher se sentava. Seu café estava quente, e a fumaça que saia da xícara era reconfortante. Dezembro chegava e o frio começava a se intensificar. O vestido era coberto por um sobretudo e as pernas protegidas por um par de meias longas. O rosto estava descoberto, apenas um chapéu protegia a cabeça, enquanto o cachecol vermelho mantinha o colo aquecido. Mas algo a irritava nisso tudo, o pingente do colar permanecia frio, mesmo em contato com a pele da jovem de 18 anos.


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Notas finais do capítulo

Curtinho, como sempre. Gostaram? Eu particularmente gosto muito do final desse, porque consigo imaginar bem como fica a cena da sacada, mas eu sou o autor, então não conta xD

Obrigado por lerem e até a próxima!



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