A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 69
Em um mundo alternativo | A Herdeira (Super Bônus) (Capítulo Final)


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último capítulo antes do epílogo. Meu coração está em pedaços, mas é um passo que eu preciso dar, para que outros ciclos comecem. Espero muito que vocês gostem. Escrevi em junho de 2020, mas sempre sonhei com um capítulo como esse, não poderia encerrar de outra forma e amei cada momento escrevendo isso aqui. Recomendo demais cada música que eu coloquei, acho que vai ambientar melhor. Estou emocionada kkkkkkkkk boa leitura

Música do capítulo: bless the broken road, do rascal flats (toca em Hannah Montana, muitos devem conhecer)
Música da Delly e Peeta: middle, do dj snake (recomendo demais o clipe, é com o Josh Hutcherson, eu amo)
Música da Katniss e do Gale: all night, da beyoncé, uma música brilhante, uma das minhas favoritas do Lemonade, e acho que casa bem demais com a energia deles



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Eu não percebia que todas as placas
Apontavam diretamente à você
Que todo longo sonho perdido
Me guiava para onde você estava
As outras que partiram meu coração
Eram como estrelas do norte
Apontando me para o meu caminho
Dentro dos seus braços amorosos
Sei que tudo isso é verdade
Que Deus abençoou a estrada partida
Que me guiou diretamente à você

— Bless the broken road, Rascal Flatts

 

 

Encarando fixamente duas visões diferentes pela janela

O café esfriou, é como se o tempo congelasse

Lá vai você desejando, flutuando, pelo nosso poço dos desejos

É como se eu estivesse sempre causando problemas, causando o inferno

Eu não tive a intenção de te colocar no meio, eu posso dizer

Nós não podemos varrer isso para baixo do tapete

 

Espero que eu possa voltar no tempo

Para fazer tudo certo, tudo certo para nós

Eu prometo construir um mundo novo para nós dois

Com você no meio

 

Com você no meio

Com você no meio

— Middle, Dj Snake ft Bipolar Sunshine

 

Peeta e Delly

Abro os olhos, sentindo o corpo da minha esposa próximo ao meu, e logo dou um sorriso.

Bom dia, amor — desejo em um sussurro apenas para ela me ouvir, então me escondo na curva do pescoço de Delly, que ri baixinho, passando seus pés nos meus. — Bom dia, pequeno bebê.

Faço carinho em sua barriga, que não dá, por enquanto, tantos sinais que carrega um novo bebê.

— Você é absurdamente dengoso, Pepe. Não é à toa que nossos filhos são também. E esse outro também vai ser — ronrona, passando a perna na minha cintura. Suspiro, beijando seu rosto tão bonito, tão delicado, como se fosse de porcelana. Deslizo o indicador por seu nariz reto, e ela ri. Sonhei noites e noites no dia que poderia enfim fazer isso, sendo integralmente dela, e ela minha. Beijo a palma de sua mão, olhando em seus olhos.

— Para de me olhar como se eu fosse uma obra de arte — murmura, distribuindo beijos pelo meu ombro. Sorri, passando as mãos por sua cintura, sentindo ela se sentar sobre a minha barriga. Como eu amo nossas manhãs enquanto as crianças estão dormindo...

Você é — sussurro, me sentando na cama, e ela no meu colo, suspirando baixinho. — Hm? Começamos a manhã muito bem por aqui, senhora Mellark...

Sorri, junto com ela, jogando seus cabelos longos para trás de suas costas, como uma cascata loira com as pontas rosas. Às vezes eu não acredito que é real estarmos juntos. Beijo todo seu dorso, demoradamente, com pura devoção, até chegarmos no nosso ponto particular, sorrindo. Nosso encaixar é tão bom quanto eu imaginei que poderia ser.

Me afundo em seu corpo enquanto beijo seu lindo pescoço e ela me confessa coisas que dizemos apenas quando nossos corpos estão dessa forma. Abafo meus gemidos em seu ombro, enquanto ela morde os lábios, ainda que esteja fervendo sob minhas mãos e corpo.

Ela mexe seu quadril embaixo de mim, contra mim, e eu me deixo ser consumido, ao meu tempo que ela. Não acho que isso seria bom dessa forma com qualquer outra pessoa. Beijo sua boca, vermelha, um pouco inchada por ter se esforçado para não fazer barulho. É gostoso estarmos juntos de qualquer forma. Ela sorri enquanto nos beijamos e eu sorrio também, ainda me movimentando nela, porque sei que gosta disso e eu também. Delly ronrona, arqueando o corpo, tocando em todas partes de mim que pode, até que eu caia ofegante como ela ao seu lado da cama.

Na primeira oportunidade que tivemos de nos casar, assim o fizemos, mas só depois de um total de quatro anos namorando, pois consideramos do momento em que eu a pedi em namoro no sótão de sua casa, vários anos atrás. Mas foi tão difícil ficarmos juntos, que agora que estamos, com uma família linda como a nossa, parece um sonho.

Sinto como se pudesse ultrapassar a atmosfera ao lado dela.

Tomamos um banho juntos também, tendo acabado com ela pulando em meu colo e suas costas contra a parede, podendo chamar pelo meu nome com um pouco mais de liberdade do que na cama e eu também. Ela diz que ainda não matamos a vontade que tivemos reprimida na adolescência e eu concordo.  Enquanto eu vestia o macacão para mais um dia pintando a nossa casa nova, ela começou.

— O que vai fazer hoje? — pergunta, enrolada na toalha, sentada em um dos pufes do nosso closet, admirando as unhas que pintou ontem. Ela é muito descolada, parece mais nova do que é. Todo mês pinta as pontas dos cabelos, e não tem vergonha de usar esmaltes azuis claros, ou vermelho ou rosa neon. Eu a amo profundamente. Sua coragem, confiança, certamente me fazem cair de amores por ela todo dia. Todos os dias.

— Terminar de pintar o nosso escritório. Deixo as crianças aqui no nosso quarto enquanto eu termino de montar a estante deles também. E você?

Ela passava a mão inconscientemente na barriga, prestando atenção em mim, e eu dei um sorriso. Não tem como não sorrir perto de Delly.

— Preciso tirar a mancha de amoeba que Gus deixou no tapete deles, e terminar de montar o arranhador do Muffin. Aquele gato é muito sem-vergonha, se deixar vai arranhar todo o sofá novo.

Assenti, terminando de me vestir, enquanto ela se levantava para se aprontar.

— Deixa que eu faço o almoço, tudo bem? — pedi, envolvendo-a pelos ombros. Beijo sua testa. — Não precisa se esforçar.

Uhum... — me deu um beijo no canto da boca, sorrindo. — Espera para eu acordar as nossas crianças com você, amor.

A esperei no corredor, depois de um beijo mais demorado, aproveitando para arrumar os vários quadros com fotos que temos. Nós dois na maternidade com os nossos recém-nascidos, fotografia de nós dois na adolescência e agora, dos nossos animais de estimação, dos nossos pais, irmãos. Sorrio, cuidadosamente posicionando nos pregos da parede. Penduro todas fotos com orgulho, representando a vida que construímos e ainda vamos construir.

Quando ela aparece, entramos no quarto dos gêmeos. Ela vai acordar Summer enquanto fiquei encarregado do August.

Pops? — Auggie balbucia, abrindo os olhos tão bonitos.

— Bom dia, plantinha. Vem, acorda — falo baixo, tirando com cuidado sua manta cheia de naves espaciais. Summer tem uma parecida, por gostar muito também.

Hmmmm... — ronronou, pesando o corpo, mas consegui colocá-lo de pé, levando-o para escovar os dentes.

— Acorda e brilha, Sunshine — Delly diz baixinho, depois de fazer carinho nas costas da menininha loira e de olhos castanhos como o dela, prendendo o dossel da cama da menina, enquanto auxílio Gus com os dentes. Logo os dois estavam de banho tomado, e partimos cada um para um lado da casa.

— Você não precisava fazer o almoço, meu amor — digo para Delly, quase chateado, quando desço as escadas e ela já tira do forno uma carne assada. — Eu ia te ajudar.

— Já está ajudando olhando eles lá em cima, Pepe.

Me tranquiliza num sorriso, beijando meus lábios.

— Mas você cuida da louça — declara, com um tapinha inofensivo no meu ombro. — E de lavar esse seu macacão cheio de tinta.

Ri sinceramente, a puxando pela cintura para mais um beijo, dessa vez mais demorado, pontuando mais o quanto eu a acho linda, o quanto eu a amo.

— Você está usando um macacão igual ao meu, nem reparei — noto, dando um tapa inofensivo em seu bumbum, sabendo que ela iria bufar, mas então sorrir. Rio de novo. É uma das coisas que fazemos para provocar um ao outro.

— Com esse monte de tinta pela casa, é a única roupa que me faz ficar confortável — se apoia na bancada de mármore. — Cadê os gêmeos, Peeta?

Arregalo os olhos, me lembrando das crianças. Desci apenas para beber uma água e buscar as garrafinhas deles. Subo correndo as escadas, ouvindo Delly gargalhar me chamando de irresponsável, mas suspiro aliviado ao perceber que os dois estão exatamente onde os deixei, no meu quarto, que agora tem ursos de pelúcia, bonecas, slime e carrinhos espalhados pelo chão.

— Pops, olha meu desenho! — August grita, sacudindo uma folha rabiscada no ar, se apoiando na mesa de cabeceira. Sorrio com a cena, passando com cuidado pela bagunça e os tapetes que dispus para não correr o risco de manchar o piso novo, tendo em vista que nós nos mudamos há apenas duas semanas. — É a gente na praia!

— Achei lindo, Auggie — falo sincero, pegando o desenho rabiscado. — Vou guardar com muito carinho e amor. Sunny, o que você fez?

A menina loira sorriu, mordiscando o lápis.

— Desenhei a mamãe e o senhor! — respondeu, me dando o seu papel todo colorido.

— Vocês dois são grandes artistas, meu bem — beijei o alto de sua cabeça. — Mas ser artista da fome, então vamos, a mamãe fez o almoço, antes precisamos lavar as mãozinhas, ok?

Assentiram, partindo para o banheiro. São pequenos, tendo 4 anos recém-completos, mas sei que não vão ter problemas com a altura, pois disponibilizei degraus para que possam fazer isso. Ser pai me tornou bem criativo, e Delly mais ainda.

No meio tempo que se lavavam, guardei os brinquedos maiores, e os pequenos recolhi com uma vassoura só para isso. Abanei o edredom da cama, tirando algumas pontas de lápis, ficando surpreso com a quantidade de recortes que eles conseguiram fazer enquanto eu pintava a sala de estudo de Delly, que fica ao lado.

Entre risos e mais brincadeiras, desci com os dois em meu colo, os soltando em cima do sofá. Aos gritinhos infantis, foram correndo para a mãe, que os recebeu com um beijinho e um abraço.

— Amor, termina de cortar a carne, por favor? — pediu, e eu assenti, desfiando com cuidado, enquanto ela os colocava no cadeirão. — Sunny, se você comer o purê de abóbora... eu deixo você comer um pedacinho a mais de carne.

Segurei um riso, a observando tentar enganar a criança loira de olhos verdes.

— Qual é o tamanho desse “pedacinho“ aí?

Às vezes eu fico impressionado com a esperteza dela. É a cópia de Delly em absolutamente tudo, enquanto August lembra muito a minha mãe em aparência, mas com olhos azuis. O menino da linha Cartwright-Mellark é mais parecido comigo, é mais tímido, mas não tanto assim. Há dois meses, Delly teve que sair às pressas da escola onde estava trabalhando e correr para o hospital pois ele derrubou uma estante da creche, e acabou cortando a perna.

— Vamos, Summer, come, por favor. A pediatra reclamou dos seus exames, você não come como seu irmão — Dells insistiu, pondo suco de laranja nos copos das crianças. Auggie bateu palmas, puxando o suco pelo canudo completamente eufórico. Ele come qualquer coisa saudável, enquanto Summer é mais relutante em algumas coisas. Come sanduíches veganos, adora água, bebe suco da fruta, mas não come propriamente as frutas e dificilmente come a quantidade recomendada pela médica de legumes. Às vezes é bem cansativo.

— Filha, se você comer, eu levo você para brincar com a Cecília — me intrometo, vendo que Delly não estava convencendo a pequena. — É um trato.

Cecília é a filha mais nova de Amélia, que tem a mesma idade que meus filhos. Todos são muito amigos, mas principalmente as duas.

— E um pedacinho extra de carne? — ri, mas negando. — Ah, pops...

— Troque por uma das duas opções — Delly pede, ficando ao meu lado. — Você, senhorita, tem cinco segundos para decidir. Um... dois...

— Um pedacinho extra de carne! — Decidiu, jogando as mãozinhas para o alto. Delly sorriu aliviada, concordando.

Coloquei a comida dos dois nos pratos lúdicos, enquanto Delly preparou o próprio prato e o meu. A organização da mesa é com quatro cadeiras – nos dias sem visitas –, onde duas são os cadeirões das crianças, e duas são nossas. Por enquanto, nós dois sentamos de frente para eles, mas então podemos dar as mãos, como costume de ambas nossas famílias, e fazer uma pequena oração de agradecimento.

Hoje, quem agradeceu pela comida foi August.

— Hmmm — Summer diz, mastigando com vontade a carne misturada ao purê. — Eu amo carne!

— Eu amo pulê — o gêmeo diz, sujando o queixo com a comida. Delly sorri, se esticando para limpar com o próprio polegar.

— Eu estava pensando na gente ir na praia — sugeri, enquanto nós quatro ainda almoçamos. — O que acha?

Olhei para a loira bonita ao meu lado, que sorriu.

— Eu alguma vez neguei praia, Pepe?

— Amo praia! — As crianças exclamaram juntas.

— Ótimo, então só vou lavar a louça, e terminar com vocês a parede do escritório, para a gente se arrumar e ir.

— Papai, quando a Honey, Cherry e Muffin voltam? — August nota a falta das nossas cachorras e o último, um gatinho, todos adotados logo depois que eu e Delly nos casamos.

— Estão com o vovô Sam — minha esposa explica, paciente. — Ainda hoje o papai vai terminar de pintar o escritório, então eles vão voltar para casa. Amanhã, depois da aula, levo vocês para verem como estão, tudo bem?

Os gêmeos assentiram, satisfeitos pela resposta. Demos graças a Deus por nenhum dos dois ter alergia a pêlo, nem problemas respiratórios. Sempre foi o meu sonho e de Delly termos bichinhos de estimação, tanto que planejamos adotar mais três durante o ano. 

Nós dois nos tornamos embaixadores de uma ONG que ajuda esses animais a encontrarem lares, e é uma das melhores coisas da minha “nova” vida pós-Seleção.

— Vá descansar — peço, beijando o alto de seus fios loiros como os meus. — Só vou colocar as coisas no lava-louças.

— Só descanso quando você descansa. É a nossa regra — sorrio, quando ela juntou seu dedo mindinho com o meu. Nós dois somos muito parceiros, e eu amo isso. — Vou subir com eles, vem logo.

Assenti, cobrindo as panelas. Não tem nada mais extraordinário que o ordinário.

(...)

— Agora, coloca a mãozinha aqui, Summer — a pequenina meteu a mão na parede, numa risada gostosa, divertida demais. — Obrigado, minha linda, agora vem, August.

O menino gêmeo fez o mesmo, deixando a marca da mão na parede do novo quarto. Sorri, porque eu tive uma ideia de gênio mesmo ao fazer isso. Mas agora tenho que correr contra o tempo para não sujar a casa inteira.

Opa, opa, vem, no colo, mãos ao alto, sem tocar em nada, meus bebês — Summer fez um muxoxo, mas obedeceu, e por ser mais pesada, eu a peguei, deixando August para Delly. — Amor, pode deixar, daqui eu levo.

Ela sorriu, beijando minha bochecha, saindo do banheiro grande da nossa casa nova.

— O que acharam da ideia? — perguntei para meus filhos, que pareciam bem animados.

— Eu adorei! — August gritou, pulando debaixo do chuveiro, sujando o cabelo loiro com tinta verde. — Mas a mão da Summer parece que ficou mais certinha.

— É porque você é menino e não faz as coisas direito.

Segurei a risada, uma vez que sou pai, tenho que manter a neutralidade da situação.

— Os dois fizeram um ótimo trabalho, podem ficar despreocupados — respondi, tirando Gus primeiro, o enrolando na toalha azul, que é sua cor favorita. Então pesquei Sun, a enrolando na toalha lilás. — Que roupa querem vestir para a gente sair?

Perguntei, andando com cada um em um braço. Fazer musculação e jiu jitsu me proporciona situações como essas. Mas só pratico porque Delly faz junto comigo.

— Posso usar o maiô que a vovó Linda me trouxe? — assenti, recebendo um beijo na bochecha da minha filha em agradecimento. — Obrigada, papai.

A sentei na cama, ao lado de August, para pegar as roupas. Meus sogros vieram ontem, e nos ajudaram muito com a organização da casa. Linda foi uma salva-vidas ao arrumar a cômoda das crianças, tudo organizado por cor e tipo. Ela e Delly, com a ajuda das crianças, montaram um mosaico lindo com as nossas fotos na parede principal da sala, sobre a lareira, e também decoraram outros cômodos da casa com essas fotos, que são muito especiais para a gente.

Vesti Summer com o maiô lilás. Ela gritou de animação, e foi mais difícil passar o shorts por suas pernas curtas de neném. Bem, ela fez quatro anos semana passada, mas eu ainda a chamo de neném. E sempre vou chamar, provavelmente. Fiz uma trança embutida rápida em seus fios dourados, bem do jeito que ela gosta.

— Filha, desce devagar, e ajuda sua mãe a preparar a bolsinha para levar — assentiu, saindo desfilando, como se estivesse em uma passarela, me fazendo desmanchar em riso. Ela tem uma personalidade muito forte. — Vem August, o que vai querer usar?

Ele é mais reservado, mas apronta muito também.

— Uma roupa igual a do senhor — pediu.

Assenti, mas o fiz vestir uma sunga. Ele diz que odeia água da praia, mas é totalmente diferente da realidade. Basta Summer entrar para ele ir correndo atrás.

— Está liberado — ele então gritou animado, correndo, depois que penteei seus fios ondulados, e saiu. Corri para o meu quarto, trocando o macacão jeans por uma bermuda mais leve e uma camiseta.

Calcei meus chinelos coloridos favoritos, que as crianças fizeram o favor de pintar, já que não conseguem passar muito tempo sem estragar alguma coisa para depois, nós, pais, chamamos de arte. 

— Pops, perguntei para a mamãe se a gente não podia ir de bicicleta — Summer pediu, esticando os braços para mim, como se fosse óbvio que eu tinha que pegá-la no colo. A joguei sobre meus ombros, fazendo-a gritar animada, e eu ri, assim como Delly. — Vamos de bicicletinha, por favoooor!

— Sua mãe quem decide aqui — olhamos para Delly, que revirou os olhos castanhos, enquanto bebia água em um copo no formato de um dinossauro. Quando a gente vira pai e mãe esse tipo de coisa se torna bem comum. Anteontem bebemos champanhe sem álcool com o conjunto de chá da Summer porque esquecemos nosso aparelho de jantar na outra casa.

— Tudo bem, mas tem um custo — a loira negociou, intercalando o olhar nas crianças. — Sem slime ou amoeba por uma semana.

O quê?! — exclamaram juntos, chocados com a proposta. Sorri cúmplice para minha esposa, fazendo um toque.

— Isso ou nada, vocês vão andar por dez minutos até a praia.

— Ai, Sunny, vamos aceitar — Gus falou, se dando por vencido. — A gente brincou muito com slime ontem com a vovó Linda.

A loirinha suspirou, assentindo, embora não gostasse da proposta. Ela tem um gênio forte e delicado, tenho que dar créditos.

— Tudo bem, mamãe — Delly sorriu, a beijando na bochecha, e logo a menina abriu um sorriso de novo. — Vamos para a praia!

Delly está com os cabelos bem longos, até sua cintura, então antes de sair pediu para eu a ajudar com uma trança parecida com a de Summer. Fiz, e ela agradeceu com um sorriso. Sua roupa está linda. Resolveu usar um short curto, e a parte de cima de um biquíni vermelho, onde por cima tem ainda uma saída de praia branca rendada. Quem a olha, não diz que é mãe de gêmeos de quatro anos. Percebendo que as crianças estão distraídas, e pulando até as bicicletas, apertei seu bumbum, e ela me acerta um tapa inofensivo no braço, mordendo os lábios para esconder seu sorrisinho esperto. Rio sincero, puxando ela de uma vez para beijar sua testa.

— Papai, posso ir com você? — Gus pediu, segurando minha perna quando descemos para a garagem.

— Claro, plantinha, vem.

O prendi no cinto, já que ainda é pequeno, mas pedi para que carregasse a mochila com as comidas. Ele abraçou como se fosse um brinquedo. Moramos literalmente do lado da praia, porém como estamos com as crianças, é preferível fazer tudo de uma vez só.

Saímos calmos, aproveitando o sol das quatro e meia da tarde. Fomos rindo o percurso todo, porque é impossível não fazer isso com essas crianças. Deixamos as bicicletas no lugar adequado, sem preocupação com roubo, porque não tem disso por aqui.

Forramos a areia com uma grande toalha, deixando pequenos pesos nas pontas, e fomos para a água com as crianças.

— Eu sou um peixinho, mamãe! Olha! Eu sou um peixinho! — Summer declarou, mergulhando, batendo as pernas pequenininhas enquanto eu a segurava pela cintura. Sorri, balançando a cabeça.

— Eu sou muito mais do que você, já fico sozinho aqui, olha! — Gus deu um mergulho, mas voltou no segundo seguinte, engasgado. — Ai, acho que não.

Delly gargalhou, pegando o menino, batendo cuidadosamente em suas costas até ele voltar a respirar normalmente. Eles crescem rápido, mas ainda são muito pequenos. É fácil dormir com eles em nosso peito ainda, ou carregar nos braços.

— Acho melhor a gente ficar um pouco mais na areia — ela sugeriu, e eu concordei. Ficamos onde a areia estava molhada, mas a água não vinha com força. Passamos pelo menos uma hora com as crianças montando castelinhos de areia.

— Como você consegue fazer isso, Dells? — perguntei impressionado como todas as vezes. Ela tem um dom impressionante para montar coisas com areia. As crianças adoram.

— Porque as meninas fazem tudo melhor — Summer respondeu, trocando letrinhas, mas foi claro o que quis dizer. August nem se abala mais pelas ofensas da gêmea.

— Mentira que eu e o papai fazemos uma torta de limão melhor que você e a mamãe — a menina ficou pensativa, soltando a pá que usava para decorar o castelinho na areia.

— Só nisso — eu ri, concordando.

No final, tirei uma foto deles dois na areia, perto dos seus castelinhos. Eu amo poder fazer isso. Amo poder ter uma vida normal e simples como eu e Delly sempre planejamos, embora hoje tenhamos muito mais luxos, claro, pelo meu atual cargo de ministro no governo de Katniss e Gale.

Mamãaaaae — Gus chamou, se esticando na areia, fazendo uma careta de choro. — Estou com fome.

— Trouxe seu sanduíche, não se preocupe, Auggie — graciosamente pegou o menino, o aninhando em seus braços com um sorriso. Ela ama tanto essas crianças. Num mundo paralelo em que continuaríamos em Illinois, como um casal Sete, provavelmente eles não seriam uma realidade, apenas um desejo que não poderia ser cumprido facilmente.

Summer engatinhou até mim, dengosa, pedindo a atenção que o irmão estava recebendo. Os dois são muito amigos e cúmplices, porém tem muito ciúmes um do outro também. 

— Estou com uma preguicinha — Sun disse, depois de comer metade de um sanduíche, e me dar a outra babada. Comi sem nojo, a gente perde a frescura com isso. — Poxa, só um chocolatinho agora, né?

— É verdade… um docinho cairia bem — Gus concordou, deitado no peito de Dells, com as pernas curtas ao redor da cintura da mãe, que afagava cuidadosamente seus cabelos cheios de areia.

— Vocês gostam de combinar as coisas, não é? — Delly perguntou, balançando a cintura, fazendo August mexer e rir. — Sem chocolates. Principalmente você, Sunny-Sunny. A médica explicou que você não pode comer doce.

A loirinha fez um muxoxo.

— Pops, por favor? Por favorzinho?

— Agora você recorre a mim, né, senhorita? — fiz cócegas em sua barriguinha, e ela gargalhou gostosamente, com seus gritinhos de neném, caindo na toalha que a gente forrou.

Nãooooo! Mommy me ajuda! — pediu, e o outro negou, rindo, se escondendo na roupa de Delly, que gargalhou também com a cena. — Papaiiiii!

— Não! Não! Não faça cócegas em mim! — pedi, a deixando vencer, mas sem que ela entendesse. Logo se jogou na minha barriga, atacando minhas costelas com as mãos minúsculas, e eu me fingi completamente derrotado. Mas eu realmente fiquei porque Delly e Gus logo se juntaram.

— Atacar! — Delly gritou, ajudando na bagunça, e rimos até todo mundo estar vermelho e sem fôlego.

Quando o sol estava se pondo, e as crianças ficando cansadas de tanto correr de um lado para o outro, resolvemos voltar.

— Crianças, hora de irmos, vem — minha linda esposa disse, com um sorriso, de joelhos na areia, colocando as pás e os moldes dentro de um dos baldinhos que eles têm para brincar quando nós vamos à praia.

— Filho, não dorme, tem que tomar banho... — mexi, o colocando na cadeirinha da bicicleta.

— Mas eu estou limpinho, papai — pontuou, com o rosto branco corado do sol, mesmo que com protetor solar. — Só um pouco de areia no meu pé.

— Não, tem que lavar pra não dar bichinhos, a vovó falou — Sun disse, também com os olhos pesados de sono. Ela tem lindos olhos castanhos âmbar, como Delly, se sobrepondo aos olhos azuis claros de August.

Nós dois planejamos por muito tempo qual seriam os nomes, e entramos num claro consenso ao descobrir que seria um menino e uma menina. Verão e agosto, é o que significa seus nomes. Em Angeles, onde nasceram, o verão está no auge em agosto, mês de férias, festas e muita alegria. Não consigo me imaginar chamando eles de outra forma, a não ser pelos apelidos que são derivados.

— Fica acordado, meu anjo, logo a gente está em casa e você na sua cama limpinha — Delly acalmou o Gus, fazendo carinho na bochecha dele.

Ele assentiu, já respirando mais devagar, abraçando minhas costas. A cena me fez sorrir, pedalando com ainda mais cuidado. Viver em Santa Bárbara foi uma boa escolha.

Gale foi o vencedor da Seleção, se tornou rei, e eu o seu braço direito no conselho nacional. Eu levei algumas semanas para aceitar, porque tive contato com a fama, e não gostei. É um cargo de muita exposição e responsabilidade. O que eu iria somar sendo um jardineiro do Sete?

Eu tinha começado a gostar de Katniss de outra forma quando Delly chegou ao palácio. Ao vê-la, eu sabia que não teria como eu realmente me apaixonar por Katniss. A atual rainha de Panem é linda, gentil, amável. Porém meu coração sempre foi da Delly, professora, filha de pais médicos, e que me amou quando eu não tinha nada a oferecer que não fossem promessas e minhas intenções sinceras. A gente não escolhe quem amar. Sempre foi Delly, e sempre vai ser.

Contamos logo para Katniss toda a verdade. Ela pareceu decepcionada, e eu também fiquei. Mas ao invés do que eu imaginava, agradeceu pela honestidade, e lembrou que tínhamos uma promessa. Eu não deixaria que ela escolhesse a pessoa errada.

Muita coisa acontecendo, como o Finnick e Annie sendo pegos aos beijos numa sala, eu os defendendo, alguns ataques nortistas... não foi fácil, mas ela me manteve. Eu pude conversar mais com o Gale, e perceber que ele tinha muitos sentimentos por Katniss. Acho que eles estavam predestinados, porque antes do natal ela disse que já gostava muito dele.

A amizade que nós dois desenvolvemos foi o suficiente para provocar a prisão da rainha Clara, libertando Katniss das perturbações e abusos sofridos. No natal, se não fosse pelo falecimento da minha mãe, todo mundo estaria muito feliz e realizado, pois as coisas começaram a caminhar bem.

Com a prisão de Clara, as revoltas no sul se contiveram. Mais ainda após eu enfim aceitar o cargo que me foi oferecido. No dia do noivado, tudo correu muito bem, assim como na coroação e o deslumbrante casamento. Gale era um nortista, e revelou para Katniss antes de tomar a decisão. Foi um outro ponto para acalmar as revoltas ao redor do país. Eles fazem uma dupla bem dinâmica, raramente discordam em alguma coisa, os dois são o tipo de casal óbvio.

Tiveram o Henry, uma criança incrível. Hoje tem quatro anos, é impossível não querer brincar com ele se estiver por perto. Gale e Katniss o adoram, e não posso julgar. Faço o mesmo com minhas crianças. Eu e Delly tivemos a honra de sermos os padrinhos de Henry, e é um prazer muito grande. Os dois também são padrinhos dos gêmeos. Katniss e Delly se dão muito bem, são muito amigas até hoje. Ouso dizer que melhores amigas.

Pensamos que fosse dar algum problema, mas é inegável a química entre as duas, é impossível não notar. É normal eu ir trabalhar e acabar voltando com minha esposa e os gêmeos no carro, pois ela faz muitas visitas à amiga, e também leva as crianças para fazer companhia ao Henry, que adora. Ele, August e Summer fazem uma bagunça tão grande que eu assumo não gostar muito quando eles vêm aqui, porque é certo que alguma coisa vai sair manchada ou quebrada.

Olho para Delly pedalando, e ela olha pra mim, deslizando para um sorriso torto. Nós temos uma comunicação muito silenciosa, dificilmente temos diálogos muito longos, porque essa é a nossa linguagem do amor. Eu tenho muita sorte. Tenho a mulher que eu amo, filhos incríveis, animais de estimação como sempre quis, e uma casa incrível, levando uma vida normal e tranquila em um dos bairros mais seguros da Capital Angeles. O que eu poderia querer além disso? Nada. Absolutamente nada.

 

Katniss e Gale

 

Você é tudo o que eu quero, não há nenhum outro

Nós dois juntos, eu me lembro

Doce amor a noite toda (a noite toda, a noite toda)

 

Nosso amor era mais forte do que seu orgulho

Além da sua escuridão, eu sou sua luz

Se você me conhecer profundamente, você toca minha mente

(Se você me conhecer profundamente, você toca minha mente)

Batize suas lágrimas e seque seus olhos

(Batize suas lágrimas e seque seus olhos)

— All Night, Beyoncé

, não é possível que você tenha vencido mais essa partida, Gale! — exclamo, irritada. Meu marido ri sinceramente do outro lado da rede de tênis. Quase cancelo a raiva por ver ele vestindo roupas esportivas, que ficam lindas nele.

— Aceita, muse! Perdeu!

Eu estou com raiva, mas ele usou justo o apelido que sabe que me derrete. Gale diz que eu sou sua musa inspiradora, não de forma clichê, é literalmente. Escreve músicas ao meu respeito. Daí me chama de muse, que é musa em italiano, meu idioma favorito.

— Vou beber água, para ver se assim eu não acerto a raquete bem no meio da sua cabeça.

Gargalhou mais, contagiando quem assistia a partida.

— Mamãe, a senhora foi incrível! Um anjo! Anjo! — Henry exclamou, vindo correndo até mim. Abri um sorriso enorme ao vê-lo, o pegando no colo.

— Você viu tudo, meu amor? — assentiu, olhando para os lados. — E a aula?

— Foi muito legal! Aprendi a escrever o meu nome todinho. Agora, sei separar em sílabas. Meu nome completo é Hen-ry Snow Ever-de-en Haw-thor-ne. Henry Snow Everdeen Hawthorne. Henry Snow Everdeen Hawthorne.

Afaguei seus cabelos, beijando sua bochecha. Ele piscou os olhos diversas vezes, mexendo o ombro, mas não me assustei. Ele tem síndrome de Tourette, o diagnóstico foi precoce, porque se manifesta muito claramente nele com esses tiques. Agora que ele fala, geralmente repete o que julga importante, reafirmando o que acabou de dizer ao menos três vezes. Nada afeta o âmbito da sua inteligência ou expectativa de vida, da mesma forma que não é necessário medicação, apenas paciência e gentileza para lidar. Henry tem melhorado bastante.

Começou a falar com quase três anos, e repetia tudo, hoje, dois anos e meio depois, é um pouco mais difícil isso acontecer.

— Você é um rapazinho muito inteligente — sorriu, agradecendo. Ele é uma mistura homogênea de eu e Gale, isso era de se esperar, já que eu e meu marido temos o mesmo fenótipo. A pele oliva, olhos cinzas, cabelo escuro, e é assim nosso filho. Tem momentos e feições que Henry parece mais comigo, outras que mais com Gale.

— Obrigado! Eu estou aprendendo muita coisa mesmo, devo ser muito inteligente mesmo. Muito inteligente mesmo!

Ri, balançando a cabeça, pondo ele no chão. Parece que foi ontem que estava aninhado nos meus braços, mamando, tão pequenininho. Hoje já corre, fala, dá cambalhota. Foi correndo na direção do pai quando o viu. É a criança mais agitada que nós já vimos. Ele pratica muitos esportes, tendo o amparo do pai em todos.

Gale estava conversando com um ministro, com uma feição séria, escutando o que o responsável pela saúde tinha para dizer. Mas quando Henry gritou, um sorriso enorme surgiu em seu rosto tão bonito, se abaixando para pegar a criança nos braços, o jogando no ar, então embalando em seus braços fortes.

A cena é comum, mas eu ainda me desmancho de amor por ele. Gale é descomplicado, você não tem como ter uma outra perspectiva, ele é isso aqui que sempre demonstra ser. Gale é um cookie de chocolate. É exatamente o que parece ser: simples, descomplicado, e como esposa, acrescento que ele é uma delícia, da forma mais literal possível. Muito mesmo. Nós damos tão certo. Nosso casamento foi um conto de fadas.

— Majestade, gostaria de água gelada?

Um dos nossos criados perguntou, indicando uma cadeira na sombra, ao lado de Prim. Aceitei, agradecendo com um sorriso.

— É o Marcell? — perguntei para minha irmã, a vendo com uma expressão triste.

Negou.

— Ele é ótimo em tudo, beija bem, fala bem, me escuta. Por que ele seria o problema? — respondeu, em um suspiro. — Talvez eu devesse ter a minha seleção.

Abriu um pequeno sorriso. Suspirei, fazendo um carinho em seu ombro.

— Prim, você não precisa ficar com quem você não gosta.

— Mas você sabe que eu preciso. Esticaram até meu aniversário de 22 anos para me casar. Acho que vai acabar sendo com Marcell mesmo. O que não acho que seja de tudo ruim, ele é adorável, me faz rir. Me deixa feliz. Só fico me perguntando se eu já conheci o amor da minha vida e não sei.

Infelizmente, é algo muito complicado. Por causa dos distritos, Prim está presa com a única opção de se casar com um Um. Ela quem sugeriu Marcell, sabendo que o irmão mais novo de Nicolau sempre gostou muito dela, e não seria um estranho. Essa é a tradição. O mais velho tem uma Seleção, enquanto o mais novo é prometido para promover alianças comerciais por causa dos distritos. Nenhum de nós é realmente livre para amar. É sorte.

Ela e Stuart, o irmão de Peeta, sempre gostaram muito um do outro. Mas o romance não pode ir para a frente por causa das condições diplomáticas que nos cercam. Por um tempo, temi que pudessem fugir para ver no que poderia dar essa paixão. Ela mantém um diário com fotos do tempo que se relacionaram, eu sinto muita pena. Confesso que se fizessem isso – fugir –, eu encobertaria os dois até o dia que eu morresse. Delly me contou que Peeta disse que Stuart pediu para que fossem para a América do Sul, viverem onde ninguém poderia incomodá-los, mas Prim negou. Eu deixei claro que a ajudaria. Mas nós não podemos fazer nada pelo outro, ainda que seja o que a gente mais quer, se a outra pessoa não quiser ajuda.

— Posso fazer alguma coisa por você? — perguntei, fazendo carinho em seu ombro. Ela hoje tem vinte anos, e é uma moça estonteante, como era de se imaginar que seria. — Quer que eu consiga uma viagem para você ver o papai?

Negou. Marcell está vindo para passar o resto do final de semana com ela aqui em Panem e eles estão noivos. Nicolau disse que não vai mais se meter nos afazeres do irmão, e eu entendo completamente.

— Eu gosto de Marcell, Katmiss — disse sorrindo, usando meu apelido. — Eu gosto muito. Meu único ponto é... será que é só isso? A vida vai me dar apenas isso?

— Pepê, a vida é sobre aprender a amar — falei. — Experiência própria. Me apaixonei por Gale, e ainda estou aprendendo a amá-lo, é algo para o resto da vida. Você precisa querer se abrir para isso também. Marcell vai te fazer feliz. Você sabe. E as fotos que tiraram juntos para o noivado ficaram ótimas.

Assentiu, parecendo um pouco mais aberta para a situação. Íamos conversar mais, porém logo eu estava sendo convocada para uma reunião de negócios, e fui com as roupas de tênis mesmo.

Passei a manhã toda entre conversas diplomáticas, sucos sem açúcar pela preferência dos líderes do Japão, e muitos papéis assinados. Quando os japoneses anunciaram que tinham terminado o negócio cinco minutos antes do almoço, me contive para não sorrir demais. Quero apenas aproveitar a tarde com meu marido e filho.

— Finalmente vamos poder almoçar sossegados! — exclamei, quando já estava sozinha com Gale e Henry. Hoje é um sábado, é quase pecado ter que trabalhar num dia como hoje.

— Sossegados! — Henry repetiu, nos fazendo rir, enquanto corria na nossa frente à caminho da sala de jantar. Gale passou um braço por cima dos meus ombros, me trazendo para perto, sem se importar com o fato de eu precisar de um banho para tirar o suor por causa do jogo de tênis, e então toda a manhã discutindo política.

— Pensei que talvez pudéssemos aproveitar a Prim morando aqui no palácio para a gente aproveitar — sugeriu. Mordi os lábios, para não demonstrar o quanto a ideia me acalma e anima.

— Baby, o que acha de passar a tarde com a tia Prim — perguntei, sentando ele na sua cadeira.

— Eu acho legal, amo a tia Plim — sorri da sua troca de letrinhas. Ainda é comum nele isso. — Ela me ajuda a desenhar.

— Isso, você vai poder passar a tarde desenhando e pintando com ela o que acha? — bateu palmas, comemorando. — Antes de ficar escuro a gente te busca para terminamos de montar a estação de trem que o vovô te deu de aniversário, ok?

Simmmm!

Eu e Gale rimos da sua comemoração. É uma criança adorável. Mesmo com tudo conspirando para que não, é muito bom e tranquilo cuidar dele. Acho que a maior arte que já fez foi ter quebrado um copo, e se cortado todo, por não saber da gravidade, isso quando tinha dois anos de idade. Ele não faz muita bagunça, dificilmente chora. Lembro bem que no dia que ele nasceu, estava dormindo. Céus, eu tomei um susto tão grande, Gale ficou pálido, sem saber como me dar a informação, até que recebeu um tapa da médica, e gritou, demonstrando estar muito vivo e bem saudável.

A mãe de Gale, Hazel,  passou todo o período da minha gravidez no palácio com Rory e Posy. Seu marido vinha visitar às vezes. Preferiu ficar em Miami do que em Angeles com o resto da família; Gale diz que é assim mesmo, ele é complicado. Foi um período bem agradável, ela me tratou como filha, eu precisei e muito dela aqui por perto. Eu sinto saudade por aqui com as crianças, mas depois que Henry completou 6 meses, achou que seria bom dar mais privacidade e liberdade para eu e Gale cuidarmos do nosso filho.

— Papai, por que o senhor é tão bom jogando contra a mamãe, mas comigo perde todas as vezes? — Henry perguntou, depois de engolir uma colherada de cozido de carneiro.

— Porque você joga melhor do que o seu pai, Moon — respondi com um sorriso, enquanto Gale limpava o queixo do pequeno. Moon é um apelido dado por Gale, por causa da cor dos olhos dele, que tem a cor de uma lua cheia.

— Mas eu acho que eu jogo tão ruim quanto a senhora, mamãe, com todo o respeito. Gale riu. Claro que deixava nosso filho ganhar descaradamente. Ele jogava tênis com os amigos de Finnick, que eram ricos do Quatro e Três. É quase um profissional passivo nos esportes que nós da realeza temos o costume de praticar.

— Moon, você tem que terminar de almoçar se quiser que mais tarde nós três passamos a noite montando a pista de trem... — Gale chamou a atenção do pequeno, que assentiu, pedindo desculpas cinco vezes, e voltou a comer normalmente.

Fomos para o quarto, eu decidi tomar um banho junto com Henry, antes de levá-lo para Prim. Gosto muito desses pequenos instantes que nós temos na nossa rotina. Enquanto meu cabelo sentia o efeito da espuma do xampu, eu estava agachada passando a espoja no formato de um carrinho nas costas de Moon, que apertava um patinho numa mão, e na outra um soldado. Balbucia coisas que ainda não entendo, mas é algo sobre o patinho ser um assassino cruel, mas o soldado legal demais para matá-lo.

— Amor, enxágua o soldadinho também — pedi, para que não voltasse ao quarto com o boneco cheio de espuma. Assentiu, e do nada espirrou, se assustando, me fazendo gritar de tanto rir da cena, e ele também. — Você é tudo na minha vida, Henry. Você não faz ideia.

Sorriu, com os cachinhos castanhos escuros molhados por causa da água. Passei condicionador em seu cabelo, assim como no meu.

Lava, lava, lava, laaava — cantarolou, mexendo a cintura de um lado para o outro, me fazendo sorrir. Faço questão de evitar ao máximo que ele tenha que ficar com babás, ou mesmo seja mais cansativo.

— Agora enxágua — e o coloquei debaixo do chuveiro. Sai primeiro, me enrolando em uma toalha grande, para poder pegar a dele, que tem a estampa da Patrulha Canina, sua obsessão no momento. — Vem, vou pedir para buscarem uma roupa para você, homenzinho. Gale!

Chamei meu marido, que apareceu em um instante, abotoando a camisa.

— Busca por favor uma roupa para essa criança? — sorriu, assentindo, indo até a minha penteadeira, entregando uma bermuda e uma camiseta amarela. — Obrigada por me conhecer tão bem.

Beijei seus lábios de maneira casta, fazendo ele rir. Eu amo tanto essa sua espontaneidade. Gale faz meus dias mais leves. Não preciso pensar muito sobre minhas reações quando estou perto dele e isso vale mais do que palavras para explicar.

Fiquei de joelhos na cama, depois de colocar Henry em cima, o vestindo. Pareceu não ter gostado muito, prefere ficar sem camisa e só de cueca pelo palácio. Já aconteceu de aparecer assim duas vezes durante alguma aula, quando eu e Gale não o arrumamos e o deixamos sob os cuidados de babás.

Papaaaai — chamou, pulando na minha cama.

Siiiiiim, Moon — Gale respondeu, se aproximando enquanto eu ia para o closet me vestir. Logo escutei as gargalhadas do pequeno preenchendo o quarto, me fazendo sorrir.

Vesti uma saia plissada e uma blusa de botão branca, já que não sei para onde vamos, mas temos jornalistas espalhados pelo palácio.

Quando saí arrumada, depois de calçar minhas sapatilhas, nenhum dos dois estavam mais no ambiente. Então aproveitei para passar um batom vermelho, e secar meu cabelo, que está na altura dos meus ombros, já que eu queria mais praticidade. Um filho de quatro anos tende a ser bem punk. Passei um corretivo embaixo dos olhos, por ter dormido pouco essa noite. Fiquei acordada por causa de alguns trabalhos, lendo longos processos sobre o fim gradativo dos distritos.

Peeta que me incentiva desde o princípio, ele sempre foi contra. Gale aprova, mas de maneira mais devagar, primeiro de baixo para então tirar os distritos superiores, como eu. Peeta discorda claramente, dizendo que deveria ser ao mesmo tempo, junto com medidas de incentivo à educação maiores; bem, tê-lo tornado o meu braço direito no governo foi uma das melhores decisões que eu tomei. Mesmo em discordância em alguns pontos, Peeta é alguém que eu confio, e muito.

Eu nutri algum sentimento por ele, por um bom tempo estava certa que seria minha escolha. Peeta é decidido, corajoso, embora tímido, é atrevido, não tem medo de falar o que pensa e o que sente. Eu gostei de tudo isso, sem contar que tem uma beleza além do normal. Mas então me contou que Delly, na verdade, era sua ex-namorada de quando morava em Saint Cloud, e que com ela por perto novamente, tinha a certeza que não poderia nutrir sentimentos por outra pessoa que não fosse ela.

Honestamente, isso partiu meu coração. Principalmente porque Delly era uma grande amiga, ainda que estivéssemos juntas por pouco tempo. E eu já gostava de Peeta. Ele viu coisas ao meu respeito que eu levei meses de casamento até que Gale pudesse ter acesso. Mas entendi, e o fato de ter me contado a verdade, foi mais do que suficiente para que, de alguma forma, eu confiasse ainda mais nele. Posso afirmar com tranquilidade que Peeta é meu melhor amigo, depois de Gale, e os dois são muito amigos também, assim como eu sou de Delly.

Delly é uma das melhores pessoas da minha vida, minha melhor amiga. Às vezes me pergunto o que seria eu hoje sem a sua amizade, e conselhos que, quando eu sigo, dão muito certo. Nossos filhos são grandes amigos, desde que nasceram, e eu amo isso. Espero que essa relação se mantenha ao longo dos anos.

Retomando meus pensamentos ao meu relacionamento com Gale, ele é a paz que eu preciso no meio de todo esse turbilhão de emoções que é a minha vida. Gale é meu porto-seguro com seu jeito manso e tranquilo, a voz que me embala, e que me motiva a ser uma pessoa mais paciente e generosa só por vê-lo falar e estar ao meu lado. Nós raramente discutimos, e quando isso acontece, é por algo besta, nada algo que tenha nos feito dormir em quartos separados ou algo do tipo.

Depois do que aconteceu com Finnick, Gale me contou ser um rebelde nortista, e qual era sua intenção no palácio. Mas também declarou seus sentimentos por mim, e me levou até uma das sedes rebeldes em Angeles. Eu senti no meu coração que ele era a escolha que eu deveria fazer.

Peeta e ele desmascaram minha mãe, que foi presa em flagrante por suas agressões, o que ocasionou no seu divórcio com o meu pai no final da Seleção, antes do grande anúncio do noivado.

No dia que fiz o anúncio, tudo correu muito bem, foi muito especial. Meu coração se aqueceu ao poder segurar na mão de Gale, pude sentir o calor do carinho e amor que nutrimos um pelo outro, e eu sabia que estava segura com ele ao meu lado.

Nos casamos antes da coroação, cumprindo protocolos, e eu não me importei. Aproveitamos uma excelente lua de mel na França, um presente de Glimmer, a primeira na linha de sucessão do trono francês, e uma grande amiga.

Eu e Gale somos muito parecidos. Seja em traços físicos como emocionais, opiniões sociais. Ele sabe o que é ter uma crise de ansiedade, depressão. Nós nos entendemos. Gale é doce, compreensivo. Nosso relacionamento é tranquilo, mas também com muita paixão. Isso porque parece saber os momentos em que eu quero beijar ele até esquecer meu nome, enquanto em outros quero apenas chorar de rir assistindo algum desenho que Henry nos força assistir. Desde que nosso bebê nasceu ele é o melhor pai de todos.

Amo amar Gale. É amável se sentir amada por quem se ama. Parece complicado, mas nós entendemos. Me sinto como um pedaço de argila nas suas mãos, e ele me toca como se me esculpisse e eu pudesse partir, ao mesmo tempo que pedisse por mais aperto até ficar boa o bastante. Daí que Gale tira uma carta, ao dizer que eu sou boa o bastante para o cargo de musa da sua vida e muito mais.

Dou um sorriso ao pensar nos seus elogios constantes, mesmo que às vezes eu não me sinta tão confortável.

— Você fica tão linda quando está pensando — tomo um susto com a voz de Gale, enquanto guardava o secador na gaveta da penteadeira. Por sorte estava sentada, mas isso já foi suficiente para deixar cair meu Smarter no chão, e dou uma risada, assim como ele, no seu jeito meigo de sempre.

— Céus, Gale, você sempre me diz que eu sou linda.

— Estou apenas reafirmando o que eu penso e vejo todos os dias — replicou, beijando minha bochecha, então me abraçou pelos ombros, comigo ainda na cadeira. Olhei para nosso reflexo no espelho, e encosto, suspirando com um sorriso bobo. Amo que somos nós. Eu não sei se poderia ser tão feliz com outra pessoa. E ele também dá um sorriso, olhando para o espelho. Até que desvia os olhos, tirando meus cabelos do meu pescoço, segurando, para distribuir beijos arrastados.

Fecho meus olhos, me segurando nos braços da cadeira, inclinando o corpo para sentir seus beijos. Desce a alça da minha blusa, e mordo os lábios. Gale sabe o que me agrada, e faz de propósito.

— Não lembro de algum de nós ter algum compromisso hoje de tarde — sussurrou, virando a cadeira para de frente para ele. Abro os olhos, sorrindo, me colocando de pé, em desafio. — Que olhar é esse, senhora Hawthorne?

— Não sei, estou esperando você — respondi, desabotoando sua camisa social devagar. Ele apenas me içou, me colocando presa na sua cintura, e me deitou na cama, aos risos. — Gale, você é a melhor pessoa do mundo.

Riu, me fazendo rir, no meio dos beijos, porém logo estávamos fazendo outros sons, e estava com apenas duas peças de roupa. Esse é o ponto especial de Gale. Numa hora estamos rindo, e na outra estamos nos amando em algum lugar. Parece que me faz rir até eu perceber que já estamos sem roupas.

Ele me toca como se eu fosse um piano, ou um violão, dedilhando meu corpo. Gale faz com que eu me sinta a pessoa mais especial do mundo. Beija meu rosto, minhas clavículas, meus seios, e meu corpo como se eu fosse preciosa. Eu me sinto preciosa sob seus olhos. Me sinto a coisa mais importante do mundo com o cuidado e paixão com que me trata.

Puxo seus cabelos, depois de descer com seus beijos, para que possa olhar em seus olhos e sorrir. É incrível como todas as vezes são como se fosse da primeira. 

Tira com todo o zelo do mundo minha última peça de roupa, fazendo carinho nas minhas pernas, e eu me sinto mais pronta do que nunca. Não sei descrever as sensações que me causa. Apenas sei que deixo marcas no seu corpo que são difíceis de cobrir com maquiagem.

Sinto me afundar no colchão, suspirando, com a respiração entrecortada, no meio de um sorriso, no nosso ritmo acelerado. Gale faz parecer como se fosse uma orquestra sinfônica. Faz com que eu chegue lá, e sinta como se fosse um agudo, o momento mais emocionante do ato. Me desmancho em seus braços, sentindo como se nada pudesse me desanimar. Não demora para que sinta o mesmo que eu, e caia ofegante ao meu lado na cama, também com um sorriso.

Nossos corpos brilham com a luz do sol que passa pela janela, destacando o suor do momento, mas não me importo, nem ele. Olho em seus olhos tão bonitos, que nesse momento parece uma tempestade, ainda enegrecidos pelo instante, e olhando para meu dorso desnudo. Ele me preenche com seus dedos, e eu fecho os olhos de novo, arfando. Seus movimentos são lentos, mas eu me reviro, arranhando seus braços, beijando sua boca, até que eu me desfaça outra vez, quando ele sopra em meu ouvido que ama quando estou tendo prazer. Se torna demais para suportar.

É difícil querer parar quando me olha assim — sussurro, como se não estivesse gritando agora pouco. Coro, mas com um sorrisinho que ele entende, refletindo.

— Porque eu não quero que você pare — respondeu, desviando a atenção do meu corpo por um instante para me olhar bem nos olhos. Ainda o encarando, e ele sustentando, puxo os lençóis, o observando ficar mais ofegante, quando nos juntou novamente. E fazemos tudo de novo. Nós nos encaixamos tão bem, até dessa forma. Principalmente dessa forma. Dou uma risada com meu pensamento, mas logo paro de rir, vibrando, prendendo minhas pernas ao redor de seu quadril para que vá mais fundo e eu não saiba dizer onde eu termino e ele começa.

Depois de um bom tempo no quarto, e um banho demorado, veio a realidade, mas uma realidade que eu gosto. Fomos receber Marcell, que é como Nicolau, mas mais discreto, e os olhos são azuis cristalinos, como de Prim.

— É sempre um prazer ter você por aqui, Cece — o rapaz sorriu, retribuindo carinhosamente meu abraço. — Fico feliz que vá passar mais tempo conosco agora, com o noivado.

— Você não pode imaginar o quanto eu estou feliz com isso também, Kattie. Adoro Panem, mesmo que nós vamos para a Inglaterra após o casamento, eu gosto muito daqui.

Prim logo aparece, com passinhos apressados, para envolvê-lo em um abraço bem apertado. Ela e Stuart se apaixonaram, tendo sido muito importantes um na vida do outro. Ainda são, porque mantém algum contato. Mas a forma pela qual ela tem tanto zelo por Marcell e ele por ela, acredito que possa se apaixonar novamente. Torço muito para que isso aconteça. Não me preocupo mais porque minha mãe está exilada na Inglaterra, e elas duas têm algum contato. Prim ainda é muito apegada, e se minha mãe dizer que é melhor que se case com Marcell, assim ela o fará, e será feliz com isso. Eu espero.

Resolvo então deixá-los à vontade, e entrelaço meus dedos com os de Gale, em uma caminhada tranquila pelo palácio, enquanto escurece. É muito bom poder estarmos juntos. Nossa rotina nem sempre permite isso.

— O que Henry deve estar fazendo agora? — perguntei, encostando a cabeça em seu ombro.

— Muita bagunça, com certeza.

Ri, concordando.

— Vem, eu quero aproveitar esse minutinhos que a gente ainda tem — digo, o puxando pela mão.

— Para onde? Muse! — logo corre atrás de mim, sorrindo, como eu.

Quando entramos na sala de dança, parece ainda sem entender o que está acontecendo.

— Tocar a música programada — digo para meu relógio, e no instante seguinte, o ritmo de uma de nossas músicas favoritas preenche o ar. Entendendo, segura minha cintura, e com a outra mão entrelaça nossos dedos, como se estivéssemos em um baile formal.

(Unchained Melody, na versão da Norah Jones)

Oh, meu amor, minha querida

Eu anseio pelo seu toque

Há um longo e solitário tempo

O tempo passa tão devagar

E o tempo pode fazer tanto

Você ainda é minha?

Eu preciso do teu amor

Eu preciso do teu amor

Deus me de o seu amor

 

Rios solitários correm

Para o mar, para o mar

Para os braços abertos do mar

yeah

Rios solitários suspiram "Espere por mim"

Espere por mim

Eu voltarei para casa

Espere por mim

 

Você é tudo, Muse — sussurra, beijando minha bochecha, com o carinho de sempre. — Tudo. Você é incrível. Toda a galáxia cabe dentro dos seus olhos.

Só sou completa quando estou com você — sussurro de volta, sorrindo mais, beijando de maneira casta seus lábios tão convidativos. — Só quando estou com você, amor.

Luzes coloridas piscavam ao ritmo calmo, e nós deslizamos de maneira calma, com minha cabeça em seu ombro, me fazendo sentir o seu perfume. Fecho os olhos, suspirando feliz por esse pequeno instante de felicidade pura e tranquila entre nós dois.

Não leva muito para Henry adentrar no ambiente, tirando de nós dois uma risada, e foi assim que ficamos até a hora do jantar. Se eu pudesse trocar uma coisa, por menor que seja, eu não trocaria. Minha vida é incrível, do jeito que é. No final, todos conseguimos o que sempre sonhamos.


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Notas finais do capítulo

Gosto de como escrever e ler faz com que sejamos transportados para uma outra atmosfera. é brilhante, isso serviu como uma ferramenta para que eu não tirasse minha própria vida - literalmente - em muitos momentos. eu sou uma sobrevivente de tentativas (muitas) de suicídio, mas poder escrever e entrar em outros mundos me trouxe de volta para esse mundo, que tem muita coisa que podemos viver e aproveitar. Nem sempre dá para ser otimista, mas a gente tenta. Obrigada, de todo o meu coração, por ter lido, por ter passado raiva, se emocionado, achado graça. vocês são muito importantes para mim e sempre serão. Aguardem o epílogo! Em breve estarei postando. Não deixem de comentar o que acharam, podem fazer comentários longos, até porque eu os amo completamente. Obrigada, pessoal. Vocês foram família sem nem saber



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