A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 68
O amor nunca foi tão bom | A Herdeira


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último capítulo sem ser bônus ou o epílogo e eu estou sinceramente emocionada. Foi uma jornada muito grande, estou feliz que estou conseguindo concluir aqui. Obrigada por tudo. Vou falar mais no epílogo (que vai ser bem longo) e espero muito que vocês gostem! Em breve vou colocar os gifs e links, então deem uma furada pra baixo para ver se tem o gif, se não tiver, esperem até eu colocar para ser mais divertido e até nostálgico kkkkkkkkkkk



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E duvido que alguma vez pudesse ser
Não como você me abraça, me abraça

Oh, meu bem, o amor nunca foi tão legal
E duvido que seja meu
Não como você me abraça, me abraça

E a noite vai ficar bem
Tenho que voar, tenho que ver, não posso acreditar
Não aguento isso, porque

Meu bem, toda vez que eu te amo
Entrando e saindo da minha vida
Entrando e saindo, meu bem
Me diga se você realmente me ama
Está entrando e saindo da minha vida
Entrando e saindo, meu bem
Então, meu bem, porque o amor nunca foi tão bom

Ooh, meu bem, o amor nunca foi tão legal
— Love never felt so good, Michael Jackson feat. Justin Timberlake 

De repente, Arthur completa 17 anos e Grace já tem 19, quase 20. Se alguém me dissesse que era rápido assim, eu teria voltado mais cedo mais vezes, para colocar eles para dormir. Porém não tenho muitos arrependimentos sobre isso.

— Pai, agora que a Tete está na Rússia, fazendo barbaridades sexuais com o namoradinho dela, eu posso finalmente ir para a casa da tia Prim e o tio Stu? 

Dou uma olhada para Art, que põe as mãos no peito dramaticamente. Toda a paz que tivemos durante a gravidez dele foi colocada em fogo quando ele nasceu, e se um dia nossa vida foi minimamente calma, não é mais. 

— Tio Ben quem pediu para eu pedir, em minha defesa. Ele quer ver a namorada irlandesa.

— E por qual razão Ben quer meter você nessa? — meu irmão mais novo é um folgado para isso, ainda que ele trabalhe e tenha dinheiro para pagar boas passagens aéreas para visitar Stuart, ele prefere o que é de graça, claro. 

— Quer o aerodeslizador que só você, a mamãe e Aster usam, evidentemente — Art é totalmente sem filtro, ele se surpreende tanto quanto as outras pessoas conforme as coisas vão saindo da boca dele. Suspiro, mas sem conseguir me estressar. Eu era assim quando era mais novo. — Vaaamos. Me deixa ir?

— Sinto muito, mas Grace está na Rússia e sua mãe está usando em uma viagem importante que você não quis ir — aproveito para chamar sua atenção e ele abaixa os olhos por um momento. — Você deixa parte das suas obrigações e aí quando quer vem pedir uma regalia? Sem essas, vai, vai tocar alguma coisa desde que não seja encher minha paciência.

— Obrigado, pai, por NADA! Irei curtir a minha solidão absurda do abandono. Qual o sentido de ter tanto dinheiro e seu filho mais novo não poder usar! — ele começa o discurso, que já ouvi mil vezes. Apenas o ignoro, me virando para a mesa cheia de documentos, apontando para a porta. — Poxa, pai!

— Sai logo, Arthur. Estou trabalhando. Se você insistir, eu vou fazer com que trabalhe lendo esses textos para mim.

Escuto seus passos se aproximarem e eu suspiro, cansado. Não vou ter paz, ao que parece. Lembro do meu pai oferecendo que eu ficasse com Ben quando ele era adolescente, assim como fiz com Stuart, agora entendo. 

— Posso então ler textos aqui? — suspiro outra vez, apertando a ponta do meu nariz. 

— Você vai encher meu saco?

— Depende do que me der para ler.

O entrego cinco textos, sobre falhas na segurança do palácio, então que desse sugestões (escrevendo essas ideia, não falando) para resolver. Graças a Deus deu certo, e foi um bom momento entre nós dois. A maioria das vezes é, mas ele e eu… realmente, somos parecidos e isso é um saco. Em várias coisas, então entramos em conflitos. Mas tudo acaba com a gente fazendo academia juntos e ele falando sem parar sobre diversas coisas, que eu nem consigo acompanhar.

— Majestade, a princesa Aster Grace acabou de pousar. Parece que algo aconteceu, ela está muito alterada — um dos criados me avisam e eu tomo um susto. Arthur e eu trocamos olhares preocupados, porque ela só voltaria na semana que vem, depois do aniversário de Valentin.

— Estou indo — deixo tudo do jeito que está, Art me acompanha sem que eu fale nada. — Ficou sabendo de alguma coisa? 

Ele nega, preocupado. Tudo o que Aster Grace faz ele apoia e ama, é muito especial ver que a relação maravilhosa que tenho com meus irmãos, principalmente Amélia e Stuart, acontece entre meus filhos. Aster o protege de tudo o que pode e o contrário também acontece.

— Estou recebendo uma ligação do Sasha — é o irmão de Valentin, filho mais novo de Nicolau com Dakota, um pouco mais novo que Arthur. — Fala, Sas.

Tenho um mal pressentimento, enquanto apertamos o passo e ele faz uma expressão de choque ouvindo algo por seu Smarter. A ligação acaba rápido.

— Pai, o Tin pediu a Tete em casamento. E ela não aceitou. Todo mundo na Rússia já sabe — a situação me pega desprevenido, então olho o meu Smarter,  vendo mensagens de Katniss e Nicolau. 

Começo a correr, passo pelas portas principais que dão direto no heliporto e vejo minha filha chorando, segurando uma mochila. A abraço apertado. Ela chora mais. Nada prepara a gente para um discurso sobre um coração partido, então não faço nenhum. Eu só a abraço. E depois a carrego em meus braços como fiz quando ela era apenas um bebê.

(…)

Katniss é uma mãe incrível, mesmo com todas suas limitações emocionais. Menos de quatro horas depois ela conseguiu fazer com que um ministro do palácio ficasse em seu lugar em uma região no norte do país e retornou para casa na primeira oportunidade.

Cancelei duas reuniões com o Primeiro-Ministro, Max Panem e sua esposa Lucia — nossos aliados desde A Seleção —, ficando de apoio emocional na beira da cama da minha filha, fazendo massagens em seus pés, enquanto Katniss deitou ao lado dela, abraçada, chorando junto. Não tem muitas palavras para usar.

Quando Katniss vai para o próprio quarto tomar banho e tomar seus remédios, eu me sento ao lado de Aster, enquanto ela come um hambúrguer sem muito ânimo. Ela me olha, e eu a enxergo como uma menina de 5 anos de novo. Seu olhar assustado, tão azul quanto os meus.

— O que foi que aconteceu? — pergunto, colocando uma das tranças de seu cabelo atrás de sua orelha. 

— Ele me pediu em casamento. Disse que eu o pouparia de um futuro péssimo ao lado de alguém que ele não ama. Mas eu sou a herdeira de Panem, pai, esse é o meu futuro. Não o de esposa de Valentin.

Assinto. Nós não conversamos muito sobre seu relacionamento, porque eu não me acho uma pessoa muito boa para isso, porém ela sempre me diz alguma coisa. Sempre falei com Katniss que achava que ela nem gostava tanto assim do filho de Nicolau, porém gostava o bastante para investir nisso. Nunca falei com ela o que achava porque não queria interferir sobre suas escolhas, mas todas as vezes que os escutava conversar e a forma que ela falava, sabia que não iria tão longe. Me surpreendi que rendeu um pedido de casamento.

— Você tem certeza que é o que você quer? — pergunto, me acomodando melhor na cama, pegando uma batata do seu prato. Ela dá um riso catarrento, e eu rio disso, então ela ri por causa disso também. — Foi mal.

— Tudo bem. Minha mãe é a melhor do mundo, mas não me faz rir por ser uma idiota igual o senhor.

Não tem como não rir, porque é verdade. Katniss é muito mais de buscar meios lógicos, enquanto às vezes o ideal é fazer o que dá na telha. Temos que não levar as coisas tão à sério de vez em quando.

— Estou mal apenas pela forma como eu o deixei. Foi bem pensado, pai. Ele se esforçou, sabe? — assinto, dobrando as pernas, e pego mais uma batata. — Ele me pediu no meu campo de flores favorito, com a nossa música.

— Aquela que se chama Margaret”? — ela sorri, assentindo. Sei que é o nome porque era a que eu mais ouvia na época com Katniss, antes de Áster começar a namorar. Nós começávamos a cantar aleatoriamente durante alguma refeição, até que Valentin percebeu e pediu para tocar no baile de aniversário de Katniss para poder contar seus sentimentos para ela.

— Foi bonito, mas… eu não sei. Não acho que seja a pessoa certa, mesmo que eu goste muito dele.

Ficamos em silêncio, não algo desconfortável. Existem muitas coisas no silêncio, mas acho que é chegada a hora de contar sobre algo que eu achava que não era importante contar. Nunca falei com Katniss sobre a possibilidade de me abrir sobre isso, mas sinto que seja o momento.

— Eu quase me casei com a Delly quando era mais novo. Na verdade, eu e ela tínhamos um relacionamento enquanto a Seleção acontecia. Inclusive, se não fosse o palácio sendo atacado no dia da Escolha, sua mãe e eu nunca teríamos nos casado.

Grace literalmente se engasga com as batatas e eu rio, dando pequenos tapas em suas costas. Seus olhos azuis ficam arregalados e eu acho ainda mais engraçado.

— O quê?! — assinto, com certa normalidade. — Eu quero os detalhes, por que eu nunca soube disso? Tio Stefan sabe? Meu Deus! Que nojo, pai!

— Sabe. Todo mundo sabe, na verdade, mas você tem uma boa família, que reconhece que é direito de cada um contar suas próprias histórias. Eu e Delly nos encontrávamos escondidos por dois anos, e éramos felizes. Acredito que teríamos sido se as coisas acontecessem de outra forma. Não foi tão nojento assim na época, hoje eu acho, realmente.

— Tem alguma foto?

Rio, pela sua grande curiosidade. Abro meu smarter, digitando o ano da seleção e o mês que lembro de termos uma foto juntos. Era meu aniversário de 17 anos, ela estava abraçada em mim. Em outra, estávamos dormindo, mas minhas irmãs estavam ao lado, eu sorrio para a foto, com carinho.

— Tia Delly sempre foi linda. Arthur veio como uma xerox tão idêntica que eu poderia ter certeza de que é ele nessa foto, exceto pelos olhos cinzas que ele tem. Vocês eram duas crianças. Mas essa foto nem prova muita coisa, só um casal de amigos que talvez pudessem ter interesse.

— Porque como eu disse, Aster Grace, era um namoro escondido. E é óbvio que mesmo que eu tivesse uma foto beijando ela eu não iria mostrar, porque eu nem teria mais, a partir do momento que fiquei com sua mãe — ela ri, mas bate as mãos animadas quando passo para o lado e tem outras fotos, me fazendo rir também. — De que lado você está, sua chata? Amo sua mãe. Ela me deu você e o seu irmão.

— Mas isso é parte da história! Isso é legal saber! — balanço a cabeça, revirando os olhos. — Como soube que a mamãe era o amor da sua vida? O senhor e tia Delly pareciam ser realmente muito próximos. 

Ela tirou o smarter das minhas mãos e foi vendo as fotos. Não era como se tivéssemos muitas, mas tinha vinte delas para analisar. Chegou em uma que Delly estava beijando meu rosto, no aniversário dela de 18 anos e eu estava sorrindo. O ambiente estava escuro, mas dá para nos ver em alta qualidade.

— Nesse dia, eu dei um presente para ela aqui no palácio — explico a foto. — Era aniversário dela, eu e sua mãe estávamos em uma fase complicada, por causa de algumas atitudes que nós dois havíamos tomado. Eu e Delly até nos beijamos nesse dia, conversando sobre o que faríamos ao final da Seleção, já que eu não seria mais um Sete, precisaria me encaixar em alguma função no Dois.

Grace parece hipnotizada por todas as informações que lhe dou. Conto como Katniss descobriu, como decidimos parar de nos vermos até que aconteceu nosso casamento. Conto que Delly também parou de usar o colar que eu presenteei para ela aos 18 anos assim que se casou e acabou deixando com Summer, sua filha mais nova, que ama o acessório. Parece que vai entendendo a razão para eu estar contando isso para ela nesse momento.

— Nem sempre as coisas que a gente acha que é para ser realmente são. Sim, éramos mais novos quando nos casamos, mas tudo bem você ter essa decisão agora. Não escolhemos por quem a gente se apaixona, Grace… mas a gente escolhe quem a gente quer amar. Teve um momento que eu decidi que seria sua mãe, e não me arrependo, mas eu também amei Delly de todo o coração. Você tem tempo. 

— Acha que eu vou me arrepender? — rio, realmente achando engraçada a pergunta, pego um pedaço do seu hambúrguer e balanço a cabeça em negativa. — Pai, você sempre soube, não é? Que não daríamos certo.

— Você não vai se arrepender porque você só gostava dele por outra razão, filha. Sempre achei isso. Sua mãe é mais emocionada. Você sabe. Eu no final sou mais discreto do que ela com relação essas coisas. 

Ela ri, pegando o hambúrguer da minha mão e comendo, depois de abrir e me dar o picles. Agradeço, comendo com mais de suas batatas.

— Tudo bem se eu ficar com outra pessoa enquanto deveria estar de luto pelo meu relacionamento? — eu a olho com o canto dos olhos, com uma expressão neutra. — Só beijar, pai. Valentin beija bem, mas quero botar para validar com outros. O Dominic sempre deu em cima de mim, quero dar para ele também. Talvez de um jeito mais literal, eu gosto como ele segura minha cintura.

— Ah, céus, vocês são impossíveis — ela ri de novo, fungando fundo, porque está cheia de catarro por causa do choro. Eu acho graça disso. — Você vai ficar bem. Só quero que entenda seus sentimentos antes de tomar uma outra decisão que não seja apenas, sei lá… sexual. — ela ri sinceramente, encostando a cabeça no meu ombro. — Sabe que com isso vai precisar considerar a Seleção, não sabe?

É um tópico difícil e delicado. Como pai, me sinto mal por não poder fazer muito para protegê-la de ter o coração partido. Mas existem regras também. Leis.

— A única coisa que eu realmente amo além do senhor, minha mãe e Art é Panem, pai — ela me olha nos olhos, com seus olhos idênticos aos meus. Dou um pequeno sorriso torto, fazendo carinho em seu cabelo castanho cacheado rebelde. Ela usa muitas tranças, mas amo quando usa ele natural, ela é linda. Minha filha é extraordinária, sinto tanto orgulho que quase parece ser demais para mim. — Não quero ser nesse momento esposa de ninguém.

— Embora esse seja o que um pai mais queira ouvir dos filhos, saber que vai estar sempre uma porta de distância deles, não acho que seja necessariamente verdade, Grace. Você é nova. 

— Mas não quero a Seleção. 35 homens em casa? Pai, por favor, seja um pai problemático e brigue por mim e minha integridade. Cadê o machismo e se incomodar pela virgindade da sua filha mulher? — rio sinceramente, balançando a cabeça, Aster Grace é ótima. — Está tudo bem ser machista, estou te dando essa autoridade! Pai, vamos lá! Diga que é um absurdo que pensem que sou uma vagabunda!

— Não! Mas se você não se sente confortável, por mim tudo bem. Casamento é algo muito bom, mas se você acha que não está pronta, filha, acho que está tudo bem. E eu não tenho absolutamente nada haver com quem você dorme, ah, céus, fale disso com sua mãe. Foi difícil ouvir Amélia me contando sobre isso, não por eu me importar, mas eu vou falar o quê? Céus. Ela me LIGOU para avisar que achava estar grávida. Foi um pesadelo.

Respondo com sinceridade, e ela ri, encostando as costas na cabeceira da cama. Ela mexe os dedos, dá mais uma mordida no hambúrguer. Então faz uma expressão realmente triste.

— Eu quero me casar um dia. Quero algo como você e a mamãe. Será que eu consigo, pai? Seja sincero. Homens querem isso?

— Grace, estou literalmente casado com a sua mãe há 25 anos — respondo, em um tom cético, dando de ombros. Pego mais das batatas dela, que agora estão acabando.

— Já traiu a mamãe? — eu a dou uma olhada sincera, e ela parece curiosa, mas não me acusa. — Sei que ela surta. Se é estranho e ruim para a gente, para o senhor deve ser péssimo. Seja sincero?

Fico em silêncio por um momento, sabendo da seriedade de sua pergunta.

— Nunca traí sua mãe, nem em pensamento. Já quis ter uma vida menos tumultuada, mas isso sempre envolveu menos tumulto com ela do meu lado, depois vocês — digo, com toda a minha sinceridade. Percebo os olhos de Grace ficarem marejados. — Eu jamais faria isso. Amo sua mãe mais nas dificuldades do que nos dias tranquilos, ela é o amor da minha vida. Eu posso ter amado Delly um dia, mas escolhi amar Katniss todos os outros dias depois dela e foi a melhor decisão que eu já tomei. Eu a amo tanto que não me incomodaria se tivesse apenas um minuto por ano dela bem e em todos os outros eu tivesse que cuidar dela. Sem que tenha que me pedir nada.

Ela escuta com atenção. Olha uma foto recente com Valentin, depois outra. Então assente lentamente. Chora de novo, mas em silêncio.

— Você vai encontrar alguém quando estiver pronta para isso, meu bem. Não se apresse, Grace. Você não precisa fazer isso. Vou falar com a sua mãe sobre a Seleção.

Ela deixa o prato em cima da roupa de cama e então pula me abraçando, depois de ficar de joelhos na cama. A abraço de volta, acolhendo da maneira que eu podia. Ela chora mais, então fica um choro mais forte.

Horrível não ter o que fazer nesses momentos, mas eu a abraço, então a deito na cama e fico sentado ao seu lado.

— Você vai ficar bem, filha — ela assente, devagar. — Não tem nada que não possa ser resolvido com o tempo.

(…)

No dia seguinte, Grace está se sentindo bem o bastante para acompanhar Katniss em uma caminhada até a estufa e Arthur vai junto. Os dois não são próximos como eu e Amélia mas são fãs um do outro, se apoiam em tudo. Ao final do dia, conversamos todos com as pessoas certas para que houvesse um pronunciamento da parte do palácio, sobre o fim do relacionamento antes de mais especulações.

A única parte realmente difícil foi Valentin tentando falar com Grace de todas as formas. Katniss ligou, então, para Nicolau pedindo desculpas, mas que ele não ligasse, porque estava dificultando as coisas.

Kamikaze, eu estou de saco cheio. Não é como se fosse o fim do mundo, esse garoto está agindo como se Gracie tivesse esfaqueado o coração dele e ficado com outra pessoa, eu peço desculpas. Até Dakota que o protege sempre está estressada com esse drama dele — Katniss estava no viva-voz, infelizmente eu estava ao seu lado pela curiosidade, assim como Arthur, enquanto Aster tinha finalmente conseguido dormir. Eu dei uma risada alta espontânea e Katniss acabou rindo com Art também. Nicolau riu do outro lado da linha.

— Desculpa, Vilu… sinto muito que tenha sido nas vésperas do aniversário dele.

Essas coisas acontecem, eu disse para ele. Avisei que era precipitado, mas ele não quis me escutar. Dakota também falou, mas enfim… ele quis até usar o anel de Lara. Eu fiquei sabendo por Sasha.

A informação pega a gente de surpresa. Troco olhares um pouco mais sérios com Katniss, então Arthur quase quebra o clima sussurrando “e o que isso quer dizer?”. Minha esposa tira o smarter do viva-voz, indo para a varanda. Sei que o que ela achar que puder ser compartilhado ela irá me contar.

— Para de ser fofoqueiro! — chamo a atenção de Arthur, que começa a me cutucar no pé. — Você não é amigo do Sasha? Ele sabe!

— A gente não fala sobre a ex-mulher falecida do pai dele, pai, e somos amigos. Jogamos mais videogame do que qualquer outra coisa, se liga. Qual foi?

Reviro os olhos, sem me surpreender tanto assim. 

— Nicolau guarda o anel de Lara. Disse que Valentin poderia usar se encontrasse alguém que ele amasse de verdade e fosse pedir em casamento. Ele disse isso quando Tin ainda era pequeno e nem entendia nada. Além de que é subentendido.

— Eu vou poder pedir alguém em casamento com uma aliança especial?

— Arthur, sua mãe está viva. E graças a Deus por isso. Ela USA o anel! — ele dá de ombros, franzindo o cenho como se não fosse nada. — Sai daqui, anda, some, some!

Começo a empurrá-lo, que grita quando cai da cama. Katniss nem se vira, porque sabe o filho que tem. Ele então começa a rir, todo espalhado, e eu rio também. Art pega o Smarter e vê alguma mensagem.

— Gracie está me chamando pra dormir no quarto dela, vamos assistir meu filme favorito. Fiquem na paz, até amanhã. Não esquece que é nosso treino de boxe!

Ele finaliza saindo do quarto fazendo movimentos de golpes, então bate a porta. Katniss sai da varanda, com uma expressão conflituosa, enquanto tranca a porta do nosso quarto — tivemos que colocar uma fechadura quando Aster alcançou a maçaneta, para evitar situações difíceis sem necessidade. 

Abro meus braços na cama e Katniss vem, me abraçando, enquanto a puxo para ficar na minha altura, fazendo ela rir. 

— Estou exausta.

— Vai passar… — lembro ela disso, fazendo carinho em suas costas. — Tudo vai ficar bem.

Assente, devagar, com o rosto na curva do meu pescoço.

— Queria esquecer disso tudo por um tempo. Entrar com vocês em um aerodeslizador e sumir para toda eternidade, o que seria apenas uma semana. Será que é demais? — faço carinho em sua bochecha, então beijo sua boca. — Poderia ser só eu e você. Dois dias inteiros. Áster vai superar, Arthur vai dar muita dor de cabeça então ela não vai nem lembrar.

Acho graça, porque parece ser sincero. Não vamos poder fazer algo assim tão cedo.

— Vai ficar tudo bem… — resolvo não comentar por enquanto que eu contei sobre Delly. Ela comentou comigo que Aster falou com ela sobre o fim da Seleção, mas isso será levado para pauta apenas na semana que vem. 

— Está cedo para tentarmos armar ela com o Theodore? — empurro Katniss em uma risada, porque ela é impossível. — Qual foi! Seria legal!

— Meu bem, não podemos fazer isso, embora eu sempre tenha falado que eles combinam, não é algo que a gente possa interferir.

— E daí? Lembra que mesmo com o braço quebrado no ano passado ele trouxe ela quando também quebrou o braço? — balanço a cabeça, eu fiquei revoltado e desesperado, mas Grace não parava de rir, depois de fazer uma festa irresponsável na cachoeira, quase nos limites do palácio. — Delly me contou que ele gosta dela. Vamos fazer alguma coisa.

— Meu bem, você não pode tomar essa decisão por ela. Você sabe que isso pode ser um grande inconveniente. Precisa deixar ela partir o coração e colocar de volta no lugar sozinha. 

Katniss dá um suspiro pesado, então concorda. Se inclina para me beijar. Então me beija de novo e eu a beijo de volta, sorrindo. 

— Você é uma excelente mãe, Katniss. Não precisa se preocupar.

— Sempre sabe o que dizer…. — murmura, beijando meu pescoço. Fecho os olhos, apertando sua coxa. — Então já sabe o que deve fazer.

Sorrio como um diabo, ficando por cima dela, prendendo seu corpo com o meu, a beijando com mais vontade, do jeito que sei exatamente como ela gosta. Beijo seu pescoço, tiro sua blusa. Beijo todo pedaço de pele que eu vejo. Minha rainha. Meu amor. Minha esposa.

A idade não tem sido o bastante para me distanciar dela dessa forma. Nem nossos filhos, nem nossas obrigações. Simplesmente sei que é ela a razão pela qual eu estou de pé. Sou seu devoto.

— Tira essa roupa agora — pede, mordendo meu ombro, puxando com urgência minha blusa. Saio da cama para fazer isso, enquanto ela faz ainda deitado. Amo seu corpo, sua pele, seu cheiro.

Entro em seu corpo com um só movimento. Me escondo na curva do seu pescoço, depois olho em seu olhos, enquanto entro e saio, e ela sorri, me trazendo para mais perto, me beijando. Não consigo me imaginar com qualquer outra pessoa que não seja ela.

Antes de alcançar o clímax, ela prende as pernas em meu quadril, me afundando mais nela, e ela sobre o lençóis, fazendo os sons deliciosos que só faz quando estamos a sós fazendo isso. Gosto quando me abraça pelas costas, me arranhando com suas unhas e seus peitos se esfregam em mim. É uma pena que assim não posso colocá-los na minha boca, mas vamos ter tempo para isso mais tarde, enquanto tomamos banho.

Da minha garganta saem sons que apenas quando estou com ela assim sou capaz de fazer. Fecho os olhos, ainda estocando, e deito minha cabeça no vale dos seus seios. Ela afaga meu cabelo, então nós dois conseguimos chegar onde queríamos. Não importa o suor, não importa a respiração ofegante. O que importa é estarmos aqui. Um com o outro.

— Eu amo você — Katniss diz, ofegante, olhando nos meus olhos.

— Eu amo você muito mais.

Seu sorriso ilumina o mundo. A melhor mãe, a melhor esposa, a melhor irmã. Minha melhor amiga, a melhor parte que tenho junto a mim. Eu não seria o mesmo homem se tivesse outra escolha, Katniss é meu começo, meio e fim. Nossa família, a vida que temos juntos. Isso é mais do que tudo.

Beijo seu rosto outra vez. Então a beijo de novo também.

— Eu sou grato por tudo o que temos juntos — sussurro, fazendo carinho em sua coxa. Estamos centímetros de nos unirmos de novo. — Tudo. Eu adoro você. Você é a razão que eu me alegro, porque você me deu os melhores filhos que poderíamos ter. Mesmo que não tivéssemos, seria espetacular a vida que íamos ter, só por você estar nela.

Vejo seus olhos cinzas ficarem cheios de lágrimas, o que me faz rir. 

— Vou ter que fazer o que para você não chorar? — pergunto, deslizando o polegar por suas bochechas. Ela sorri, me dando um beijo rápido.

— A gente pode tomar um banho, e você usar sua boca…

E lá vamos nós. Pelo resto das nossas vidas, sempre juntos. 


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Notas finais do capítulo

Espero sinceramente que tenham gostado. Sou uma pessoa totalmente diferente do que quando comecei a escrever, mas é algo positivo. Obrigada por tudo



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