A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 55
Ano Novo | A Escolha


Notas iniciais do capítulo

GENTE OLHA EU TO CORRENDO MUITO NOSSAAAAA MAS TO PASSANDO AQUI MUITO VOADA PRA AGRADECER AS DUAS RECOMENDAÇÕES, EU VOU AGRADECER MELHOR NO PRÓXIMO CAP QUE EU VOU POSTAR AMANHÃ À NOITE, OBRIGADA OBRIGADA POR TUDO GENTE ESPERO MUITOOOO QUE GOSTEM AAAAAA ESCREVI MAIS DA METADE DE ONTEM PRA HOJE, ME PERDOEM POR NÃO ESTAR EDITADO EU AMO MUITO VOCÊS FELIZ ANO NOVO AAAAAAAA ------- Gente! Pronto! Estou atualizando isto ahora, dia primeiro de janeiro de 2019! Pessoal, quero muito agradecer a Clara e a Lary Moon, pelas recomendações que me deixaram em êxtase, eu realmente não estava esperando por nenhuma delas, assim como não por ainda receber comentários tão carinhosos de todos vocês... gente, muito, muito obrigada. Queria poder conhecer todos vocês, para a gente marcar de tomar um açaí aqui, e depois fazer um lanche carregado, digno de celebração, em algum podrão pela cidade!!! ♥ Gratidão demais por se iniciar mais um ano com vocês, que me aguentam aí, mesmo com toda a minha demora para atualizar os capítulos! Obrigada, gente! Feliz 2019!



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Diga me que você recusará o homem

Que pedir sua mão

Porque está esperando por mim

E eu sei, você estará longe por um tempo

Mas eu não tenho planos de ir embora

Você levaria meus sonhos e esperanças

E ficaria comigo?

 

One, Ed Sheeran

 

 

Faltavam quarenta minutos para a virada de ano, quando eu estava bebendo mais um copo com refrigerante, uma vez que tive péssimas experiências com coisas alcoólicas no passado, mesmo que esse passado tenha sido há três dias atrás.

Eu olhei para todo o pessoal animado, me deixou cansado, ainda mais do que já estou, ter que parecer estar feliz. Eu até que estou menos pior do que geralmente estou, mas é aquilo, né, eu poderia estar muito melhor, poderia estar longe de todo mundo nesse momento, bebendo água gelada, em algum lugar bem distante de todo mundo, inclusive dos meus familiares. Mas não, eu tenho que estar aqui, não é mesmo, sorrindo para as fotos, até minha bochecha arder. Mais do que os fotógrafos fizeram, durante toda a tarde e manhã.

— Ai eu tô cansado, gente, essa empolgação toda, é só mais um ano novo, cheio de fracassos, esperando por nós — falei para Calvin e Blane, que se sentaram do meu lado no sofá pra seis pessoas. — Francamente, eu acho que vou subir para dormir, tô muito animado não.

— Peeta, para com isso, para de ser careta, meu rapaz, aproveita aqui! — Calvin aconselhou.

— Eu estou cansado, dor de cabeça, indisposto… — enumerei meus problemas para aproveitar a festa. — Ai, gente, eu quero dormir.

— Dormir você dorme todo dia! Vamos, vem conversar com o pessoal!

— Eu. Não. Estou. Afim! Eu to cansado de ficar aqui, quero ir dormir! — Os dois reviraram os olhos.

— Cara, para de ser assim tão — Blane estava falando, quando fomos interrompidos por um comunicado.

— Todos os Selecionados, e seus respectivos criados, sua presença é solicitada no Grande Salão — disse alguém nos alto-falantes.

— Será que a gente fez alguma besteira dessa vez? — Cato perguntou, se aproximando, receoso, enquanto caminhávamos de volta.

— Nem deu tempo pra sacanear com alguma coisa. Fora que o Peeta é quem faz as besteiras, e ele nem saiu do quarto — tentei fazer minha cara de paisagem de sempre, mas não consegui não rir com a afirmação de Calvin. Realmente, eu sempre consigo me envolver, de alguma forma, com algum tipo de confusão.

— Talvez seja nos chamando para passar a virada do ano com a Família Real — Blane sugeriu, e realmente, fez total sentido.

— É… — concordei, mas já sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas, de pura vergonha e ansiedade, em decorrência dos últimos acontecimentos.

— Boa noite, Selecionados — tia Effie disse, com um grande sorriso no rosto. — Nós interrompemos a festa de Réveillon por uma boa causa… e a princesa Katniss fará as honras!

Katniss apareceu atrás, com um sorriso, caminhando até a gente, tranquilamente. Gale deu um sorriso tão bobo, que chegou a ser engraçado. Ele é simplesmente a pessoa mais transparente que eu já conheci. Mas a tal graça sumiu quando eu vi o sorriso que ela deu para ele. Não é exatamente o sorriso que eu conheço, que ela só faz quando estamos juntos, mas é quase esse sorriso. Meu coração despencou. Benfeito, otário. Você merece isso, Peeta. E infelizmente, concordo com meu subconsciente.

— Olhe pelo lado positivo, tudo dando errado, você vai para o Distrito 3, pode fazer a viagem junto com Cato, e Blane, que estão se programando de fazer um tour pela Europa, e depois visitarem o Canadá. O que acha? Eu particularmente acho ser excelente. — Stefan disse, observando a cena, e eu só olhei para ele, com uma bela expressão de “cala a boca,  porque eu nem estou te perguntando alguma coisa”. — Ai, eu só tentei ajudar...

— Não deu certo.

— Nossa.

E sorri por nossa amizade, voltando a olhar Katniss, que começou dando seu aviso.

— Hoje se completam exatamente sete meses de Seleção, e o único momento em que estiveram pessoalmente com suas respectivas famílias, foi há quase dois meses, na festa de Halloween. No natal, foi muito complicado, e não conseguimos, também, fazer com que vocês e suas famílias se encontrassem, no entanto, consegui fazer com que, uma vez que o anúncio real será feito no dia 7 de Janeiro, consegui fazer com que adiantassem o voo, e trouxessem suas famílias!

Levantou sua mão esquerda, coberta por pulseiras brancas e prateadas, que faziam harmonia com seu vestido dourado, que ia até os seus pés, descalços. O vestido tinha um movimento que, todas as vezes que ela andava, se assemelha com as ondas da praia, quando estão refletidas pelo Sol, no final da tarde. Eu nunca fui à praia, mas é o que assisto nos filmes em que assisto quando estou sem nada para fazer.

Seu cabelo está mais curto, e castanho, agora. Sem ruivo. Atinge pouco abaixo de seus ombros, com os cachos grandes e naturais que formam. Seus olhos, estão pratas, bem cinzas, provavelmente pelo reflexo do colar na mesma cor que usa. Ela é tão linda.

Nossos olhares se encontraram por uma fração de segundos. Seus lábios, cobertos por batom vermelho seco, estavam formando um sorriso que deixava a mostra seus dentes, proporcionais, em ordem, embora alguns não fossem totalmente alinhados, ela é tão linda, que me deixa sem ar. Mas o sorriso largo, se tornou um simples aceno gentil com a cabeça, se virando, então, para tia Effie, que conversava animadamente com o rei, que disse algo sobre um feliz ano novo, mas não prestei atenção. Prim estava totalmente empolgada, balançando seu vestido longo, cheio de franjas prateadas, rindo consigo mesma, balançando os pés, com uma mão dada com seu pai. A rainha, obviamente, não está presente, e não acredito que vá estar. E ninguém parece sentir falta disso, claro. Muito pelo contrário. Katniss está com curativos claros no braço, por medicamentos que tomou na veia, aparentemente, assim como algumas leves marcas que a maquiagem não conseguiu ofuscar em suas pernas, hematomas graves, mas ela hoje não parece se incomodar, com a saia branca que vai até metade de suas coxas, mesmo estando frio.

Tem orgulho de suas marcas. Sorri, ela é provocante até em sua inocência, na ausência de sua mãe. Ela é tão linda.

Abriram as grandes portas, e de lá saiu nossos familiares, todos preparados, com as roupas adequadas para uma virada de ano em um palácio.

Foi tudo muito de repente, em um instante Katniss anunciou a chegada de nossos familiares, e em outro, aqui estavam eles, entre risos, e lágrimas. Eu nem percebi onde estava minha família, até tomar um empurrão de Blane.

— Acorda, Peeta! Olha sua irmã aí! — ele gritou, rindo, com a irmã caçula nos braços, que riu com o irmão, da minha expressão de sem acreditar.

Peeta! — Stacey chamou, me agarrando, foi quando minha ficha realmente caiu. — Nossa, você tem que parar de crescer, garoto!

Sorri, beijando sua bochecha.

— Desculpa, queridinha, eu não imaginei que fosse ver você tão cedo. É que estou usando esses tênis, que são mais altos — rapidamente mostrei meu calçado, e ela assentiu em concordância, entendendo que eu não estava mentindo. — Mas eu sinceramente acho que você esteja encolhendo. Está na hora de começar a crescer, hein.

— Sai, Stacey! Para de ser tão grudenta! Olha a cara dele que não gostou que a gente apareceu! — Stuart brincou, puxando nossa irmã pela mão.

— Ah, não, gente, não é bem assim, não é que eu não tenha gostado que vocês estejam aqui, eu só estou cansado, eu vim de uma sessão de fotos, não foi fácil, e nem está sendo, ter que ficar sorrindo toda hora — expliquei, com a voz quase arrastada. Eu estou realmente cansado. Tirei mais de mil fotos hoje, fotos produzidas, com meus amigos, outras sozinhos, outras muitas apenas com o Gale, para que as revistas usarem.

— Desta vez, apenas desta, devo entrar em defesa dele — Layla começou, aparecendo do meu lado, abraçando Amanda. — Realmente, teve que acordar bem cedo, e não parou, apenas para almoçar, e há uma hora, para a confraternização, o Réveillon.

— Então, vamos logo para a festa, porque logo é ano novo! — Meu pai disse, com um sorriso. Por conhecê-lo, sei que faz um bom tempo que não sorri, mas ainda não é o sorriso.

— É, vem, vamos aproveitar — falei, dando um sorriso torto para minha família, abraçando Amélia, que chegou por último, com Dean.

— E aí, otário? — ri, beijando sua bochecha.

— Bem, me chamar de otário, realmente, muito melhor do que me chamar de ‘caro irmão querido que eu senti tanta falta, pois não nos vemos há uma semana’.

— Nossa, Peeta, quanto você é chato. Não nos vemos fazem seis dias. Vamos, vamos… larga de ser burro.

Stuart brincou e eu revirei os olhos, jogando a cabeça para trás.

— O que você está fazendo aqui também, Dean? — perguntei com educação, quando todos nos sentamos, faltando 10 minutos para a virada do ano.

— A princesa me convidou, porque Amélia disse que gostaria que eu viesse — respondeu, tímido, bebendo bem envergonhado o suco que Julia nos ofereceu, com um sorriso radiante, por estar podendo reencontrar Stacey novamente. Fizeram amizade quando teve a festa de Halloween, e pelo o que pude escutar por alto, tem um guarda, amigo de Julia, que acha minha irmã muito bonita, e elas estão arquitetando uma forma de fazer com que haja um encontro o mais rápido possível. É bom que consigam. Antes que eu consiga atrapalhar, é claro.

— Ótimo, agora serei vela de dois casais, eu estou realmente muito empolgado para essa virada de ano, meus irmãos — comentei, e Ben sorriu para mim.

— Como assim, Peeta? Você não tem uma namorada? A plincesa. Ela não é sua namorada?

Amélia riu, junto com Dean, e eu só olhei sério para os dois, enquanto meu pai, Stacey, Amanda, Stuart e Ben ficaram sem entender.

— Não entendi — Stu comentou, e até Stefan riu, pela reação do meu cunhado e irmã gêmea.

— Ah, não, Peeta… você não magoou a princesa do nosso país com o seu jeito idiota! — Stacey disse, boquiaberta.

— Nossa, mas eu nem falei nada! — me defendi, colocando uma mão no peito. — Vocês já começam me acusando!

— Bem que eu sabia que você tinha feito alguma besteira, ela passou pela gente, e sorriu triste! Então foi por isso! Seu otário! Não acredito, não acredito! Peeta! Qual o seu problema?! — Cruzei as pernas, apoiando minha cabeça na ponta dos dedos, balançando tediosamente meu pé, escutando as conspirações que eu supostamente fiz, enquanto Amélia ria, junto com Dean e meu pai, que não se envolveu nas teorias de Ben, Stuart e Amanda, enquanto Stacey come, nervosa, me xingando de idiota entre as reclamações de nossos irmãos, uma vez que Katniss é a única pessoa certa para mim etc.

— Isso é sério? Gente, eu não… ok, eu tive completamente culpa, mas será que dá para nesses últimos… — chequei meu relógio — vinte minutos no ano, e nos próximos dias, não me lembrarem da grande babaquice que eu fiz? Infelizmente, eu estou bem consciente do que está acontecendo, e está difícil o bastante, de verdade, e eu vou contar tudo para vocês quando for a hora, quando eu estiver me sentindo menos pior por todos os problemas que eu arrumei com a minha vida, eu tenho pleno conhecimento que eu devo esclarecer o que aconteceu e o que vai acontecer, em decorrência das minhas atitudes idiotas, ok?

E dei um sorriso no final, que fez Amélia balançar a cabeça, com um sorriso.

— Ok, mas você vai precisar contar coisa por coisa — Stacey cobrou, me dando um tapa no braço, quando nos levantamos para acompanhar melhor os fogos para a celebração de um ano novo.

— Claro que sim, bebê — dei um peteleco em seu ombro, e fui abraçar meu pai pelos ombros, dando um susto nele e em Ben, que estava em seu colo.

— Peeta, a tia Katniss vai passar com a gente? — Franzi o cenho. Tia?

— Por que chamou a Katniss de tia, Ben? — perguntei.

Meu pai sorriu.

— Sua querida… ou ex-querida — meu pai fez questão de sacanear, é claro — pediu para que ele chamasse de algo que não fosse só princesa, e como ele sabe que não pode chamar as pessoas apenas pelo nome, enquanto for criança, achou melhor chamá-la de tia. Ela amou, aliás, e agora o chama de sobrinho Ben.

Sorri. Mesmo que não quisesse, exatamente, uma vez que Gale não está por perto, com sua família. Eu vi eles subindo para a sacada que dá diretamente para o Jardim Secreto, onde fiquei sabendo que é onde a Família Real costuma passar o ano-novo.

— Infelizmente, Ben, não dessa vez, mas ela te desejou um feliz ano novo — contei ao meu irmão caçula, que está com os olhos em um azul mais escuro, como os meus. Me pergunto se irão ficar castanhos, ou conseguirão permanecer azuis. — Estou feliz por poder passar com vocês.

Meu pai sorriu outra vez. Posso enxergar suas olheiras de noites muito mal dormidas. Foi há exatamente oito dias que minha mãe partiu. É como se tivesse sido há uma eternidade. Porém não foi. E ainda que houvesse, não faria o menor sentido agir como se nada tivesse acontecido, uma vez que sabemos. Ela amava o Réveillon.

— Nós achamos que iríamos passar na casa do Dean, mas ontem recebemos a notícia. Eu quem estou feliz por poder passar com você também, filho — meu pai falou, com um olhar aliviado. Peguei Ben em meus braços, e o pequeno deu um gritinho de animação, esticando seus braços cobertos por um terno mogno. Todos estão com roupas de frio normais, no caso, eu mesmo estou usando uma jaqueta jeans clara, e meus amigos variam nas cores, mas todos, para se proteger do vento frio que a noite nos proporcionou hoje, também usam jaquetas. Eu e Blane usamos calças jeans escuras, enquanto os outros usam calças normais, não formais, exatamente, mas não esporte. É um belo meio termo.

Minhas irmãs, as três, usam vestidos, mas diferentes um do outro. As observo daqui, admirando minhas irmãs. Estão menos de dez passos de mim, mas eu nem estou acreditando que minha família realmente está aqui. Ainda queria ganhar uma viagem sozinho para algum canto do planeta sem que ninguém me conhecesse, mas estou feliz que possam estar aqui, compartilhando desse momento comigo.

Amélia está dançando sem música com Dean, que ri, a fazendo rir. Ele está com uma calça vinho, e uma blusa social preta, com as pontas brancas, e uma jaqueta jeans escura, em contraste com o vestido creme que minha irmã usa, que cobre até seus cotovelos e vai até seus pés. Não parece sentir muito frio, nem acho que tenha como, com o vestido que usa. Sei que essas roupas, além de bonitas, se tem uma coisa que são é quente.

Amanda estava com um marrom, que ia até seu joelho, e seu cabelo, diferente de Amélia, que preferiu prender em um coque que não deixou ninguém fazer, mas ela, por estar totalmente desajeitado, típico de Amélia. Mas Amanda realmente parece mais nova com o vestido, detalhado, embora estivesse com um olhar cansado também.

Stacey, usa um vestido bege, que até se parece um pouco com o de Mandy, mas é mais fresco, por isso que usa um casaco grande. Todas estão tão lindas.

Enquanto isso, Stuart e meu pai estão com roupas parecidas, com blusas sociais brancas, mas a do meu pai tem manga azul clara, enquanto do meu irmão é um detalhe dourado. Mas quem quer que tenha escolhido as roupas, quis fazer uma graça com Ben, o colocando em um terninho adorável. Meu irmão só tem 5 anos, mas ele realmente ficou com suas feições de novo, ainda mais destacadas. É como se tivesse jogado purpurina de graça sobre ele, com o penteado de topete.

Faltando um minuto, todos nós nos aproximamos, como em um abraço, só nós da família. Preferi dispensar Layla, Stefan e Julia há vinte minutos, assim como exigi que, para comemorar o ano novo, mesmo que fossem me acompanhar para as sessões de fotos, que não usassem os uniformes, mas roupas que sentissem à vontade para usar.

Meu amigo eu liberei um pouco mais cedo, logo depois que trouxeram as comidas para minha família, pois sei que quer passar com Delly, em uma parte reservada, onde poderiam ver juntos os fogos de artifício. Descobri que, na verdade, apenas a minha ida e a minha volta pelo palácio que foram restringidos, não os de Delly, mas para evitar qualquer outro evento, acharam melhor que ela passasse a virada em outro lugar.

3… 2… 1! FELIZ ANO NOVO! — Gritamos juntos, e a primeira pessoa que abracei foi meu pai, sob as dezenas de cores de fogos de artifício, muitos fogos, muito brilho, bem ao badalar do primeiro segundo do ano.

— Esse ano vai ser melhor, pai — falei pra ele, e pra mim também, depois que Ben deslizou do meu colo, indo abraçar Amélia, por sentir medo do barulho, mas animado demais com todas as cores. — Vai ser melhor.

— Só se você prometer que vamos passar mais tempo junto, eu, você e Stuart, ok? — sorri, olhando em seus olhos. Tenho muito orgulho de saber que herdei dele o traço genético que mais admiro nele. Seus olhos estão cheios de lágrimas agora. Foi o pior e o melhor ano de nossas vidas, não fazemos a menor ideia de como será esse que está começando, sem minha mãe, sem a vida que sempre conhecemos, sem Seleção, sem a menor ideia.

Apenas consegui assentir, o puxando para mais um abraço, e deixei lágrimas virem aos meus olhos, enquanto eu sentia ele chorar o mais silenciosamente possível, no meio das festividades, todos estão comemorando. E mesmo uma semana depois do enterro da minha mãe, nós também. Conseguimos virar o ano. Estamos vivos. Estamos em família. Estamos vivos. Estamos todos juntos.

Não sei em qual momento, mas se tornou um abraço de todos meus irmãos, e eu pude sentir um flash. Imagino que a foto tenha ficado linda, uma vez que meu pai estava no meio da gente, em um abraço. Pude, então, notar que todos meus irmãos, até mesmo Ben, que tem apenas cinco anos, estamos em um mesmo pensamento: nós estamos todos juntos nessa. Carregamos em nós as marcas do luto, recente, mesmo que esteja parecendo que foi há uma vida atrás, e ainda parece que foi ontem. Temos motivos para estarmos celebrando.

— É tão bom poder te abraçar de novo — Amélia sussurrou, me abraçando apertado, depois que cada um foi abraçar uns aos outros, desejando feliz ano novo. — A gente vai ficar bem. Esse ano vai ser melhor. Esse ano vai ser melhor.

Assenti, concordando, tendo esse sentimento no meu coração também, deixando as lágrimas caírem sem culpa por meu rosto. Esse ano vai ser melhor. Senti paz. Coisa que não imaginei mais cedo que fosse sentir, quando acordei, mas agora, enfim, posso sentir muita paz no meu coração. É a primeira virada de ano que posso ter tanta certeza assim, de que esse ano será muito bom, embora uma parte de mim se recuse a permitir que esse sentimento aflore, uma outra permanece dizendo que é assim que as coisas devem ser.

Passamos por tantos problemas nesse ano que se passou, para que possamos colher boas, novas, e grandes coisas neste ano que se inicia. Minha mãe… que infelizmente não está mais conosco, foi uma perda completamente irreparável, todavia, ela é mais um motivo para, quando pensarmos, continuarmos seguindo.

— Vai ser melhor… tem que ser.

Amélia concordou, na curva do meu pescoço, pude sentir que também chorava. Lembro da visão de Ben, em casa, quando estive lá há uma semana, a tratando como mãe, e acredito que inconscientemente, todos os outros tratam ela dessa maneira.

Depois, abracei Stacey e Amanda juntas, que estavam rodando, rindo, de mãos dadas.

— Feliz ano novo, suas gracinhas! — falei, tirando Amanda um pouco do chão, por ser menor que Stacey, fazendo ela rir mais. — Está rindo demais, moça, eu por acaso posso saber o motivo?

— Peeta, a gente conseguiu passar por esse ano horrível! É um motivo muito significativo para ficar feliz, ele ter acabado! E a gente está junto hoje, no palácio, com uma semana para ficar aí, sabe o quão bom isso é? O quão incrível? Muita gente não conseguiu, mas olha a gente aqui! Vamos beber refrigerante! — ri de sua empolgação, concordando, a pondo no chão, abraçando Stacey.

— Ai, ai, eu nem vou dizer nada! — ela disse, com um sorriso esperto. — Feliz ano novo, Peeta! Agora me solta, que eu quero girar o Ben! Ben! Cadê você, Ben?!

Antes que eu pudesse procurar, Stuart me deu um susto, rindo, comendo um salgado.

— Garoto, eu nem te desejei ano novo ainda, e você já está comendo?! — perguntei, um pouco indignado.

— Ah, qual foi! Eu estou em fase de crescimento, to com fome, e você já sabe que eu te amo, e que desejo um excelente — interrompi sua fala, pegando seu salgado. — Mas seu folgado!  Peeta, qual foi?! Que fuleragem é essa?! Perdeu a noção do perigo?! — ri, comendo o que faltava de uma vez só, já que ele tinha comido a outra parte. — Safado.

— Olha o respeito com os mais velhos, hein.

— Que mané respeito! Você é um otário mesmo! — e riu, porque eu me engasguei, de rir. — Benfeito, isso é Deus.

— Obrigado pela parte… que… me toca, Stu.

Ele sorriu, me passando um copo d’água.

Quando consegui me recuperar, ele me abraçou. Pude perceber que ele cresceu muito. Não em uma semana, exatamente, mas agora, com todas as luzinhas amarelas que iluminam muito bem o ambiente, com outras luzinhas brancas, ainda com fogos de artifício iluminando o céu estrelado como um arco-íris, ele realmente cresceu, e seu cabelo ficou mais loiro, mas escuro.

— Você vai me contar tudo o que aconteceu nesses últimos dias do ano, estamos entendidos? — assentiu, aceitando meu carinho.

— Disseram que, como já te conhecem, eu, Amélia e o Dean vamos ficar com você no quarto, e meu pai, Amanda, Stacey e Ben vão ficar em um outro quarto, quartos individuais, então vai dar pra gente ficar à toa por aí, major — fizemos nosso toque de mãos, com um sorriso.

Falei com Ben, Dean, e então fui cumprimentar meus amigos, e suas famílias. Acredito que o ano que se passou tenha sido completamente confuso, o tanto que teve de coisas boas, teve de coisas ruins, e isso para todos nós.

Tiramos mais fotos, os fotógrafos fizeram questão. Cumprimentei outros guardas, criados, estou sentindo tanta paz, que mesmo detestando abraçar, ficar perto, ficar junto, eu quero fazer isso.

*

— Vamos, conte-me tudo e não me esconda nada — falei para Amélia, assim que acordamos. Fiz um gesto para que Stuart se aproximasse, na sacada da varanda do meu quarto. — Quero saber como estão as coisas em casa, porque meu pai vai mentir para mim.

— Bem… — Ames suspirou, passando uma mão no rosto ainda sonolento, às 8hrs da manhã. Dean dormia calmo no sofá. —  Agora que acabou toda a cena de ano novo, abraços… acho que podemos falar.

Ainda tem um pouco de sombra em seus olhos, assim como uns vestígios de batom vermelho, e com o sol batendo na gente, parece que estamos em uma cena pós-créditos de um filme.

Stu pôs a cabeça no ombro dela, que está de frente para mim.

— O pai age como se nada tivesse acontecido, desde que você foi embora — Stu começou, fechando os olhos castanhos esverdeados, como o da irmã mais velha. — E aí a gente age como se nada tivesse acontecido também. Como nós deveríamos agir? Stacey está sempre triste, Amanda também… eu. Mas acho que todos nós preferimos esperar ele falar como está se sentindo, para que a gente possa dizer alguma coisa. Ben pergunta onde ela está, quando acorda. Até chora, e logo passa.

— Sim… a gente está tentando lidar com isso da melhor maneira que podemos… foi tão ruim o ano. Não sei nem se conseguiríamos lidar se não fosse a Graça do Senhor mesmo. Sinceramente, nós estamos conseguindo seguir. Eu não acho que a ficha tenha caído ainda. A falta dela é tão grande… mas ela já faltava antes. Nós estamos de luto desde que recebemos o diagnóstico — Amélia completou, e eu balancei a cabeça, concordando. — Não tem um dia que se passe, e eu não pense na minha mãe, em qualquer coisa que eu faça em casa, cada sorriso que eu dou, eu sinto que estou fazendo algo errado, porém não é como se eu pudesse evitar. Ela não está mais em dor, nenhum de nós precisa dormir desesperado, preocupado com alguma coisa que possa acontecer.

— A gente pode ter paz. Com a mãe em casa, a gente vivia preocupado, triste, cansado. Hoje a gente tem liberdade de dormir com a porta do quarto aberta, ou ainda sair para brincar sem o receio de alguém se machucar. Eu levei cinco pontos na barriga — Stuart levantou a blusa, e assim eu pude ver, me deixando em estado de choque. — Isso foi depois de uma crise que ela teve. E eu já tive sérios machucados no rosto, do pescoço. Era muito complicado.

— Ela faz falta. Todos nós sentimos. Mas é como se, todas as vezes que me lembro dela, penso em toda a dor que sentia. E a saudade é menor do que a dor de ver ela se olhar no espelho e não se reconhecer, entende? Você não estava lá… mas nós vivemos todos os dias que ela estava lá com a doença.

Algo muito nosso, meu e de Amélia, é podermos sentir o que o outro sente. Se um de nós fica doente, o outro também fica. Mas não tenho a menor ideia de como realmente foi para eles estarem lidando com essa situação.

Suspirei. Me sinto com as mãos presas. Não sei o que posso fazer ou dizer. Cada um de nós tem seu tempo e sua própria forma de lidar.

— Não vou dizer alguma coisa, porque… eu não sei o que deveria dizer, ou o que eu posso dizer em uma situação como essa — comecei, buscando o máximo de tranquilidade em mim mesmo. — Mas no que vocês quiserem compartilhar comigo, eu sempre vou estar, porque amo vocês. Não pensem duas vezes antes de me contar alguma coisa. A gente ta junto nessa.

Os dois sorriram.

— A gente ta junto, bebê — Stu brincou, dando um toque na minha mão. — Mas então… vamos comer e acordar o resto dos preguiçosos, porque quero saber com o máximo de detalhes possíveis o motivo pra você e a princesa estarem de mal, só pelo celular que escutei com Amélia e Dean é muito, muito pouco para mim!

Sorri, concordando.

Todos nós nos juntamos no salão de jogos, já que ninguém estava usando, e é um lugar que sei que poderia falar, e contar, então, a verdade para todos. Contei que eu e Delly namoramos, por três anos, que eu e Katniss começamos a namorar, realmente, na festa de Halloween, e ficamos noivos, sem as formalidades. Mas acabou acontecendo que ela descobriu.

Excluí todos os beijos, as vezes que quase passei dos limites, e o fato de ter prometido Delly em casamento. Falei da maneira mais infantil, já que Ben está aqui, e é complicado falar para meus irmãos sobre o tudo, assim como para o meu pai.

— Consegui esclarecer melhor as coisas há dois dias, mas muito pouco provável ela muda de ideia agora. É possível que Gale seja escolhido, e não eu. Agradeceria se por favor… — juntei as mãos em súplica, junto com as de Ben, que está em meu colo. — Não falem mais nisso.

Todo mundo ficou em silêncio.

— Você é muito idiota, é a única pessoa que eu realmente não possa esperar menos que o surpreendente. Todos nós sabíamos de você e da Delly, mas não consigo entender por que não contaram antes. Até mesmo para a princesa. Você e Katniss são absurdamente indiscretos quando o assunto é sentimento — Amanda falou primeiro. — Vocês dois se amam, e deveriam ficar juntos.

— Porém nem sempre quando nós amamos alguém, é suficiente para fazê-la ficar — meu pai acrescentou, me olhando decepcionado. Isso aqui ainda vai render, já sei. — O amor não é suficiente. Nunca é. Precisa estar junto com outros fatores. Vocês tem todos, mas acredito que seja bom para ela e para você usar esse tempo, essa semana, até a decisão final, para pensar e refletir. O amor não machuca, não mente, não esconde nada, mesmo que envolva alguma verdade que possa doer, ela nunca vai ser eterna. O amor é verdadeiro.

Concordei, cabisbaixo, por saber que estou todo errado.

— Mas não vamos nos prender nesse clima, é ano novo, e eu não quero que vocês fiquem tristes. Vão se divertir, crianças.

Meus irmãos concordaram, Dean pegou Ben no meu colo, e foi com Amélia, liderando os outros para fora da sala. Sei que hoje, e durante toda a semana, haverão muitas brincadeiras no palácio, recebi hoje mais cedo em meu Smarter. O rei, e as duas princesas estão envolvidos em tudo, para desviar toda a tensão da Seleção, enfim. Deixaram que nós mesmos escolhêssemos nossas roupas, esporte, para uma semana de gincanas, o que provocou ainda mais a sensação de que esse ano novo será um ano ainda melhor do que o passado.

Ficou apenas eu e meu pai na sala gigante. Continuei sentado no chão, e ele saiu do sofá onde estava, para se sentar de frente para mim.

— Não acredito que você escondeu tudo isso de mim, Peeta — falou, com o rosto bem cansado, e decepcionado.

— Pai… eu não sabia como contar. E depois, tudo isso aconteceu, eu não tinha mais tempo, e nem via motivos para isso.

— Mas sou seu pai! Eu mereço saber o que está acontecendo com você, com seus sentimentos. Peeta, eu achei que nós também fôssemos amigos! Sabe o quão magoado eu estou com você? É tristeza atrás de tristeza na minha vida, e agora mais isso?

— Pai… — suspirei fundo, abaixando minha cabeça. Ele está certo. Fechei os olhos, juntando minhas mãos entre minhas pernas, em um ato infantil. — O que eu deveria fazer agora?

Ele suspirou profundamente.

— Não sei. Sua mãe talvez fosse saber a resposta, mas não iria falar. Essas coisas a gente precisa descobrir sozinho. Agora, é ter paciência, e esperar que o melhor aconteça. Ela foi pessoalmente falar conosco, e mais uma vez prestou condolências à sua mãe. Imagino que ela faria isso com qualquer Selecionado, mas o abraço que ela deu em Amélia, ela sussurrou alguma coisa, e sua irmã sorriu. Sorriu com aquele sorriso que você sabe qual é, que é quando ela realmente está feliz. Eu não via aquele sorriso em casa há muitos meses.

Balancei a cabeça.

— Tudo bem…

— E você, então, é por isso que tinha vezes que você já estava acordado. Saía de madrugada para se encontrar com Delly. Isso é tão indecente! Não consigo acreditar. Você é inacreditável!

— Mas eu nunca passei nenhum limite, eu juro! Sério! Nunca faltei com respeito!

— Mas você tinha que ter falado comigo! Peeta, se te descobrissem, você poderia ser morto! Morto! — Pôs uma mão na testa, claramente agitado. — Você é inacreditável. Sua mãe ia te arrebentar.

E me deu um tapinha. Ele nunca me bateu, minha mãe já dava uns beliscões, porque eu fui uma criança bem atacada, de vez em quando, mas nada demais. O tapa que meu pai acabou de me dar, quase não senti, por causa do casaco.

— Pronto. Aprendeu sua lição.

Sorri, não consegui nem sorrir.

— Aprendi. Vou falar para todo mundo que o senhor me bateu por eu ter desobedecido.

— Faça isso mesmo.

E ficamos em silêncio. Até começarmos a rir, sem combinarmos.

— Realmente, acho que você aprendeu sua lição. O tanto que deve doer caso ela escolha outro na semana que vem, é o suficiente, então, não vou falar nada sobre isso, juro solenemente. Agora anda, seu preguiçoso. Fiquei sabendo que só quis saber de ficar dormindo nessa última semana. Anda, vamos fazer alguma coisa, é ano novo, e esse ano… eu sei que vai ser melhor. Sua mãe vai ajudar lá de cima, a nos dar inspiração para continuarmos aqui embaixo.

Sorri mais uma vez, o abraçando apertado, e saímos, conversando, como nos velhos tempos.

Evitei participar dos jogos com meus amigos, e nossos familiares, inclusive a Família Real pelo máximo de tempo que eu pude, até que não tive outra alternativa. O sorteio caiu em mim, onde eu deveria sair pelo jardim procurando outra pessoa, estando eu vendado, sem saber quem era a outra pessoa, que sabia que eu estava a procurando. Me deram 15min para conseguir achar, eles me dariam três dicas, e só.

— Um! Dois! Três! E…! VALENDO! — O rei gritou, e Gale pôs a venda em meus olhos, rindo.

— Vai, Peeta! Traz a medalha pra gente! — Meu amigo gritou, me fazendo dar um chute para trás, o que só fez com que ele risse ainda mais.

— Como é que eu vou achar alguém assim?! Eu não to.. ai! — Tropecei e caí na grama dois segundos depois. — Não to enxergando nada!

— Esse é o espírito! Vai! Anda! Corre, Peeta! — Stuart gritou, meio rouco já, por estarmos no final da tarde.

Ri, da minha própria vergonha, e continuei, procurando, tateando nas flores, passando por uma árvore.

Até que ouvi um espirro.

— Katniss? Katniss?

Pude sentir ela se mexer em algum lugar, rindo baixo. Sorri. De longe, pude escutar meu time animado. Mas não acho que possam ver o que está acontecendo de tão longe.

— FALTAM DOIS MINUTOS!

 

Se for preciso, eu pego um barco, eu remo
Por seis meses, como peixe pra te ver
Tão pra inventar um mar grande o bastante
Que me assuste, e que eu desista de você.


Não! — ela respondeu, e eu ri. — Não!

— Já… te… achei! — tirei a venda, tocando em seu braço, fazendo ela rir alto. — ACHEI!

Levantei seu braço, e ela riu, saindo da moita, atrás da árvore que tem a casa na árvore.

— Nossa, mas você veio para muito longe! Minha sorte é que o pessoal me encaminhou pra cá!

 

Se for preciso, eu crio alguma máquina
Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima
Viajo a toda força, e num instante de saudade e dor
Eu chego pra dizer que eu vim te ver

Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você


— Sim, claro, oras! Não sabia que era você quem me procuraria, mas ainda sim, você ia dar um jeito de achar. Conhece todo esse campo, oras — respondeu, leve, rindo junto comigo, pondo o cabelo cortado para trás da orelha. Hoje usa uma bermuda, e uma blusa de manga comprida, tudo na cor mostarda. No sol do fim da tarde, que passa entre as folhas, e ainda com suor, é como se fosse coberta por ouro. Sua boca está rosada, pelo batom. Katniss é tão linda.

Por costume, passei a mão por seu rosto, colocando a outra mecha de cabelo atrás de sua orelha. Usa um brinco de flor rosê.

Peeta… você sabe. Vamos, temos que voltar. — disse, baixo, olhando em meus olhos.

Eu sei… — respondi. Nos aproximamos. Não devemos. Eu não devo.

Olhei em seus olhos. Desviei de seu cabelo bonito, para dar ênfase, olhar bem em seus olhos. Como eu amo os olhos dela.

— Eui — foi interrompida pelo barulho de passos na grama.

 

Que amor tão grande tem que ser vivido a todo instante
E a cada hora que eu to longe é um desperdício
Eu só tenho 80 anos pela frente
Por favor, me dá uma chance de viver

 

Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você

Não tem, pra trás, nada
Tudo que ficou tá aqui

 

Imaginei uma música boa, lenta, com uma letra que expressasse o que eu sinto.

— Cadê vocês?! Vamos! Temos que voltar! — Prim falou, sorrindo, chegando até onde nós estamos. — Estão bem embaixo do visco, mas como eu não quero problema com ninguém! Vamos, vamos, antes que vocês se casem aí.

Rimos, mas senti minha bochecha ficar vermelha de vergonha. Voltamos para onde as mesas estavam, agira, abastecidas com o jantar.

Me juntei a minha família, e não falei mais com Katniss, nem ela comigo. Imaginei que fosse melhor ser assim.

 

Se for preciso, eu giro a terra inteira
Até que o tempo se esqueça de ir pra frente e volte atrás
Milhões de anos, quando todos continentes se encontravam
Pra que eu possa caminhar até você

Eu sei, mulher, não se vive só de peixe, nem se volta no passado
As minhas palavras valem pouco e as juras não te dizem nada
Mas se existe alguém que pode resgatar sua fé no mundo
Existe nós

 

— Eu achei que vocês foram ótimos, crianças. Mas Stu, estou surpreso com o quanto você conseguiu correr, vencendo do Cato — meu pai observou, enquanto caminhávamos devagar para nossos quartos. Passávamos pela entrada do jardim para o palácio quando senti uma mão no meu ombro. Tomei até um susto.

— Oi, desculpa pelo susto — Katniss disse, rindo, envergonhada. Minha família, como sempre preocupada e me observando, continuou seguindo sem nem olhar para trás, só Ben, que estava no colo do meu pai, e deu um sorrisinho malicioso. Fiquei internamente boquiaberto. Crianças sabem dar sorrisinhos maliciosos?!

Pus as mãos na minha bermuda branca, envergonhado também.

— Não tem problema… eu fiz alguma coisa dessa vez? — Perguntei, já ficando angustiado. — Olha, pelo o que quase aconteceu no jogo mais cedo, eu —

Fui interrompido por um abraço, completamente inesperado. Imediatamente a abracei de volta, suspirando. Ela, porém, não deu o abraço que estamos comum um com o outro, mas foi um abraço. Um longo abraço. Me permiti deixar minha cabeça sobre a sua, fazendo carinho em suas costas com meu polegar, da maneira mais casta possível.

Sinto tanto sua falta. Quero tanto o seu bem. Você é tão linda, Katniss.

Porém foram palavras que ficaram em minha boca. Eu não as disse. Mas ela sabe o que se passa, e sabe que é o que quero sempre dizer.

 

Também perdi meu rumo, até meu canto ficou mudo
E eu desconfio que esse mundo já não seja tudo aquilo
Mas não importa, a gente inventa a nossa vida
E a vida é boa, mas é muito melhor com você

Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você

 

— Feliz ano novo. Eu disse para todo mundo, mas não tinha dito para você. Feliz ano novo, Peeta.

Falou, assim que se afastou, dando logo dois passos grandes para trás. Assenti, dando um sorriso torto sincero.

— Feliz ano novo, Katniss.

E ela sorriu, aquele sorriso no canto do rosto, esperto, e gentil.

Deu meia volta, com as mãos no bolso da bermuda, que tem margaridas nas bordas, e se foi, sem virar para trás.


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Notas finais do capítulo

MUITO OBRIGADA POR TODOS OS COMENTÁRIOS, EU VOU RESPONDER TODOS VOCÊS É QUE ESSE FINAL DE ANO FOI MUITO CONFUSO MAS EU LI TUDO, E EU AMO VOCÊS ME PERDOEM FELIZ ANO NOVOOOOO AAAAAA FELIZ ANO NOVO, ESPERO QUE O NATAL DE VCS TENHA SIDO EXTRAORDINÁRIO BJSSSSS obrigada por tudo, gente ❤️❤️❤️❤️❤️ Vou editar assim que chegar em casa! ------- Pessoal, é isto! Está atualizado, e mais uma vez eu super agradeço a todos e todas que tornaram e ainda tornam isso possível, qando recomedam a fic, favoritam, comentam, muito obrigada mesmo, pessoal, eu não sei o que dizer para agradecer vocês. Obrigada. Que esse ano de 2019 seja um ano muito bom para todos nós, uma vez que os últimos anos, ,de uma maneira global, não foram assim tão excelentes, que nesse novo ano tenhamos muitos sorrisos, e mais lágrimas de alegria do que de qualquer outra coisa. Obrigada mesmo, gente.

AGORA, OS SPOILERSSSSSSS!!!! Que o próximo vai arrebentar com a boca do balão!!
Música: Everybody Want to Rule the World, Tears for Fears (isto porque tem que fazer entrar no clima, e eu não achei uma outra música que fosse se encaixar melhor, mas isso pode mudar!)
Trecho: "— Cato foi atingido muito gravemente, bem quando eu peguei Amber e Clare no colo, e ai gritaram o nome dele, algo como ele é seu amigo, eu ia ajudar, mesmo com minhas irmãs, eu ia dar um jeito, mas tudo aconteceu muito rápido, e eu só consegui correr, até receber a mensagem de Gale. Depois chegaram guardas nossos, e muito mais tiros, eu não sei mesmo como meu amigo está. Apenas sei que vocês precisam fugir, e se esconder. Eles não estão aqui procurando alguma coisa a não ser a cabeça de vocês.
Nesse instante os tiros e gritaria foi se aproximando, me fazendo querer chorar, já que meu coração parecia que estava na boca"

Gente, o prox está até pronto, mas o que acontece, eu resolvi mudar algumas coisas de última hora, mas essa semana sai sim, porque eu sei estão cansados das minhas bolas fora kkkkjjjkkkkkk e eu quero logo começar a escrever os outros capítulos, finais para concluir a fic! Resolvi que, ao invés de bônus, vai ter a "4°" fase da fic, que será bem breve, no máximo mais 5cap, depois que eu terminar essa. Mas gente, ta tudo ainda muito vago kkkkkkkkkk eu sou doida
Mais uma vez, pessoal, feliz ano novo, muita conquistas, muita coisa boa, muito todos os desejos que o pessoal faz em ano novo! ♥ que realmente seja um novo começo, gente! Beijosssssss!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ♥ fiquem na Paz! ♥



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