A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 54
Mas e nós?... | A Escolha


Notas iniciais do capítulo

Meninassssssss, eu nem tenho algo pra falar, minha cara ta no chão... eu sumi do mapa, só apareço esporadicamente no Instagram ou FaceBook para compartilhar os meus memes, a faculdade, é completamente responsável por todas as atuais desgraças na minha vida, eu não to aguentando mais, gente, não sei como vocês fazem duas, três faculdades, não tenho cabeça para isso, na moral, to nem sabendo se vou conseguir levar essa uma até o final KKKKKKKKKK e olha que eu to na área que eu acho interessante. É o crso que eu faria por hobbie, agora virou o da sobrevivência mesmo, fé em Deus.
Pessoal, esse capítulo ta escrito com muito amor, muito carinho, eu to quase chorando de pura raiva, porque eu queria ter postado e terminado antes, mas eu to tão socada pela vida, que eu nem consegui. Perdoa ai, galera, de verdade... espero que aproveitem, não deu para muito gif, só o do final do capítulo, mas consegui desculpas perfeitas para colocar uma trilha sonora das músicas que eu tenho escutado bastante nos últimos dias!!!! Boa leitura!!!
Observação: Valeu, Clara, por ser responsável pelas conversas bizarras na madrugada, por me cobrar o capítulo da fanfic, e por me afundar em tristezas com ANAVITORIA. Nos próximos capítulos terá mais músicas e referências delas, em sua homenagem, e aos meus choros às cinco da madrugada de domingo pensando no meu @
{esse capítulo também é para todos que já tiveram que deixar alguém ir, mesmo que doa, a gente sabe quando é o melhor para quem a gente ama/gosta}



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Ultimamente, eu tenho, eu tenho pensado

Quero que você seja mais feliz, quero que você seja mais feliz

Quando a manhã chegar

Quando virmos o que nos tornamos

Na luz fria do dia, nós somos uma chama no vento

Não o incêndio que iniciamos

Cada argumento, cada palavra que não podemos desdizer

Porque com tudo que aconteceu

Acho que nós dois sabemos como a história termina

Então só por um minuto

Eu quero mudar de ideia

Porque isso não parece certo para mim

Eu quero te animar

Eu quero te ver sorrir

Mas saiba que isso significa que eu terei que partir

Saiba que isso significa que eu terei que partir

— Happier, Marshmallo ft. Bastille

Nunca foi fácil estar na Seleção, pois eu nunca quis estar, realmente, aqui. Eu sempre senti muita falta de minha família, de meus irmãos, porém eu fui aprendendo a amar este lugar, principalmente por saber que, além de ter Katniss, sabia que enquanto ficasse aqui, poderia oferecer melhores condições para todos, mas agora, eu não estou fazendo nada. E para nada.

Fui bloqueado de andar pelo palácio, ordens reais, e é claro que sei o motivo, embora sinta que Katniss não tenha pedido, exatamente, para que eu fosse proibido de estar com ela em qualquer circunstância.

Para piorar, meus amigos também não podem mais vir me visitar, apenas Layla, Stefan e Julia, porém as meninas, uma hora por dia. Não entendi nada acerca disso, mas apenas aceitei, já que é a única coisa que me resta fazer, hoje em dia.

A.M: “Peeta, não dá para ficar vegetando o dia inteiro, precisa fazer alguma coisa, ainda mais hoje, último dia do ano. Na semana que vem, será o anúncio. Todos sabem que q escolha será entre você e Gale, isso já foi anunciado. E está até sendo assunto o fato de você não estar sendo comentado mais nas notícias diárias. Toma tendência.”

Suspiro, profundamente, bagunçando meu cabelo, antes de responder Amélia.

— Essa gente acha que é fácil… — murmuro, enquanto digito a resposta.

P.M: “Ames, eu já te disse, eu sequer posso passar perto dela, até fui proibido de jantar com os outros. Ela está comparecendo agora que melhorou do que quer que tenha acontecido.”

A.M: “Vejo isso como uma clara desculpa para não falar com ela, e continuar acomodado nessa mesmice. Você sabe que consegue passar por cima de todos esses códigos, principalmente com o rei gostando tanto de você. Peeta, quem quer, dá um jeito”.

Amélia está gravando uma mensagem de áudio.

Olha – Dean rindo, e Amélia também – eu e sua irmã estávamos certos o tempo todo. A gente disse que seria isso o que aconteceria, e não deu outra, você deveria dar valor para a gente. Peeta, você sabe que há um lugar que não vão impedir você de ir. E ela também sabe. Com certeza tem, dá seu jeito. Quem quer, faz acontecer, ou vai ver alguém fazendo acontecer, e você sabe bem quem vai, e o fará muito bem.

Dean está certo. Gale vai passar por cima de você, mesmo sem querer, dá para ver que ele possui um sentimento tão singelo quanto o seu. Mas com você, a gente sabe que ela é diferente.

Desligo meu Smarter, e me jogo na cama outra vez, encarando pela milésima vez o teto bem elaborado.

— Concordo — quase gritei ao ouvir a voz de Stefan.

— Qual é o seu problema?! — Exclamei, assustado, o fazendo rir.

— Nenhum, cara. Eu cheguei fazem uns dez minutos, você quem nem percebeu. Não vou ficar desejando boa tarde. Eu vivo aqui. Concordo totalmente com a sua irmã, na verdade, era o que eu estava fofocando com o Cato e Blane hoje mais cedo, lá na Cozinha. A gente concorda que você deveria se esforçar mais.

Fechei a cara, voltando a ficar deitado de barriga para cima.

— Está chateado porque não viu o que eu e seus amigos viram. Gale e Katniss no jardim, como se fossem namorados há uma eternidade e meia. É assim?

— O que esperam que eu faça?! Todo mundo espera uma atitude de mim, mas o que eu poderia fazer?! — gritei, nervoso, me sentando na cama. São três dias escutando minha família dizer isso, e agora, até meus amigos.

Stefan se manteve calado, com uma expressão até cômica.

— Por que você nunca me pediu para conversar com os meus amigos guardas, ou com a Madge e a Johanna, para poder incentivar um encontro entre você e a princesa? — perguntou, como se fosse fácil.

— Eu tenho que respeitar o espaço dela! Não posso simplesmente marcar um encontro, você sabe que não. Ela precisa pensar, refletir, sobre tudo. Não irei pressioná-la. Vocês sabem que não!

Suspirou, com uma expressão frustrada.

— Tudo bem, tudo bem… bem, mas você pelo menos precisa almoçar para que vá até à estufa.

Revirei os olhos, me levantando, indo até a varanda, onde o prato com o tipo de macarrão com almôndegas mais elaborado que eu poderia imaginar estava lá.

Ele se juntou a mim, já que eu disse desde o começo que não participaria das refeições se alguns deles não me acompanhassem também.

Quando saiu, me lembrou que hoje eu posso ficar duas horas na estufa, o que me deixou extremamente aliviado e feliz, pelo menos esta boa notícia.

Mas antes de descer, resolvi assistir um pouco de Televisão, me arrependendo no instante em que vejo um vídeo de Katniss e Gale em um jardim diferente, captados por câmeras discretas, eles em sorrisos e beijos, bem à vontade um com o outro.

Aparentemente, a princesa já têm alguém certo para coroar — brincou a repórter com outra. — Meu palpite havia sido no Selecionado Peeta Mellark, por questões que acho que todos acreditam, é bem recíproco entre eles dois, mas aparentemente, as coisas deram uma desandada.

— Isso tudo pode ter relação com o problema de saúde da Princesa — a outra ponderou. — Que hoje, passa bem, graças a Deus, porém, para quem não sabe, ela esteve internada por três dias em um estado clínico complicado. As causas não foram divulgadas, mas fontes próximas apontam stress como principal causa.

A repórter de pele morena escura, Carly, assentiu, em um tom preocupado.

Mas hoje ela está bem, com todas as precauções necessárias para que esteja bem para governar,, que expressou seu carinho através de mídias sociais neste final de semana, vamos à algumas cidades ao redor de Panem com Evangeline Barrow.

Logo apareceu a âncora oficial do jornal internacional, com um sorriso, em uma galeria de arte no norte do país, onde há muito disso, por ser bem visitada por turistas.

— Aqui em todo o Norte de Panem, podemos observar muitas celebrações pelo Ano-Novo, e também com a ansiedade para conhecer o futuro marido da princesa prometida ao trono, Katniss Everdeen! — exclamou, e foi mostrado os cartazes, as pinturas, que não são fixas, mas editadas, sempre, para haver incentivo aos cidadãos estarem sempre frequentando o lugar, e també dando maior notoriedade para mais artistas.

Desligar a TV — ordenei, e assim se sucedeu.

Eu não posso ficar aqui, vendo tudo acontecer, enquanto Gale está com Katniss. Eu preciso dar um jeito de ver ela. Preciso ver ela, preciso me desculpar. Amanhã já será dia 31 de dezembro… preciso ver ela, saber como está.

Como eu vou conseguir passar por todos os guardas e chegar até seu quarto? Eu nunca vou conseguir isso.

Levantei da cama, nervoso, quase sem fôlego, de nervosismo, me sentando com as pernas cruzadas na sacada da varanda do quarto. A estufa reluz feito um cristal com o sol das duas da tarde, é um dos melhores momentos do dia para estar lá, quando não ao pôr-do-sol.

Conheço esse cabelo de longe. Katniss.

— Nossa, esses óculos são muito bons — murmuro para mim mesmo, piscando mais fundo duas vezes, por poder identificá-la de tão longe, sorrindo com Prim na estufa do palácio.

Por que eu conseguiria chegar até lá? O que eu vou falar? Assumir minha culpa?

Em um momento de surto, apenas calcei meu tênis, aproveitando estar bem vestido, e saí.

O único lugar que eu me lembro não ter sido proibido foi a cozinha, e o jardim, especificamente a estufa. Katniss nunca vai lá. Felizmente, Prim frequentemente o faz.

— Para onde está indo com tanta pressa?! — Stefan observou, à caminho do meu quarto, com uma bandeja nas mãos, aparentemente com meu lanche.

— Caso me aconteça alguma coisa… bem, eu acho que estoy fazendo a coisa certa, mesmo que seja legislamente errada.

Dei um meio sorriso, e continuei apressado, deixando-o com uma expressão de pura confusão.

Esse Peeta — pude ouvi-lo murmurar.

— Olá, boa tarde! — Cumprimentei os guardas, com um sorriso o mais natural que eu pudesse fazer. — Vim para meus 15 minutos na estufa.

Sorriram, eu já os conheço desde que cheguei. São quase amigos para mim.

As portas para o extenso jardim já estavam abertas, eu apenas passei.

Fácil demais.

Vai dar tudo errado. Vai dar tudo errado.

— Hey, Selecionado, sua permanência não é permitida enquanto a princesa Katniss está — um guarda novo e bem mais forte e alto que eu censurou, pondo-se na minha frente. Meu coração, que já estava extremamente acelerado, ficou ainda mais, e as minhas lágrimas voltaram com toda a força.

— Mas esse é o único lugar além da Cozinha que posso frequentar. Eu não sabia que ela estaria aqui.

— Ordens do rei, por favor, vou solicitar para que seja escoltado de volta para seus aposentos e —

— Podem deixá-lo entrar — Prim cortou a fala do guarda, e eu quase caí, por minhas pernas estarem tão bambas. Quase chorei. Nossa, eu estou assustadoramente sentimental.

— Vossa Alteza, as ordens são de vossa majestade, é inapropriado que — ela ergueu uma mão elegantemente, com um olhar delicado, mas forte ao mesmo tempo, e ele abaixou a cabeça, mesmo sendo quase duas vezes a altura dela, sem contar o porte atleta que ele possui, dando de dez à zero em mim, mesmo que tenha conseguido um corpo bem cuidado com todo esse tempo na Seleção.

— Ouviram o que vossa alteza lhe disse — tomei um susto ainda maior ao ver a avó paterna de Katniss, a rainha Rose.

— Sim, majestade. Guardas, por favor.

Ele fez um singelo gesto, então a meia dúzia que estava em pontos estratégicos, e eu não havia percebido, se retiraram, juntando-se aos outros nas portas do jardim.

— Majestade — fiz uma reverência, ainda desconcertado, é claro. Eu vou desmaiar. Em algum momento, eu vou cair no chão, e ficar, morto, assim espero.

Estar tão brigado com Katniss me deixou sensível de uma forma da qual nunca estive em toda minha existência. É surpreendente o quanto ela me surpreende, mesmo tão longe de mim, embora tão perto.

— Sabe que não precisa de tais formalidades… ainda mais que Katniss quer que você seja parte dessa família.

Prim disse, me dando um abraço, que retribui da mesma maneira, abrindo finalmente um sorriso.

— Embora eu tenha conhecimento da história, por causa de Snow, acredito que vocês devam conversar. Mas por favor, se ela mandar que você vá embora, dessa vez, vá. — Olhou-me bem nos olhos, que são tão cinzas-azulados quanto os do rei e de Katniss. Tão poéticos quanto.

— Sim, senhora. Apenas quero… poder falar com ela mais uma vez antes das festas.

.

Disse a senhora, elegante porém singela, tal como Prim, que abraçou a avó, caminhando para um dos bancos para duas pessoas, enquanto eu segui para a estufa gigante.

Como a porta está fechada, abri devagar, para não faz barulho, mesmo que uma música alto-astral (Girls Like You, Maroon 5) esteja no último volume, e o ambiente esteja ainda mais extraordinário com a luz natural do Sol da tarde, beirando às quatro da tarde.

Logo pude identifica-la, de costas no canto do lugar, desfazendo um coque bagunçado, balançando o corpo docemente, ao ritmo, enquanto rega uma muda. Uma muda de tulipas amarelas, raríssimas de sobreviver aqui. Mas resiste. Eu quem plantei e cuido, pois há cinco semanas, que parece ter sido há milhares de anos atrás, ela me pediu, e eu consegui que encomendassem as sementes.

— Com tanta água, irá afoga-las.

Alertei, com a voz baixa, parando ao seu lado, pegando cuidadosamente a composta com tais flores. Ela suspirou de susto, mas não esboçou nada além ao saber de minha existência ali. Não me olhou.

Quanto tempo leva para o coração esquecer alguém?

É justamente o que estou fazendo — retrucou, ainda sem me olhar. — Não preciso de nada seu.

— Então precisará ir até a Holanda para ter apenas duas tulipas amarelas.

— Não parece ser tão ruim ir tão longe.

— Mas parece ser ruim se pode ter algo que ama tão perto.

— Não é um sacrifício impossível. Vale a pena se não for me lembrar de você e de suas mentiras.

— Se as tulipas amarelas te fazem lembrar de mim, assim como margaridas me levam diretamente até você, nada adianta ir até quase o outro lado do mundo para isso. Você vai se lembrar de mim. Eu voltando para o Sete, em Illinois, vou me lembrar de você em cada esquina. E eu nunca menti para você.

Largou o regador, me olhando, então, com os olhos cheios de lágrimas.

— O que você quer? — perguntou.

— Eu não sei — admiti, ficando emocionado junto com ela. — Eu não sei. Apenas… Katniss… eu… — ela estava chorando, e eu me segurando o máximo. Percebo que não preparei nenhum discurso, nenhum pedido de perdão, nenhuma palavra. — Eu não sei o que te falar. Eu apenas queria e preciso ver você. Tentei te visitar no hospital, mas ele já estava lá, e eu sabia que não era o meu lugar. Katniss, eu…

Segurei sua mão, que estava no meu alcance, ela tentou puxar, mas segurei, sem machucá-la.

— Você o quê?

Olhando em seus olhos, pude ver o brilho único quando olha para mim. Pude perceber que não têm dormido o suficiente, mas parece descansada, leve. Em seu rosto há algumas marcas, está sem maquiagem. É tão linda. Contemplar seu rosto depois de tanto tempo, e de todas essas circunstâncias, é como poder beber em uma fonte de água no meio do deserto. Tão fascinado por seus belos olhos, e pela verdadeira obra de arte que são, não percebi que nossas mãos se desencontraram.

— Eu vou ficar melhor longe de você. — disse, limpando as lágrimas, passando as mãos furiosamente pelo rosto, me fazendo perceber os curativos extensos por seus braços. — Vá, Peeta. É melhor você ir embora. Você não tinha que ter vindo até aqui. A gente sabe, e concorda que precisamos disso. Nós precisamos ficar longe.

A música terminou, engatando uma outra, que tinha um ritmo mais leve, lento. Não é como estou. Meu coração parece estar um palmo de estourar, assim como minha cabeça, dando voltas e voltas. Eu tenho que falar. Eu não posso deixar ela ir embora.

Eu nunca vou te deixar perto de mim
Mesmo que você signifique tudo para mim
Porque toda vez que eu me abro, dói
Então, eu nunca vou ficar muito perto de você
Mesmo que eu signifique tudo para você
Caso você vá embora e me deixe na lama

Mas quanto mais você me machuca, menos eu choro
E a cada vez que você me deixa, mais rápido estas lágrimas secam
E a cada vez que você vai embora, menos eu te amo
Meu bem, não temos chance, é triste, mas é verdade

— Quero você feliz. Quero você bem. Quero você tranquila. Quero você… com quem você quiser ficar, mesmo que esse alguém não seja mais eu.

Comecei, dando um passo bem pequeno em sua direção.

— Não posso suportar a ideia de saber que você está mal. Eu sei que o que sinto por você é amor, de uma forma que eu nunca imaginei que fosse ser possível, eu não vi acontecer. Eu… — suspiro, fundo, para não deixar que o choro atrapalhe minha voz. — Pedir perdão uma outra vez não será necessário, mas se precisar que eu peça um milhão de vezes por ter traído sua confiança, eu te peço em dobro. Não sei o que foi que aconteceu com você, que te deixou tão mal… mas Katniss, não tem como você se machucar sem me machucar. Não tem como.

Quis dar um passo à frente, mas sei das minhas limitações, é claro. Depois de tudo, ela ainda está certa em me querer longe.

Fala diretamente que a ama!

Eu quero dizer, mas não consigo. É, de fato, o que eu sinto, porém não sei como expressar isso com as palavras.

— Eu vou me afastar de vez, se assim vai ser melhor para você. Isso não me faz bem. No entanto, eu me comprometo, se isso for te fazer bem. Minha intenção jamais foi magoar você, nem quando eu cheguei com a intenção de ir embora, e tenha compartilhado isso com você. Nunca quis ferir você, sua saúde, ou qualquer situação que a envolva. Por amar você, eu vou. Era o que eu queria falar. Me desculpa por… enfim… tudo. Fica bem.

Dei levemente de ombros, parando para olhar de novo em seus olhos, em um tom esverdeado, as belas orbes cinzas-azuladas, por causa do reflexo da cor predominante na estufa, mesmo que carregue tantas cores. Imagino que meus olhos estejam quase semelhantes, ainda mais com o choro.

— Eu vou ficar bem.

Concordei, embora triste.

— Você vai. Você merece ficar bem.

Abaixei os olhos para os meus pés, então reparei na mão dela, e peguei, ela deixou. Palma com palma, pontas dos dedos meus, com as pontas dos dedos dela. O choque é real. O sentimento é puramente verdadeiro. Eu a amo. Eu com certeza, com todas as batidas do meu coração, com cada metro quadrado dos meus vasos sanguíneos, eu a amo. Eu daria minha vida por ela. Eu dou minha vida pela dela.

Agora, pude entender o próprio sentimento de Delly por mim, e o de meu pai para minha mãe. Quem ama, nem sempre fica junto. Às vezes, ficar junto fará mal para os dois.

Entrelaçamos devagar os nossos dedos. Mesmo o contraste de cor de pele parece perfeito, certo. A conexão é certa. Mas nem sempre é para ser.

Devagar, mesmo que quisesse ficar contemplando-a, me afastei, sem tocar em seu rosto, cansado, porém delicado como sempre, e parecia mais leve. Ela vai ficar bem.

Virou-se, então, pegando seu Smarter, e sem olhar para trás, em passos rápidos, saiu da estufa.

A música (Let Her Go) parou de tocar quando atravessou as portas de vidro, estonteantes. Me apoiei na bancada, encarando a rara e vasta diversidade de flores, plantas delicadas. A organização é para dar a sensação de estar em um arco-íris. Funciona, provocando paz.

Você tinha que ter dito que a ama. Você tinha que ter implorado. Você a deixou ir embora.

— Peeta?! — Gale exclamou, me dando um susto. Acabei por derrubar o regador que estava em minhas mãps, regando as margaridas. Há na floresta, porém essas são geneticamente modificadas, possuindo um aroma mais marcante e sensível.

— Nossa, meu Deus, Gale! Quer me matar?! Você nunca vem aqui! — exclamei de volta, nervoso. Mas logo voltei ao meu estado natural de neutralidade. — Quê?

Ele riu.

— Nada, eu quem te pergunto, ia te chamar pra participar da virada de ano com a rapazeada. — Convidou, se aproximando. — Aqui tem um cheiro bom. Traz uma paz, né.

— Trazia, até você fazer o favor de me dar um susto, e nas flores também. Elas sentem. — retruquei, saindo outra vez da minha neutralidade, repensando no meu fiasco de conversa com Katniss. Eu amo tanto ela, que nem sei como falar, como me expressar. Sinto que vou ou atear fogo em todas as flores e em mim mesmo, ou pegar o vaso com minhocas e estourá-lo na cabeça de Gale, com esse alto-astral perturbador.

— ‘Ta fazendo o quê aqui? Eu quem venho pra cá.

— Sei lá, eu estava andando à toa — revirei os olhos por seu tom despreocupado. Gale de todos os dias. — Katniss estava aqui? Vi uns dos guardas, mas nada dela.

Corei, porém virei para a outra bancada, ficando de costas, enquanto ele, de sua forma imperativa de sempre, mexia em todas as placas de identificação.

— Não, eu também estou proibido, você sabe.

Ele suspirou.

— Cê também fez por onde, né, Peeta.

Minha vez de suspirar. Hoje é dia de limpar a roupa suja. É dia de comprometer meu psicológico.

— Não começa. Sei mais que ninguém o quanto estou errado. Já aceitei.

— Ai, para de agir assim, você é um dos meus melhores amigos. Fora que em três semanas é o seu aniversário, você é mais velho que eu. Não precisa disso, fora que eu estava quando tudo aconteceu, e vi o que ocorreu depois.

Suspirei, novamente, sentindo meus pulmões pesados mais uma vez.

— Eu não quero falar. Mesmo que sejamos amigos, Gale, sabemos que isso não é um jogo.

— Eu sei que não é — respondeu, cruzando os braços, me olhando nos olhos. — Isso é muito mais do que a gente mesmo acha que é. Não é uma série de TV. Eu vi o lado que você não viu. E tudo será decidido em quatro dias.

— Ela vai escolher quem não puder viver sem — comentei, também me apoiando na bancada, cruzando os braços.

— Ela pode viver sem a gente. Acho que será quem ela sentir que pode ajudá-la a ser a pessoa maravilhosa que é.

Ponderei, mas logo concordei. É verdade. Katniss é uma mulher já, em termos de responsabilidade. Ela é autossuficiente.

— Queria que não fosse assim — falou, baixo. — Sinceramente, eu não queria ter chegado tão longe. Não estou preparado para tudo isso. E nem você, ou qualquer um de nós. Temos só 18 anos, e agimos como nossos pais. Não acho que seja certo tudo isso agora, tão ao mesmo tempo. Sabes que o rei irá se ausentar por um período logo após o casamento? São muitas responsabilidades.

Suspirei. Eu não queria pensar nisso, eu não pensei. Fui deixando a vida simplesmente me levar, como sempre, apenas agora que estou tecnicamente fora… eu nunca parei, realmente, para sentir o verdadeiro peso de todas as responsabilidades. É assustador.

Realmente, é assustador, imaginar todas as nossas responsabilidades, que virão. É mais do que o casamento com Katniss, é um casamento com uma nação fragmentada, que me esqueci estar aos frangalhos nessa prisão.

— Não deve ser tão difícil, no entanto — continuei, mas muito pensativo. — Porque… tem toda uma equipe. São quase duzentos parlamentares, o Primeiro-ministro, sem contar o próprio rei. A coroa só será assumida em três anos.

— Ai, eu vou surtar, tá maluco, achei que a vida seria menos perturbadora, mais uma vez eu achei tudo errado.

Rimos juntos, como se nem fosse com um de nós toda a responsabilidade.

— Bora jogar GTA? A gente chama o resto do pessoal, então podemos formar um grupo — sugeri.

— Você está na fase que o precisa derrubar o hospital? — perguntou, se animando.

— Tô aí mesmo, vamos?

— Agora!

Sorri, e saímos, conversando sobre a fase difícil. Chamamos nossos amigos, e nos juntamos em seu quarto, que é o maior, por onde ficamos todos jogando até conseguirmos passar duas fases muito complicadas.

— Ah, gente, eu tô cansado, cansado. Vamos assistir um filme! — Cato gritou, socando um travesseiro. Me joguei do lado dele no chão que forramos.

— Qual? Eu tava assistindo aqueles filmes do Harry Potter, ta faltando o Os Crimes de Grindelwald.

— Eu não assisti esse também, parei no primeiro de Os Animais Fantásticos! — Blane comentou, comendo outro hambúrguer, enquanto Calvin estava de barriga para baixo, de tanto comer, até passou mal.

— Então fechou, mas Calvin, toma esse remédio, você ta vermelho demais. ‘Tá conseguindo respirar? — Gale perguntou, preocupado.

— Ai eu tô, mas eu não sei — o quase ruivo disse, baixo. Comecei a rir, do estado de calamidade em que se encontra.

— Como assim você não sabe? Se você melhorar, vai poder comer mais lanches! — Blane falou para ele, jogando o comprimido, que o nosso amigo aceitou, se arrastando.

— Francamente, vocês são desprezíveis. Calvin, eu só queria ter o seu metabolismo para poder comer tanta coisa — Cato comentou, e eu tive que concordar. Engordei quase cinco quilos no último mês. Cresci também, e eu agora sinto estar no peso ideal, embora ainda faltem outros três para realmente ser o padrão saudável, mas nossa, eu engordei muito fácil, diminuindo meu ritmo na academia. Calvin não faz nada, praticamente, e simplesmente não engorda, e come toda hora. Eu como duas vezes por dia, e olhe lá. Mesmo quase seis meses depois, e eu não consegui me acostumar com toda essa comida. Meu estômago não tem nem tamanho para aguentar.

Por fim, acabou que eu me rendi a mais batata frita, hambúrgueres e refrigerante, conseguindo me esquecer dos verdadeiros problemas que me assolam. Me pergunto o que uma tarde com bons lanches e nossos melhores amigos não tenha a capacidade de resolver.

O final do filme foi tão impactante, que eu fiquei só parado, pensando.

— Gente eu só queria uma reviravolta dessas em minha vida — falou Cato, do mesmo jeito que eu.

— Mas a gente ter chegado até onde nós chegamos, é um excelente turning tables.

Gale acrescentou.

— Mas nada que supere ele descobrir ser o irmão do cara ali, mano. Não tem nada que possa superar isso! Nossa, eu vou até dormir e mandar um “alô” pra minha família… que eu espero nem ser a minha família, no final disso tudo. Quero, sinceramente, que tudo seja uma farsa, e eu descobri ser um bruxo, que precisa ir urgentemente para Hogwarts.

Assenti, com o mesmo desejo. Me despedi dos rapazes, e fui sozinho para o meu quarto, fechando a porta, indo sentar no parapeito da minha sacada, com uma vista, como sempre, privilegiada para a estufa real, o labirinto, e então, os grandes muros que nos cercam, nos protegendo do resto do mundo.

Olhei para a outra parte a qual tenho acesso, olhei em direção ao quarto de Katniss. Ouvi dizer que ela não dorme mais nesse quarto, mas em um outro, melhor. O que estará ela fazendo, às quatro da madrugada de um domingo, véspera de ano novo. Não acho que esteja dormindo. Algo me diz que ainda está acordada, mas o que estaria fazendo, exatamente? Dói saber que, por certo, por bom senso, e por uma questão de amor próprio, não irá me escolher. Nem eu me escolheria.

Arfo, irritado. Eu tinha que ter falado eu te amo, porque eu realmente sinto isso, que estou irreversivelmente apaixonado por esta mulher, menina, garota, porém eu sei que perto de mim não é nem de longe a melhor opção. Quando eu vou conseguir parar de me culpar, e entender que a besteira maior eu já fiz?

Sequer sei como irei retomar a minha vida após tudo isso. Possivelmente irei seguir Blane ou Cato por aí, por umas duas semanas, e voltar para o Sete, para me reconectar.

Derrotado, volto para a cama, minha cama, que não será mais minha, em uma semana, mesmo que eu já tenha título da realeza, por querer do rei, e da própria princesa Katniss, assim como os meus amigos da Elite, entretanto, não tenho a menor vontade de seguir algo nessa área, olhando minhas atuais perspectivas. vai ser pior do que qualquer coisa no mundo, se eu ficar aqui, andando por esse lugar. Se eu ao menos tivesse maturidade para ser só amigo. Porém Delly é uma ex diferente, ela tem alguém que é meu amigo, e nós realmente superamos, e entendemos que foi apenas uma parte das nossas vidas, agora isso? Katniss é toda a minha vida, ela me faz enxergar o céu, quando se reflete nos meus olhos. Ela é cor de noite, contrastando com a minha pele de dia.

Katniss é todas as flores raras, uma constelação, posso enxergar tudo o que quero ser nos olhos dela. Mas quando encaro a ideia que não passarei o resto dos meus dias com ela, me vem essa angústia terrível. Eu sequer sei mais quem eu sou. Não faço ideia do que eu posso ser. Mergulhei de corpo, alma e espírito, não deveria nunca ter feito uma coisa dessas. É bom que tenha acontecido, para ver se eu deixo de ser um idiota.

Tenho que parar de me entregar dessa forma, eu cheguei acreditando que sairia na primeira semana, estou pleno no sexto mês, entre os finalistas.

Domado pela infelicidade, cansado, de não fazer nada, só ficar pensando no meu fracasso, e jogar videogame, peguei os headphones, dando play no aleatório.

 

Me beija

Que eu gosto da tua textura

Do teu gosto frutado

Sorriso colado

O compasso acertado

O ritmo acelerado

Encaixado no meu

Me prova, me enxerga, me sinta, me cheira

E se deixa em mim

Me escuta no pé do ouvido

Todos teus sentidos

Que afetam os meus

Que querem te ter

Que tu me escreveu

E mais uma vez

Encontro lar

No perfume da tua nuca

Na curva do teu ombro

E no teu respirar

Nas tuas pernas

Nas mãos

Teu cabelo

E no cheiro do beijo

Que faz tu grudar

 

Só pode ser sacanagem. Só pode ser. Não é possível que até o aleatório de um aparelho possa me sacanear, eu achei que só eu era capaz de avacalhar a mim mesmo, mas percebo que não, tudo pode ficar pior, e mais complicado. É impressionante.

Agora eu quero ir

Pra me reconhecer de volta

Pra me reaprender e me apreender de novo

Quero não desmanchar com teu sorriso bobo

Quero me refazer longe de você

Fiz de mim descanso pra você

Te decorei, te precisei

Tanto que esqueci de me querer

Testemunhei o fim do que era

Agora

Agora eu quero ir

Desisto de músicas por hoje, eu sinceramente não aguento mais, não sei que pacto satânico é esse, não se pode escutar mais música nenhuma, que o aleatório já sabe que você está na pior, e faz questão de frizar, de esfregar isso bem na sua cara. É deplorável, eu não tenho nem o que dizer.

Eu nem sei mais o que eu sou, o que eu estou fazendo aqui. Espero que amanhã, que será, além de um novo dia, um novo ano, eu possa entender mais sobre mim, sobre quem sou, sobre o que eu não sou, mas também quero ser. É tão confuso… mas sinto que é bom, no final, todo esse momento árduo, toda essa virada no jogo da vida, para que eu possa reaprender a viver. São tantas coisas… tantos sentimentos, tantas dores… acho que pus todas minhas fichas em Katniss, que me esqueci. E acho que ela se esqueceu.

Suspiro. Bem profundamente, até poder sentir as minhas costelas, solto o ar, demoradamente, me ajeitei melhor na cama. As coisas precisam ficar bem. Está sendo, oficialmente, o pior ano da minha vida, mas eu preciso continuar, eu preciso continuar vivo. Ano que vem tem mais, muito mais, eu tenho mais para sofrer e apanhar da vida, não posso me deixar levar por isso. Eu preciso aceitar, e me reconectar comigo mesmo depois que tudo isso acabar, e será bom. Será bom. Já está sendo bom. Não está nada, você sabe que não, você está em seu pior estágio, e nem sua mãe saberia o que te falar para consolar, isso é, ela nem poderia mais nem tentar, porque ela morreu.

Nem minha consciência coopera. Eu não tenho nem o que falar. Apenas sei que poderia ser pior, e ficar me massacrando por tudo o que eu poderia ter falado com ela mais cedo, com a verdade, que eu poderia ter contado logo quando entendi que eu a amo, e não mais Delly. O passado realmente já virou história, o nosso amanhã é um segredo, então tudo o que me resta nada mais é do que aceitar o meu complicado presente, por mais desagradável que esteja sendo.


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Notas finais do capítulo

harry é sempre a melhor opção, caso o gif não entre esse é o link para essa décima maravilha: https://data.whicdn.com/images/252851089/original.gif

https://media.giphy.com/media/ojnQ6DOywtTdC/giphy.gif

GEEEENTE, eu não vou estabelecer datas, mas eu volto em dezembro, agora, a partir do dia 6, eu estou 100% livre, isso porque eu preciso tirar 7 na minha prova de história antiga,que será no dia 5 de dezembro. Eu já vou começar a arquitetar a festa de ano novo, que já terá mais surpresas, como a chegada dos familiares dos Selecionados, com uma lapse de tempo bem grande, para o dia do anúncio real, e está sendo o capítulo mais difícil de escrever. O meio para o fim, do próximo, tem mais de seis mil palavras.... para vocês entenderem, a coisa vai ser feia, e eu to sedenta para vocês lerem!!!
mÚSICA: Indefinida, me indiquem!!!
Trecho:"Quando eu tive a ideia mais louca da minha vida.
— Fica comigo e cala a boca — falei para Katniss, quando ele desviou o olhar, com todas as forças que tive, agarrei ela, descendo pelo canto, enquanto eles continuavam a disparar para qualquer lado, e a fumaça foi ficando mais e mais pesada. Fogo.
Outra bomba foi estourada, e nós tivemos nossos corpos separados bruscamente, sendo atingidos no rosto e nos braços por estilhaços de vidro e madeira. Gritei de dor, enquanto rolava pelos degraus. Me desesperei quando não a vi. Subi mais dez degraus, socando o homem que tentava enforcá-la, tudo isso em segundos, não víamos nada, apenas sangue. Depois dessa bomba, as coisas ficaram em câmera lenta, os gritos e berros distantes, mas ao mesmo tempo bem ao nosso lado.
Joguei ela com força pelos degraus, mesmo vendo seu rosto machucado, para tirá-la dos olhos da mulher das facas, que vinha com tudo."

A coisa vai ser forteeeeeeeee, vai ser muito forteeeeee, AAAAAAA, to bem empolgada, a coisa vai ser sinistra!!!

GEEEENTE, espero muito que tenha valido toda a demora, eu to awui porque vocês comentan, fav, recomendam, muito, mas muito obrigsds mssmo por tudo, ezpero que tenha feito o dia melhor de vocês, assim como fazem o meu!!!! Eu posso demorar para postar, responder, mas sempre, sempre vou voltar, só vou parar de vez quando Jesus arrebatar a igreja, ai eu tenho que ir junto KKKKKKKK mas fora isso, tamo suoer junto!!!
Obrigada pelo carinho de todos, de todas, mesmo depois de todos meus vacilos... obrigada, gente. ❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️ Desejo a vocês o que cada uma estiver desejando, com todo o coração. É muito especial para mim!!! ❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️ Amo cada um de vocês, e outra vez peço desculpas pela minha demora, estarei resolvemdo isto, de demorae tanto para postar! Até o próximo, se tudo der certo, logo na primeira semana de dezembro, dois capítulos garantidos até o final de 2018, beijosssss!!!!!



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