Sete anos se passaram. Sete anos congelada naquela ilha, sem poder ao menos avisar que ainda estava viva.

Lucy observava as pessoas andando pelas ruas de Magnólia de sua janela, sem coragem o suficiente para sair do apartamento. O mundo no qual se encontrava agora era tão diferente. Tão estranho, tão vazio.

No momento em que voltara, sua primeira ação fora procurar a Wolfblood. Porém, ao chegar em Laforier, o antigo prédio da guilda estava desocupado fazia uns quatro anos, de acordo com a vizinhança. Lucy procurou mais informações, não chegando à nada, infelizmente.

Passara-se duas semanas e Lucy esperava que, se ainda estivessem vivos, soubessem da sua volta de alguma forma e viessem encontra-la. Por isso não saía de seu apartamento, observando quase que initerruptamente qualquer um que passasse por perto de sua casa.

Ignorava o estomago roncar enquanto via uma garotinha de cabelos escuros e enrolados andar um pouco receosa perto do canal, perdida. Lucy decidiu esperar alguns minutos para ver se alguém aparecia para então ir conversar com ela, mas simplesmente pulou da janela quando viu a cor dos olhos dela.

Prateados.

— Com licença. – A menina deu um passo para trás quando ouviu a voz de Lucy e se virou para ela lentamente. – Está perdida?

— Lucy-nee? – A loura não conseguiu reagir as palavras da menina. Como sabia seu nome? Levou um susto quando sentiu os braços pequenos circularem sua cintura. – Você está mesmo viva!

— O que?

— Sempre quis te conhecer. – Antes que Lucy tentasse mais uma vez falar com a garota, ouviu uma voz muito familiar atrás de si.

— Cora! Sua menina levada! – Lucy automaticamente virara-se para trás e sentiu seu coração falhar uma batida.

A mulher a sua frente era uma das mais bonitas que já vira. Os cabelos agora longos davam um ar mais maduro, embora os olhos ainda expressassem aquela malicia que deixava Lucy apreensiva.

— Lu-lucy? – Lucy deu um passo em direção a Gina, que agora era somente um borrão devido as lágrimas. Sentiu somente o corpo dela contra o seu em um abraço forte e necessitado.

Lucy suspirou forte, aliviada por saber que sua amiga estava viva.

— Mamãe? Eu também quero abraça-la mais! – As duas olharam para baixo, onde Cora fazia um bico como tentativa de mostrar sua raiva. Gina sorriu, aquele tipo de sorriso apaixonado que Lucy amava ver no rosto de sua mãe, e pegou a criança no colo.

— Lucy, essa é Cora, minha filha.

— Fico me perguntando de quem ela puxou esses cachos lindos. – Gina quis chorar ao ver o sorriso sacana no rosto de Lucy. Como sentira saudades!

— Viemos te encontrar assim que recebemos a noticia, mas no momento em que pisamos em Magnólia essa aqui decidiu desaparecer. – Cora se encolheu com o olhar reprovador da mãe. – Nos separamos para procura-la, então Yamori deve estar em algum lugar por aqui com Ryū.

— Ryū?

— Nosso pequeno dragão. – Lucy a olhou assustada. Quantos filhos aqueles dois fizeram? – Foram só esses dois, idiota.

Lucy sorriu nostálgica.

— Quanto tempo faz que você não chama alguém de idiota?

— Não muito, na verdade. Yamori não mudou muito nesses sete anos. – Gina pareceu observar algo além de Lucy e sorriu. – Por falar no diabo.

Lucy se virou rapidamente somente para ser sufocada em outro abraço.

— É você mesmo? – A loura se surpreendeu ao ouvi-lo. E ficou ainda mais surpresa quando ele a afastou pelos ombros para analisar seu rosto, porque aquele a sua frente não Yamori. Aquele era, finalmente, Doragon. – Não mudou em nada.

Lucy só conseguiu pensar em uma coisa para falar:

— Eu sabia que vocês iam acabar juntos.

~•~

Eles passaram horas falando sobre os sete anos que se passaram.

Lucy descobriu que a guilda mudara para Hunting Village, não muito distante dali. Também descobriu que somente dois anos atrás Gina aceitou casar-se com Yamori. A moça passou quase cinco anos protelando isso por motivos que ninguém saberia.

— Como você sabe, nós começamos a morar juntos depois que a guilda se desfez. Foi questão de tempo até que aguentássemos esconder nossos sentimentos. E depois que você... – Lucy observou quando Yamori colocou a mão sobre o ombro de Gina como forma de consolo. Eles trocaram um olhar cheio de sentimentos que a loura nunca poderia decifrar. Tentou ignorar a dor em seu peito e a vontade de perguntar sobre ele. Aquele momento era deles, não queria estragar isso. – Nós ficamos com medo de perder mais alguém, então começamos a passar muito tempo juntos.

— Nem lembro de oficializar relacionamento algum, mas estávamos juntos e todos sabiam disso. Aí vieram os gêmeos e eu precisei pedi-la em casamento.

— Mas ela não aceitou. – Os três riram. Lucy acabou colocando os olhos nas duas crianças. – Tão lindos...

— Sim, parecem tanto com a mãe. – Yamori era um homem apaixonado falando aquilo.

— Já eu acho que eles puxaram o melhor dos dois. – Gina a puxou pra um abraço. Lucy acabou deixando algumas lágrimas caírem. – Tanta coisa mudou.

— Ah, querida. – Gina afagou seus cabelos do jeito que somente ela sabia. – Nem tudo mudou. – Gina afastou seus rostos para encara-la nos olhos. Lucy a olhou confusa quando a mesma sorriu. – Ele está vindo por você.

Lucy parou de respirar e jurou poder ouvir seu coração bater forte em seu peito enquanto as palavras de Gina ainda ecoavam em sua mente.

Ele estava vindo.