You gotta get up and try, and try, and try

Funny how the heart can be deceiving

More than just a couple times

Why do we fall in love so easy?

Even when it’s not right

You gotta get up and try, and try, and try

Chegaram à sala de treinamento em silêncio ao qual já tinham se acostumado. Era impressionante como se deram tão bem em tão pouco tempo. Seria até mesmo engraçado se, para ambos tal fato não fosse trágico.

Nico sempre foi o tipo de pessoa que se acostumou a manter a distancia mais segura possível do amor. Ele achava que o amor por vezes, poderia até te completar. Mas por experiência própria, constatou que a dose que o amor lhe traria em felicidade, ele lhe daria em dobro em forma de feridas depois. Se o garoto dissesse isso a alguém, talvez a chamariam de ignorante e descrente, mas isso foi o que a vida lhe mostrou, então, consequentemente foi a única face da moeda que ele conheceu.

E Thalia, aprendeu da forma mais dolorosa a não confiar nas pessoas. Aqueles que por vezes demonstravam amá-la foram os que no final a apunhalaram pelas costas. E o pior que não foi um de cada vez, dando um intervalo para que a morena pudesse se curar de feridas pequenas. Não foram pessoas insignificantes. E isso foi o que lhe causou mais dor, foram todos de uma só vez. Todas as pessoas de uma vez, todas as lagrimas de uma só vez, apenas uma ferida enorme.

Então porque depois de tudo o que passaram ambos terem uma atração tão forte uma pelo outro? Por que tantos sorrisos recíprocos? Por que se sentir tão confortável na presença um do outro? Perguntas como essas rondavam as cabeças desses dois adolescentes colocavam seus patins.

Dirigiram-se cuidadosamente até a pista, começaram a se aquecer, e o silencio predominante, não era nem um pouco desconfortável quando ambos estavam perdidos em seus devaneios.

Depois de alguns minutos foram despertados quando o celular da garota tocou. A música preferida dela era o repertório indicando que alguém estava ligando.

É incrível como os compositores escrevem musicas que encaixam perfeitamente na sua vida sem que nem mesmo te conheçam. E as vezes é por isso que tanto Nico quanto Thalia, recorriam aos seus fones de ouvido, quando precisavam de alguém, e ao mesmo tempo não queriam ninguém.

Não queriam o olhar de pena e preocupação enquanto alguém via suas lagrimas sendo derramadas. Por isso recorriam, ao abraço das ondas sonoras, enquanto a música dizia tudo que estavam sentindo, sem que precisassem proferir uma única palavra.

A morena saiu da pista. Atendeu o telefone, Nico pode ver que era um menino, e que era bem próximo de Thalia. Sentiu um formigamento no seu intimo. Alguns conhecem por ciúme, mas o garoto se negaria a admitir. Afinal, havia conhecido a garota a tão pouco tempo, como poderia ter ciúmes.

–Era um amigo meu – Disse Thalia ao encerrar a ligação – E ai? Alguma ideia para a coreografia?

No mesmo momento uma ideia brilhante passou pela cabeça de Nico.

–Tenho, mas a senhorita terá que confiar em mim. – Sorriu maroto.

–Diga-me então, e verei se considero. – Disse a garota

–Coloque a música do seu toque novamente, e coloque também para repetir. E venha pra cá. – a garota seguiu as orientações. Se dissesse que não estava curiosa, estaria mentindo, se perguntava o que passava pela cabeça do moreno. Por que sempre tão misterioso?

Quando voltou para a pista, Nico a chamou para mais perto. Thalia sentia os pelos de todo o seu corpo eriçarem de pura excitação.

–Lembra-se da montanha russa, e dos brinquedos em que fomos ao parque de diversões? - A menina somente assentiu, confirmando. Os olhos azuis elétricos brilhavam, de forma encantadora, assim como os ônix a sua frente.

–Pois então, lembra-se do lup, seguido de voltas, que presenciamos na montanha-russa. Podemos combinar tais movimentos com o ritmo da musica. O que acha? – Thalia sorriu. Como não tinha pensado nisso, é uma ideia perfeita, se treinassem o bastante poderiam até mesmo ganhar o campeonato.

–É a ideia perfeita Nico. Tem alguma ideia de como podemos começar?

Naquele momento a garota esqueceu-se de todos os receios que tinha em relação a patinação, fruto do que havia acontecido há tempos.

–Bom, - disse o garoto aproximando-se, e enlaçando a cintura da morena. Os corações de ambos aceleraram consideravelmente – Começamos com uma leve valsa. – Nesse momento, a música estava recomeçando, e o toque do violão, denunciando a versão acústica da mesma. Começaram os passos rodando toda a pista.

–Depois... – Continuou Thalia

–Eu te giro – O garoto disse o fazendo – E te deixo brilhar. – A garota não tinha ensaiado nada, e muito menos tinha uma coreografia em mente, então deixou que seus pés a levassem.

Com a leveza de uma bailarina, e a precisão de um matemático, ela dançou na pista, enquanto Nico a acompanhava em sua coreografia. A menina então, fez algo que não fazia a algum tempo, ficou na ponta dos patins, dando leves saltos e giros chegando a Nico, que entrelaçou suas mãos.

–Voltamos novamente para a valsa – Disse, de forma que somente Thalia escutasse. A voz rouca e baixa, fazendo com que novamente Thalia arrepiasse enquanto era conduzida na dança.

–Mais dois giros... – Disse o garoto que conduzia a dança. Depois em uma sintonia incrível, e com ambos os conhecimentos sobre valsa, o corpo de Thalia foi inclinado para trás. Com somente uma mão do garoto a apoiando nas costas, a morena não tinha medo de cair, se sentia segura nos braços do moreno.

Enquanto seu corpo is para trás, e sentiu o cabelo relativamente comprido do garoto tocar-lhe a pele exposta do pescoço. Os corações de ambos acelerados, não só pelo esforço físico, mas pelo mero contato, mesmo com tantas camadas de roupas os separando, podiam ouvir a musica, os embalando, uma conexão tão forte. Que fazia com que eles perguntassem novamente como poderia tê-la adquirido.

O corpo da garota foi levantado delicadamente, pelo braço que o apoiava, fazendo com que se olhassem nos olhos, e sentissem a eletricidade correndo ali.

–Mas alguns passos – disse o moreno –Nos separamos novamente – Continuava falando no mesmo tom. Quando seus corpos se separaram, e eles continuaram dançando em círculos sem cortar o contato visual.

–Agora terá que confiar em mim, ou dará tudo errado. Deslize devagar assim como eu e depois volte com velocidade. O resto eu cuido.

Thalia seguiu as orientações do garoto novamente. O que era uma novidade já que a garota liderava e não era liderada. Mas estava tão envolvida... Sabia que se arrependeria depois, mas sua mente jogava essas informações fora.

Foi dançando com elegância, e quando teve uma distancia que de acordo com seus cálculos era suficiente, voltou deslizando rapidamente sobre o gelo, sem perder a postura e muito menos a elegância, o que tinha deixado Nico ainda mais impressionado com seu talento.

Depois de certo momento, aproximadamente na metade do caminho Nico também começou a deslizar ao encontro de Thalia. Ela respirou fundo e lembrou do pedido de confiança do garoto. Concedeu o pedido.

Se assustou soltando um leve grito, quando o garoto passou um braço por sua cintura na frente, fazendo com que Thalia desse uma cambalhota, assim como o lup da montanha russa.

Não deixando que a garota colocasse os patins no chão, com um braço, prendeu as duas pernas dela em um lado do seu quadril, dando impulso e girando. Apoiou com o outro braço o tronco de Thalia, fazendo com que dessa vez as pernas girassem logo depois apoiando novamente as pernas, e dando um impulso maior para que Thalia girasse mais rápido permitindo que o garoto a pegasse pelo tronco, fazendo-a ficar de pé novamente, com apenas uma das pernas ainda na cintura do garoto.

A morena estava ofegante assim como o garoto que teve todo o esforço de apoiá-la. Ela ainda com uma das pernas na cintura dele, enquanto a outra a apoiava, os olhos levemente fechados, os lábios entreabertos pela respiração. Os cabelos jogados para um lado, provavelmente estariam muito embaraçados no final. Mas... Quem se importava?

Perderam as contas de quantas vezes a musica já tinha se repetido, e agora se encontrava em uma das partes preferidas de Thalia, que não deixava de ser a de Nico também. O coração realmente era iludido com muita facilidade.

–Então – Disse o garoto ainda de olhos fechados, com a voz baixa e entrecortada – O Gran finale. Sabe dar giro triplo no ar Lia?

–Lógico que sei. – A morena disse com um leve sorriso, gostou de seu apelido saindo da boca do garoto.

–Então... – a morena desceu lentamente a perna. Nico a puxou para perto, conduzindo uma leve dança, com as mãos ainda entrelaçadas se separaram minimamente, para que Nico a girasse, trazendo-a para perto dele novamente. Depois, se separam com as mãos entrelaçadas, giraram pegando impulso e girando se soltaram, deram paços calculados cuidadosamente e ao mesmo tempo, jogaram-se ao ar, girando três vezes e caindo de forma impecável.

O que se demora anos para aprender, e mais alguns para fazê-lo perfeitamente. Dançaram sozinhos para logo depois se encontrarem, Nico girá-la, e terminarem, curvando os corpos para frente, imaginando aplausos.

*

Treinaram mais uma vez a coreografia, e se dirigiram aos seus quartos em silencio, a eletricidade ainda corria sobre a pele de ambos. E com certeza tiveram uma ótima noite de sono, assim como todas.

Até o grande dia...