Risos. Fruto de ações inconseqüentes. Thalia Grace, juntamente com Travis e Connor, fugiam agora da escola, fazendo manobras arriscadas em seus skates, depois de terem fugido do internato em que eram obrigados a ficar, atrapalhado o trânsito de todas as maneiras possíveis, e agora riam, enquanto iam para o seu galpão.

Thalia já tinha sido uma menina educada, que se importava com o que iriam pensar, apesar da personalidade forte, amava patinar. Patinação no gelo, um dos seus maiores prazeres na vida. Daqui a algumas semanas chegaria o inverno. Como adorava a neve, e a chuva de granizo que tinha antes da mesma, a umidade pairando no ar. O frio. O céu, como adorava o céu no inverno. A claridade mínima, e as nuvens cinzentas andando pelo céu. As pistas de gelo cheias de crianças e adultos.

Lembra-se como se fosse ontem, dos seus primeiros passos sob uma pista de gelo. E como adorava, se sentir como um pássaro livre, em um céu totalmente branco. Mas como o velho ditado diz, “O que mais amamos, é o que nos destrói”.

Fatalmente, Thalia Grace era uma vitima desse ditado. Uma garota com uma personalidade incrivelmente forte. Um senso de liderança invejável, assim como seu talento com os patins. Mas as decepções sempre trazem nossos lados mais frios a tona não é mesmo?

Principalmente quando se é alguém em que se confia. Temos a capacidade de mudar. De trancarmo-nos dentro de nós mesmos, e mesmo que estejamos em pedaços, passar força a quem encontrarmos. Não foi diferente com Thalia. Talvez, esse seja um dos pensamentos mais lógicos do ser humano. Se fechar ao ter uma decepção, fazer o que o senso comum nunca lhe permitiu. Afinal porque se importar quando ninguém se importa?

*

Nico, mais uma vez fugira do internato em que foi colocado. Mal se importava de estar perdendo a aula de literatura do professor Apolo, ou a aula de matemática chata da senhorita Dodds. Só queria ir àquele local.

Todos nós sofremos perdas e decepções. Mas o que para alguns é apenas mais um problema, para Nico, foi o que mudou sua vida. A morte de sua mãe a irresponsabilidade do seu pai. A única coisa que lhe restavam eram as lembranças, do que um dia chamou de família.

Deslizando pelas ruas em seu skate, agora estava a poucos metros da pista de patinação. Uma pista que ficava aberta o ano inteiro. Estava descendo a rua de forma que a vista lhe era permitida. Lembrava-se de sua mãe, deslizando com ele pelo gelo.

“Vamos Soldatino. Mama esta aqui.”

Como sentia saudade de sua mãe. Gravara cada um de seus movimentos, a forma caprichosa como passava o batom vermelho, seu perfume de lavanda, a forma atenciosa como cuidava dos filhos e do marido. Sua mãe deixava um traço de delicadeza e atenção, por onde passasse, e não era diferente na patinação. Os movimentos perfeitos. A delicadeza e naturalidade enquanto deslizava pela fina camada de gelo.

Nico chegou até a área de patinação. Como sempre vazia nessa hora. O porteiro, que já conhecia o garoto de longa data deixou-o entrar. Nico, sentando-se em um dos bancos, tirou da mochila que carregava consigo um patins preto, já desgastado pelas inúmeras quedas do garoto. Começou a patinar, e pouco se importava com a escola. Ou que teria que encarar um diretor irado quando chegasse. Deixaria as coisas andarem naturalmente. Sua vida nunca foi à mesma desde a morte da sua mãe de qualquer forma.

*

Nico voltava para a escola. Jogou sua mochila por cima do muro. Afastou-se, alguns passos, depois pegando impulso subiu e pulou o muro. Levou um susto ao perceber que o diretor o esperava.

-Precisamos conversar. Acompanhe-me senhor diÂngelo. – Nico já esperava o mesmo. Broncas e ao mesmo tempo palavras de apoio. O diretor tentando convencê-lo de assistir as aulas. O mesmo de sempre, e foi ai que se surpreendeu.

Na sala do diretor...

-Senhor diÂngelo, seu pai o matriculou em nossa escola, e não podemos continuar do jeito em que nos encontramos. – O diretor gesticulava e falava olhando nos olhos do garoto - O senhor foge da escola quando bem entende, não segue as normas, dorme ou falta as aulas. As pequenas detenções e advertências não estão adiantando. A única coisa que o senhor aparenta, é efetivamente não se importar. Por isso o senhor está detido, e ficará a tarde inteira sob detenção. Entretanto não será uma detenção qualquer, em seu currículo escolar, enviado pelo seu pai, é citado seu talento com a patinação no gelo. Sua detenção será treinar juntamente com Thalia Grace, uma apresentação em dupla. Não há saída o senhores já estão escritos no Torneio Nacional de Patinação do Canadá. Pode se retirar senhor diÂngelo. E boa sorte. – O garoto, ainda processando o que seu diretor acabara de dizer saiu da sala. Thalia... Lembrava-se de ter visto esse nome em algum lugar. Lembrou-se do seu diretor lhe desejando sorte.

Com certeza ele iria precisar.

*

Thalia mais uma vez voltava com Travis e Connor ao colégio. Um internato, mas para ela não fazia diferença de qualquer forma, não fica lá o tempo que deveria de qualquer forma.

Voltavam dessa vez de forma mais calma. Com o barulho da rodas do skate contra a calçada. Os pensamentos à milhas e a brisa morna anunciando a vinda do inverno. Distraídos e despreocupados, andavam nas ruas que já se tornaram familiares. Já chegando ao muro de trás da escola quando avistaram um segurança. Pelo tamanho, e os olhos sérios, atentos e ao mesmo tempo preocupados. Era Argos, Thalia o reconheceu ao mesmo momento.

Ele é o chefe de segurança do internato onde Thalia estuda. Já tentou impedi-la de fugir muitas vezes, mas a garota não desistia tão facilmente, então passou apenas a lhe dizer para tomar cuidado.

Quando chegou perto Thalia desceu do skate o parando com o pé, ficando de frente para Argos.

-Senhorita Grace. O diretor Quiron deseja vê-la. – Uma arrepio correu a espinha de Thalia, não vinha coisa boa pela frente.

Na sala do diretor...

- Senhorita Grace, irei direto ao ponto, a senhorita tem consciência de que os seus atos como aluna não são adequados. E todas as detenções não adiantaram. A senhorita esta detida, entretanto de forma diferenciada. Em seu currículo, assinado pelo senhor Zeus Grace, e citado seu talento na patinação – Thalia se mexeu desconfortável na cadeira, algo que não passou despercebido ao diretor, que, contudo, não se pronunciou em relação a isso – A senhorita foi inscrita, assim como seu parceiro, senhor diÂngelo, no Torneio Nacional de Patinação do Canadá. Ira treinar todas as tardes sem falta e irá ao torneio. Seus responsáveis já foram comunicados. Pode se retirar e boa sorte. – Thalia ainda em choque, saiu da sala, seu diretor tinha a expressão cansada e preocupada. Lembrou-se do seu desejo de boa sorte a garota.

Definitivamente,ela iria precisar.