Apenas Amigos escrita por Jupiter, Argonauta


Capítulo 5
Quatro


Notas iniciais do capítulo

Navy: Oi, perdoem a demora... Para compensar, um capítulo grandinho e fofinho....
Boa leitura!



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—Vamos lá, time! Todo mundo com suas duplas, peguem uma bola de vôlei! — O professor berrou, enquanto mexia no celular, realmente preocupado com o que ocorria ao seu redor.

Mais uma aula de Educação Fisica. Eu posso até ser o melhor amigo do Gabriel, mas...não dá pra jogar com ele pelo simples motivo de ele... não saber jogar.

Então me contentei em ficar ao lado dele, enquanto treinava manchetes com o Tumbert. Era engraçado observar ele e o Henrique, que tem menos habilidades esportivas que uma formiga bêbada com a pata quebrada.

Assim, como eu disse, por causa de suas habilidades esportivas piores do que as de uma formiga bêbada com a pata quebrada, Henrique conseguiu, trocando toques de bola, quebrar o dedo.

A criatura se contorceu, gritou, xingou. Apenas consegui olhar para Gabriel e ver um leve sorriso de diversão. Acho que mais ninguém percebeu.

Henrique foi para o hospital com a mãe. Gabriel foi bem burro de não ir junto, só para perder aula de Redação, que aliás ele (e 90% da sala) odeia, mas ele não é do tipo que falta, a não ser que pegue, sei lá, uma tuberculose.

—Ei, posso ler sua redação?— Ele perguntou, sussurrando. Nossa professora, que tenta imitar o cabelo da Pequena Sereia, olhou feio para nós, mas eu ignorei.

—Eu ainda não entendi o que é para fazer.

— Você sabia que faltam dez minutos para bater o sinal, não é?

— Ótimo. — Esfreguei os olhos por debaixo dos óculos.

Então Gabriel olhou para os lados, para a Professora Pequena Sereia e me passou o caderno rapidamente, sem dizer nada.

Sim, eu copiei a redação, só usando palavras diferentes. Como é mesmo o nome? Sinônimos. Acabei tirando 9.5.

— Ei, valeu mesmo. — Agradeci, enquanto guardávamos o material no armário e esperávamos Lia e Stephanie para descer até o pátio.

Saori estava jogando giz em pessoas aleatórias e Luana olhava para os lados, sem graça. Todo dia Henrique espera-a para descer junto com ela.

— De nada. — Gabriel respondeu, tacando as coisas no armário violentamente sem nenhum motivo, a não ser o fato de ele ser violento.

— Ei, meus queridos amigos homossexuais,— Lia chamou, e não sei porque, a idiotice em pessoa, também conhecida como Oki, e seu amigo igualmente besta, vulgo Gabriel, olharam para a menina. — Dá para acelerar o processo aí? Sabe, eu não quero ficar na escola até as oito horas da noite.

Tranquei o armário e desci com eles, bem constrangido. Não sei de onde tiram que eu e o Gabriel somos gays. Aparentemente ninguém desconfia do pôster gigante da minha musa inspiradora, Scarlett Johansson, que tenho no meu quarto.

Mas realmente nós demoramos demais. Perdi a perua. Ela só iria passar de novo às oito horas para pegar o pessoal do handebol.

Me sentei na escada. Praticamente todo mundo tinha ido embora. A Saori, que geralmente me avisa quando a perua chega, nem me falou nada. A Lia foi embora cedo, e só sobraram uns meninos mongos.

Olhei meu celular: sem bateria. Perfeito. Ia ficar umas duas horas fazendo nada.

— E aí, viadão! — Gabriel acenou e se sentou ao meu lado.

— Sua mãe te largou aqui?

— É, tipo isso. Ela ligou e avisou que vai demorar. O idiota do meu irmão teve que fazer uma cirurgia de emergência no tendão ou algo do tipo.

—Legal. Quer dizer, não é legal, mas... Ah, você entendeu. — Odeio quando me embolo com as palavras.

Silêncio constrangedor.

— Tá... frio, né? — Me senti um idiota.

— Na verdade, não estou sentindo o menor frio.

— Ah... — Poderia socar meu rosto agora, tipo, umas mil vezes.

—É, eu queria falar para você uma coisa.

Droga. Nunca vem boa coisa quando a pessoa fala isso.

— Sabe aquele dia que a menina nova veio?

Mas é claro! Fiquei tão irritado naquele dia...Decidi ficar quieto.

— Eu não encostei nos peitos dela. Pelo menos não de propósito.

Por que ele estava me contando isso?

Não sei se esse cara lê mentes (e pelo bem da humanidade, sinceramente espero que não), mas logo em seguida Gabriel disse:

— Sei lá, mas eu não queria que você ficasse achando que sou mais um desses tarados. — Ele começou a encarar o chão.

— Não sei se isso te deixa mais tranquilo, mas eu sei que você não faria isso. — Falei e suspirei. — Eu conheço meu melhor amigo. — Dei um sorriso e pude perceber o olhar de Gabriel em mim.

Ele sorriu também.

— Você ainda está com frio?

— Congelando.

Olha, eu teria morrido de vergonha se uma mísera pessoa visse o que aconteceu, mas naquele momento, pareceu completamente...normal.

Gabriel pegou sua mochila, abriu, pegou sua blusa e a estendeu para mim. Achei que ele desviaria os olhos castanho escuros, mas ele me encarou firmemente.

Já eu peguei a blusa e a vesti olhando para o chão, terrivelmente envergonhado.

— Valeu.

E então começamos a falar sobre Star Wars, Lego, quadrinhos e todas aquelas coisas que davam assunto para anos, além de rirmos da professora de Gramática.

Eram quase oito horas quando a mãe do Gabriel chegou, o cabelo bagunçado, a cabeça esticada para fora do carrinho vermelho.

— Até amanhã!

— Até! — Acenei e ele foi embora.

Só quando entrei na perua é que percebi que tinha ficado com a blusa dele. Tinha um cheiro de... Gabriel, por mais estranho que isso possa parecer.

Nossa, eu preciso ir dormir. Antes que comece a falar umas besteiras.


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Notas finais do capítulo

Navy: Bom, é isso! Obrigada pela leitura! Nos vemos em breve!



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