Memory of the Future - Parte 2 escrita por chrissie lowe


Capítulo 7
The Secrets


Notas iniciais do capítulo

Oie! Pra quem estava com medo que eu demorasse a postar o próximo capítulo, podem ficar tranquilos, pois aqui está o capítulo 6 (ou 7 pela contagem do site hue) de Memory of the Future 2 uhuuu!!! Eu particularmente acho que esse capítulo ficou bem legal, apesar de longo huehuehuehue. Enfim, obrigada a quem leu e comentou o capítulo anterior e espero que gostem! :D



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— Por onde foi que andou? – Perguntou Clara irritada ao ver o Doutor entrar no salão.

— Quis encontrar algo que pudesse explicar o que aconteceu, mas tudo que encontrei foi um monte de pivetes barulhentos. – Resmungou ele. – Mas isso não importa agora. Parece que Claire ia lhe contar algo importante antes de eu aparecer, não é mesmo, Claire? – Disse ele sentando-se em uma das cadeiras e cruzando as pernas.

Claire arqueou uma sobrancelha e olhou para Clara. A moça apenas tapou o rosto com a mão em resposta.

— É uma longa história. 

— Ótimo. Adoro histórias. – Respondeu ele.

— Bom, parece que não tenho escolha, não é? – Disse ela finalmente convencida. 

Então ela fechou os olhos e respirou fundo.

— Tudo começou depois que eu deixei o cargo presidencial. – Começou ela. – Depois de oito anos trabalhando duro, achei que deveria me dedicar mais à minha casa e à minha família. Mas acontece que as pessoas que foram eleitas em meu lugar tinham alguns ideais um pouco… Preocupantes.

— O que quer dizer? – Perguntou o Doutor.

— Bom, estávamos trabalhando para reconstruir tudo o que os Daleks destruíram e estávamos nos saindo muito bem. Mas as pessoas tinham muito medo que eles retornassem. Sabíamos que não teríamos condições para resistir caso isso acontecesse. Isso fez com que algumas pessoas passassem a criar estratégias de defesa para um possível retorno dos Daleks.

— E o que eles fizeram? – Perguntou novamente o Doutor.

— Começaram a buscar estudos que pudessem nos ajudar e acabaram encontrando literaturas antigas sobre engenharia genética e coisas do tipo. Os pesquisadores, então, pensaram em… Em aprimorar nossas capacidades mentais e físicas. Foi um alvoroço. Muitas pessoas se empolgaram com a ideia e foi-se pesquisando ainda mais sobre o assunto e desenvolvendo mais estudos.

— E o que aconteceu?

— Deixe ela continuar! – Interrompeu Clara.

— Bom, o governo não queria pensar nem na possibilidade dos Daleks retornarem, por isso investiram muito nessas pesquisas. – Continuou ela. – No início achei que fosse uma coisa boa, pois pensávamos que poderíamos usar a engenharia genética em nosso favor. Mas aí…

— Começaram a se deturpar. – Supôs o Doutor.

— Exatamente. – Lamentou Claire. – Os pesquisadores e cientistas se tornavam cada vez mais ambiciosos. Começavam a se perguntar por que não ir além? Por que não aprimorar a raça humana? Por que não nos tornar mais fortes, mais inteligentes, mais… Invencíveis? 

— Acho que sei o que houve em seguida. – Disse o Doutor.

— Não é muito difícil de imaginar, não é? Bom, essa ideia de aprimoramento foi muito difundida. Muitos realmente acreditavam que isso seria a resposta de todos os problemas. Eu tinha meus receios enquanto a isso. Não sabia até onde isso era capaz de chegar, por isso eu fazia o máximo que podia para retardar os projetos e implorar para que houvesse cautela. Mas os anos se passavam e a ideologia do geneticismo se espalhava e se fortalecia cada vez mais. Algumas leis começaram a aparecer. O primeiro deles tinha o objetivo de aprimorar os bebês que nascessem. Os médicos poderiam alterar os genes dos bebês durante a gravidez e tornar os bebês mais fortes e inteligentes, Podiam evitar o surgimento de deficiências, síndromes e os mais diversos tipos de doenças. Podiam até mesmo modificar aspectos físicos, como as cores dos olhos, a cor e a textura dos cabelos, a cor da pele… Enfim, isso causou uma revolução, pois agora os pais seriam capazes de gerar o filho da forma que quisessem. Depois surgiram tratamentos médicos que praticamente forçavam os genes a serem mais resistentes às enfermidades. Quando alguém adoecia, era só tomar algumas injeções que os genes eram capazes de acabar com a doença em questão de horas. Mas então os pesquisadores começaram a encontrar limitações. Apesar de todo esse avanço, o geneticismo não era capaz de resolver todos os problemas, por isso alguns deles se voltaram a estudar outro tipo de tecnologia. 

— Qual?

— A ciborgue. – Respondeu ela temerosa.

O Doutor suspirou. Ele sabia que aquilo não ia terminar bem.

— Utilizar peças mecânicas para nos tornar mais aptos. Muitos ficaram receosos no começo, mas o governo foi bastante eficaz em vender essa ideia para a população. Começaram aos poucos, primeiro com o desenvolvimento de próteses para pessoas amputadas, depois com a substituição de órgãos em mal-funcionamento. 

— Como assim? – Perguntou Clara.

— Se alguém tivesse um problema nos rins, por exemplo, ela poderia substituí-los por rins mecânicos. – Explicou Claire. – Seria o fim das hemodiálises.

— E isso não seria uma coisa boa? – Perguntou a moça.

— Bom, sim, se tivessem parado por aí. – Respondeu Claire desanimada. – Alguns anos depois, o governo aprovou um projeto experimental que permitia os médicos a substituírem os sistemas deficientes por um sistema totalmente mecânico. Se uma criança nascesse com deficiência visual, por exemplo, o governo poderia mandar os pais substituírem todo o seu sistema ocular por um mecânico. 

O Doutor e Clara olharam horrorizados para Claire, que continuou a falar.

— Fui contra esse projeto e fiz de tudo para barrá-lo. Eu era apenas uma deputada, então obviamente ninguém me deu atenção, mas como era época de eleições, tentei me candidatar à presidência novamente. Acontece que com todo esse frenesi do geneticismo, os pais se tornaram cada vez menos capazes de aceitar defeitos em seus filhos, então muitos deles apoiaram o projeto. Apesar do geneticismo ser eficaz, algumas crianças ainda com algum tipo de deficiência e os pais não sabiam como lidar com isso. Consequentemente, não consegui sequer me tornar candidata e não havia restado muita coisa que eu pudesse fazer. Mas claro que, no fim das contas, a experiência foi um fracasso.

— O que aconteceu? – Perguntou Clara com medo da resposta.

Claire soltou um longo suspiro, abalada só de pensar no que acontecera.

— O procedimento era… Invasivo demais. Trocar partes orgânicas inteiras por peças mecânicas? Nenhuma das crianças sobreviveu ao procedimento. – Disse ela cada vez mais desolada. – Milhões de crianças no mundo todo morreram por causa desse projeto.

Clara arregalou os olhos e tapou a boca com as mãos com o choque.

— Foi horrível. As pessoas entraram em pânico. Não confiavam mais nos cientistas, nos médicos e, consequentemente, no governo. Mas eles não podiam deixar isso acontecer. Não podiam perder o poder que tinham sobre a população, por isso insistiram na ideia e tentaram apaziguar os nervos. No entanto, as pessoas começaram a se rebelar pelo fim das experiências ciborgues e o governo tornava-se cada vez mais opressor. Eu e Eddie até reativamos a Resistência para lutar contra essas experiências e por um momento, estávamos prestes a derrubar o governo, mas então…

Claire pausou a fala por um momento. Parecia que ela estava buscando os termos certos para continuar, ou selecionar aquilo que mais lhe convinha a dizer.

— Então um homem apareceu. – Continuou ela. – Um jovem, excepcionalmente inteligente, visto que era nascido antes das leis geneticistas, conseguiu tomar o poder do governo antes de nós e sozinho. Ele era assustadoramente manipulador. – Disse ela tensa. – Convenceu o presidente e toda a câmara de que seria capaz de controlar a população. E também convenceu a população de que seria capaz de controlar o governo. Todos confiaram nele mas, quando se deram conta, ele já havia tomado todo o poder para si. 

— E depois? – Perguntou o Doutor cada vez mais horrorizado com o rumo que a história tomava.

— Depois ele tornou obrigatória todo e qualquer tipo de atualização. E, caso você não aceitasse, os guardas simplesmente o levavam e o atualizavam a força. Ao mesmo tempo, ele isolou o centro de Londres e hoje somente os atualizados podem viver lá, por isso a chamamos de Cidade Proibida. É como se ele estivesse tentando criar a civilização perfeita. 

O Doutor e Clara olhavam espantados para a mulher a sua frente. Eles não conseguiam acreditar que tudo aquilo acontecera num intervalo de trinta anos. Eles não conseguiam acreditar nas atrocidades que acabaram de ouvir.

— Humanos. Sempre se envolvendo no que não devem. – Resmungou o Doutor. 

— Faz cerca de sete anos que as atualizações se tornaram compulsórias. – Continuou Claire. – Uma noite, os guardas simplesmente invadiram as cidades e capturaram o máximo de pessoas que conseguiam. Foi um massacre. Muitos resistiram, mas acabaram mortos. Na manhã seguinte, eu e Eddie tentamos impedi-lo de continuar com aquelas atrocidades, mas tudo o que conseguimos foi um bando de guardas atrás de nós. Eu perdi Eddie naquele dia. Todas essas crianças estão aqui porque seus pais foram levados pelos guardas. Alguns deles abandonaram os filhos para salvá-los. Eu perdi toda a minha família e amigos. Restou somente Spencer e eu. Foi por isso que me refugiei nas galerias. É por isso que estamos vivendo assim. – Concluiu ela tentando conter o choro.

Clara sentiu um imenso pesar e sentiu as lágrimas escorrerem no canto de seus olhos. Ela ainda não processara tudo o que ouvira. Ela não podia acreditar, não podia aceitar que todo esse horror estivesse acontecendo. 

— Claire, eu… Eu não fazia ideia. Isso é terrível. – Disse ela. – Doutor, temos que fazer alguma coisa!

— Este homem… Ele ainda está na Cidade Proibida? – Perguntou o Doutor já elaborando um plano. – Você poderia nos levar até lá.

— Não, eu não posso. – Disse Claire séria, para o espanto dos dois.

— Mas… Por que não? – Perguntou o Doutor sem entender.

— As coisas são diferentes agora. – Respondeu ela. – Não lutamos para derrubar algo. Lutamos para sobreviver.

— Mas não pode deixar as coisas desse jeito! – Protestou o Doutor. – As pessoas não podem viver assim!

— E enquanto os seus amigos? Sua família? – Perguntou Clara. 

— Já devem estar mortos a essa altura. – Respondeu Claire tentando ser o mais fria possível. – Ou pior, atualizados. Nenhum orgânico permanece assim por muito tempo depois de entrar na Cidade Proibida. 

O Doutor e Clara se entreolharam, sem saber o que responder.

— Agora que sabem da verdade, não vou pedir para que fiquem. Estão convidados para o jantar, mas caso queiram partir, não vou impedi-los. – Disse Claire visivelmente chateada.

— Bom, se… Se não quer a nossa ajuda. – Começou o Doutor. – Então não há nada que possamos fazer aqui. 

Claire olhou envergonhada para o Doutor. Ela passou os últimos anos desejando revê-lo, por outro lado, não queria que ele visse o ponto em que as coisas haviam chegado.

O Doutor olhou de relance para Clara e piscou. Ela rapidamente entendeu o recado.

— Hum, Claire, adoraríamos ficar para o jantar, mas infelizmente temos que ir embora. – Mentiu a moça. – Mas lembrei que deixei o casaco no dormitório. 

Então ela rapidamente se virou em direção aos dormitórios, puxando o Doutor pela manga do paletó antes que Claire pudesse desconfiar de algo.

Mas a mulher estava entristecida demais para desconfiar de alguma coisa.

Assim que Clara e o Doutor deixaram o salão, Claire afundou-se na cadeira e começou a chorar, algo que não acontecia há anos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Sintam-se a vontade para comentar e dizer o que acharam, além de divulgar a fic para os seus amiguinhos whovians hehehe. Até a próxima!