Crise 81 – Missão: Mudar o Futuro

Tudo bem. Precisávamos evitar que Priscila tivesse seu segredo exposto ao público e, consequentemente, evitar que isso desencadeasse uma reação capaz de destruir a Terra. Sabíamos que Bruna tinha esse segredo gravado em algum lugar do colégio e poderia transmitir aquilo a qualquer momento que desejasse. Isso queria dizer que...

—Tudo que precisamos fazer é remover o arquivo da gravação que pode ser transmitido no alto-falante – explicou a Estrela do futuro – Sem o arquivo, Bruna não pode expor Priscila do jeito que aconteceu.

—Tá legal – falei – Então...como vamos fazer isso?

—É simples – disse a Estrela do presente – Só precisamos entrar no local em que os avisos são transmitidos e apagar o arquivo.

—Bem, tudo isso é muito interessante – falou Eduardo – Mas, você não tinha que fazer uma apresentação agora, Estrela?

—Oh, é verdade – disse a Estrela do presente – A Bruna pode acabar suspeitando de algo se ficarmos mais tempo sumidos.

Sim, ainda tinha aquele problema. Estrela só veio ao festival por Bruna ter insistido que ela nos representasse no trabalho da nossa sala.

—Tenho uma ideia – disse meu eu do futuro – A Estrela do presente pode apagar o arquivo, enquanto a Estrela que veio do futuro pode apresentar a palestra.

—Tem certeza? - disse a Estrela do presente – Você consegue fazer isso?

—Sou você no futuro, esqueceu? - respondeu a outra Estrela com toda a calma – Preparei exatamente a mesma palestra que a sua.

Após falar isso, a Estrela do futuro se voltou para seu parceiro do presente.

—Acho a ideia boa – disse ela – Principalmente pelo fato do Portal Gun do presente ainda estar com bateria.

—E tem bastante, aliás – disse a Estrela do presente – Podemos resolver isso fácil.

—Bem – disse Mabi – Nós também vamos para a palestra. Ficaremos de olho na Bruna, caso ela tente alguma coisa.

—Obrigado – agradeci, falando em uníssono com meu eu do futuro – Ei! Pare de falar junto comigo! - falamos juntos de novo.

—Ai, isso vai acabar me deixando louco – reclamou Kevin.

—Venha com a gente também, Kevin – disse Mabi – Se a Bruna for aprontar algo, é bom ter alguém treinado para impedi-la.

—Estão falando como se a colega de classe de vocês fosse uma criminosa. É só uma estudante do fundamental – falou Kevin.

—Mas não uma estudante do fundamental que podemos subestimar – especificou a Estrela do futuro.

—Está certo. Vamos, Vitor. Vamos apagar logo essa gravação – disse a Estrela do presente, puxando meu eu do futuro.

—Ei, espera. Eu não sou o seu Vitor! - reclamou ele.

—É verdade – comentei – Eu estou aqui.

—Oh, é mesmo – disse a Estrela do presente – Vocês são tão parecidos.

—E-Espere. Eu também preciso ir? - reclamei.

—Claro. Nunca se sabe quando vamos precisar de uma distração – falou ela, com toda a calma do mundo.

—Só não quero levar uma suspensão – falei.

—Na pior das hipóteses é só apagar a memória de quem nos encontrar – disse a Estrela do presente com toda a tranquilidade do mundo – Vamos ao lugar em que as mensagens do alto-falante são transmitidas.

—Espere, está falando da... - mas a Estrela do futuro me interrompeu para dar a resposta.

—Exato. Na sala do diretor.

—Mas e se o diretor estiver lá dentro e... - tentei argumentar, mas dessa vez foi a Estrela do presente que me interrompeu.

—Ora, você sabe muito bem o diretor nos deve um favor. Vamos logo.

Bem, é verdade que o diretor estava envolvido com o caso de buracos de minhoca aparecendo na cidade que trouxe Estrela para Terra, mas mesmo assim, seria estranho chegar tão de repente lá. Mas não adiantava muito discutir. Enquanto fui puxado para o portal que Estrela abriu, dando tempo apenas de ver Mabi acenando, logo estávamos de frente para o nosso diretor, aparentemente ocupado com algum trabalho importante.

—Oh, droga. Cliquei em uma mina de novo... - reclamou ele, até se dar conta de que estávamos ali - ...oh, garotos, como entraram aqui?

—Conexão interdimensional por buracos de minhoca – disse Estrela – O senhor conhece bem isso, não? Afinal, foi cúmplice de todos os buracos que apareceram na cidade.

—Mas eu fui enganado. Você sabe disso – o diretor se justificou.

—É, parece que fiz bem em não apagar sua memória – disse Estrela com um raro sorriso cínico – Preciso de um favor.

—Dependendo do que for... - balbuciou o diretor.

—Temos a informação de que há um arquivo de áudio comprometedor de uma aluna que pode ser vazado pelo alto-falante a qualquer momento – disse Estrela.

—Um arquivo? Está dizendo que fomos invadidos? - perguntou o diretor.

—Isso mesmo – continuou Estrela.

—Por favor, diretor – tentei entrar na conversa para pelo menos acalmar o pobre diretor – Temos fontes confiáveis de que isso é verdade. Pode nos mostrar onde os arquivos de áudio do alto-falante estão salvos?

—Bem, normalmente peço para a coordenação dar recados pelo microfone...mas é verdade que o sistema de alto-falante também aceita arquivos de áudio que sejam mandados para o servidor. É uma tecnologia nova que estávamos testando.

—Nova? Chama isso de tecnologia nova? - comentou Estrela.

—Estrela. Não é hora de comentar nosso atraso tecnológico! - reclamei – Por favor, diretor. Pode nos dar permissão de acessar a sala do servidor, nós...

—Bem, por mim não tem problema, mas acho que sua amiga já se adiantou – disse o diretor, apontando para Estrela, já abrindo um portal logo atrás de mim e me puxando logo em seguida. No mesmo instante, já estávamos na sala do servidor, um local com um computador ligado e vários outros inativos.

—Puxa! Será que dá para ser um pouco mais discreta? - reclamei.

—Então esse é o servidor? - disse ela – Ótimo. Só preciso invadir o sistema com o Portal Gun e apagar os arquivos de áudio.

—Consegue fazer isso? - perguntei.

—Com essa tecnologia obsoleta? Dá para fazer até dormindo!

—Por que eu fui perguntar? - resmunguei. De fato, ela apenas ativa alguns comandos no Portal Gun e outras coisas de hackeamento alienígena que não entendo, permitindo assim acesso livre ao servidor. Até onde eu sei seria ilegal fazer isso, mas já que tínhamos permissão do diretor. Só que, apesar da facilidade de Estrela em invadir o sistema de nossa escola, ela parecia estar tendo problemas.

—Oh, droga – reclamou ela.

—O que foi?

—Não adianta. Não vai adiantar – explicou ela – O problema é pior do que eu pensava. Segundo o Portal Gun, tem um programa espião no servidor que ativa o alto-falante e transmite uma informação que está fora daqui.

—Fora? Como assim?

—O arquivo não está no servidor. O servidor é só uma ponte para um arquivo externo ser mandado para o sistema do alto-falante.

—Mas onde está esse arquivo?

—Você lembra o que a minha versão do futuro disse, não lembra? A resposta mais óbvia é no celular da Bruna – disse Estrela, colocando uma das mãos na testa e expressando um ar de frustração tenebroso, algo que não vi mesmo nos momentos mais complicados que já tinha passado junto dela. E agora? O que fazemos?