Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 77
Crise 77 - Festival Cultural


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Pois é, estamos de volta com uma de suas ficções científicas non-sense preferidas. Estava com saudades? É, eu também.

A boa notícia é que a fic voltou em sua terceira temporada (o/o/o/). A má notícia é que não terei como postar semanalmente, então não vou prometer uma regularidade de postagem, mas espero postar pelo menos dois capítulos por mês (quem está escrevendo dissertação de mestrado entenderá essa falta de tempo).

Nós vamos nos falando. Até lá...boa leitura.



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Crise 77 – Festival Cultural 

Sábado. Normalmente é um dia de descanso, mas aquela semana seria atípica. Era o grande dia do festival cultural na minha escola e minha sala estava aguardando ansiosamente por aquela data. Quer dizer, talvez eu tenha me expressado mal. A nossa representante de sala, Bruna, que tinha a responsabilidade pelo que iríamos fazer, estava esperando ansiosamente. O tema escolhido por nossa turma foi astronomia e nossa melhor aluna, Estrela Valente, recebeu a tarefa de preparar uma apresentação sobre o assunto. É, isso seria bem fácil para ela e não digo apenas pelo fato dela ser inteligente, isso também, mas...Estrela também era uma extraterrestre do Setor W, uma região de uma galáxia muito, muito distante, com uma tecnologia bem avançada que a nossa. Por ela ser uma ecologista intergaláctica com o trabalho de preservar nosso Sistema Solar, é mais do que lógico ela entender um pouquinho de astronomia...mas isso é segredo, poucas pessoas da nossa turma sabem disso e eu sou uma delas. Se bem que às vezes gostaria de não conhecer esse segredo. Não que eu não goste de Estrela, ela é uma das minhas melhores amigas, mas...não é muito agradável quando minha vida corre perigo por conta dos problemas que acabo me metendo por causa do trabalho dela.

Bem, depois dessa introdução que parece mais uma retrospectiva de uma série que está iniciando uma nova temporada após um longo período de pausa, posso mostrar onde estou: caminhando em direção à escola, naquela bela manhã de sábado ensolarado, pronto para participar de uma simples e tranquila feira cultural. É, nos últimos meses tenho passado por poucas e boas, mas eu sempre tento manter o otimismo. Sempre que acordo de manhã, eu penso: “Hoje será um bom dia. Hoje não encontrarei alienígenas malignos querendo dominar o universo ou querendo destruir a Terra”. Assim que cheguei no colégio pude ver toda a organização do evento. Todas as salas estavam envolvidas em seus respectivos trabalhos. Pude ver o pessoal do Ensino Médio com as fantasias da peça de teatro da Branca de Neve que eles iriam apresentar, outros alunos do fundamental montando uma barraca sobre a história do queijo (bem, eram vários temas) e não podia me esquecer das crianças do Jardim de Infância ensaiando a musiquinha que iriam apresentar. Podia ouvi-los muito bem:

—”Hum-Ah-Hum, disse o sapiiinho, Hum-Ah-Hum, disse o sapinho para miim” - eles cantavam.

Ah, a infância. Saudades dessa época. Andando meio distraído com as mãos nos bolsos nem reparei em quem estava na minha frente. Acabei esbarrando em um garoto tão distraído quanto eu.

—Opa, foi mal – me desculpei.

—Ah, é você. Vitor, amigão! – disse ele. O nome daquele garoto era Bartolomeu, vulgo Bartô. Alguém que vivia um grande drama em sua vida amorosa.

— Bartô...puxa, há quanto tempo, né? - falei, meio sem-graça. Não que eu não gostasse dele, mas nunca sabia muito o que esperar quando nos encontrávamos.

— Pois é, fui obrigado a ajudar minha sala nesse festival escolar. Estamos fazendo uma barraca sobre diferentes tipos de esporte.

— Parece interessante – comentei.

— É uma perda de tempo! - reclamou ele – Estou muito ocupado tentando buscar meios de encontrar meu verdadeiro amor. A mulher da minha vida está aí, em algum lugar do universo.

E ele continuava acreditando que estava destinado a viver um grande amor com uma garota alienígena ou algo assim.

— Não acha que...devia se concentrar em garotas da Terra – falei para ele, como um amigo que sabia muito bem que o universo lá fora não era lá muito amigável.

— Mas a Terra não me entende – ele disse – A menos que o meu destino mude e a mulher de minha vida esteja mesmo aqui. Mas duvido...vou precisar de um sinal.

Sinais, sinais...ele era bem científico de um lado, mas bem supersticioso de outro. De qualquer maneira, logo nos despedimos e eu continuei minha caminhada até minha sala, onde minha turma havia combinado de se encontrar. Antes disso, porém, encontrei meu velho casal de amigos: Mabi e Eduardo. Mabi estava linda naquele dia, não que ela não estivesse linda nos outros dias, mas...bem, vocês entenderam. Devo lembrar também que tenho uma quedinha por ela, mesmo sabendo que ela namora? É, minha vida amorosa não é menos problemática que a vida do Bartô.

— Vitor. Bom dia – disse Mabi.

— Bom dia – respondi, com um sorriso de orelha a orelha.

— Bom ver que está animado – comentou Eduardo – Afinal, sua sala tem um dos melhores temas do evento.

Eduardo realmente gostaria de ter um tema tão bom quanto astronomia, mas o assunto deles, história da África, também era interessante ao seu modo.

— É, estou indo para a sala agora – comentei – A principal atração é mesmo a palestra da Estrela, mas o resto da sala vai ajudar na decoração.

— Que legal. Estrela deve estar empolgada – disse Mabi.

— Bem, não consigo muito imaginá-la empolgada – comentei.

— Quando será a palestra? - perguntou Eduardo.

— Lá pelas 10 e meia. Agora são 9 horas, então...tem uma hora e meia até lá – falei.

— Queremos ir lá ver – disse Mabi.

— Sim. Estamos ansiosos para isso – falou Eduardo.

— Claro. Por favor, apareçam por lá – disse animado.

Ter Mabi por perto é sempre bom. Depois que me despedi deles, continuei meu caminho até a sala. Vi um faxineiro reclamando de ter que limpar o vômito de uma das crianças, um dos professores deixando cair seus livros e uma secretária da escola colocando um aviso no mural sobre uma campanha do agasalho. De qualquer modo, finalmente cheguei na sala e ainda não tinha muita gente. Mas Estrela já estava lá, obviamente, vendo alguma coisa em seu smartphone, também conhecido como Portal Gun: ele servia de smartphone quando não estava sendo usado como criador de portais dimensionais, arma de raios ou espada de luz.

— Bom dia, Estrela – falei, chegando sorridente.

— Bom dia – disse ela – Pediram para que eu viesse mais cedo, mas, no fim, só estou aqui esperando. Pelo menos posso atualizar algumas coisas do meu trabalho no aplicativo que estou usando.

— Está preparando sua palestra? - perguntei.

— Palestra? Estou organizando os dados do meu próximo relatório. Você só querem que eu fale alguma coisa sobre o universo, não é? - perguntou ela.

— Sim. A ideia é essa.

— Não preciso preparar nada para falar disso – explicou ela – Minha experiência já basta.

— Mas lembre-se de que está falando com pessoas comuns da Terra. Eles não sabem...bem, tem muita coisa que eles não precisam saber.

— É claro – disse ela – O que é para se manter em segredo, será mantido em segredo. Além disso, seria um saco apagar a memória de todos daqui.

— Bom dia, povo! - disse um animado garoto de 18 anos que ainda estava em nossa turma de nono ano. Costumamos chamá-lo de Veterano Caio.

— Ah, Veterano – falei – Você também veio.

— É claro. Vai ter comida, não vai? - disse ele.

— Bem, tem algumas barracas de lanche, mas não é nossa turma que está preparando – falei, um pouco tarde, já que ele parecia devorar uma parte da decoração.

— Sério? - disse ele, com um pedaço de papel na boca – Achei que essa coisa aqui fosse um doce.

— Veterano, isso é só parte do cenário! - avisei.

— Ah – mas ele continuou comendo mesmo assim – O gosto não é bom, mas pelo menos dá para comer.

Logo depois disso, Veterano Caio encontrou outra pessoa para conversar e voltei a trocar ideias com Estrela. É, ela não era a pessoa mais animada do mundo, mas se ela fizesse tudo com calma, certamente tudo daria certo naquele dia. Enfim, estávamos em paz, até uma certa pessoa chegar.

— Bom dia, amores – era a voz de nossa representante de classe, Bruna, acompanhada de sua amiga, Priscila – Bom saber que todos vocês chegaram cedo para montar nossa sala.

— Como representante não acha que devia ter vindo mais cedo também? - reclamou um dos alunos.

— Como é, querido? Eu que organizei tudo isso aqui. Alguém tem que pensar. Para quem não tem iniciativa só resta o trabalho duro. Agradeçam por eu ainda me dar ao trabalho de vir aqui e fazer a vistoria do trabalho de vocês.

Não preciso dizer que os alunos resmungavam baixinho, mas Bruna continuava.

— Bom, vamos ver. Se eu não estiver aqui para ver quem trabalha direito não sei o que seria dessa sala. Ah, Estrela querida, bom ver que não furou com a gente, heim?

Estrela apenas olhou para Bruna, acenou positivamente com a cabeça e voltou a trabalhar em seu celular. Depois disso, infelizmente, a atenção de Bruna se voltou para mim.

— E você, Vitor? Feliz em saber que sua querida amiga Estrela irá cumprir um papel tão importante?

— Bem, sempre fico feliz por ela – sorri, mas é claro que aquela conversa era tudo, menos algo banal para Bruna.

— Entendo...imagino o quanto vocês são próximos – disse ela, com um olhar pensativo e com a mão no queixo – Por favor, nos diga logo, vocês estão...de beijinhos um com o outro, não estão?

— O QUÊ?! - exclamei – Não, não, espera...somos apenas amigos!

Estrela apenas ignorava. Bruna continuava em um tom malicioso.

— Parem de fingir. Eu reconheço um ar de romance de longe. Apenas admitam. Agora todos estavam olhando para a gente. Não era a primeira vez que Bruna insinuava isso, mas agora ela estava bem mais insistente. De qualquer maneira, o interesse de Bruna se voltou rapidamente para outra coisa.

— Espera...você não pensa em palestrar assim, pensa Estrela? - perguntou ela.

— Assim como? - foi tudo que Estrela disse, finalmente tirando os olhos de seu Portal Gun (disfarçado de smartphone).

— Com o uniforme da escola – disse Bruna – Não, pelo amor de Deus. Você precisa de um figurino decente. Se não sou eu a pensar nessas coisas. Larga esse celular e vem comigo. Vou vesti-la adequadamente. Você precisa divar nessa palestra. Não vou admitir nada meia-boca na apresentação da minha sala!

Destaque para o “minha” na fala de Bruna. De qualquer modo, precisava admitir que Bruna era boa em questões estéticas. Estrela deixou o Portal Gun dela em cima da carteira e foi se arrumar com a representante. Fiquei ajudando na decoração enquanto isso. Demorou alguns minutos, mas ela retornou repaginada. E devo admitir que ela estava linda.

— E então? O que acham? - perguntou Bruna. Estrela estava usando um vestido roxo quase negro, com detalhes brilhantes que lembravam corpos celestes, além de uma maquiagem escura com alguns brilhos na parte dos cílios que também lembravam galáxias nebulosas. Resumindo, um vestido deslumbrante e uma maquiagem com temática espacial. Todos os garotos (e garotas também) babaram com isso e alguns até deixaram o que estavam segurando cair.

— Nada que uma maquiadora extremamente competente como eu não consiga fazer em tempo recorde, não é? - disse Bruna, querendo tomar a glória para si, obviamente.

— Tanto faz – disse Estrela – Achei que o importante em uma palestra fosse o conteúdo do tema e não o visual do palestrante.

— Aparência importa muito, querida. Confie em mim – disse Bruna.

— Bem, ainda temos tempo até a hora da apresentação – falou Estrela, não se importando nem um pouco com os olhares admiradores do restante da sala.

— Vou voltar ao que estava fazendo e... Estrela parou de repente e ficou estática por alguns instantes.

— Vitor – disse ela.

— Sim? - perguntei.

— Onde está o Portal Gun? - perguntou ela.

— Ah, o seu celular? - corrigi rapidamente, antes que alguém perguntasse o que seria um Portal Gun – Você deixou em cima da mesa, não?

— Mas não está mais aqui – disse ela.

— O quê?! - perguntei.

De fato, o Portal Gun havia sumido. Estrela começou a procurar em vários cantos. O aparelho mais poderoso que existia no planeta naquele momento estava perdido.

— Droga – reclamou ela – Isso é mal...

— Espera...deve estar caído em algum lugar – tentei amenizar a situação, mas devo admitir que também estava nervoso. Se alguém roubou aquilo e mexer no que não deve...estamos mesmo em apuros.


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Notas finais do capítulo

Um Portal Gun desaparecido só pode ser o prelúdio de...problemas, é claro. Espero escrever o próximo capítulo logo, mas não darei certeza.

Até a próxima! :)