Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 69
Crise 69 - Irmãs




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Crise 69 - Irmãs

 

  Até que os últimos dois dias estavam bem tranquilos. Estrela terminou seus últimos relatórios e voltou a frequentar as aulas. Não que ela precisasse se esforçar muito (alguém com pouca idade e com uma pós-graduação em uma civilização altamente avançada não teria muitos problemas com a educação de um país pouco desenvolvido da Terra), mas fico feliz em ver que ela continua nos acompanhando. 

 

— Aqui, Estrela - falei, mostrando meus cadernos para ela durante o intervalo entre as aulas - A matéria das últimas aulas.

 

— Ah - ela disse, não muito impressionada - Conheço esses temas, já li a respeito. Pelo visto não perdi muita coisa faltando nos últimos dias.

 

— Como pode falar isso?! - exclamou uma voz intrometida. Era nossa representante de classe, Bruna - Como representante não posso permitir que trate a escola de um jeito tão desleixado! Você tem faltado muito nos últimos dias, aliás. O que tem acontecido, heim?

 

— Apenas problemas de trabalho - disse Estrela, sem sequer olhar para a garota.

 

— Trabalho? Como estudante prestes a entrar no ensino médio deveria focar mais nos estudos. Você está com algum problema? Seus pais exigem que você trabalhe? Pode contar comigo, como representante, preciso compreender bem os estudantes da classe.

 

 Como se ela não estivesse perguntando isso apenas para saber mais da vida particular de Estrela. Mas a garota alienígena não tinha intenção de compartilhar sua verdadeira identidade com Bruna.

 

— Não se preocupe - disse Estrela - Minhas notas estão na média.

 

 De fato, Estrela conseguia tirar nota máxima em todas as provas facilmente.

 

— Sim, mas...você deveria se preocupar com as atividades coletivas também. Já contribuíram para o festival cultural da nossa escola? - Bruna não era o tipo de pessoa que nos deixava em paz tão facilmente.

 

— O festival cultural! É verdade, já está chegando, não é? - lembrei. Na verdade, o festival escolar deveria ser mais tarde, mas Bruna sugeriu que adiantassem um pouco. Ela parecia empolgada.

 

— É daqui a duas semanas - falou Bruna - É bom começarem a ajudar o quanto antes. Nossa sala terá a melhor barraca sobre a história da estética de todos os tempos!

 

— História da estética? - estranhei.

 

— Maquiagens, em geral - continuou ela - Foi decidido em reunião de classe realizada na semana passada.

 

— Semana passada quando? - questionei.

 

— Quinta passada. Exatamente às sete da noite, um pouco antes da escola fechar. Não tenho culpa se vocês não compareceram. Priscila e eu estávamos lá.

 

 Priscila era a melhor amiga de Bruna e sempre a favor dela. De fato, Priscila concordou timidamente.

 

— Se vocês não vieram, não podem reclamar do resultado! - disse Bruna, confiante de que comandava a sala toda.

 

— Maquiagem? Não é um dos melhores temas... - reclamei.

 

— Não pode reclamar mais, querido - disse Bruna - Deveria ter vindo à reunião. Aliás, todos vocês não podem reclamar.

 

 Todos da sala apenas olharam para o lado. De fato, ninguém mais foi à reunião. E, claro, ninguém iria naquele horário. Bruna tinha o dom de marcar reuniões importantes propositadamente em horários que ninguém poderia comparecer.

 

— Mas não teria um tema melhor? - perguntei.

 

— Tá. Vamos ser democráticos. Alguém tem algum tema interessante além do que sugeri que, aliás, já tenho um bom material guardado? 

 Esse era mais um motivo para a falta de reclamação. Bruna era boa com aquelas coisas e já tinha muita coisa feita. Ela iria nos explorar para arrumar tudo, é claro, mas para um bando de preguiçosos era melhor ter tudo pronto do que ter o esforço de fazer algo do nada.

 

— Ótimo. Então posso anunciar para o professor sobre o nosso tema, não é?

 

— Anunciar o quê? - um dos professores orientadores de nossa sala no festival cultural havia acabado de chegar para dar a aula.

 

— O tema de nossa sala no festival, professor - disse Bruna, toda sorridente - O tema será..

 

— Astronomia? - disse Estrela, do nada, exatamente em um momento onde todos estavam em silêncio por alguns décimos de segundo.

 

— Astronomia. Isso é muito interessante! - elogiou o professor.

 

— Hã? Não, espera..

 

— É, astronomia é legal! - disse outra pessoa.

 

— Também gosto desse assunto - concordou outro aluno.

 

— Nossa. Como professor de ciências fico muito feliz que tenham escolhido um assunto tão fascinante - o professor continuava nos elogiando.

 

— Vocês aprendem astronomia apenas nesse nível básico? Achei que os dados de planetas do sistema solar já deveriam ser ensinados aos três anos de idade. É o mínimo de conhecimento sobre a galáxia de vocês! - Estrela disse para mim, apontando para o caderno. Era sobre isso que ela estava falando, já que estava praticamente ignorando as palavras de Bruna.

 

— Se todos concordaram, então falaremos sobre isso - falou o professor - Espero que façam um bom trabalho.

 

— Mas, mas... - Bruna ficou com cara de tacho e eu um pouco preocupado. É um tema interessante, mas difícil. Se bem que..ora, tínhamos uma alienígena na sala! Poderíamos ter muita informação sobre astronomia com ela. Estrela certamente nos ajudaria com uma mão nas costas.

 

 No final das aulas, nos encontramos com Eduardo e Mabi, andando agarradinhos na hora da saída. É, eu devia desistir disso logo, mas o que posso fazer? Mabi é minha paixão eterna. Enquanto seguíamos até o ponto de ônibus, andando próximos a uma praça pacata nas proximidades da escola, contei sobre o nosso tema do festival cultural (os dois eram de outras sala, apenas para lembrar) e Mabi parece ter gostado bastante.

 

— Que legal! - falou ela - Nossa sala vai fazer sobre a história da África. 

 

— Astronomia foi um dos temas que sugeri, aliás, isso e história da filosofia - falou Eduardo, sorridente como sempre. Bem, filosofia era com ele mesmo.

 

— Bom, ainda temos duas semanas - falei - Mas ainda bem que temos uma especialista em astronomia para nos ajudar aqui, não é?

 

— Bem, considerando a astronomia do nível de vocês, acho que posso ajudar mesmo - falou ela, sempre sincera, para variar.

 

— Ai - gritou Mabi.

 

— O que foi, amor? - perguntou Eduardo.

 

— O zíper da minha bolsa - disse ela - Emperrou.

 

— Espere aí - disse Estrela - Eu tento fechar.

 

 Estrela conseguiu, mas acabou cortando um pouco o dedo com um pedacinho de metal solto na bolsa de Mabi.

 

— Ai, seu dedo - disse Mabi, percebendo o corte - Acho que tenho band-aid aí dentro e..

 

— Não é necessário - falou Estrela, mostrando seu dedo que, rapidamente, teve o ferimento curado.

 

— Como você fez isso? - perguntei.

 

— Eu te disse uma vez, não disse? - prosseguiu a alienígena - Nós w-anos temos uma anatomia quase idêntica aos terráqueos, mas temos uma diferença: nossas células se regeneram centenas de vezes mais rápido que as suas. 

 

— Impressionante - comentou Eduardo - Então vocês devem ter muito sucesso em batalhas corpo a corpo.

 

— Bem, é verdade que se eu perdesse um braço, ele se regeneraria bem rápido - falou Estrela - Mas as batalhas que o Setor W enfrentou em sua história eram bem mais difíceis a ponto dessa regeneração contar como vantagem.

 

 É, esse pessoal do Setor W deve ser extraordinário. Ainda bem que não precisamos enfrentá-los. Aliás, Estrela nunca foi de falar muito de seu povo no sentido pessoal. Ela era de lá, mas não sabíamos muito sobre a própria história de vida dela. Como seria a família da Estrela? Mal sabia eu que teria essa resposta logo, logo. Assim que terminei de pensar nisso, o Portal Gun de Estrela tocou.

 

— Um alien? - já perguntei preocupado.

 

— Acalme-se - disse Estrela - É só uma ligação mesmo.

 

 O Portal Gun também fazia ligações (aliás, ele tinha o formato de um smartphone mesmo). Estrela apenas trocou algumas palavras e desligou rapidamente. Ela fechou os olhos e suspirou.

 

— Aconteceu alguma coisa? - perguntou ela.

 

— Sim - disse Estrela - Agora as coisas vão ficar um pouco complicadas para mim.

 

— Por quê? - perguntou Mabi.

 

— Minha irmã está vindo me visitar - disse ela.

 

— Sua irmã? - perguntei empolgado - Caraca! Não sabia que você tinha uma irmã!

 

— Pois é, eu tenho - disse Estrela, não demonstrando muita emoção como sempre.

 

— E ela vem te visitar aqui na Terra? - perguntou Eduardo.

 

— Sim - confirmou a garota.

 

— Puxa, como será que ela é? - perguntou Mabi.

 

— Conhecendo a Estrela, eu diria que se é sua irmã também deve ser séria, compenetrada e falar pouco, não é?

 

— Na verdade...

 

 Antes que Estrela terminasse de falar, alguma coisa cai em cima de mim. Olhando melhor, não era uma coisa, era uma pessoa. Parecia uma...garota?

 

— Olha elaaaaa!!!! - exclamou a estranha e empolgada figura que acabou de pousar em cima de mim - Adivinha quem chegou?

 

— Lua - suspirou Estrela.

 

— Eu mesma! Maninha, querida! - a garota saiu de cima de mim e logo correu para abraçar Estrela - Como você tá, menina? Tá mais magrinha, heim? Tá se alimentando direito? Olha, a vovó sempre dizia: container vazio não é usado. Que saudaadeeee, manaaa! Aaahhhh!!

 

 Era uma pessoinha bem histérica, ou devo dizer uma w-ana? Fisicamente, era até bem parecida com Estrela. A principal diferença é que enquanto Estrela tinha duas chuquinhas que formavam duas "anteninhas" na cabelo, as chuquinhas daquela garota deixavam duas mechas bem grandes no cabelo comprido dela. Uma delas era azul escuro e a outra era preto mesmo, da cor natural. Além disso, Lua tinha uma tatuagem de lua crescente no pescoço, usava uma camiseta branca com a palavra "Happiness" (Felicidade, em inglês) estampada, uma calça legging preta e sapatilhas também pretas.

 

— Então...essa é a sua irmã? - falei, me levantando, enquanto Estrela tentava achar um meio de falar, sendo abraçada tão calorosamente pela irmã.

 

— Sim, essa é minha irmã, Lua - disse Estrela - Não imaginava que chegaria tão cedo aqui...

 

— Lua e Estrela. Que bonitinho - falou Mabi.

 

— Pois é, acabei de sair do planeta Rehaby agora pouco - falou ela.

 

— Você trabalha lá? - perguntou Mabi.

 

— Não - disse Estrela - Rehaby é um planeta especializado na reabilitação de pessoas transtornadas mentalmente. Minha irmã acabou de sair do maior manicômio do universo!

 

— Ah, tá - respondi por reflexo, mas logo me dei conta do que ouvi - O QUÊÊÊ??

 

 Algo me diz que Lua não será uma visita muito tranquila...


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Notas finais do capítulo

É, não mesmo. Conheceremos mais sobre quem é Lua no próximo capítulo, mas será uma personagem importante para esta saga. Até lá ;)

PS: Comecei uma fic nova sobre card games e magia, Batalha de Feitiços. Estou empolgado com ela, embora não esteja postando com tanta regularidade assim (já que não tenho muito tempo)...se puderem conferir o que está escrito até agora, agradeço.

Até :)



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