Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 52
Crise 52 - A Fúria de Kaldi




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Crise 52 - A Fúria de Kaldi

 

 Kaldi estava realmente furioso diante de nós. Estrela conseguiu instalar um vírus que afetou toda sua rede de dados e, como efeito colateral, trouxe de volta a consciência de todos os habitantes que haviam sido transformados em robôs pelo imperador. Agora, o monarca baixinho estava controlando uma terrível máquina de batalha em forma de tiranossauro, pronto para acabar conosco.

 

— Acho que agora não vai adiantar muito conversar - disse Estrela.

 

— Vou destruir todos vocês! - dizia Kaldi, realmente com raiva. Acho que agora seria uma boa hora para sairmos dali.

 

— Seu Portal Gun já está funcionando, não está? - perguntei para Estrela - Hora de sairmos daqui, não?

 

— Pode ser - disse ela - Mas ele está muito perto...se abrir um portal agora, talvez ele nos persiga.

 

— Então o que vamos fazer? - indagou Mabi.

 

— Só nos resta fugir mesmo - respondeu Estrela, procurando alguma saída.

 

— Não há saída! - disse Kaldi, com um sorriso maldoso - Vou explodir vocês aqui mesmo!

 

 Ele ativou um enorme míssil saindo das costas de sua máquina. Aquilo lá seria muito difícil de escapar. Mesmo que o míssil demorasse para carregar, aquilo nos explodiria facilmente. Como vamos sair dessa?

 

— Ai, ai, não quero morrer aqui! - gritei desesperado - Ainda não fiz tudo que tinha para fazer! Quer dizer, não tenho nenhum sonho específico, mas...

 

 Bem, meu sonho era me casar com a Mabi, mas não poderia falar aquilo na frente dela...ou poderia? É, iríamos morrer mesmo. Até pensei em abrir a boca, mas a calma Estrela apenas suspirou e atirou na janela logo atrás de nós.

 

— Se não tem uma saída, é só fazer uma - disse ela.

 

— Mas...como vamos pular dessa altura? - perguntei, vendo os mais de dez metros que nos separavam do chão lá embaixo. E o míssil de Kaldi já estava para ser disparado.

 

— De fato, é uma queda e tanto - disse Eduardo.

 

— Vão pular? Ótimo! Vai me poupar munição. Impossível vocês sobreviverem a essa queda - disse Kaldi.

 

— Ele tem razão! - Johnny, o robô cuja consciência havia sido poupada desde o início e que nos ajudou bastante até agora, dizia enquanto voava de um lado para o outro - Estamos todos perdidos!

 

— Ei, o que estão fazendo? - Kaldi reclamou, enquanto nos voltamos para trás e vemos um monte de drones voando caoticamente ao lado da cabine do baixinho imperador - Estão atrapalhando a minha mira!

 

— Já chega! Não vamos mais deixar você fazer o que quiser! - disse um deles.

 

— Agora todos estamos contra você, seu tirano! - falou outro.

 

— Estão todos contra mim? Seus traidores! É assim que agradecem quem levou esse planeta à glória? - retrucou Kaldi.

 

— Cale a boca! - disse outro drone - Você nos transformou em máquinas! E agora vamos ficar com esse corpo para sempre!

 

— Margaret! Faça alguma coisa! Não consigo mexer nos comandos direito com esses inúteis na minha frente - reclamou Kaldi.

 

— Sinto muito, senhor - disse Margaret - Eles não estão sujando nada. Sou programada para limpar.

 

— Limpe a sujeira que eles estão fazendo em minha mira - gritou Kaldi.

 

— Se o senhor os considera sujeira...então a história é outra - disse ela - Está bem. Modo jato de água!

 

 Margaret ativou uma espécie de canhão de seus punhos e jogou um enorme jato de água nos drones. Eles eram à prova de água, mas pelo menos se afastaram do caminho de Kaldi. Agora ele nos tinha na mira de outra.

 

— Ótimo, se eu tinha alguma dúvida, agora não tenho mais - disse Estrela e, claro, não entendi muito bem o que ela quis dizer.

 

— Hã? Como assim? - perguntei.

 

— Se eles tem água, então tem vapor de água no ar daqui. Podemos descer.

 

— Como? - insistia em perguntar. Estrela me respondeu com suas ações. Ela mirou o Portal Gun na direção da janela quebrada e um escorregador de gelo começou a se formar.

 

— Entendo - disse Eduardo - Está congelando as moléculas de água que estão no ar e criando um escorregador de gelo.

 

— Tem tanta água no ar assim? - perguntei.

 

— Não, mas o Portal Gun tem uma tecnologia de agrupamento de moléculas de água. Bem, é avançado demais para você entender - Estrela interrompeu esse discurso não apenas com as palavras, mas também me pegando pela gola da camisa e me jogando escorregador abaixo. Nem tive tempo de reagir, apenas desci gritando (afinal, era uma queda de mais de dez metros!). Mesmo assim, pude chegar lá embaixo em segurança. Eduardo e Mabi vieram logo em seguida. Estrela foi a última. Kaldi estava mais nervoso do que antes.

 

— Ora, seus! - reclamou ele, usando usa máquina para saltar lá de cima e cair em nossa frente - Não pense que escaparam!

 

— Ele já saltou até aqui? - admirou-se Mabi.

 

— Ele está mesmo nervoso - reparou Eduardo que, por sinal, sempre mantinha a calma.

 

— Agora pelo menos temos mais lugares para fugir, né? - falei - Já não dá para abrir o Portal Gun.

 

 Estrela não respondeu, apenas olhou em volta e parece ter tido uma ideia.

 

— Vou acabar com vocês usando minha uma metralhadora de lasers. É mais rápido! - disse Kaldi, já preparando sua máquina para nos atingir. Contudo, Estrela usou seu Portal Gun para atirar em um dos pés de amendoim que estavam por ali (caso você não se lembre, havia uma imensidão de plantação de amendoim destinados a produzir o creme de amendoim que Kaldi tanto amava. Estávamos justamente nessa plantação agora). Após o tiro, a pobre planta se desintegrou na hora.

 

— O que está fazendo?! - Kaldi gritou de desespero - Está acabando com meus amendoins!

 

— Ah, tipo assim? - continuou Estrela, atirando em outra plantinha. Kaldi não podia suportar a dor no coração.

 

— Nãããão! - gritou ele, em prantos - Você tem ideia do creme de amendoim maravilhoso que poderia fazer com isso! Queimar um só pé de amendoim é um sacrilégio imperdoável!

 

 Devo lembrar que, para Kaldi, creme de amendoim era o sentido da vida. Estrela parece ter entendido bem esse ponto fraco.

 

— Então que tal? Quer pegar esse ramo de amendoim aqui? - disse Estrela, arrancando um dos ramos e colocando bem na frente - Se fizer qualquer coisa, o amendoim sofrerá as consequências!

 

— Sua... - Kaldi parecia perturbado, mas Estrela parecia fazer isso sem trepidar. Ela era mesmo durona.

 

— Amigos! - Johnny estava se aproximando - Vocês estão bem?

 

— Ei, faça-os parar - gritou ele - Se me ajudar...eu...eu...consigo uma condição especial para você no meu império.

 

— Como? - o drone se voltou para Kaldi.

 

— Não dê ouvidos a ele, Johnny! - gritou Mabi - Lembre-se de tudo que ele fez!

 

 Estrela estava com a arma apontada para o amendoim, mais do que isso, ela tinha uma ameaça ainda maior.

 

— Sabe...com um tiro posso incendiar toda essa plantação. É mesmo isso que quer?

 

— Você...não compreende a plenitude do amendoim, não é? - disse ele - Pelo visto, terei que ser mais rápido.

 

 Não entendi muito bem o que ele quis dizer com aquilo, mas Kaldi abriu a cabine de sua máquina e revelou estar usando um jet pack, uma mochila a jato que o permitia voar. Mais do que isso: estava portando alguma coisa em suas mãos.

 

— Não vai incendiar nada se eu for mais rápido do que você! Mesmo que você ponha fogo nessa plantação, meu super extintor vai acabar com tudo - gritou ele.

 

— Pelo menos é só um extintor - respirei aliviado.

 

— Ah, sim, esse extintor também funciona como arma laser. Vou acabar com vocês!

 

— Oh, fala sério - reclamei. Kaldi começou a voar diante de nós em alta velocidade e sua primeira presa foi Estrela. Ele começou a atirar com o laser e a garota fazia o máximo para se desviar. Kaldi estava determinado a acabar com ela.

 

— O que foi? Onde está sua coragem? Não disse que ia incendiar tudo? - exclamava ele, confiante em sua vitória.

 

— Eu já esperava algo assim - disse Estrela, exibindo um leve sorriso - Vamos ver até onde vai sua paixão por creme de amendoim.

 

 Estrela atirou com o Portal Gun logo atrás com um tiro extremamente quente e começou a incendiar a plantação. Kaldi se desesperou.

 

— Ora, sua...não esperava que fosse atirar atrás! - reclamou ele, voando na direção dela.

 

— E seu erro foi vir na minha direção - falou Estrela, com um sorriso de triunfo e colocando o Portal Gun na frente dele - Vá para bem longe daqui!

 

 Ela abriu um portal bem na frente da trajetória de voo de Kaldi. Ele não teve nem tempo de gritar e acabou entrando no portal que levaria...Deus sabe para onde! Na mesma hora, Estrela fecha o portal e respira aliviada. Imediatamente depois, ela usa a função de extintor do próprio Portal Gun para apagar o incêndio que havia começado.

 

— Sinto muito por desperdiçar comida - disse ela - Mas era a única forma de vencer.

 

 Era aquilo. Estrela venceu. Aproveitando do ponto fraco de Kaldi, ela o fez cair em sua armadilha. Agora ele estava bem longe dali. Com um sorriso no rosto, corri até ela, juntamente com Mabi e Eduardo. 

 

— Finalmente! Acabou! - disse Mabi, abraçando Estrela, que não sabia muito bem como reagir àquilo.

 

— É...é o que parece - respondeu ela, meio dura com o abraço.

 

— Para onde você o mandou? - perguntei.

 

— Para o planeta Lime - disse ela - É um planeta onde só crescem limões. Vai ser bom para ele sobreviver experimentando outros sabores por um tempo. 

— Ele vai conseguir sobreviver num lugar desses? - questionei.

 

— Ele conseguia sobreviver só comendo creme de amendoim, claro que consegue sobreviver comendo limão - disse Estrela - Além disso, os habitantes daquele planeta são bem simpáticos com visitantes.

 

— Com licença - disse Margaret se aproximando - Poderia me mandar para o mesmo local do Grande Kaldi?

 

— Quer ir junto com ele? - perguntei - Mas...você também era escrava dele.

 

— Escrava? Não entendo o que diz. Sou apenas programada para tornar o ambiente do Grande Kaldi o mais limpo possível. Se ele não está aqui, não tenho função neste lugar - disse a robô. Estrela olhou para nós e deu de ombros. De fato, seria melhor para ela viver junto com seu antigo mestre. Ela não era uma robô transformada a partir de outro ser, então era uma máquina desde o início. Estrela a envia para o mesmo local onde Kaldi foi e, finalmente, fecha o portal.

 

— Acho que agora acabou!

 

 Todos os drones voaram em nossa direção e pareciam contentes. Sim, eles haviam retomado a consciência e podiam experimentar sentimentos de novo. Infelizmente, não possuíam mais seus corpos.

 

— Vamos ficar bem - disse Johnny, quando começamos a nos preparar para a despedida, alguns minutos depois - Vamos aproveitar nossas novas habilidades como máquinas e reconstruir este planeta do zero. 

 

— Bem, a população de vocês não vai aumentar mais, né? Afinal, agora vocês são todos máquinas - comentei.

 

— Se eles criarem novas máquinas, elas não terão consciência. A menos que eles desenvolvam um meio de criar consciência ou mesmo vida de modo artificial, mas isso é uma outra questão - ponderou Eduardo, coçando a cabeça.

 

— Chega, não quero mais pensar nessas coisas - reclamei.

 

— De qualquer modo, obrigado - disse Johnny - Vocês são verdadeiros heróis. Eu abraçaria vocês, se tivesse braços. Hahaha.

 

 Não rimos da piada, mas lembramos que ele disse ter sido comediante. Bem, acho que o senso de humor deve variar de planeta para planeta. Embora todos estivessem sem seus corpos, parece que iriam se conformar com a nova vida dentro de uma máquina. Nosso trabalho por ali terminou. Usamos o Portal Gun e retornamos para a casa de Estrela.

 

— Meu Pai...parece que ficamos anos fora - disse, praticamente caindo de cansaço assim que me dei conta de que estava em um teto familiar. Seria mais confortável se a Plum não viesse lamber a minha cara assim que caí na sala de Estrela.

 

— Oh, droga, meu chinelo arrebentou - disse Estrela, olhando para suas Havaianas - Incrível como elas não saíram do meu pé esse tempo todo.

 

 Tinha até me esquecido de que você fez tudo aquilo só de camiseta, shortinho e chinelo. Olhando assim, ela de fato parecia uma garota comum.

 

— E o que vai fazer agora, Estrela? - perguntou Eduardo - O mistério da origem dos androides em nosso mundo foi revelado. Sua missão acabou?

 

— De certa forma sim - respondeu ela, meio que bocejando - Mas isso foi apenas um dos mistérios. Vocês se esqueceram?

 

— Nos esquecemos do quê? - perguntou Mabi.

 

— Kevin está estudando o Eternium, o mineral que o diretor estava usando - disse ela - Não confio na CICE. Só vou ficar satisfeita quando tiver certeza de que este planeta está seguro.

 

 É verdade. Quando vencemos o androide que estava se passando por nosso monitor, Kevin ficou com o cristal Eternium, o mineral que nosso diretor havia ganhado de uma alienígena misteriosa. O androide estava roubando a energia dele, enquanto o diretor estava com esperanças de reencontrar aquela alien. Ainda não sabíamos muita coisa sobre o tal cristal e não tínhamos ideia se Kevin iria nos contar detalhes sobre ele. De qualquer modo, fiquei aliviado em saber que Estrela ainda continuaria conosco por um tempo.

 

— Bom, acho que por hoje chega, né? - disse Mabi - Já está tarde. Você me leva para casa, amor?

 

— Claro - disse Eduardo - Nos vemos amanhã na aula. Até mais.

 

— Acho que também já vou indo - falei - Ah, amanhã tem prova de ciências, não esqueça.

 

— Tudo bem...acho que vou passar amanhã na escola - disse Estrela - Até mais.

 

— Até! - e assim me despedi. Nossa, que aventura. Só queria chegar em casa e descansar ou fazer algum lanche. Eu estava morrendo de fome.

 

— Ah, Vitor. Que bom que chegou - disse minha irmãzinha mal humorada, mas, no momento, ela parecia feliz - A mamãe acabou de chegar do mercado.

 

— Sério? Que bom! Estou morrendo de fome! - exclamei - O que temos para lanchar?

 

— Comprei creme de amendoim para comermos com torrada - disse minha mãe, chegando com as compras.

 

 Eu queria chorar, mas não podia revelar minha missão secreta. Por que justo creme de amendoim?!!! Bem, o universo é bem irônico, não é?


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Notas finais do capítulo

E assim termina a saga das máquinas. No fim, acho que não ficou muito bom (minha auto-avaliação seria 5/10 para essa saga inteira), mas pelo menos fechou uma parte dos mistérios da primeira temporada. Os próximos capítulos serão arcos mais curtos até começarmos a próxima saga.

Espero que continue acompanhando. Até mais! :)



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