Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 51
Crise 51 - Recuperação




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Crise 51 - Recuperação

 

  O alarme era cada vez mais forte e não tínhamos ideia de como escaparíamos de todos aqueles drones assassinos vindo em nossa direção.

 

— Bem, provavelmente irão nos levar de volta para a prisão - comentou Eduardo, mantendo uma calma invejável diante da situação - Mas, o que vão fazer com o Johnny?

 

 Johnny era o drone com consciência, na verdade, um antigo morador do planeta que, por alguma razão desconhecida, não perdeu a consciência ao ser transformado em máquina.

 

— Certamente irão me destruir ou me reprogramar para agir como eles - disse Johnny, esboçando preocupação - Nessas horas eu queria ser um robô para não sentir o horror de ser uma criatura consciente que será transformada em robô. Ai, ai, ai.

 

 Essa última frase ficou meio esquisita. Mas não tinha muito tempo para ficar pensando. Enquanto os drones se aproximavam cada vez mais rápido, Estrela estava tentando hackear o sistema principal de Kaldi, mas isso ainda iria demorar um pouco. Mabi tentou apressar um pouco as coisas.

 

— Estrela, não dá para ir mais rápido? - perguntou ela.

 

— Impossível - respondeu Estrela - O sistema do Portal Gun precisa quebrar o código de acesso. Seria mais rápido se soubéssemos a senha, mas não tenho ideia de qual senha o Kaldi poderia ter escolhido.

 

 Nessa hora, senti que Mabi ficou nervosa. Sim, ela raramente expressava raiva, mas naquela hora, foi como se algo tivesse tomado conta da doce e meiga Mabi.

 

— Creme de amendoim! - gritou ela, com uma voz irritada - "Creme de amendoim" em todos os campos! Coloque essa senha!

 

— Será? - Estrela apertou alguns botões após dizer isso e, um pouco antes dos drones começarem a se aproximar, eles começaram a exibir um comportamento estranho.

 

— O que aconteceu? - perguntei, ainda tentando me recuperar do susto que acabei de levar.

 

— A senha estava correta - disse Estrela, deixando transparecer um pouco de surpresa em sua voz - Programei o Portal Gun para escrever "creme de amendoim" na língua nativa desse planeta e, de fato, era isso mesmo. Mabi salvou o dia.

 

— Sabia! Só podia ser isso! - exclamou Mabi, um pouco mais calma do que antes, mas ainda meio nervosa - Aquele cara só podia ter usado essa palavra como senha.

 

— Mas creme de amendoim envolve mais de uma palavra, amor - disse Eduardo (por mais que eu não gostasse que ele usasse a palavra amor para Mabi, mas...).

 

— Bem, na língua daqui o termo é escrito com uma palavra só, então seria mesmo mais fácil dele usar como senha. Ainda bem que o Portal Gun também tem um aplicativo de tradução universal para palavras escritas - disse Estrela, provavelmente a mais calma de todas.

 

 Tínhamos mesmo razões para estar calmos. Todos os drones que iriam nos atacar entraram em pane e começaram a cair do nada. O vírus que Estrela tinha instalado no sistema era mesmo poderoso. Johnny estava imune e não sofreu nada, mas provavelmente toda a rede de Kaldi seria afetada, incluindo todas as fábricas que ele tinha em outros lugares do universo.

 

— Com esse vírus, o império do creme de amendoim acabará logo - disse Estrela.

 

— Muito bem pensado - disse Johnny - O Grande Kaldi realmente ama creme de amendoim.

 

— Ama? - repetiu Mabi, indignada - Ele só fala nisso! Como alguém pode só gostar de creme de amendoim.

 

— Isso não é verdade - disse Johnny - Plantamos várias coisas por aqui...trigo, cevada, cacau, avelã...

 

— Mesmo? - Mabi parece ter sentido um pingo de esperança.

 

— Sim. Com trigo e cevada podemos fazer pão para passar creme de amendoim, com cacau e avelã podemos enriquecer o sabor do creme de amendoim. Não podemos viver só de amendoim! - continuou Johnny, com toda a boa vontade do mundo.

 

— Viu só? Tudo gira em torno do creme de amendoim! Esse tal Kaldi precisa comer outra coisa - reclamou Mabi. Para uma futura dona de pizzaria, não variar os sabores era algo muito sério. Sim, eu estava com um pouco de medo dela. Não quis falar nada para que ela não brigasse comigo, mas Eduardo não parecia nem um pouco assustado. Andando calmamente pela sala, ele olhou por uma das janelas e chamou nossa atenção.

 

— Ei - disse ele - Aquilo ali embaixo são as plantações que você falou?

 

 Nos aproximamos da janela e era aquilo mesmo. Quilômetros e mais quilômetros de plantações, até onde nossos olhos podiam alcançar, todas cultivadas em um enorme ambiente fechado (muito maior do que qualquer hangar). 

 

— Sim, isso mesmo - confirmou Johnny - Isso corresponde a 0,5% das plantações deste planeta. Tudo isso está destinado a se tornar o melhor creme de amendoim que o grande Kaldi pode provar.

 

— Aquele cara - reclamou Mabi - Agora que ele perdeu todo o sistema, espero que vá atrás de outra coisa.

 

 Mas assim que Mabi pronunciou essas palavras, nos viramos para trás ao ouvirmos o barulho da porta se abrindo e damos de cara com o próprio. Sim, o "grande" Kaldi havia chegado naquela sala. Ele parecia furioso, levando em conta a expressão que havia no rosto. Isso era o de menos. O pior era a máquina gigante onde ele estava sentado. Era como se ele tivesse invocado seu próprio robô de dois metros, onde ele se sentava na cabine de controle. Uma máquina cujo formato lembrava um tiranossauro metálico com detalhes azuis, mas ao invés do rosto, víamos uma cabine com Kaldi dentro.Logo atrás vinha sua criada Margaret. Parece que ela não foi afetada pelo vírus e o robô gigante, bem, parece que era o Kaldi que o controlava.

 

— O vírus começou a agir há menos de cinco minutos - reparou Eduardo - Como ele chegou aqui em tão pouco tempo?

 

— Sério que essa é a sua preocupação? - retruquei, já desesperado de novo. Desse jeito meu coração não aguenta.

 

— Que bagunça vocês fizeram - disse Margaret - Agora terei que limpar tudo isso!

 

— Seus...seus... - Kaldi não escondia sua frustração - Tem ideia de quantos anos de trabalho vocês destruíram com esse vírus esquisito que colocaram em meu sistema?

 

— Isso mostra que o seu planeta não é tudo isso - disse Estrela - Não subestime tecnologias mais avançadas do que a sua.

 

— Cale-se! - interrompeu ele - Cale essa boca! Não quero ouvir nada! Todo o creme de amendoim que eu faria...todos os meus sonhos...destruídos...

 

— Mas...era só creme de amendoim - Mabi não se conformava. Não podia impedi-la de falar, mas aquelas palavras só deixaram tudo pior.

 

— Como ousa! "Só" creme de amendoim? "Só" creme de amendoim? Você está falando do sentido da existência! Agora terei que reconstruir tudo! Vocês serão meus primeiros escravos!

 

— É verdade! - lembrei - Os drones não eram habitantes desse planeta transformados em máquinas? O que o vírus fez com eles?

 

— Boa pergunta - disse Estrela - Não faço ideia. Mas eles não eram mais habitantes daqui mesmo. Eram apenas máquinas. A consciência deles já era.

 

— Isso...foi meio insensível - falei.

 

— Vou pegar todos vocês e transformá-los em máquinas - insistia Kaldi - Ainda bem que o X-War 6015 não estava conectado à rede.

 

— X-War 6015...deve ser o nome da máquina que está pilotando, não é? - comentou Eduardo.

 

— Exatamente. Uma máquina de guerra perfeita que acabará com vocês agora! - disse Kaldi, pronto para ativar os canhões das costas do "tiranossauro" metálico bem à nossa frente, quando, de repente, os drones começaram a voar novamente.

 

— Mestre...os drones - disse Margaret, como se expressasse admiração - Não estão quebrados. Não preciso limpar a sujeira.

 

— Ah, que bom - disse Kaldi - Agora vocês podem me ajudar a pegar os invasores.

 

— Onde estamos? - disse um deles.

 

— O que aconteceu? - disse outro - A última coisa que me lembro foi...o grande Kaldi nos levando para sermos transformados em...AAAh!

 

 Sim. Os drones começaram a se assustar. Era como se a consciência de todos os habitantes do planeta que foram transformados em máquinas tivesse retornado. Agora eles estavam conscientes do que eram. 

 

— Entendo - disse Estrela - Quando o vírus que instalei no sistema se espalhou pela rede dos drones, ele acabou reativando a consciência deles. Eles nunca ficaram inconscientes, a consciência estava apenas adormecida no software dos drones.

 

— Nós somos máquinas - disse um deles, totalmente desesperado - Onde está o meu corpo antigo?

 

— Não sei! Todos viramos robôs! Isso é horrível! - reclamou outro.

 

— Isso é um pouco cruel, não acham? - disse Eduardo, com uma expressão séria - Agora eles tem consciência, mas estão conscientes no corpo de robôs. Talvez fosse melhor nunca ter voltado a ser consciente.

 

— Com o tempo eles se acostumam - disse Johnny.

 

— Você é muito conformado! - retruquei - Eles possuem personalidade própria. Imagino como devem estar se sentindo.

 

— Ei, calem a boca - reclamou Kaldi - Droga. Não esperava que meu sistema de mecanização ainda deixasse resquícios de consciência. Preciso revisar o programa daquela máquina. Mas vou ver isso depois. Agora acabem com os invasores.

 

— Acabar com eles? - disse um dos drones - Por que deveríamos fazer isso?

 

— Insolente. Sou eu. O Grande Kaldi. Seu rei, seu imperador e seu deus. Vocês devem me obedecer!

 

— Depois de ter feito isso com a gente? - retrucou outro drone - Você nos transformou nessas coisas.

 

— Não vamos obedecer mais uma palavra sua - disse outro drone.

 

 Aos poucos, os drones foram recobrando a consciência que tinham antes de virarem máquinas. Os que não se recuperaram, provavelmente eram máquinas desde o início. Pelo visto, Kaldi não iria contar com eles.

 

— Seres com livre arbítrio são mesmo os piores empregados - reclamou Kaldi - Não importa. Vou acabar com eles e com vocês sozinho. Mesmo que demore mais, vou criar máquinas artificiais desde o início. Não irão derrubar meu sonho de levar o universo para a iluminação do creme de amendoim!

 

— Pelo visto terei que limpar muita coisa depois disso. Ai, ai - reclamou Margaret, logo atrás.

 

 Kaldi parecia nervoso e nós estávamos diante de uma máquina de guerra extremamente poderosa. Como iríamos escapar disso?


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler. Na próxima semana, veremos como essa aventura termina.

Até lá! :)



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