Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 37
Crise 37 - Agente Infiltrado


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, gostaria de agradecer os leitores Leandro e Renato por divulgarem essa fic na comunidade do Nyah! no Facebook. Eu me divirto bastante escrevendo e não me importo tanto com a divulgação (apenas escrevo e se as pessoas chegarem aqui e gostarem, ótimo), mas fico feliz que tenham dado suas recomendações e divulgado. Espero que apareçam mais leitores (e espero que eles comentem também). Hehe.

Então, sem mais delongas, aí vai o próximo capítulo.



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Crise 37 - Agente Infiltrado

  Mais uma semana, mais uma segunda-feira! E você sabe muito bem o que significa uma segunda-feira, não é? Isso mesmo! Mais uma semana de inúmeras possibilidades e oportunidades começando! O que podia ser melhor do que acordar com toda disposição às seis da manhã em uma segunda?

— Como eu odeio segunda-feira - reclamou minha irmãzinha durante o café da manhã. Bem, talvez nem todos compartilhem da minha alegria, mas eu sempre procuro encontrar um lado positivo em minha situação, por mais que às vezes isso seja difícil. Lembro que minha colega de classe (e vizinha) Estrela, que na verdade é uma alienígena de uma galáxia muito distante, tem me envolvido em sua missão de descobrir a causa de estranhos buracos de minhoca, ou seja, portais para outros cantos do universo, que estão abrindo passagem para os mais diversos e estranhos seres extraterrestres. Ainda não descobrimos o que está acontecendo, mas ela parece cada vez mais dedicada nessa missão. Foi justamente com ela que encontrei, assim que coloquei os pés na sala de aula. Ela já estava em seu lugar, com um olhar pensativo e aparentemente distante, mas notou minha presença assim que cheguei.

— Precisamos de mais pistas - disse ela, do nada.

— Bom dia, Estrela - falei.

— Que seja - continuou ela - As coisas só tendem a piorar se não fizermos nada. Precisamos encontrar logo a origem desses buracos de minhoca.

— Bem, vamos encontrar alguma coisa. Eu acredito nisso - tentei animá-la.

— Até agora temos tido sucesso em parar os alienígenas que nos invadem, mas...não posso garantir a segurança do planeta se seres mais fortes atravessarem.

— M-Mais fortes?!

— E perigosos - complementou Estrela - Há muitos alienígenas mal-intencionados universo afora. Um planeta frágil e atrasado como a Terra seria um alvo extremamente fácil para eles.

— Não me deixa assustado a essa hora da manhã, por favor...

— Aliás, sua família é bem hospitaleira. Agradeço mais uma vez por me deixarem dormir lá enquanto a atualização da minha casa terminava.

— Não tem de quê - respondi - Só espero que eles não tenham suspeitado de nada.

— Qualquer coisa, basta apagar a memória deles - disse Estrela, com toda a calma do mundo.

— Tem certeza que esse raio de apagar a memória é seguro? - perguntei.

— Acredito que sim. Nunca testamos com muitas pessoas da Terra, mas pelos testes com ratos feitos no Setor W, parece funcionar bem, sim - disse ela, não esboçando a mínima preocupação. Bem, o raio foi utilizado em algumas pessoas durante esse tempo, mas espero que não tenham causado nenhum efeito colateral.

 

— Bom dia, amores! - disse uma voz musicalmente espalhafatosa. Era nossa representante de classe, Bruna - Espero que todos tenham se lembrado do dia de hoje.

— O que tinha hoje? - perguntei, mais para mim mesmo do que para os outros, mas Bruna ouviu minha dúvida praticamente na mesma hora.

— Ora, ora, não vá me dizer que se esqueceu, querido - continuou ela, alegremente - Hoje é a data limite para contribuírem com o festival cultural da escola. Cada sala precisa arrecadar uma quantia mínima. Falei disso muitas vezes na semana passada.

— Mas o festival cultural é só daqui a alguns meses - argumentei.

— E daí? Precisamos nos prevenir o quanto antes. Acho melhor ir pagando logo - disse ela, com uma simpatia um tanto quanto assustadora.

— Tudo bem, eu pago a sua parte - disse Estrela, entregando o dinheiro para Bruna - Depois você acerta comigo.

— Ora, ora. Você é mesmo um amor de pessoa, não é, Estrela? Aliás, vocês são só amigos mesmo? - insinuou Bruna.

— Ora, o que mais nós seríamos?! - retruquei.

— Nada, mas sabe como é, né? As pessoas comentam - disse Bruna, com um sorriso malvado. Aquela garota era mesmo perigosa...em termos psicológicos. Estrela apenas voltou a ficar pensativa.

— Obrigado - falei - Ela iria me encher a paciência se eu não pagasse nada.

— Não se preocupe. Minha verba permite viver muito bem nesse planeta - disse ela. Lembrando que, embora Estrela não tivesse dinheiro terráqueo, ela podia consegui-lo facilmente com ouro encontrado em outro planeta. Era mesmo uma garota (ou seria alienígena) incrível. Quer dizer, ela era dedicada e séria o tempo todo, e parecia insensível a maior parte do tempo, mas qualquer um deve admitir que ela tinha um charme especial. De qualquer modo, esses pensamentos foram interrompidos pelo professor de geografia, que acabara de chegar na sala acompanhado de um garoto loiro, aparentemente de nossa idade e com um olhar bastante desconfiado. Nunca vi aquele cara na escola, mas o professor tratou logo de falar que era um aluno novo.

— Bom dia, classe - disse o professor - Esse é um novo aluno que acabou de ser transferido para nossa escola, o nome dele é...como é o seu nome mesmo?

— Kevin - respondeu ele - Kevin Alfonse, senhor.

— Não precisa ser tão formal, por favor, sente-se ali do lado da Bruna, tem uma cadeira vaga - disse o professor.

— Sim, senhor - respondeu ele.

 Pelo visto, as meninas se interessaram por ele (exceto Estrela, que permaneceu indiferente). 

— Uau...ele é bonito - disse Priscila, a braço-direito forçada de Bruna.

— Quietinha aí, filhinha - disse Bruna - Afinal, eu sei muito bem de quem você está atrás..

— Não, espera...foi só um comentário.

— Mas, é verdade...o cara é gatinho - concordou ela - Ei, amigo. Bem-vindo à nossa escola. Sou a representante dessa sala, Bruna e essa é minha BFF Priscila.

— BFF? - perguntou ele.

— Best Friend Forever! - respondeu Bruna - Não é, amiga?

— Ah, claro..claro - respondeu Priscila.

— Então, você é a representante? - perguntou Kevin.

— Sou. Pode contar comigo para o que for - disse Bruna, com uma piscadinha nada discreta.

— Certo. Prometo fazer o melhor para nossa classe - disse ele, quase batendo continência, para estranhamento de Bruna - Ei, você tem heterocromia? Isso é muito raro em humanos.

Lembrando que heterocromia é um caso em que uma pessoa ou animal possui cada olho com uma cor diferente, como a Bruna.

— Err...pois é - respondeu Bruna.

— Muito interessante - disse ele - Vou anotar esse evento agora mesmo.

— Err...ele é gato, mas parece um pouco esquisito, né? - cochichou Bruna para Priscila, que apenas deu de ombros. Estrela não teve muita reação.

— Ele é terráqueo, não se preocupe. Meu detector seria acionado se não fosse - disse ela para mim, sem tirar os olhos de seu caderno, como se já soubesse o que eu iria perguntar. Na verdade, de uns tempos para cá, tenho suspeitado de quase todas as pessoas que conheço. Nunca se sabe quando o tio da padaria se revelará um alienígena disfarçado. Mas o que tocou, na verdade, foi o celular do próprio Kevin.

— Por favor, desligue o celular - disse o professor, enquanto terminava de passar a lição no quadro.

— Peço desculpas, senhor- disse ele, desligando o celular e olhando desconfiado para todos da sala. Era um novo aluno um tanto excêntrico. De qualquer modo, algumas hora depois, finalmente era hora do intervalo e nos encontramos com nossos outros amigos, o casal Mabi e Eduardo. A diferença é que agora Mabi sabia quem era Estrela e quais eram os planos dela. Eduardo havia contado tudo a ela e se foi o Eduardo, bem, imagino quanto tempo eles devem ter ficado conversando.

— E aí, Estrela? - cumprimentou Mabi - Novidades?

— Nenhuma. Como eu falei para o Vitor, precisamos de mais pistas - disse ela.

— Não podemos ajudar muito, não é? - comentou Eduardo, enquanto abraçava Mabi (para o meu suplício) - Afinal, mesmo se passássemos por um alienígena disfarçado, não saberíamos como reconhecê-lo. Não temos um detector como o seu, Estrela.

— Bem, ele é útil - disse ela - Pode detectar qualquer presença que não esteja catalogada como criatura típica da Terra. 

— Uau. Que outras tecnologias extraterrestres você tem? - perguntou Mabi, bastante interessada.

— Muitas - disse ela - Mas algumas são bem perigosas.

— A casa dela é um palácio de tecnologia alienígena - comentei.

— Nossa. Adoraria conhecê-la - disse Mabi.

— Não é nada demais - falou Estrela - Apenas trouxe o básico para sobrevivência.

— O seu básico é muito avançado para nós! - retruquei.

— Bem, você até já teve contato com uma dessas novidades sem saber, amor - disse Eduardo - O fermento que compramos quando estava fazendo a pizza foi comprado em um mercado alienígena.

— Sério? - espantou-se Mabi.

— Mas no fim achei que seria mais honesto deixá-la usar o fermento comum mesmo - disse Estrela - Então, resolvi ficar com ele.

— Caraca, vocês viram várias coisas legais - disse Mabi - Não é justo que tenham me escondido isso por tanto tempo.

— Cuidado com o que deseja - falei - Nunca se sabe o que pode acontecer agora, estamos em uma situação bem complicada na nossa cidade.

 E assim que eu proferi essas palavras, vimos o novo aluno, Kevin, se aproximar de nós. Ele carregava um celular que não parava de tocar e, de repente, chegou em nosso grupo praticamente esfregando seu aparelho na cara de Estrela.

— Sim, sim, agora não tem mais dúvidas - disse ele.

— Hã? Quem é ele? - perguntou Mabi.

— É um aluno novo da nossa sala - falei - É...Kevin, não é?

 Mas ele parecia estar nos ignorando. Parecia feliz em ver algo de diferente em Estrela.

— Você não é desse planeta, acertei? - disse ele, como se fosse a coisa mais simples do mundo.

— O QUÊ?! - gritei. Estrela deve ter ficado surpresa, mas sua personalidade não deve ter exteriorizado isso.

— Afinal, quem é você? - perguntou ela.

— Não mude de assunto. Você é uma alienígena. Admita! O que está fazendo nesse planeta? Você deve ter algo a ver com os buracos de minhoca que estão aparecendo nessa cidade, não tem? - disse ele. Espera, como aquele cara sabia tanto?

— Você sabe sobre os buracos de minhoca? - perguntou Eduardo, com uma expressão raramente desconfiada. Seu instinto de namorado (se é que isso existe) estava pronto para defender Mabi de alguma ameaça.

— Hã? Vocês também sabem? - estranhou Kevin - Mas...

 Ele passou seu aparelho por nós e não detectou nada.

— Vocês são da Terra. Meu aplicativo de detecção alienígena não detecta nada de estranho - após dizer isso, ele se virou rapidamente para Estrela - Você fez alguma coisa com eles, não fez?

— Não fiz absolutamente nada - disse ela - Afinal, como sabe de tudo isso?

— Você deve saber de mais coisas do que eu, alienígena - continuou Kevin - Não adianta fugir. Vou cumprir minha missão, não importa o que aconteça!

— Mas afinal, quem é você? - perguntei, mais uma vez.

 Ele olhou para os lados e, enfim, revelou sua identidade.

— Não posso revelar meu verdadeiro nome, mas podem me chamar de Kevin mesmo. Sou um enviado da CICE, ou Central de Investigação para Casos Extraterrestres!

— CICE? - repeti.

— Nunca ouvi falar - complementou Mabi.

— É claro que não - disse ele - Afinal, é uma organização secreta.

— Entendo - disse Eduardo - Já imaginava que existissem organizações secretas nesse planeta.

— Mesmo? - perguntou Mabi.

— Até conhecer Estrela acreditei que os relatos de pessoas com contatos extraterrestres eram pura lenda. No entanto, depois de me envolver com esses problemas alienígenas, comecei a achar estranho que ninguém do planeta soubesse de alguma coisa.

— Exatamente - disse Kevin - A CICE é uma organização mundial secreta para tratar de casos alienígenas. Ela tem unidades por todo o globo terrestre e mantém a salvo arquivos sobre todo evento extraterrestre que ocorre na Terra. Talvez conheçam uma de nossas ramificações mais famosas, a Área 51.

— Área 51? Nos Estados Unidos? - comentou Eduardo.

— O que é a Área 51? - perguntou Mabi.

— Oh, sim. É uma base militar que fica em Nevada, nos Estados Unidos. É um local de testes militares ultra-secreto, tão secreto que suspeitam ter envolvimento com alienígenas.

— Na verdade, é apenas uma fachada que usamos. Sendo sincero, todos os casos de envolvimento extraterrestre lançados pela mídia são forjados por um departamento de lá para desviar os olhares do que realmente ocorre nas camadas inferiores.

— Então a Área 51 seria apenas a ponta do iceberg? - perguntou Eduardo, bastante interessado.

— Isso mesmo - disse Kevin - Temos contato com os mais diversos grupos alienígenas e temos acesso aos mais diversos equipamentos tecnológicos. Nossa tecnologia é avançada o bastante para aprimorar esse planeta milhares de vezes, mas ainda precisamos deixar a população se acostumar com calma às novidades. A maioria das descobertas científicas já são conhecidas de nosso setor muito tempo antes e autorizamos a liberação delas apenas quando sentimos que a humanidade está pronto. Daqui alguns meses, por exemplo, vamos autorizar a divulgação de como ondas gravitacionais podem ser detectadas (*)

— Ondas gravitacionais? - perguntei.

— Basicamente, é uma consequência da teoria da relatividade de Einstein, segundo a qual a presença de matéria é capaz de deformar o espaço. A propagação dessas deformações de espaço são chamadas de ondas gravitacionais e são sutis demais para detectar - explicou Eduardo.

 Devo dizer que só entendi até o "basicamente", mas acredito ser uma descoberta importante. Aquele cara estava mesmo no último ano do fundamental?

— Sério mesmo que vocês da Terra ainda não conseguem detectar nem isso direito? - comentou Estrela (se bem que o fato de termos a CICE mostra que não somos tão atrasados quanto ela pensa...

— Mas não mude de assunto, alienígena - falou Kevin - O que está fazendo aqui?

 Estrela mostrou um aplicativo em seu celular com sua identidade como habitante do Setor W. Kevin usou outro aplicativo de seu celular para averiguar a veracidade do documento.

— Então...você tem mesmo autorização para estar aqui? Setor W, heim? Não é pouca coisa - disse Kevin.

 O Setor W parecia ser uma região bem respeitada do universo.

— Estou aqui com autorização, é claro - disse Estrela - Como uma ecologista preocupada com o equilíbrio desse planeta, estou investigando os buracos de minhoca que estão aparecendo na cidade.

— Então parece que estamos na mesma missão, não é? - disse ele - Eu também tenho a missão secreta de investigar as aparições alienígenas por deformações de espaço-tempo que estão ocorrendo nessa cidade.

 Kevin olhou para mim, Mabi e Eduardo.

— Não se preocupem, não precisam se envolver nisso. Irei apagar a memória de vocês agora mesmo sobre essa conversa.

— Não há necessidade, eles já estão muito envolvidos nisso - disse Estrela.

— Envolveu civis e ainda por cima menores de idade nesse tipo de situação? - perguntou Kevin - Por que seus superiores não te mandaram para a CICE? Poderíamos ajudá-la.

— Eu nem sabia da existência de vocês - reclamou Estrela.

— Não sabia? - estranhou Kevin.

— Ou talvez o Setor W tenha razões para desconfiar dessa organização - suspeitou Estrela.

— Como ousa? A CICE é meu lar. Eles me acolheram desde criança e me treinaram com todo o rigor que um agente precisa. Não vou admitir que a insulte! - falou ele. Isso explica o comportamento tão disciplinado e formal dele.

— De qualquer forma, eles não se importam de ajudar. Eu mesma teria apagado a memória deles se quisessem - disse Estrela.

— S-Sim - falei - Já estamos envolvidos demais nisso. Queremos ajudar o quanto pudermos!

— Bem, não sei se é melhor opção, mas... - Kevin olhava para o chão, coçando a cabeça - Talvez realmente não dê para poupar essa escola. A CICE suspeita que a origem dos buracos de minhoca esteja aqui, no Colégio Conexão.

— O QUÊ?! - exclamei, juntamente com Mabi. A fonte do mal estaria mesmo no nosso colégio? 

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(*): A época dessa fic seria mais ou menos o meio do ano passado. E, de fato, ondas gravitacionais foram detectadas essa semana.


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Notas finais do capítulo

Bem, como eu já disse, a princípio, essa fic será atualizada aos domingos, por volta das 15h.

Até lá! :)