Alien Panic escrita por Metal_Will


Capítulo 127
Crise 127 - Disfarces




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Não demorou muito tempo para Estrela pensar em um plano novo, mas eu tinha sérias dúvidas quanto à probabilidade de sucesso daquele plano.

—Em algum momento a Bruna vai sair ou entrar na casa dela – disse Estrela, junto comigo atrás de um arbusto próximo à mansão de Bruna. Ela estava usando óculos escuros, uma peruca loira ondulada, um vestido azul e salto alto, enquanto eu usava também óculos escuros, uma boina cinza, uma jaqueta cinza e um bigode falso.

—Estrela...tem certeza disso? - perguntei – Acha mesmo que isso aqui vai dar certo?

—Não sou mais Estrela – disse ela – Quando estivermos com a Bruna, serei Stella Maryann, atriz em ascensão e você será Tadeu Viana, um respeitado diretor.

—De onde você tirou esses nomes? - indaguei.

—Foi o que saiu no gerador aleatório de nomes para disfarces – explicou ela – Vamos convencer a Bruna a gravar nossa mensagem achando que estará participando de uma gravação profissional.

—Bom, é verdade que você conseguiu arranjar esses disfarces e até essa câmera – falei – Aliás, onde conseguiu tudo isso?

—Foi barato em um planeta que visitei em umas férias aí. É famoso pelos filmes e vendiam bem barato essas coisas. Comprei só por lembrança e deixei no depósito lá de casa. Nunca pensei que iriam servir para alguma coisa – respondeu ela, sem tirar os olhos do portão da casa de Bruna.

—Não sei, não – lamentei.

—Só vai dar errado se você não for convincente com as suas falas – disse Estrela.

—Aí é que está...não sou bom nessas coisas de teatro – expliquei.

—Não temos muita escolha e..ah, é ela – disse Estrela, apontando para um carro entrando na garagem.

—Ah, até que ela chegou rápido – comentei.

—Vamos logo! - Estrela me puxou e fomos correndo para a frente do portão. Embora admirado por Estrela conseguir correr tão bem com os sapatos de salto alto que estava utilizando, respirei fundo e tentei entrar no meu personagem o máximo possível.

—Ei, mocinha...você aí – disse, tentando engrossar ao máximo minha voz.

Bruna ignorou em um primeiro momento.

—Ei, garota! Você mesma! - insisti.

Nada ainda.

—Ei... - insisti uma terceira vez. Dessa vez, Estrela apertou a campainha bem ao lado com o máximo de força. Bruna quase caiu para frente.

—Senhorita, você está bem? - perguntou o motorista.

—S-Sim – gaguejou ela, finalmente tirando os fones de ouvido que estava usando – O que foi? Estão falando comigo?

—S-Sim – gaguejei, mas logo reassumi minha voz grossa novamente – Sim, senhorita...senhorita...

—Bruna – disse ela – Quer falar comigo? Olha, não tenho tempo para maluquice.

Pelo menos ela não reconheceu nossos disfarces.

—Senhorita Bruna. A senhorita é a pessoa perfeita para o que precisamos – expliquei – Meu nome é Tadeu Viana, diretor em ascensão.

—Diretor? Nunca ouvi falar – disse Bruna.

—Somos underrrground, baby – falou Estrela enquanto mexia o cabelo, com um sotaque carregado no “r” de algum país estrangeiro aleatório em uma atuação péssima, mas parece que Bruna não percebeu.

—E você? Quem é? - perguntou a representante.

—Stella Maryann – disse Estrela – Sou...uma atrriz famosa da Dablistônia interressada no trrabalho do Senhor Viana.

—Dablistônia? - repetiu Bruna – Nunca ouvi falar.

—Ah, é um país pequeno...às vezes não aparrece nem nos mapas mundiais – continuou Estrela.

“Ela nunca vai cair nisso”, pensei, mas o que veio depois me surpreendeu.

—Interessante – disse Bruna – Mas o que vocês querem comigo?

Ela caiu. Ela caiu mesmo.

—Sua cara! - falei empolgadamente, mas voltei à voz do disfarce logo em seguida – Quer dizer...sua cara é exatamente o que precisamos para uma cena que estamos planejando em nosso próximo filme.

—Minha cara? - perguntou ela – O que tem meu lindo rostinho?

—Escute...você gostaria de fazer um teste para esse próximo filme? - perguntei – Err...se você for escolhida, aparecerá em meu primeiro filme a ser exibido na Dablistônia.

—Sério? - ela parece mesmo ter caído – Eu? Uma atriz? Todos olhando para mim nas telas e admirados com minha beleza?

 

—Sim. Seus olhos de cores diferentes maravilhosos são exatamente o que precisamos – falei – Quem sabe você não seja escolhida e se torne uma atriz famosa?

—Atriz famosa – os olhinhos de Bruna brilhavam – Sim, seria fantástico.

—Então você aceita? - falei – Não estamos pagando nada, apenas selecionando e..

—Não importa – disse Bruna – Se é para me tornar famosa e idolatrada, posso fazer de graça. Hoje mesmo uns pés rapados da minha sala vieram aqui me convencer a gravar uma cena de graça, mas recusei. Afinal, eles não vão gravar um filme que será exibido na Dablistônia!

Estrela e eu nos entreolhamos.

—Err...tenho certeza que essas pessoas tinham os motivos delas – falei – Mas, então, você aceita?

—Sim! - falei – Mas...o que a Stella Maryann, uma atriz tão importante, está fazendo aqui para acompanhar uma cena de teste?

—Acessorria, querida – disse ela – Estou sendo bem paga para dar minha opinião sobre a atuação das testadas.

Será que ela cai nessa?

—Ah, entendi – disse Bruna – Realmente, muito profissional!

Estrela e eu nos entreolhamos novamente.

—Err...podemos gravar aqui mesmo – expliquei – Trouxemos até a câmera.

—Uau! Realmente profissional! - disse Bruna, admirada – Nunca vi uma câmera com essa tecnologia tão avançada!

—Vocês da Terra se admiram com cada velharia – resmungou Estrela.

—Disse alguma coisa? - perguntou Bruna.

—Nada, querrida – falou Estrela, novamente, atuando pessimamente – Vamos grravarr?

—Claro! - disse Bruna, animada.

Bruna dispensou o motorista e nos levou para uma parte do jardim em que a iluminação seria melhor. Estrela explicou que a tecnologia da câmera compensava qualquer iluminação ruim, mas ela insistiu. Quando finalmente estava pronta, demos as falas e ela disse, com todo o sentimento.

—Caro vovô. Por aqui está tudo bem. Espero que também esteja tudo bem aí desse lado. Essas pessoas precisam muito do fragmento de cristal que o senhor prometeu a elas. Não vá decepcioná-las, por favor. Até logo.

Imediatamente após dizer essas palavras, ela olhou para nós com uma expressão orgulhosa.

—E aí? Fui bem?

—Sim. Isso mesmo! – falei empolgado, mas logo voltando para minha voz grossa – Quer dizer, é...muito bom, mocinha.

—E você, Stella? Aprovou? - perguntou Bruna.

—Aprrovadíssima...quer dizerr, pelo menos porr enquanto – disse ela – Agorra, vamos ver se você passa nos testes. Nosso trrabalho por aqui terrminou!

—Sério? Tenho chances? - continuava Bruna, encantada com a possibilidade de ser atriz.

—Claro, claro – falou Estrela – Agorra, volte para casa e deixe o resto conosco, sim.

—Quando sai o resultado? - perguntou Bruna.

—Nós te procuraremos, caso você passe – expliquei.

—Que demais! - falou Bruna – Puxa, sabe que esse papel é parecido com o que meus colegas de sala pediram para eu fazer? Parece até que o universo conspirou para isso.

Estrela e eu nos entreolhamos mais uma vez.

—Ah, mas deve ser só coincidência mesmo – disse Bruna – Quando que aqueles idiotas teriam algo a ver com pessoas tão importantes da Dablistônia, não é?

—Como disse, nosso trrabalho porr aqui terrminou – disse Estrela – Vamos embora, Vi...Viana.

E assim, Estrela me puxou para fora da casa de Bruna. Ela pode até ter nos achado um pouco estranhos, mas pelo menos caiu no nosso disfarce.

—Ótimo – falou Estrela atirando seus sapatos para longe assim que chegamos na casa dela por um portal – Não aguentava mais esse salto alto, não aguentava mais aquela Bruna e não aguentava mais bancar uma atriz idiota.

—Pelo menos conseguimos as imagens que queríamos, né? - comentei.

—Sim. Tivemos sorte da Bruna ser burra o bastante para cair no nosso truque. Quando ela olhar no Google e ver que Dablistônia não existe, já será tarde demais. Agora é só editar, colocar umas orelhas de coelho e levar para o velho – disse Estrela, já passando o arquivo de vídeo da câmera para seu computador principal. Em poucos minutos, o trabalho estava pronto. Abrimos o portal e voltamos para o planeta do Lorde Galmon.

—Oh...vocês voltaram – disse ele, cada vez mais doente.

—Aqui está. Sua neta se parece com isso – falou Estrela, mostrando o vídeo.

—Vocês conseguiram? Não acredito – disse Lady Glerny – Conseguiram mesmo?

—Não nos subestime – disse Estrela – E então? Convencemos?

—Esses olhos...são os mesmos olhos da minha netinha – disse Lorde Galmon, praticamente em lágrimas.

—Muito obrigada – disse Lady Glerny – Vocês devem ser mesmo anjos, realizaram o último desejo de um pobre nobre que...

—Corta o papo furado. Cadê o fragmento de cristal? - perguntou Estrela.

—D-Desculpe – falei – É que realmente precisamos dele.

—Claro. Aqui está – disse Glerny – Muito obrigada mesmo.

—Ei! - disse o lorde – Pensando bem...essa voz não é a da minha neta.

—Do outro lado, a voz muda – disse Estrela – Bom, já realizamos o desejo, você já ouviu sua neta de novo e estamos quites. Tchau!

—Esperem... - disse o lorde tossindo – Esperem..

Mas já era tarde. Abrimos o portal e Estrela me puxou mais rápido do que de costume. Bem, pelo menos o primeiro fragmento já conseguimos. Agora só faltam mais três.


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Notas finais do capítulo

Até que o primeiro fragmento foi fácil, né? Vamos ver os outros. Até a próxima! :)



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