Pokémon Shining Soul - Juste Bardour escrita por Virants


Capítulo 2
Xeretar e ganhar uma dose? Eu quero!


Notas iniciais do capítulo

A semana para Juste Bardour começa com um novo desaparecimento a ser investigado, dessa vez, de um pokémon. A questão, porém, é que tem apenas 24 horas para solucioná-lo.

Capítulo sem links. Leitura "crua", mas nem por isso menos agradável.



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Segunda. 5 de Maio de 2014. Escritório do Juste. 09:55.

Em cima da mesa havia muita papelada. Não era novidade, Juste era problemático para organizar esse tipo de coisa... mas estava muito pior que o padrão. Isso era algo que até mesmo seus pokémon riam quando percebiam. Eles tinham noção das coisas.

Damon sempre ficava ali, jogado em um pequeno sofá, assistindo TV. Sage, obviamente, ficava em cima de algum armário, num canto escuro, dormindo. Luna adorava ficar perto de Bardour, fosse acompanhando seu raciocínio quando ele pensava alto, ou simplesmente por gostar do cara (pobre coitada). Bianca, uma Eevee um pouco menor que o padrão, mas bastante ágil, ficava de um lado ao outro, observando Bardour e Luna, tentando incomodar Sage, e assistindo TV com Damon.

Juste acompanhava todos, sempre que possível, observando o que faziam. Era o básico de um bom cuidador ou treinador de pokémon saber que eles precisam de mais tempo fora do que dentro das pokébolas, mesmo que isso signifique uma possível bagunça em seu escritório. Mas os pokémon de Bardour eram comportados.

– Saco, que merda! – o detetive praguejava alto, jogando alguns papéis pro alto, o que os fez voar para vários cantos da sala. Luna e Bianca se assustaram, recuando um pouco de suas atuais posições.

– Sneee! Seeeel! Snee, sneasel! – Luna devolvia o grito, irritada, brigando com Bardour. O detetive dava uma risada e passava a mão na cabeça da Sneasel, fazendo um carinho breve.

– Coitadinha dela... – falava num tom carinhoso. – Ficou assustadinha, ficou? – insistia no tom. Luna adorava isso. – Fica mais alerta que não vai se assustar, caramba! – Falava mais alto, assustando-a de novo.

Dessa vez ele precisou levantar de uma vez da cadeira e já se afastar, pois Luna havia golpeado exatamente onde ele estava sentado, fincando sua garra-lâmina no assento da cadeira. Juste ria enquanto Luna, mais uma vez, gritava irritada.

– Tá. Parei. Eu precisava disso. É muita coisa pra analisar e começamos muito cedo hoje. Desculpe, Luna. – falava mais calmamente, se aproximando da pokémon e a abraçando. Dessa vez fazendo um afago sincero, não uma de suas brincadeiras.

Voltaria para a mesa apenas depois de juntar a papelada que havia saído voando. Olharia novamente para eles, lendo alguns trechos.

– A construção lá onde a guria do Drizzler estava era de uma empresa nova, investindo numa filial em Goldenrod. Adivinha? Tô sendo processado pelos danos. "Apesar de os criminosos serem os responsáveis, é sabido que a ação solo do detetive Bardour resultou em forte retaliação dos mesmos, o que o incube da responsabilidade pelos danos causados." – ele sorria um instante, suspirando. Não era um sorriso de alegria, no entanto. Era apenas... Reflexão.

Bardour não estava irritado, muito menos feliz. Apenas estava em transe reflexivo, como ele mesmo apelidou. Drizzler estava temendo tanto por Juste revelar qualquer coisa que pagou isso para Bardour, sem nem informá-lo. E a empresa que foi contra Juste não parecia ter ligações com o rapaz mascarado, muito menos com Drizzler. Estava limpa. Ou apenas esconde bem as coisas (Bardour adorava essa opção). Ele havia dito a Drizzler que não investigaria, mas o nome "Edvard Linorio", aquela máscara, e a tentativa de homicídio para cima de si falaram mais alto. O resultado: "O filho da puta é um fantasma". Não há rastros, o nome é incomum, mas nada é apresentado, e a máscara sequer é citada.

– É alguém muito experiente... Não tanto para me apagar. – se permitia um sorriso de orgulho. – Com toda a certeza faz muito mais do que ir atrás de detetives fodões para apagá-los, creio eu. Preciso me equipar melhor pra situações assim...

O telefone em cima da mesa tocaria e Bardour fecharia os olhos com força, se encolhendo um pouco. O pagamento de Drizzler foi bom o suficiente para garantir muita bebedeira e, com certeza, muito mais, pelas semanas seguintes, mas apenas uma parte. O resto seria investido. A cabeça doía a cada pequeno toque do telefone antiquado.

– Juste Bardour, o melhor detetive de Johto. Quem fala? – pela maneira de falar, era impossível não acreditarem no que era dito. A confiança de Bardour, junto de seu ego, atingiriam facilmente a lua.

– Juste, aqui é o John – a voz era bem animada e muito jovial. O garoto ainda estava começando a engrossar a voz.

– Que John?

– Da livraria...

– Da livraria... Ah, sim. Desculpe. Ligava no celular, porra. Bem mais fácil.

– Seria mais fácil sua amnésia pós-bebedeira te ajudar mais a lembrar das amizades, isso sim.

– Quê? – Bardour aumentava um pouco o tom.

– Nada, nada... Só que um Pidgey me contou que um livro raríssimo está sendo vendido... E eu posso te ajudar a consegui-lo.

– De que livro falamos, John?

– "O Inferno chegará: A Fé na Morte."

Por um instante, Juste ficou estático, sem conseguir respirar. Ele não era um simples detetive, era um amante dos mistérios que envolviam o mundo, e por isso, tinha um pé em leituras ocultistas. O livro em questão possuía mais de 80 anos, escrito numa língua antiga de uma determinada região, com algumas semelhanças com o latim.

– John... Todos os volumes foram queimados ou destruídos. Tem certeza que é esse livro mesmo?

– Bardour... Amigão... Estou sabendo que o livro será vendido, talvez, em três dias. E querem cinco mil por esse exemplar. Conheço ao menos vinte pessoas que vão pagar até o dobro disso. Vou mandar o número do dono pro seu celular e você se vira. Mas seja rápido. – John pareceu se assustar com algo, a respiração arfando e depois, silêncio. – Se vira aí, chefe chegou, preciso desligar. Até.

"A Fé na Morte". Juste estava interessado. Entre tantas histórias existentes sobre o Apocalipse, essa era uma das mais ridículas, até onde se sabe. "Até onde se sabe", já que ninguém havia lido um exemplar desse e compartilhado a informação. Era conhecimento. Era um mistério. E poderia muito bem trazer respostas a outros livros ainda mais antigos que Juste mantinha em sua biblioteca pessoal.

Nem havia percebido o silêncio na linha, que ficou longos minutos no "tu-tu-tu" esperando Juste encerrá-la. Estava pensativo. Podia não ser um livro importante, em termos de história e cultura, a sociedade que o produziu já estava extinta, possivelmente, e ainda pior... Não fez nada que impactasse o mundo. Era apenas um livro, leitura descompromissada. Que alguem filho da puta vende a preços exorbitantes por saber que gente como Juste pagaria. Por fim, desligava o telefone.

– Não tenho dívidas. Posso fazer essa... – pensava, feliz, até o telefone tocar novamente. Dessa vez a cabeça ia latejar durante bons segundos. – Juste Bar....

– Eu sei quem você é. Venha para a "Creche Pokémon", preparado. Com urgência, por favor.

– Estarei aí em.... – Bardour não teve tempo de terminar a frase. A voz na linha, de alguma senhora rabugenta, com toda a certeza, havia desligado na sua cara. – E eu pensando que os jovens é que são mau educados. Haha.

Juste se levantaria, pegaria as pokébolas e retornaria seus pokémon. "Hora do trabalho, galera." Falaria para todos, antes de assustá-los. Damon reclamaria que perderia seu programa. Juste apenas riu e o retornou do mesmo jeito.

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Juste Bardour pararia o carro no grande estacionamento do local. Eram 10:45 e ele realmente fez milagre para chegar naquele horário. Fechou a porta do carro, alarmou e olhou ao redor, depois parou e admirou a Creche Pokémon. Havia crescido bastante desde uns tempos atrás. Antes: um casal de idosos cuidando de pokémon. Hoje: 20 pessoas trabalhando 24 horas por dia, com um espaço enorme.

Juste deu uma última tragada no cigarro, jogando a bituca no chão e pisando, antes de seguir caminho. Eram dois pisos, com um campo pequeno que ligava-se ao lago perto da cidade, que posteriormente desembocava nas águas entre Olivine e Cianwood.

– Tu demora demais, 'arrimaria', entra logo! – a velha rabugenta do telefone gritava alto da entrada, acenando para Juste segui-la.

Bardour sorriu de forma sarcástica. A velha ia irritar pra caramba. Era bom o que pagamento fosse inversamente proporcional à doçura da velhaca. Juste passou a entrada, seguiu tentando acompanhar a velha que andava realmente rápido, foi ignorado pela recepcionista, pisou no chão sendo limpo (cujo funcionário o olhou como se quisesse matá-lo) - e Juste sorriu em provocação -, até que finalmente pararam onde parecia ser o escritório de vossa senhoria rabugenta. Ela bateu a porta com força quando Juste entrou.

– Detetive, precisamos de muita discrição aqui. Ninguém além dos funcionários pode saber que você foi chamado pra cá. – ela devia ter seus 80 anos, mas muito saudável pela velocidade que conseguia caminhar, e se arrumava bem. Estava ganhando dinheiro com o negócio, certeza.

– Senhora...

– Glinn.

– Senhora Glinn... A discrição sumiu quando me gritou na entrada, me fez atravessar metade da sua "creche" com tanta pressa e bateu a porta quando entrei. Mas sim, eu entendi a sua questão.

– Que bom, que bom. Esquece isso. Então... – ela fez uma pausa.

Juste considerou que ela parou para respirar. Mas não foi. Então cogitou a ideia de que parou para pensar em como diria seu problema. Mas... Na real... Juste imaginou que ela estava caducando e havia se perdido dentro de sua própria mente. Teve tempo de olhar o escritório. Muito simples, nada que chamasse atenção. Bem cuidado.

– O dono vem buscá-lo amanhã. 10 horas da manhã. – ela falou, do nada, ficando calada novamente e encarando Juste como se ele fosse fazer um milagre.

Juste ficou encarando a velha, esperando mais informação. E ambos ficaram se encarando, em silêncio, cada qual esperando algo não verbalizado. Um mais perdido que o outro.

– Senhora Glinn... Preciso de mais informação que isso. O dono de quem vem buscá-lo?

– Eu já falei, ué. Se tu é surdo ou tem retardo mental, o problema é seu. Vai fazer eu repetir?

– A senhora não...

– Tá me chamando de louca, é? – ela levantava o tom de voz de uma vez, parecendo ofendida.

Juste, mais uma vez, tinha o ego inflado. Notou cedo que a velha não batia bem. E estava certo. Tanto que estavam no escritório dela, boas cadeiras esperando para ser usadas, e os dois estavam de pé perto da porta ainda. Respirou profundamente, suspirou.

– Senhora Glinn... Eu não escutei. Estava distraído com suas cadeiras. São muito bonitas. Pode, por favor, repetir o que aconteceu? – Bardour vestia seu melhor sorriso forçado, seu melhor timbre de simpatia... Enquanto mentalizava uma imagem da velha sendo socada no rosto.

– Essas cadeiras são uma merda. Comprei faz quatro meses e deu problema ontem. Um lixo. Detetive, o problema é o seguinte... Um Ditto foi deixado aqui no sábado, e o dono volta amanhã, terça feira. Mas o desgraçado sumiu ontem e ninguém consegue achar. Acha que é capaz de achá-lo?

"Acha que é capaz de achá-lo?" Bardour quis rir. Por dois motivos. Primeiro: ele estava sendo subestimado. E seu ego jamais permitiria isso. Isso foi um desafio direto às suas habilidades. Segundo: Tirar leite de Miltank furiosa era mais fácil que achar um Ditto.

– Senhora Glinn... Vou achá-lo antes do dono retornar, não se preocupe com isso. Quando deu por falta dele?

– Ontem. – a velha respondia no reflexo, na inocência.

– Ontem... quando?

– Ontem antes do almoço.

Juste parou um instante, respirou. Pensou. Nesse tempo, notava uma garrafa de conhaque pela metade no armário de Glinn, e não era qualquer um. "Damier Le Lux", conhecido em todo lugar, caríssimo. "A véia é da braba memu". Precisou fingir uma tosse forte para não rir ou sorrir de forma evidente.

– Me passe uma lista de todos os funcionários, a ficha do Ditto desaparecido, os dados do dono... E uma dose daquele conhaque. – apontava a garrafa com um gesto de cabeça.

– Tá tudo na pasta em cima da mesa. A dose te dou se achar aquela ameba filha da puta antes do dono chegar. Feito? E já estou com o cheque assinado. Se for legal no preço, te dou até duas doses.

– ... Fechado... – respondeu, desanimado. A dose era justamente para animá-lo para o trabalho.

A velha Glinn, do nada, sem motivo aparente, saiu do escritório, deixando Juste sozinho. O detetive avançou alguns passos até a mesa, pegando a pasta e abrindo... A tempo de escutar a porta sendo trancada. Teve tempo de olhar para trás e se concentrar, escutando Glinn gritando o nome de alguém e reclamando por deixar o escritório destrancado.

– Caduca é pouca. Essa daí já tá pra lá da Terra do Nunca.

Juste precisou de 2 minutos para arrombar a porta... e de 37 minutos para analisar tudo de forma eficaz e planejar sua investigação. Não eram apenas 20 funcionários como havia pensado. Eram 52, 32 entre 8 e 20 horas, incluindo cuidadores, faxineiros, cozinheiros e afins, e 20 durante a noite, maioria cuidador, sendo 2 vigilantes.

Os perfis eram muito diversificados, bem comum, mas Bardour era macaco velho de traquinagem, sabia onde encontrar problema. O Ditto foi chamado de "Digu-digu" pelo dono, que era Denika Monroe, 21 anos, e trabalhava como esteticista. Viajou para fora da cidade a trabalho. Juste já possuía material suficiente para começar o trabalho.

11:22 Bardour saía da recepção. Amélia era a moça. Bem educada, simpática, cordial, "gente boa". Mas alguns dados eram conflitantes, a começar pelas respostas da entrevista de emprego. Glinn era uma velha louca, mas muito eficaz em armazenar e guardar informações.

Amélia era um amor de pessoa, mas era evidente nutrir ódio por seus patrões. Não apenas Glinn e o marido, mas os anteriores também. Juste era esperto além do que julgavam ser.

– Então ele te demitiu, assim, sem motivo? – ele perguntou a moça minutos antes, enquanto conversavam.

– ... É. Fiz tanto por eles, aí chega um dia e falam na minha cara: "nem precisa cobrir o aviso de 30 dias. Hoje é seu último dia aqui." – falava em tom doce, mexendo no cabelo, olhando para o teto rapidamente e depois para o relógio.

Não precisava de mais que isso para Bardour. O resto da conversa a tornou inocente do sumiço de Digu-digu. Mas no trabalho anterior ela foi demitida sem justa causa, apenas porque não tinham provas para incriminá-la de furto. Juste era habilidoso também em leitura corporal, e ligar os fatos não seria difícil.

14:40 Bardour saía da cozinha. Havia almoçado por lá com todos os funcionários liberados do horário e, inclusive, conversado com os cozinheiros. De todos que conversou nesse horário, 10 eram suspeitos. Eram funcionários que faziam o trabalho por fazer, sem ligar pra qualidade, sempre escutando gritos de Glinn por isso. Uma vendeta padrão contra o patrão, colocá-lo numa saia-justa. Mas, desses 10, apenas 2 tinham perfil para algo drástico como sequestrar um pokémon.

Bernardo Alcan e Mary Rensce. Alcan, cozinheiro, alto, forte, fala de Glinn pelas costas e faz ameaças de brincadeira. "Ainda mato essa velha louca". Já foi preso mais de uma vez, e tenta esconder uma cicatriz no pescoço com o uniforme. E consegue. Mas Juste é atento. Cicatriz de lâmina, já tentaram matá-lo. Pode ter pego o Ditto e, se for pior que o previsto, usado-o na comida dos colegas. Não existe álibi ou dados que o inocentem e poucos ali devem saber que já tem ficha criminal.

Mary Rensce é a "gostosona do pedaço". Todos babam pela moça. Corpo malhado, de ego enorme como o de Juste, se gaba por ser do signo de leão e é a cuidadora mais requisitada pelos clientes, quando o assunto é entreter seus pokémon. Toda essa perfeição não esconde a vontade que ela tem de sair dali, mas não quer perder o dinheiro da rescisão. Glinn é muito dura com ela, e ela revida xingando a velha pelas costas. Porém, não quer pedir demissão, mas diz ter um plano para sair da creche de Glinn, por cima, e sendo bem paga, sem precisar pedir a carta azul. Ninguém notou, mas ela anda se pegando com Bernardo, e por isso acaba sendo suspeita também.

Emily Clark. Contabilidade. Essa é das boas, de acordo com Juste. Não em beleza, mas em perspicácia, inteligência.

– Detetive Bardour, seria indicado que fizesse o seu trabalho e me deixasse em paz. Sim, eu sei que seu trabalho me inclui, mas eu sequer converso com essa gente toda aí. E muito menos gosto de pokémon. Trabalho aqui só pelo dinheiro. Então, pare de analisar minhas palavras, meus microgestos e linguagem corporal, que eu não conto para a senhora Glinn que você deu um prejuízo enorme em sua última investigação.

A moça falava em tom forte, decidida, firme. Devia ter menos de 30, solteira. E era dominadora.

– Você fica sexy falando assim. Pena que estou de saída. – Bardour responderia com um sorriso sarcástico no rosto e viraria as costas, dando um "tchauzinho". Suficiente para irritar Emily e não deixá-la sair "por cima", como gostaria. Juste e seu ego, impedindo a felicidade dos outros desde... Sua idade não seria revelada tão facilmente assim, seria?

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Segunda. 5 de Maio de 2014. Creche Pokémon, área sul próximo a Goldenrod, Rota 34. 20:00

Juste estava cansado. Almoçou trabalhando, fez um lanche no meio da tarde - trabalhando -, e ainda não havia jantado. E nem havia bebericado nada alcoólico ainda. Seus pokémon, no entanto, comiam e corriam de um lado a outro junto de Juste, sempre. Ninguém reclamaria - havia tantos outros pokémon soltos, sendo levados pelos cuidadores e mesmo os funcionários sendo donos de alguns. Bianca e Luna, porém, ficaram pouco tempo livres. Elas arrumam confusão facilmente.

O detetive estaria, agora, na área externa, perto do lago, observando a escuridão. Olhando para a direita, veria Goldenrod, uma imensidão de luzes no meio das trevas da noite. Era bonito. Já estava no terceiro cigarro em menos de dez minutos, e sempre dizia ser o último. Estava tentando parar. Aqui Bianca e Luna estavam livres. O local era bem iluminado e, durante alguns minutos, eles estariam sozinhos. Logo os cuidadores da noite chegariam com pokémons noturnos.

– Eu quero que esse Ditto esteja vivo, mas tudo indica que não. Há dois possíveis psicopatas aqui dentro, um homicida inescrupuloso, uma estelionatária, e algumas pessoas que gostam de experimentar "grandes emoções". Se ele estiver vivo, muito possivelmente foi levado para ser vendido. É raro achar um Ditto selvagem. Eles se escondem bem e em lugares de difícil acesso. – falava olhando seus pokémon, deitaria na grama depois, fechando os olhos e relaxando um pouco. O estômago roncaria alto, de fome, mas Juste não sairia do lugar.

Bianca olhava a água, escura, refletindo a luz dos refletores da creche iluminando a área. Parecia amedrontada. Sage sempre estava perto de Bardour, atento a tudo. Damon treinava uma série de jabs e chutes no ar. Luna sentava ao lado de Juste, admirando a lua.

O detetive estava ficando sem opções. O tempo era curto para investigar tantos suspeitos. E alguns só voltariam às 8 da manhã, deixando as coisas muito para cima do prazo. Tentou, inutilmente, procurar em todos os locais possíveis da creche, em vão. Dittos não deixam rastro, não podem ser encontrados pelo faro, não facilmente, ao menos. Era impossível achá-lo "na tentativa e erro". O pokémon devia estar faminto, a esta hora, supondo que ainda estivesse na creche.

– Que chongas tu tá fazendo aí, detetive? Aí, deitado, largadão, com a vida ganha? –a senhora Glinn gritava, já se aproximando do detetive. Juste lamentou ter sido pego nessa situação. Sentou-se suspirando, já começando a ficar irritado com o jeito da velha.

– Preciso pensar, Glinn. Estamos falando de um Ditto. Não há muito a se fazer além do que já fiz. Estou pensando o próximo passo. Então vai caducar lá dentro e me deixa em paz pra pensar. – falava sem ligar para a reação dela. Olharia a água, ainda pensativo.

– Mas é um filho da puta mesmo! Puta que pariu! A gente deixa tudo arrumado na pasta pro cara ir e falar isso pra gente e ainda sumir o dinheiro!

– Glinn, quem sumiu seu dinheiro foi a Emily, não eu. Quem bagunçou suas pastas foi a Amélia, e foi de propósito. Agora ainda são oito da noite. Eu já sei o que fazer, mas só posso começar quando for uma da madrugada, entendeu? Pegarei o responsável uma hora da madrugada.

Juste falava em tom forte, para ser bem ouvido, olhando para a idosa. Infelizmente, foi forte o suficiente para todos os funcionários dentro da creche, perto daquela área, escutarem. Não soou ameaçador nem para Glinn, apenas falou alto demais, mas agora todos sabiam quando Bardour agiria. Glinn ficou uns instantes calada, provavelmente em uma de suas viagens misteriosas dentro da mente, até que riu duas vezes, encarando Bardour.

– Se você pegar o responsável uma hora da madrugada, detetive, eu te dou aquela garrafa de Damier Le Lux. – e virou as costas, indo para dentro da creche.

Juste sorria, feliz. Orgulhoso. Com o ego batendo na lua brilhante, lá no céu escuro com o véu de estrelas, nessa maravilhosa noite.

– Já sei quem foi. Você devia me dar duas garrafas de Le Lux, Glinn. O que vou fazer vai ser do caralho de bem pensado.

Porque, afinal... Ele era Juste Bardour: o melhor detetive de Johto.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Comente. Amou? Favorite e acompanhe. Preguiça de dar review? Obrigado pela leitura. Eu entendo você. Só estava de passagem? Obrigado pela atenção.