Weechester Collections escrita por Pat Black


Capítulo 8
A beleza nem sempre está ao alcance dos olhos.


Notas iniciais do capítulo

Está é uma apresentação de uma personagem OC.



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A beleza nem sempre está ao alcance dos olhos.

— Você consegue ouvir alguma coisa Sam?

—Nada... Eles estão falando baixo...

— O Bobby parece zangado, não é?

— O pai também... Se a gente entrar pode ouvir melhor.

— Acho que não Sam, meu pai não ia gostar... E nem o seu.

— Besteira... Eles nem vão ver a gente.

— Acho melhor não.

Sammy, no ato de seus nove anos, fez um bico parecido com o do Dean olhando para a menina ao seu lado.

A garota, mais alta e mais velha sorriu. Um sorriso estranho e torto, típico dela. O cabelo escuro, ondulado, de um rico tom café, caía estrategicamente sobre o lado esquerdo de seu rosto e o olho de um azul quase irreal fitava o seu amigo com benevolência.

Mesmo tendo só quatro anos a mais que Sam, Susan, agia como se fosse bem mais velha.

“Como o Dean” pensou entortando a boca e voltando a observar o trio formado pelo pai, Bobby e o caçador que chamavam de Dakota.

— Vem Sam, vamos brincar no ferro velho. – Susan falou segurando a mão do garoto e o puxando leve, mas firmemente para longe. – Será que o mustang vermelho ainda está aqui?

A primeira intenção de Sam foi se soltar, não era um bebê. Mas ao olhar fixo para a mão dela na sua, imaginou que talvez a magoasse. Assim se deixou levar pela garota magricela, que falava sem parar sobre a última caçada do pai no Novo México e em como Dakota podia rastrear um lobisomem em qualquer lugar que eles imaginassem se esconder.

“É, definitivamente ela parece com o Dean” - Sam pensou aumentando o passo, visto que estava sendo praticamente arrastado.

Sabia que o pai de Susan, assim como o seu, caçava coisas maléficas e sobrenaturais. Mas assim como John vivia para perseguir demônios, Dakota caçava lobisomens. E nisso era o melhor.

— Olha o mustang lá Sam. – A menina gritou feliz o rosto todo se iluminando.

Mesmo ficando contente em descobrir que aquele pedaço de metal que eles adotaram como seu lugar preferido no ferro velho, ainda estivesse ali, Sam não conseguia se divertir tanto como Susan.

Encarando-a por um instante, enquanto ela sorria deliciada pela visão do veículo retorcido onde só a cabine ainda estava intacta, o pequeno se perguntou como ela conseguia ser tão feliz.

Dakota e Susan surgiram na vida dos Winchester há um ano, durante uma das caçadas do pai. E desde então, já tinham se batido várias vezes.

Sam ainda lembrava a primeira vez que tinha visto a garota. Primeiro se assustou, mas depois, pouco a pouco, com seu jeito delicado e ao mesmo tempo autoritário ela acabou ganhando seu coração. Susan se tornou sua melhor amiga. E apesar de ser mais velha, ela preferia estar com ele do quê com Dean.

Na verdade, ela quase nunca falava, olhava, ou ficava perto do Dean. E o irmão também parecia ter a mesma aversão à menina. O que era estranho, por que Dean parecia estar sempre atrás das meninas agora... Pelo menos das bonitas.

Talvez fosse isso. Susan era engraçada e esperta, mas não era uma garota bonita. Sam imaginava que isso não era importante, mas parecia fazer diferença para Dean.

Acompanhando a amiga, Sammy entrou no mustang detonado, sentando do lado do carona. Susan, sem se preocupar em se sujar, como a maioria das meninas de sua idade, sentou no banco do motorista, colocando as mãos no volante com um sorriso de pura satisfação no rosto.

— Quando eu crescer Sam vou ter uma carro desses e junto com meu pai vou ser uma ótima caçadora e acabar com todos os lobisomens do mundo.

Sam ficou sério.

— Não quero ser caçador. - Disse cruzando os braços.

— Por quê? – Susan perguntou se virando para o amigo, afastando o cabelo do rosto.

— Você tem uma casa Susan?

— Não.

— Eu também não, mas quero ter. O Dean me contou que antes da mamãe morrer tínhamos uma, rodeada de árvores. – Sam suspirou – É isso que eu quero. Uma casa, não ficar mudando o tempo todo, não precisar deixar meus amigos para trás. - Sam olhou para Susan, os olhos vermelhos - Não quero ser um caçador Sue. É perigoso. O papai e o Dean sempre se machucam.

— As pessoas vão se machucar de qualquer jeito Sam. Como caçadores podemos ajudá-las. – Replicou com voz firme olhando para frente, apertando ainda mais as mãos no volante, muito mais velha que seus doze anos.

De repente sorriu. Não queria deixar o garotinho mais triste do que normalmente ele já era.

— Vamos brincar de esconde-esconde.

— Acho que já sou grande...

— Qual é Sam, vai ser divertido. Eu deixo você se esconder primeiro.

— Então tá.

Animado o garoto saiu correndo enquanto Susan encostava a cabeça no volante e começava a contar.

— Um, dois... vinte e quatro, vinte e cinco...

— Quando você chegar a cinqüenta Sammy já vai estar dormindo.

Susan deu um pulo com o susto, olhando sem graça e sem ação para o garoto loiro que surgira do nada no banco carona. Seus olhos verdes a encaravam fixos, analisando cada traço de seu rosto.

Envergonhada como sempre, Susan puxou o cabelo para frente se escondendo.

— Eu te vi na escada, ouvindo a conversa.

— Eu vi você e o Sammy se pendurando na janela.

Dean sorriu do tom vermelho no rosto da menina.

Escondendo as mãos no capote e evitando encarar o menino loiro e bonito, Susan continuou apressada.

— Eles pareciam preocupados... O Bobby estava gritando com meu pai. – Relutante olhou para Dean – O que você ouviu?

— Nada demais. Bobby não estava zangado é só o jeitão dele.

— Isso pode funcionar com o Sam, Dean, mas não comigo. – Ela contrapôs.

Não ia mesmo e Dean sabia. Assim como sabia que Susan, sendo filha de caçador e tendo passado por muitas coisas, não agiria, pensaria ou se assustaria como as garotas de sua idade. E isso era fascinante em uma garota.

— Bobby não quer que nossos pais nos levem mais nas caçadas... Não quer que “matemos coisas”. Disse que temos que ter chance de crescer “normais”.

— Besteira. Sou uma boa caçadora.

— Eu também...

— Mas?

— O Bobby talvez tenha razão sabe... Gostaria de poder deixar o Sammy em segurança... Ele é tão pequeno... E olha você, ainda émuito criança também.

— Temos a mesma idade.

— Não importa – Retrucou em um tom duro – Nossos pais não vão ouvir o Bobby mesmo. Não vão se separar de nós. Meu pai nunca vai nos deixar.

Por um instante ficaram em silêncio. O coração de Susan batia apressado, não apenas pelo medo de qualquer resquício de possibilidade de ter que se separar do pai, mas também porque Dean tinha se aproximado um pouco mais dela no carro.

— Tenho que procurar Sam. – Falou tentando sair para ser detida pelo pequeno caçador.

— Por que você sempre foge de mim?

— Não fujo de você

— Foge sim... Está sempre com o Sam para cima e para baixo, nunca me olha, ou fala comigo. Parece que não gosta de mim... Você gosta do Sam? É isso? Quero dizer, você é mais velha que ele, mas isso não faz muita diferença... Só que você é mais alta... Fica estranho sabe. – Disse e riu.

— O Sam é meu amigo. – Respondeu dura.

— Vocês parecem namorados... Não se desgrudam.

— O Sam é meu amigo.

— Você nunca o beijou então?

— Claro que não.

— Você já beijou alguém?

Susan ficou muda. O rosto de Dean estava muito próximo do seu e sua mão se erguia lentamente para afastar o cabelo de seu rosto.

— Não.

Diante da negativa Dean sorriu, aproximando-se mais... Por instinto colocando as mãos de cada lado do rosto inocente de Susan, unindo seus lábios aos dela; beijando-lhe bem devagar, desajeitado e sem malícia.

Foi doce, molhado e mágico.

Susan se afastou lentamente do garoto um pouco depois, levando as mãos aos lábios, o rosto corado, envergonhada e assustada.

— Por que fez isso?

— Por que eu também nunca beijei alguém... E você é muito bonita.

Susan riu amarga diante do comentário. Um som que nunca deveria escapar dos lábios de alguém tão jovem.

Com sua mão mutilada afastou totalmente o cabelo expondo por completo as marcas causadas por garras que deformavam metade de seu rosto.

Dean sorriu e a beijou novamente... Sem se importar com pequenos detalhes... Por que enxergou mais do que Susan poderia imaginar.

O que Dean viu foram apenas ferimentos de batalha... Viu uma garota, que como ele, tinha caído sem pára-quedas no mundo do fantástico, onde tudo estava à espreita para te devorar... Viu uma menina que adorava o pai e cuidava dele com todo o amor que possuía... Viu ali, parada à sua frente, uma garotinha que sabia manejar uma espingarda, armar armadilhas e recitar em latim qualquer ritual de exorcismo... Dean viu apenas Susan, a pirralha mais corajosa que conheceu... A garota que se tornaria seu primeiro amor.

E Sam estava certo, Dean gostava de coisas bonitas. Mas a beleza nem sempre está ao alcance dos olhos. E ao contrário do que o irmão, ou outros poderiam pensar, Dean sabia disso.


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