Weechester Collections escrita por Pat Black


Capítulo 7
Quando o amor acontece!


Notas iniciais do capítulo

Não é romance! Mas é uma história de amor à primeira vista.



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Quando o amor acontece

 

 

“Merda” Bobby pensou, vendo o Impala entrando na sua propriedade.

 

Pelo pára-brisa podia vislumbrar o motorista com clareza. Um homem com cara de poucos amigos, como ele próprio, porém sem a barba e o boné, suas marcas registradas.

 

John Winchester... Sobrenome estranho, mas apropriado. O rapaz era como uma arma preparada, carregada e pronta para qualquer batalha, em qualquer campo, contra todo o tipo de inimigo... Na verdade, o safado parecia ter na veia sangue de caçador, diferente de muitos outros e dele próprio.

 

Resmungando, Bobby se ergueu, ajeitando o boné.

 

Conhecer o bastardo em uma caçada há um ano, fora normal... Descobrir sobre o que o tinha transformado em caçador, conseqüência... Ser salvo por ele, atípico... Gostar dele? Nem sempre...

 

Nesse momento por exemplo, não estava gostando nem um pouco de vê-lo chegar com seu monstro metálico, quando tudo que desejava era estar sozinho... Tudo o que queria era seu precioso isolamento, em seu amontoado de ferragens, que como uma cerca protetora, lhe escondia do mundo e das pessoas... Seu fosso de ferrugem, resguardando seu solitário castelo, onde tudo era silêncio.

 

Seis anos... Seis longos anos... Mesmo assim, que cruel era perceber que parecia ter sido ontem.

 

Ainda podia sentir o peso da lâmina, o cheiro do sangue, o odor do enxofre... Ouvir os gritos e enxergar aquele olhar final tão doce e perdoador da esposa.

 

Seis anos aprendendo, caçando, respirando, comendo, bebendo para caçar monstros, aberrações, coisas loucas... Loucura?... Imaginava, muitas vezes, que estar louco seria mais fácil, mais normal e até mais feliz...

 

“Droga” Pensou resignado, limpando as mãos sujas de graxa em um pedaço de estopa, virando e se recostando no carro, em que tentava manter a mente concentrada por algumas horas.

 

John já tinha parado o veículo há algum tempo e parecia receoso de sair ao encontro dele. Sua cara, ali não tão distante, estava mais preocupada que o normal, e pior, envergonhada.

 

Bobby não se mexeu, apenas esperou... Não eram amigos e sua notória desconfiança sempre o manteve a margem, como todo o bom caçador que se preze.

 

Fingindo estar mais relaxado do que estava, Bobby apoiou as mãos no veículo, deixando que uma delas deslizasse sob o capô aberto, agarrando com força a arma, precavidamente deixada ali.

 

Parecendo tomar coragem John saiu do Chevy e se aproximou.

 

- Bobby.

 

-John.

 

Nenhum dos dois esperava saudações efusivas ou abraços apertados, nem mesmo um aperto de mão. Apesar de Bobby sentir que deveria mostrar muito mais apreço pelo outro. Afinal, o desgraçado tinha lhe ajudado, praticamente salvo sua vida.

 

- Ouvi rumores sobre um ninho de vampiros em New Orleans. – Disse John colocando as mãos nos bolsos da jaqueta de couro.

 

- Dizem que os malditos gostam de se esconder por aquelas bandas.

 

- Estou indo me encontrar com o Kurt e o Bill... Vamos verificar.

 

- O Kurt é boa gente, mas não chega aos pés do Harvelle... Já cacei com os dois e o Bill sim, é um cara para se ter ao lado nesse tipo de serviço.

Bobby viu John concordar com a cabeça e sem graça olhar em direção ao impala.

 

Bobby acompanhou seu olhar sabendo que dali sairia algo desagradável.

 

- Desembucha Winchester! Sei que não veio aqui para trocarmos figurinhas.

 

- Preciso de um grande favor.

 

- Quem não precisa?

 

John suspirou.

 

- Não posso levar meus meninos dessa vez... Seria muito perigoso.

 

- Sempre é perigoso.

 

- Pensei... Pensei que poderia deixá-los com você.

 

- Não.

 

- Seriam dois ou três dias no máximo. – John pediu. E John Winchester odiava pedir.

 

- Garoto eu não conheço seus filhos, não gosto de crianças, não saberia nem o que fazer com uma debaixo do meu teto, quanto mais duas... Deixe-os com a Ellen.

 

- A Jô está doente, não posso deixar o Sam lá... E você não precisa se preocupar, o Dean sabe cuidar dele e do irmão.

 

A voz do John tinha um leve tom de orgulho e persuasão, mas Bobby não estava disposto a abrigar, por três dias, dois moleques que lhe tirariam a paz e o sossego.

 

Olhou para o impala em busca das crianças que não conhecia. Crianças que não fazia a menor questão de conhecer, porém não viu nada.

 

Sabia dos garotos Winchester e achava o cara louco por levá-las a todo o canto, expondo-as a todo tipo de perigo. Mas ser babá dos filhos de alguém que nem conhecia direito? Nem pensar, nem...

 

A negativa travou em sua mente quando se deu conta do garotinho ao lado do outro caçador, segurando outro menino, moreno e bem menor, pela mão.

 

Loiro, sardento, olhos verdes e bochechas vermelhas; rosto sisudo, fechado, olhos especulativos e atentos; a mão pequena apertava a do irmão e com seu corpinho se postava a frente do menor, como a protegê-lo daquele estranho alto, barbudo e sujo de graxa.

 

Bobby sentiu seu coração parar por um breve minuto, que lhe pareceu uma eternidade.

 

Aquela criança, com rosto de anjo, era a personificação de seus sonhos paternos... Lembrava tão claramente a sua esposa, com aqueles olhos verdes imensos e seu cabelo loiro, que Bobby sentiu as pernas tremerem e seu coração endurecido amoleceu... A casca dura rachando e quebrando com o calor que parecia tomar todo o seu peito e subir em direção aos seus olhos.

 

Foi naquele instante, vendo o filho de seu coração pela primeira vez, que Bobby Singer descobriu que poderia sim, amar novamente.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Ao ver a atriz que fez a esposa de Bobby, Karen, acrescentei mais uma razão, a minha lista, para o Bobby gostar do Dean como um filho. O Kripke foi sutil, mas acertou em cheio.