Weechester Collections escrita por Pat Black


Capítulo 9
A chave para o seu coração


Notas iniciais do capítulo

Bobby, por mais que tente não consegue ser aceito pelo garotinho que com sua carinha emburrada e sisuda conquistara seu amor... Qual a forma, o caminho, a chave para o coração do Dean?



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A chave para o seu coração

 

 

- Meninos, fiquem na beira onde eu possa ver... Nada de ir para o fundo. – Observando o olhar teimoso de Sam completou – Dean?!

 

John Winchester, vestido com uma calça jeans surrada, uma camisa branca justa que delineava todos os seus músculos, segurando uma garrafa de cerveja, deu uma olhada firme para as duas crianças. Aquele seu olhar que não admitia contestação. Onde exibia uma ordem clara que Dean obedeceria sem pestanejar e Sam adoraria contrariar.

 

Bobby ao seu lado observou fascinado e contente a alegria das duas crianças, que em seus calções de banho, corriam felizes em direção ao lago.

 

Depois de três anos John já se tornara um ótimo amigo e seus garotos uma parte importante de sua vida. Simplesmente adorava ter os dois pirralhos por perto.

 

Sentia-se orgulhoso e satisfeito pela confiança depositada nele quando o caçador mais jovem deixava os filhos aos seus cuidados. O que era mais raro do que se poderia esperar.

 

Não saberia por que, mas o cara custava a se separar dos filhos, mesmo quando a caçada seguia sendo perigosa. Então, quando o fazia, Bobby se esforçava ao máximo para dar o seu melhor aos meninos. Esquecendo suas dores e angústias, sorrindo e sendo o melhor dos tios para essas duas crianças que aprendera a amar.

 

Sorriu ao lembrar o que John lhe confidenciara uma vez:

  

“Sam adora ficar com você no ferro velho.”

 

E o moleque realmente demonstrava essa preferência se acercando de Bobby, grudando nele, questionando, arrumando mil e uma maneiras de tornar o caçador parte ativa de suas brincadeiras e idéias.

 

Já Dean era o extremo oposto. Sempre calado, a menos que algo envolvesse Sam.

 

Cada vez que John os deixava aos seus cuidados, Bobby podia ler no garotinho loiro e desconfiado a dor que sentia ao ser deixado para trás. O desejo de correr em direção ao Impala, se agarrar ao pai e implorar para que este o levasse junto, sem se importar que fosse perigoso.

 

E durante o tempo que passava em sua casa, Dean quase nunca se aproximava de Bobby, conversava com ele ou lhe deixava se achegar muito.

 

Parecia encarar o ferro velho como uma prisão, um local cheio de perigos. Seu dono como um inimigo. Por mais que Bobby tentasse e se esforçasse para conquistar a confiança do garoto, penetrar em seu coração se tornava, a cada tentativa, algo impossível.

Momentos como esse em que observava Dean sorrir, brincar e parecer feliz, eram tão raros, que ele os guardava com carinho em suas lembranças.

 

- Harvelle descobriu uma alcatéia em Milicent. – John falou arrancando o mais velho de seus pensamentos.

 

- Ele provavelmente já deve ter chamado Dakota. – Bobby respondeu desviando sua atenção dos garotos que já brincavam na água.

 

- Caçar lobisomens sem esse maldito não seria a mesma coisa. - John deu um gole na cerveja passando os olhos pelos filhos. – Então se prepare para ter que abrigar mais uma criança durante alguns dias.

 

- Gosto dos garotos. E Susan é uma criança que nunca dá trabalho.

 

- Menina estranha aquela. – John murmurou para si mesmo. Levantou-se. – Vou ligar para o Harvelle... Buscar notícias.

 

Bobby pensou, vendo o outro se afastar, que os pais geralmente são cegos em relação aos próprios filhos.

 

John não parecia perceber o quão estranho Dean também se tornava a cada dia. O menino agia como um adulto, quando só tinha dez anos... E seu olhar, onde deveria existir apenas inocência e alegria, exibia mais e mais da dureza do pai e suas amarguras.

 

Abanou a cabeça observando John caminhar em direção ao estacionamento onde ficavam os orelhões do parque. Distraído, levantou o rosto para o céu deixando que o calor do sol o aquecesse. Sorrindo feliz pela paz que sentia no momento.

 

Estava assim, absorto, quando os gritos se tornaram nítidos e pode distinguir com clareza a voz estrangulada de Dean chamando por Sammy.

 

Virou, parando estático, para registrar com clareza a cena no lago e tomar uma rápida decisão.

 

Muito longe da margem, Sam e Dean se debatiam na água. Sam tentava se manter à tona, mas qualquer um podia ver que não conseguiria. O garoto de seis anos não sabia nadar. Dean parecia ter alguma noção, mas era claro que estava tendo problemas. Mesmo assim se esforçava para nadar em direção ao irmão... Afundando e voltando para tentar novamente a se aproximar do menor.

 

Cinco segundos depois Bobby corria apressado, gritando por John a todo pulmão, arrancando as botas para se lançar a água e nadar sem pestanejar em direção ao menino loiro.

 

Para Bobby não importava que Sam fosse menor e precisasse mais de sua ajuda no momento. Seu coração estava desesperado em alcançar o maior. Suas emoções, seus sentimentos por Dean, e não sua razão comandavam seus braços e suas forças naquela direção.

 

Dean, percebendo sua intenção, gritou o mais alto que podia, engolindo água enquanto falava.

 

- Pega o Sammy... Ajuda ele... Ajuda o Sammy.

 

Bobby ainda tentou ignorar o apelo percebendo que, no momento, estava à mesma distância das duas crianças. Mas havia tanto desespero na voz de Dean, na forma como implorava e se debatia tentando se aproximar do irmão, que Bobby não pode deixar de ouvir a lógica de todo aquele amor. Desviando, com lágrimas nos olhos em direção ao caçula, mergulhou para agarrar seu corpinho um tanto mole e levá-lo, nadando o mais rápido que podia em direção à margem.

 

Só possuía um pensamento coerente: deixar Sam em segurança e voltar para pegar o Dean.

 

Foi com surpresa que sentiu o garotinho ser arrancado de seus braços pelo pai, quando ainda estava muito distante da margem.

 

Satisfeito e agoniado deu meia volta, avistando Dean e seguindo em sua direção para agarrá-lo e estreitar seu corpo cansado junto ao peito e ali ficar por uns segundos abraçando-o.

 

Colocando o garoto às suas costas, nadou em direção à segurança, observando John agarrado a Sammy que chorava pelo irmão mais velho.

 

Os bracinhos delgados de Dean, um menino pequeno demais para sua idade, apertavam seu pescoço com força. Sua respiração arfante, porém compassada, aliviaram sua aflição.

 

Bobby apenas pensava: Meu garotinho está bem. Dean está a salvo. Só isso lhe importava. Nada mais e ninguém mais.

 

- Obrigado Tio Bobby. – Escutou o menino sussurrar fraco ao seu ouvido quando já estavam próximos à margem.

 

Soube com toda a certeza, assim como era um caçador, que este lhe agradecia, não por ter salvo sua vida, mas por socorrer primeiro ao mais novo.

 

Trôpego, Dean o largou correndo em direção ao irmão para abraçá-lo com carinho, afagando seus cabelos compridos, lançando a Bobby, enquanto ouvia o sermão de John, o seu sorriso mais sincero e agradecido.

 

E este o amou ainda mais, sorrindo em resposta. Satisfeito em descobrir finalmente qual a única maneira de ser aceito no coração de seu garoto.

 

 

 

 


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