Weechester Collections escrita por Pat Black


Capítulo 6
Uma leoa entre ovelhas e lobos


Notas iniciais do capítulo

Existem pessoas que fazem você se sentir bem. Que apenas com umas poucas palavras, e nem precisa ser pessoalmente, te dão aquele apoio que você necessita, mesmo sem saber... Pessoas em que você se inspira para fazer algo melhor... Conheço algumas aqui no Nyah... Esse é um presente para uma delas... Espero que goste Crica.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/64436/chapter/6

Uma leoa entre ovelhas e lobos

 

 

O garotinho estava sentado à sombra, em um canto do estacionamento do imenso supermercado. Ao seu lado um homem muito alto lhe dizia algo todo sorridente... Um sorriso estranho, todo dentes, todo faminto. E a primeira imagem que teve de um pai com seu filho, foi substituída pela de um predador voraz prestes a dar um pulo sobre sua caça.

 

A jovem mulher que estava se dirigindo para o seu veículo carregando dois pequenos sacos de compras, desviou de seu caminho indo o mais rápido que podia em direção do par, apreensiva.

 

Enquanto ainda se aproximava dos dois, o homem se abaixou e tentou segurar no braço do garoto que dando um safanão e colocando a mão dentro da jaqueta, para espanto dos adultos, assumiu uma pose de combate como nunca viram alguém tão jovem fazer.

 

- Hei! O que você quer com meu filho? – A mulher perguntou com voz forte enfim chegando perto o bastante deles.

 

O predador humano não respondeu, se afastando rapidamente, sumindo como o rato que era por entre os carros.

 

Suspirando aliviada a jovem colocou as compras no chão e se abaixou em frente ao garoto, que não tinha mais que seis anos.

 

Seus olhos verdes tinham uma firme determinação, ali imensos no rostinho sardento, rosado e bonito.

 

- Você está bem? – Perguntou aflita tocando o ombro frágil. Seus olhos queimavam pelas lágrimas, que teimava em segurar, diante da vergonha em saber que alguém pudesse sequer pensar em machucar uma criaturinha como aquela.

 

O garoto a olhou por um tempo avaliando esse novo adulto. Chegando a conclusão, que ajoelhada e lhe encarando assustada, estava uma pessoa que não lhe faria mal.

 

Tirando a mão de dentro da jaqueta, a enfiou envergonhado no bolso da calça jeans, enquanto balançava a cabeça afirmativamente.

 

- Onde está a sua mãe?

 

- Morreu.

 

Uma palavra pode soar tão simples e conter tanta dor? Pensou a mulher apertando o ombro do garoto um pouco mais forte, sentindo, novamente uma louca vontade de puxar o corpinho frágil em um grande abraço... Mas não o fez.

 

- E seu pai? – Tentou em um fio de voz.

 

- Lá dentro.

 

Alívio e decepção.

 

Estranho? Ficou feliz é claro do menininho não estar perdido no mundo, mas, sentia até vergonha de admitir, que também ficou triste por não poder levá-lo para casa e cuidar dele. Por que, como o céu é azul  aquela pobre criança precisava urgente de atenção.

 

- E por que você saiu de perto do seu pai? É perigoso ficar aqui sozinho.

 

-Meu pai me mandou ficar perto do carro.

 

Virando para o veículo estacionado não conteve um olhar de apreciação do modelo antigo e robusto, preto e muito másculo do Chevy.

 

- E como você se chama garotinho?

 

- Dean! – Uma voz forte chamou e o menino pareceu se aprumar em posição de sentindo.

 

- É o seu pai? – Ela perguntou, recebendo um sinal afirmativo.

 

Se erguendo, observou o homem que se aproximava carregando um bebê em um braço e uma sacola no outro.

 

Seus olhares se encontraram fuzilando-se mutuamente.

 

Quando chegou perto do filho, o moreno muito mais alto que a jovem entregou o bebê ao loirinho e pondo a sacola no chão se virou para a estranha com seu olhar mais questionador.

 

- Algum problema moça?

 

- Com certeza! – Ela respondeu se afastando e puxando o homem para longe o suficiente dos garotos.

 

- O quê...

 

- Olha aqui seu pai desnaturado. – Começou a moça ajeitando os óculos e apertando o dedo no peito forte enquanto falava com a voz baixa e irritada - Não quero saber de sua vida, se você está sofrendo, se está desempregado, freqüentando os Alcoólicos Anônimos, ou vive frustrado por qualquer merda que ache que não merecia que lhe acontecesse. Por que qualquer coisa que tenha passado em sua vida, por mais triste que seja, não te dá o direito de fazer aquela criança sofrer ou colocá-la em perigo.

 

- Olha aqui minha senhora...

 

- Eu estou olhando e não gostei nada do que vi até agora, meu senhor... E fique feliz, por que só não ligo agora para a polícia e dou uma queixa de mau trato infantil por que vi o olhar daquela pobre criança quando você apareceu.

 

- Mas...

 

- E todo o amor que vi iluminando aquele rostinho só pode significar que você não é um pai tão ruim, quanto acho que é.

 

- Olha aqui sua intrometida...

 

Se aproximando tanto que seu corpo ficou apenas a um centímetro do dele ela continuou:

 

- Pois a intrometida aqui, seu brutamontes desnaturado e incompetente, chegou a tempo de espantar um maldito pedófilo que quase atacou seu filho.

 

Com o rosto branco que nem papel o homem cambaleou desviando o olhar para os filhos. O tremor perceptível em seu corpo quase a fez sentir pena dele, quase...

 

- Espero que se sinta culpado o bastante para tomar mais cuidado com seus filhos daqui por diante... E sabe do que mais? – Ela falou se dirigindo aos meninos – Procure ajuda. Você parece precisa de toda que puder conseguir.

 

Aproximando-se do loirinho, ela se abaixou e o abraçou como desejava desde o momento em que o vira sozinho e assustado e mesmo assim, tão corajoso diante do perigo. Por extensão, abraçou o bebê também, recebendo um beijo molhado da adorável criaturinha.

 

- Adeus Dean.

 

- Adeus...

 

- Crica. – Informou bagunçando o cabelo dos dois e se afastando entre triste e feliz, com as suas compras.

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que me perdoe o uso sem autorização de sua imagem e nick Crica.