Olhos nos olhos

Estavam juntos na cama, de frente um para o outro, olhos nos olhos, mãos enlaçadas em frente ao corpo, totalmente imóveis.

Dean sorria satisfeito enquanto Sammy se concentrava para não rir. Mas o loiro sabia que era questão de tempo, só mais alguns minutos e outro não agüentaria e começaria a rir e então, já era.

Cara a cara com o irmão ele não pode deixar de notar que os olhos do outro tinham um tom de verde mais escuro que o seu e era rodeado por um anel castanho, tão parecido com os de seu pai. Que seu rosto jovem e inocente estava totalmente concentrado nos seus próprios olhos e podia imaginar as idéias que passavam pela sua cabecinha morena de oito anos.

Sam não era fácil de ler, mas Dean conhecia o irmão como a palma da sua mão. E sabia que o caçula só esperava o momento exato em que Dean abaixasse a guarda, para conseguir o que queria.

Mas Dean era mais esperto, matreiro e tinha um plano infalível, que estava guardando para o momento certo. Nada de precipitações, se fosse rápido demais o irmão na se deixaria enganar. Por que apesar de saber que Sam não se entregaria fácil, nada no mundo faria Dean desistir do que queria.

Engraçado que seus rostos estavam tão próximos que Sam podia contar as sardas do irmão e Dean podia enumerar os sinais no rosto do menor. Inocentes fitavam-se pétreos ali próximos e com um único pensamento em suas cabeças: o de um vencer o outro naquele jogo tolo e infantil.

Sem mais nem menos Dean, sem deixar de fitar o irmão, sorriu.

- Oi pai como foi a caçada? – Falou de súbito.

Sam se virou olhando para trás afobado e alegre, para registrar que o pai não estava ali.

- Você piscou! – Dean gritou e ficou ainda mais satisfeito ao ver a cara de raiva que o irmão fez ao ser logrado.

Agarrou a barra de chocolate sob a cama e ficou em pé abrindo seu prêmio.

- Você trapaceou seu idiota!

- E você perdeu de novo seu bobão!

Diante do olhar emburrado do caçula, o sardentinho voltou a sentar na cama, partiu o chocolate ao meio e ofereceu o pedaço maior ao irmão que não pode deixar de rir do gesto e desfazer o bico.