Codinome: Estelar escrita por Ana Clara Medeiros


Capítulo 4
IV - A Noite Mais Densa


Notas iniciais do capítulo

Ao ver Mutano beijando Tara, ex Titã morta em combate, Kory fica sem saber o que fazer. Como seria possível? Estaria o passado querendo aterrorizar os Jovens Titãs?



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Eu não conseguia acreditar na infantaria de meus olhos. Tive de apertá-los umas duas vezes para só então me dar conta de que não era uma miragem: Mutano estava realmente beijando Terra.

Mas aquilo era impossível! Ainda me lembrara do acontecido como se estivesse o revivendo naquele momento: Slade e Tara lado a lado, assumindo que todo o amor que a mesma tivera pelos Titãs não passava de encenação, o elevador caindo sobre aqueles cabelos loirinhos... E o choro. Mutano chorara como um louco quando tudo aconteceu diante de seus olhos, mesmo sabendo das reais intenções de sua amada. Fora uma das coisas mais duras de superar para ele, eu sentia isso.

Como poderia então, depois de ter sido esmagada, estar diante dos meus olhos, ainda mais com a língua enfiada na boca do rapaz fera? Havia algo muito errado ali, e por mais que eu tivesse muita dó da história de amor do Gar, nunca fui com a cara daquela garota.

Sem ter tempo para raciocinar, sobrevoei a Torre Titã e fui ao encontro dos dois pombinhos, ficando de frente para os dois após rodopiar ao redor deles.

– O que está acontecendo aqui, Gar? – Perguntei, encarando feio aquela situação. Realmente, a Terra parecia ela mesmo. Os mesmos cachos, o mesmo sorriso... Os mesmos olhos de traidora.

– Não é incrível, Estelar?! – Mutano poderia explodir de alegria a qualquer momento. – A Tara conseguiu sobreviver! Ela está viva! Olhe para ela! – Segurando na mão de sua amada, apontou para ela com toda a convicção do mundo.

O clima estava estranho. Um vento forte soprava voraz, deixando as árvores inquietas. Era possível notar que aquela noite seria de chuva forte e muita, mais muita confusão. Ter aquele Dia do Herói não fora uma boa ideia desde o começo! Todos estavam naquela sala fria no subsolo, chorando por seus mortos, admirando estátuas gigantes...

– Vejo que não mudou nada, Kory... Continua com a mesma pose de guerreira.

Levantei minhas sobrancelhas para ela. Pude sentir meu corpo inteiro arder de raiva. Ninguém além de meus amigos de verdade poderiam me chamar pelo meu nome. Tive de engolir a seco para não falar nada que a machucasse diretamente.

– Tem alguma coisa errada. – Falei, aproximando-me mais de Tara.

– Como pode dizer isso, Estelar? Temos que ficar felizes! Uma dos nossos está viva e de volta! – Aquele papo todo de apaixonado já estava me dando dos nervos, por mais que eu o compreendesse e chegasse até a sentir pena. Quem mantinha os olhos longe daquele sentimento conseguia enxergar muito mais que todas as meras qualidades “imaginárias”.

E foi exatamente por esse dom que pude logo enxergar o ódio naquela garota.

Sem mais nem menos, empurrei Gar para o lado e disparei um raio com as mãos para um arbusto que estava atrás de nós. De repente, um vulto pulou daquele lugar, desviando do meu golpe. O negrume planou no céu e lá permaneceu, e só depois de ser iluminado pela lua é que pude perceber quem era.

Lilith. Titã morta em combate fazia mais de dois anos. Havia sido recrutada e cuidada pelo Cyborg com todo o carinho do mundo. Até pensávamos que os dois chegaram a ter um romance, mas nada fora comprovado por nenhuma das duas partes, especialmente depois da morte desta. Seus poderes envolviam magia negra, o que se usado para o bem podia fazer coisas grandiosas.

Contudo, eu só a tinha reconhecido por causa de seus trajes. O seu rosto, assim como seu corpo, parecia que estava entrando em processo de decomposição. Certa vez assisti um filme com uns “zumbis” como protagonistas. Lembrava-me bem de que Dick me convencera de que nada daquilo existia. Se realmente era real ou não, só tinha certeza de que pareciam muito com os mortos vivos dos filmes.

– Veja só o que temos aqui... Minha grande amiga Kory! – Sua voz, assim como a de Tara, estavam totalmente mudadas, como se a vontade de viver tivesse sumido de ambas. – Há quanto tempo...

– Isso não é possível... – Deixei que meu pensamento falasse mais alto do que eu, sem saber ao certo como agir.

– O destino tem o poder de nos surpreender, querida... – De repente, escutei um berro apavorado ao meu lado, e quando me virei para ver o que era, lá estava Mutano, totalmente impotente no chão com Tara em cima dele. A mesma se encontrava do mesmo jeito que Lilith, totalmente horrível e desfigurada, com os ossos àmostra. – Contudo, não acho que ele esteja muito a favor dos Titãs nesta noite!

Quando eu estava indo ao socorro de Mutano, um raio de magia negra me acertou em cheio, me jogando para o outro lado do campo. Destruí umas duas árvores antes de cair no chão. Recordava-me bem do quanto Lilith era forte, e se eu quisesse vencer aquela luta, principalmente proteger o Mutano de Tara e de si mesmo, eu teria de parar de pensar no que as trouxera até nós naquele estado e me focar apenas em expulsá-las de perto da Torre Titã o quanto antes.

Com o meu comunicador de pulso, emiti um alerta para os Titãs que estavam na sala do Dia do Herói. Após me reerguer mesmo sentindo muita dor no ombro esquerdo, tomei impulso e fiquei no mesmo nível que Lilith, preparando meus punhos para socá-la cruelmente.

– Não sei o que você e Tara estão fazendo aqui, mas não permitirei que machuquem meus amigos! – Gritei.

Começou-se então uma sequência de raios e desviadas. Por mais que Lilith parecesse morta, seus reflexos e raios estavam cada vez mais poderosos e mais difíceis de combater. Por mais que eu tentasse, não conseguia atingi-la, e se já não bastasse minhas falhas, minha mente por vezes focava em Mutano e no quanto sua batalha estava sendo quase impossível: ele sabia que tinha de machucá-la, mas não conseguia de maneira alguma.

Sem perceber, vários raios de magia negra começaram a ser atirados para cima de mim simultaneamente. Enquanto eu tentava desviar de todos, percebi que vários clones de Lilith iam aparecendo. Já estava prestes a me desesperar quando tiros de plasma foram lançados do chão. Lá estava Cyborg junto com Kid Flash e Moça Maravilha. Sem esperar por ordens, os novatos bem treinados já estavam combatendo os clones e de maneira muito eficiente, por sinal. Saí em retirada daquela artilharia e fui para perto de Victor.

O mesmo se encontrava extremamente abismado ao ver Lilith e Mutano lutando contra Tara. Por mais que não quisesse transpadecer, seu sentimento era de medo... Medo e amor. Toquei-me o ombro humano e apertei ali, fazendo-o olhar para mim.

– Também não sei o que está acontecendo aqui. Só sei que precisamos matá-las antes que elas façam isso conosco. – O que eu mais me impressonava com Cyborg era sua determinação. Se uma instrução lhe era dada, ele seguia prontamente sem questionar. – Por que há tão poucos de nós?

– Você parece não ter sido a única a não gostar de fazer o Dia do Herói em tempos densos como estes... – Rápido (só não tanto quanto o Flash), Cyborg evitou que nós dois fôssemos queimados que nem churrasquinho. Deixei que ele cuidasse da Lilith enquanto ia dar apoio ao Gar.

– Eu nunca gostei de você, então isso vai ser bem fácil! – Canalizando toda minha fúria em meus punhos, disparei um raio mortal contra Tara, a qual antes de ser atingida estava prestes a arrancar o coração de Mutano. Seu corpo se contraiu e então se desintegrou, virando apenas um esqueleto cinzento.

De início, achei que Gar fosse vir o mais bravo possível para cima de mim, então firmei meus pés no chão e me preparei para ouvir seus xingamentos. Contudo, sua reação foi completamente diferente: ele apenas se levantou e passou por mim, decidido a lutar para ajudar Cyborg.

– Gar, ela ia te matar... – Tentei me explicar, sentindo-me péssima, de certo modo. – Não sabemos o que está acontecendo. Talvez nem fosse ela de verdade...

– Está tudo bem, Kory. Você fez a coisa certa. – Seu tom era ríspido, mas não guardava rancor. Pude sentir até certa gratidão. Apenas confirmei com a cabeça, respeitando seu sofrimento.

Antes que pudéssemos chegar até Cyborg, ouvimos um grito estridente vindo da Torre Titã. Ao calcular a quantidade de pessoas conosco e a possível dona da voz, uma pitada de pânico subiu pela minha espinha.

– Donna Troy! – Pensei alto. – Devem estar atacando a Torre Titã por dentro!!

– Isso é algum tipo de massacre? – Mutano perguntou, transmutando-se em um leão gigante e correndo em direção a Cyborg, o qual lutava bravamente contra o que me parecia a Lilith original.

– Não se preocupe, Estelar! – Cassie, fazendo todo um movimento no ar para em seguida socar dois clones nojentos de uma vez só, falou. – Eu e o Kid Flash iremos atrás da Donna!

Uma faísca vermelha fez vários zig zags perto de mim, abatendo todos os clones que ousaram se aproximar para me machucar. Após isso, a luz se direcionou para a Torre Titã, junto com o voar super sônico de Cassie.

De repente, todos os clones da Lilith sumiram, deixando apenas a original, que lutava contra Mutano. Cyborg estava ajoelhado na sua frente, sem se mexer ou produzir qualquer expressão. Estranhando, fui para perto de meu amigo. Percebi que seu corpo estava coberto por um tipo de magia laranja e brilhante.

– O que você fez com Victor? – Gritei, tentando acordá-lo com algumas sacudidelas.

– Eu fiz com que ele ficasse feliz pela primeira vez depois de tanto tempo. Sua mente está presa em uma ilusão criada por mim, onde nosso caro amigo está todo inteiro novamente, aproveitando uma praia maravilhosa... – A risada de Lilith era nauseante. – Ele precisa sentir... Vocês precisam sentir... Quero esses corações palpitando!

– Sua miserável!! – O rugido que veio da boca cheia de presas de Mutano ecoou por todo o campo.

O ataque cego de Mutano acabaria em desastre, eu senti isso revigorando por todos os meus ossos. Em um salto, voei para frente de Gar, impedindo que ele fosse atingido por um raio surpresa atingido por Lilith.

Foi então que tudo ficou escuro.

A dor era insuportável. Senti meu corpo inteiro pegar fogo, depois foi como se todos os meus ossos tivessem sido reduzidos a pó. Mas então, uma paz enorme me invadiu, a visão foi clareando e se transformando, tomando a forma de uma igreja.

Aquela era a morte?

Os detalhes da igreja passaram a ficar cada vez mais claros: não era nada de muito exagerado. Flores brancas misturadas com algumas ramificações verdes se misturavam aos bancos, ao altar do padre, aos lustres no teto... Algo simples e realmente muito lindo.

Passei a vista pelo meu corpo, o qual estava coberto por um vestido roxo lindíssimo que transpassava o tecido entre meus seios, mostrando uma pequena parte da minha barriga. Uma calda longa se arrastava pelo chão, seguindo meus cabelos. Era o vestido de casamento dos meus sonhos...

E lá estava o marido dos meus sonhos. Dick Grayson, usando terno e gravata, sorrindo para mim como se eu fosse a única pessoa que pudesse fazê-lo feliz para sempre. Caminhei até ele, percebendo só mais de perto que havia um padre por perto, pronto para oficializar nosso compromisso.

Suas mãos abraçaram as minhas. O toque foi tão convincente que pude jurar que aquilo não era um sonho, muito menos a morte... Em meio a aquela sensação de puro amor e felicidade, beijei Dick fervorosamente, selando o que tanto quis desde que o encontrei pela primeira vez.

Mutano

Usei toda força que eu tinha nas minhas patas traseiras para pelo menos cair “com estilo”, como todo felino que se preze. Ao voltar para minha forma normal, percebi que Kory havia sido pega e estava sobre o mesmo estado inerte que Cyborg.

Antes que eu conseguisse reagir, o som da voz de Tara me soou como um tiro: - Onde é que eu estava mesmo?

Lá estava ela, com o corpo transformado em uma aparência fétida e morta, quase como um zumbi, de pé e poderosa do mesmo jeito. Percebi que um anel brilhava em seu dedo e que Lilith possuía um idêntico. Um abalo sísmico extremamente forte tomou conta da ilha onde a Torre Titã se localizava, e diante do meus olhos, o T gigante começou a afundar para dentro da terra. As janelas estalavam e quebravam, a estrutura rachava e se partia em milhões de pedacinhos... Minha casa totalmente destruída... E tudo culpa da Terra.

Então aquilo era o amor? Eu tinha tido o azar de me apaixonar pela pior pessoa da face do planeta? Não dava para acreditar mais naquele meu papinho interno de que aquela não era a Tara. Aquela era sim a Tara, que nunca me amara nem amara nenhum dos Titãs.

Minha pele rasgou-se ao me ter tomado pela forma de um dinossauro rex. Com apenas duas fortes pisadas, eu já estava perto daquela ridícula, destrossando cada parte de seu corpo como se ela não fosse nada. Infelizmente, acabar com ela não era o meu maior problema.

Vários ex super heróis, não só Titãs como também membros da própria Liga da Justiça, todos com aparência de morto-vivo, sorrindo ironicamente e se aproveitando daquela cena. Minha única esperança era acordar Cyborg e Estelar o mais rápido possível.

Com as presas extremamente afiadas, parti para cima de Lilith, que mesmo tentando escapar voando, não foi párea para minha rapidez. Ao arrancar sua cabeça e membros fora em uma única mordida, voltei para minha forma humana e corri o mais rápido que pude para, pelo menos, tentar sustentá-los em meus braços. Tudo o que vi ao acordarem foi o início do nosso possível fim, com inimigos zumbis por todos os lados querendo nos matar, além de lágrimas nos olhos de Estelar.

Estelar

A visão belíssima do meu casamento fora cortada como que em um passe de mágica. Ao abrir os olhos, lá estava o rosto de Gar, muito aflito por sinal, e ao meu lado Victor acordava com tristeza ao seu redor.

– Eu voltei. Voltei ao que tenho que chamar de normal. O aço, o maquinário... Esses circuitos zumbindo no meu cérebro... – Suas palavras carregavam um pesar imenso. Naquele momento pude enxergar um Cyborg que não mais se escondia por trás da pose de líder durão.

No fundo, acho que tanto eu como ele sabíamos que aquilo era tudo uma visão. Pena que muita vezes, é na mentira que encontramos o prato mais doce. A maneira como Lilith brincou com meus sentimentos... Ergui-me enxugando algumas lágrimas que ousaram nascer, tomada por uma fúria sem tamanho.

Vários deles... Vários como Terra e Lilith, mortas, mas caminhantes e poderosas. Todos usavam um tipo de traje preto e branco, o contrário de seus antigos uniformes. Rostos conhecidos, alguns até amigos. Tudo só fazia piorar.

– Eu não sei o que vocês são... Mas isso queima! – Gritei, enquanto lançava meus raios sem dó nem piedade, observando meus amigos lutando junto comigo.

Barth...

Ele machucava Cyborg não somente com golpes, mas com palavras. Eles não queriam apenas nos matar, queriam nos destruir completamente, até no psicológico. Foi só eu virar as costas por alguns minutos e Lilith já estava de volta e totalmente inteira, vindo para cima de mim com suas magias idiotas.

– Sabe qual o seu problema, Kory? Você é toda guerreira, nada princesa... Homens não gostam de garotas duronas. Por isso está sozinha!

– NINGUÉM ME CHAMA DE KORY! – Soquei-a em cheio no rosto.

Não adiantava. Por mais que a gente os queimasse, esquartejasse... Eles voltavam cada vez mais fortes e mais crueis, tanto nas palavras quanto nos golpes. Tara já estava mais uma vez indo atrás de Mutano, e este, por mais que tentasse lutar, não conseguia resistir.

– Não escute o que ela diz, Gar! – Gritava Cyborg, entre uma investida e outra.

De repente, um som abrupto veio de onde deveria ser a torre Titã. Foi quando me toquei que a mesma não se encontrava mais no lugar, e sim um entulho de concreto e escombros. Meu coração não suportou aquela queda, por mais que eu respirasse fundo. Minha casa... Destruíram minha casa...

Donna Troy saíra de dentro da montanha de desolação empurrando um outro tipo de zumbi com seus punhos fortes. Rapidamente, Kid Flash entrou para a luta, ajudando-nos a ganhar tempo para pensar em mais táticas de golpe. Cassie voava bravamente pelo céu, socando qualquer criatura que possuísse o mesmo dom que o seu.

Com o punho cerrado, em uma força quase tão descomunal como uma espada, Donna atravessou o corpo do ser com quem lutava, tirando seu coração negro e putrefado para fora.

– Me escutem! – Ela gritava enquanto nos via lutar. – Não são eles. Vocês me ouviram, todos vocês?! Essas não são as pessoas que perdemos. Elas não são nada além de conchas vazias! Seja o que eles fizerem, seja o que disserem, não são eles!! – Tomando a cabeça de uma espécie de bebê morto nas mãos, Donna, em um único aperto, explodiu o crânico daquela coisa em um milhão de pedacinhos.

– Medo... Raiva... Dor... Isso! Sintam!! – Lilith entonava junto com os outros.

Mutano, encorajado pelas palavras de Donna, transformou-se em um urso e partiu para cima de Terra, a rasgando mil e uma vez, não importando quantas vezes o corpo morto daquela garota inventasse de se regenerar.

– Tudo o que a Tara era, tudo o que eu vi nela... Eu criei tudo aquilo na minha cabeça. E eu sabia, no fundo, eu sempre soube!! NADA DAQUILO FOI REAL! – Parecia que eles não eram os únicos a nos atacar com palavras. Por um miléssimo de segundo, antes do cadáver vivo finalmente sumir, pude perceber uma lágrima formando-se naquele buraco onde os olhos deveriam ficar.

Cortando o céu como um jato, Columba apareceu, atingindo Barth nas costas com um chute que mais parecia uma flecha.

– Titãs, cuidado! – Columba dizia. – Eles têm sede de nossos sentimentos! Quanto mais sentírmos, mais fortes eles se tornam!

Arpina apareceu bem naquela hora, totalmente diferente. Ela havia se transformado em um deles... Sem forças para reagir, Columba aceitava os golpes da irmã, tornando-se cada vez mais fraca, até que quando os dedos finos e frios de Holly ousaram tocar o coração da superheroína de cabelos brancos, algo aconteceu.

Seu corpo fétido começou a ser tomado por uma onda de choque branco, e em meio a berros e mais berros, Holly desaparecera como que em um passe de mágica.

Após aquela cena, houve além de silêncio, um aglomerado. Todos eles se voltaram contra Columba, indo para cima de sua posição tão frágil. Tentamos todos ajudá-la, mas esta, em resposta, nos disse: - Não. Para trás, Titãs. Quanto a vocês, monstros... Vocês querem nossa força, nossa esperança, nosso medo e nossa raiva?! Querem todos os nossos sentimentos? VENHAM E PEGUEM!

Uma luz forte e intensa, que me lembrou a luz que vi quando estava sobre o domínio do feitiço de Lilith tomou conta do corpo de Columba, e em seguida, de todos os ex Titãs e companhia. Não sabia se era só eu que estava sentindo, mas era como se toda a paz e fervor estivesse sendo devolvida para o mundo. Logo, os que estavam mais próximos e possivelmente tocaram Columba, sumiram como Holly. O resto partiu em retirada, não dando chance para captura.

– O que aconteceu? – Donna perguntou, erguendo a heroína caída. – Nós jogamos tudo o que tínhamos neles, mas eles continuavam voltando. Mas você... Você parece ter destruído eles de vez. Pelo menos, uma grande parte. O que você fez?

– Eu... Eu não tenho ideia. Eles apenas... Se foram. Holly também. – Suas pernas fraquejaram, a fazendo cair no chão em meio a prantos dolorosamente audíveis.

Todos sussurraram algo como “sinto muito, Columba”, mesmo sabendo que aquilo de nada adiantaria. Ela havia perdido a irmã naquela noite, e nós havíamos revivido nossos demônios.

– A situação está ainda pior! – Kid Flash pareceu na nossa frente. – Acabei de falar com o Wally enquanto vocês consolavam a Columa, – Não conseguia me acostumar com o quanto rápido ele era. - e as notícias no mundo todo não são boas! Heróis estão saindo de suas tumbas e aterrorizando o mundo todo!

– Sinto muito, Columba. – Donna falou, mostrando sua mão. – Mas teremos de lutar agora, não temos tempo para chorar por nossos mortos. Eles estão se levantando para cobrar as mágoas do passado.

Todos ficamos próximos ao que parecia nossa mãe, atendendo obedientemente as palavras dela. Era daquilo que eu sentia falta nos Titãs, e mesmo sem Dick, conseguimos nos renstabelecer.

– Olhem o que eu achei aqui no chão! – Kid Flash aproximou-se de nós cortando o vento, trazendo um anel nas mãos.

– Esse anel... Lanterna Verde? – A mente de Cyborg processou ao tomar o objeto de metal negro nas mãos robóticas.

– Seja o que forem esses Lanternas Negros ou sei lá, precisamos lutar. Uma parte de nós irá até a sede da Liga da Justiça para saber o que diabos está acontecendo. A outra parte vai diretamente para o campo de batalha. Columba, você ficará na linha de frente, principalmente perto de mim. – Donna falou por último.

Pude perceber que na linha do seu pescoço, havia uma mordida feia, que crescia em um teceado de cicatrizes até seu rosto. O corte parecia querer putrefar. Eu sabia que se me pronunciasse enquanto a aquilo, ela com certeza nos faria esquecer, fingir que aquilo não passava de um corte.

Ao fim de tudo, nada mais importava. Nossa mente só podia estar focada em uma coisa: salvar a Terra. Já haviam destruído minha casa, entrado na minha mente, brincado com os meus sentimentos... Contudo, nada mais me tiraria o foco do meu real objetivo, do objetivo da minha família.


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Notas finais do capítulo

Os Titãs lutam bravamente ao lado dos super heróis da Terra para combater a então nova ameaça genocida. Após toda a batalha, as questões pessoais de Estelar começam a aflorar cada vez mais, além de que uma proposta irrecusável lhe é feita. Qual será o destino de Kory?



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