Codinome: Estelar escrita por Ana Clara Medeiros


Capítulo 3
III


Notas iniciais do capítulo

Parece que os sentimentos de Estelar estão em uma verdadeira guerra com a mesma. A heroína não consegue mais se conter e deixa com que suas emoções passem a atrapalhar sua vida como Titã e como Kory. Em meio a este conflito interno, Jericó (Ex-Jovem Titã e agora novo vilão) ataca novamente, transformando a vida dos mais novos recrutas Titãs em um verdadeiro inferno.

Notas:
¹ = Wally, nome verdadeiro do Flash
² = Tara, nome verdadeiro da morta integrante dos Titãs "Terra", com quem Mutano já teve um envolvimento amoroso muito intenso.



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Uma semana se passara desde que a iniciativa para os ainda mais Novos Titãs entrara em vigor. Dia e noite, não importando condições climáticas ou outros fatores, lá estavam eles, dando tudo de si. Não era de se esperar menos: por mais que não gostassem da ideia no primórdio – mais por trabalhar em equipe do que pelo fato de ser um Titã -, o que os movia era, além da juventude, a vontade imensa de ajudar o próximo. Obviamente os “Velhos Titãs” não haviam perdido aquela essência, contudo...

Havíamos dividido os novos recrutas em dois grupos: o A, que ficava na torre Titã de Nova York e o B, que ficava na torre Titã de São Francisco. Não fora nada fácil chegar à conclusão de que teríamos de nos dividir para dar conta de toda aquela cambada de adolescentes, especialmente devido às localidades. Muitos precisavam estar pelo menos perto de suas cidades de origem, além de claro, terem parentes preocupados que com certeza estranhariam o comportamento de seus filhos nos próximos tempos. No mais, acabei por ficar em Nova York junto com Cyborg e Donna Troy, apesar de que a mesma não aparecia desde que tudo fora decidido. Percebi algo na aura de Mutano quando este, de bom grado, ofereceu-se para ficar na liderança dos Titãs do lado oeste. Não que eu achasse que ele não conseguiria dar conta, contudo, devido a fatores como a sua própria vida, até mesmo a questão da Ravena... Tudo parecia estar confundindo o coração do homem fera. Pelo menos, era somente mais uma confirmação de que eu não era a única prestes a enlouquecer devido a minha vida pessoal.

Aqueles pensamentos logo me foram afastados. Os novos recrutas precisavam dos meus conhecimentos, da minha habilidade guerreira em seus treinamentos. Confesso que exigência poderia muito bem virar meu sobrenome. Não queria ser cruel a troco de nada, muito menos por abuso de poder. O meu problema era a preocupação, não só com a vida deles e a dos cidadões de qualquer lugar do mundo, mais sim o próprio planeta em si. A Terra era minha casa, e nunca, nem por cima do meu cadáver, iriam destruir meu lar.

Cassie dava piruetas no ar enquanto tentava desviar dos raios mortais de Cyborg, já Superboy e Kid Flash combatiam corpo a corpo os soldados robóticos projetados especialmente para aquela ocasião. Chovia forte, por vezes alguns raios condecoravam o céu negro, deixando o clima ainda mais tenso. As mais experientes irmãs Columba e Arpina davam um show, por mais que eu ainda não achasse toda aquela atitude da versão feminina de um dos heróis mais brutos que já pisaram por aquelas terras um bom critério. Durante muitos momentos tive de me intrometer em seus golpes para ensiná-la a medir o uso correto da força. Tim, por sua vez, era muito habilidoso com suas técnicas como já se era de esperar. Contudo, sua maior fraqueza era o senso de liderança ausente. Totalmente contrário de Dick.

– Não estamos aqui para testar suas habilidades. – Eu gritava, rondando o campo de treinamento pelo alto. – Estamos aqui para tornar vocês fortes protetores. ANDEM! DEEM TUDO DE SI!

Pela terceira vez seguida, Geoforça não prestou atenção em um obstáculo que transmutava em altura, dando de cara com um galho próximo, caindo no chão como uma tábua de madeira. Tinha paciência e compaixão o suficiente para explicar da melhor maneira possível, mas isso só de entrada. Não absorver de maneira nenhuma meus ensinamentos me deixava muito, mais muito zangada. Falhar era um luxo e nós com certeza não estávamos na realeza.

Segurei seu rosto com uma única mão e o ergui. – berrou de dor, depois tentou acalmar-se a fim de não piorar mais a situação.

– Não me faça contar um quarto erro, entendeu? – Pude sentir os flúidos verdes ardendo nos olhos. Eu com certeza não estava com uma aparência muito boa, contudo não dava a mínima. Eles é que importavam, no final das contas. Soltei-o sem maior cerimônia, suspirando fundo para ter paciência o suficiente ao ponto de não castigá-lo de pior maneira.

Ao subir meu campo de visão para uma vista mais panorâmica, percebi que todos me encaravam, inclusive Victor, o qual balançava a cabeça em desaprovação. Estalei a língua, procurando um mínimo de disponibilidade em mim para suportar os caprichos de um bando de adolescentes mimados e do então líder deles. Abandonei o treino sem mais nem menos, deixando-me largada em meus aposentos naquela imensa torre em forma de t maiúsculo.

Meus instintos nunca haviam me abandonando, e assim de pisei com o pé direito para dentro do meu quarto, senti uma presença. Sem ao menos me dar conta de quem era, preparei os pulsos e deixei com que meus poderes tomassem conta de mim, quase atingindo Donna Troy em cheio.

– Minha Nossa! – Exclamei, desviando os raios para as janelas da minha varanda, quebrando-as sem chance de conserto. Minha amiga sorriu com aquilo. Saindo da escuridão, exibiu seu uniforme que lembrava o céu noturno estralado, a expressão dura, porém atenciosa de uma Velha Titã" que estava mais para uma grande mãe. – Não me assuste desse jeito de novo! Quase te matava!

– Queria te fazer uma surpresa. – Como se nada tivesse acontecido, ergueu os braços e me deu um abraço apertado. – Já deveria ter aprendido que não se pode surpreender você. Me desculpe.

– Estou tão feliz por te ver aqui! – Retribuí seu carinho, deixando todos os meus sentimentos serem liberados pelas lágrimas. – Achei que tivesse desistido de nós.

– Desistir? – Donna me mostrou um largo sorriso. – Aproveitei o tempo de folga pela saída do Dick para me comprar um apartamento em Malibu. – Quando eu ia me impor para falar, seu dedo indicador me impediu. – Sei o que acha dessa minha decisão, mas ela não significa nada. Eu só estou recomeçando minha vida de uma maneira... Diferente. Mesmo que eu não more mais aqui, voarei todos os dias para cá. Só não voltei antes porque fui ajudar o Mutano com algumas coisinhas lá em São Francisco. – Suas mãos envolveram as minhas, me puxando para minha cama. – E parece que cheguei no momento exato.

Suspirei fundo. Ela tinha visto todo o treino e eu não duvidava nem um pouco de que ela e Victor haviam tido alguma conversa em relação a mim. Podia perceber um certo nível de preocupação em seu olhar. Donna era, afinal, o laço mais afetivo de todo aquele grupo. De qualquer maneira, já havia aberto meu coração, não pouparia palavra alguma.

– Você precisa desabafar, Kory. – Donna incentivou. – É impossível não perceber como se sente.

– Se todos já sabem, não preciso ficar falando o óbvio.

– Não me venha com essa. – Suas sobrancelhas ficaram arqueadas, mostrando uma expressão meio ameaçadora. – Se eu não fosse tão próxima a você, não me arriscaria a levar um soco bem no meio da cara.

– Acha mesmo que eu machucaria alguém por besteira?

– Geoforça terá de ficar um bom tempo com a cabeça enfiada em um balde de gelo para que seu rosto volte a ser o que era. – O sarcasmo me atingiu forte, deixando-me cabisbaixa. – Eu entendo o que está tentando fazer aqui. A Terra te acolheu bem e você quer retribuir da mesma forma, protegendo-a da melhor maneira possível. Os Titãs também te abraçaram, te deram uma família! Você não quer que isso acabe. Não estou aqui para dizer que seus pensamentos são ingênuos, mas Kory, os tempos são outros. Infelizmente, as circunstâncias nos proporcionam outras experiências...

– Isso não é justo! – Explodi, saindo da cama em um salto que me fez flutuar no ar por uns segundos. – Depois de tudo o que nos aconteceu, ficamos juntos de novo, enfrentamos perigos ainda maiores que os antigos para tudo acabar mais uma vez por causa de... Por causa de...

– Dick Grayson? – Seu tom fez com que toda minha fúria se reduzisse a cinzas. Senti meus pés tocarem o chão, em seguida meus joelhos. Rapidamente, os braços de Donna acolheram meus ombros, posteriormente, minha dor. – Acho que eu sou uma das poucas pessoas que podem dizer que realmente entendo como você se sente. Eu realmente sinto muito pelo Richard, Kory. Não só por ele, mas por tudo o que está acontecendo. A vida não tem a pré-disposição de sair como nós queremos. – Seus olhos encontraram os meus. – Não vou lhe falar nada de acolhedor ou muito bonito porque ambas sabemos que não vai adiantar de nada. Ao invés disso, quero pedir duas coisas a você: em primeiro lugar, deixe de lado o treinamento dos Novos Titãs. – Ao prever meu protesto, o indicador de Donna me impossibilitou novamente de falar. – Não estou pedindo para abandonar. Apenas descanse mais, procure se ajudar antes de tentar ajudá-los. Eu e Cyborg podemos cuidar dos adolescentes espinhentos. – Após uma risadinha, Donna tirou de dentro do seu decote um cartãozinho pequeno. – Em segundo, já tendo haver com o primeiro, é sobre você e sua saúde. Vai parecer super bobo, mas essa psicóloga, conhecida como a psicóloga dos heróis já ajudou muitos de nós, inclusive gente da Liga da Justiça. Aposto contigo que ela saberá exatamente o que te dizer.

À contragosto, aceitei seus pedidos. Não sabia como essa conversa furada de psicóloga funcionava, contudo, se tinha algo do qual eu não duvidava era o carinho de Donna Troy sentia por mim. Logo ela, minha melhor amiga desde os primórdios dos Titãs. A sua indicação iria me fazer bem, ao menos eu esperava.

Enquanto nos abraçávamos em agradecimentos, o alarme disparou por toda a torre. Desde a degradação dos Titãs, nunca mais havia ouvido aquele alarme soar. Sem pensar duas vezes, Donna e eu voamos em direção a sala. Todos já estavam lá quando chegamos. Não era preciso que ninguém dissesse nada: o enorme telão que transmitia o noticiário local já falava por si.

Jericó estava atacando.

Em sua última aparição, quase matara não só os Jovens Titãs, como metade da Liga da Justiça, possuindo até o Super Homem. Ele não era simplesmente qualquer super herói dito vilão, mas sim uma ameaça sem escalas. Com sua excelente fuga sem reaparições, achávamos realmente que seu reinado de terror havia, digamos, terminado. No final, aquilo era uma desculpa imposta por nós mesmos para nos esconder da verdade em meio a tanto caos. Ele voltaria mil vezes pior. Dito e feito.

Possuindo o corpo de um importante ministro, Jericó tomou posse de um dos hotéis mais luxuosos da cidade. Hotel esse que sediava uma importante reunião entre executivos e figuras importantes do governo. Com uma pistola na mão, ele ameaçava atirar na primeira pessoa que ousasse respirar mais forte, culpando os Jovens Titãs por toda aquela infantaria. Se Donna não tivesse segurando minhas mãos, eu com certeza teria acabado com aquele telão.

Cassie foi a primeira a se pronunciar. Por sua expressão, parecia querer fazer o melhor que podia para impedir alguma morte.

– Seria melhor contatarmos o Mutano? – Perguntou.

– Na grande maioria das vezes, muita gente acarreta muitos problemas. Apenas nós bastamos. – Donna tomou a frente.

– Além do mais, Jericó é extremamente perigoso. Não conseguiremos derrotá-lo nem se estivéssemos com toda a Liga da Justiça ao nosso lado. Vamos tentar salvar o máximo de pessoas que pudermos. – Cyborg desligou o enorme telão, dirigindo-se para o portão de saída da torre. – Jericó é um problema dos Jovens Titãs e de mais ninguém. Quero todos vocês focados ao máximo. Isso com certeza não é um treinamento.

Os que não voavam eram carregados por quem possuía tal proeza. Em menos de alguns minutos, estávamos todos na fachada do prédio. De acordo com os planos de Cyborg, entraríamos em pequenos grupos a fim de não deixar Jericó mais mutável do que já estava.

Os reféns se encontravam no salão principal do hotel, todos amarrados, formando um círculo gigante de engravatados e bem vestidas. A maioria das pessoas choravam, tentavam conter o grito que queria explodir na garganta, olhando de relance para algumas das crianças que se encontravam ali. Jericó bagunçara as roupas do corpo que possuía, o fazendo ficar parecendo um maníaco de terno. Ao ter seus olhos postos em meu grupo, – o primeiro a invadir o local – esboçou um sorriso demoníaco.

– Não olhem nos olhos dele! – Gritei, abaixando a cabeça logo em seguida.

– Acha mesmo que isso adianta de alguma coisa, minha cara Kory? – Pude sentir o cano frio da arma roçando em minha pele. Engoli a seco, tentando me conter ao máximo. De canto, pude perceber Donna, Kid Flash e Arpina entrando no salão.

– Apenas meus amigos me chamam de Kory. Para você, maldito, é Estelar. – Deixei claro, tentando pensar em mil e uma maneiras de desarmar Jericó sem cair em seus truques.

– Aaaahn, deixe de drama! Nós éramos amiguíssimos antes de eu deixar essa sua familiazinha idiota. Não venha me dizer que está arrependida de ter me ajudado muitas vezes... – A medida que percebi sua voz mais distante, subi o olhar para o Kid Flash, o qual já percebera o meu plano.

Tudo acontecera de maneira incrivelmente rápida. Kid Flash com todo o seu poder agarrou o braço de Jericó, fazendo o máximo para não lhe encarar. Usando a força, derrubou-o no chão e tentou chutar a arma. Sem que nós esperássemos, um outro homem levantou-se no meio da multidão e empurrou o super herói mirim, tomando a arma para si.

Cassie tentava ajudar Kid Flash enquanto o mais novo Robin arquitetava uma maneira de desamarrar os reféns sem ser notado. Geoforça estava perto de mim, me parecendo mais um escudo do que um soldado em campo de guerra. Seu rosto estava horrível e roxo, o que me fiz sentir muito mal por tê-lo machucado. Enfurecido, o mais novo corpo de Jericó pressionou o gatilho, atirando para todos os lados. Tentei queimar as balas antes que as mesmas chegassem perto de alguém. Cyborg jogou seu lado robótico por cima de algumas pessoas, protegendo-as. Infelizmente, uma bala atingiu em cheio a cabeça de um cidadão, o fazendo formar uma poça de sangue enorme no chão.

Os berros de pânico se instalaram por todo o prédio. Donna, sem paciência para esperar por melhores momentos, jogou-se na frente de Jericó e o segurou pelos punhos, fazendo a arma cair. Em seguida, socou-o diversas vezes sem dó nem piedade. Com a ajuda de Superboy, livrei uma boa parte dos reféns mirins e os indiquei a saída, ficando de guarda na mesma caso algo viesse a dar errado.

Lutar contra Jericó era um risco. Donna não estava machucando o verdadeiro, e sim a casca que o maldito havia escolhido para se acovardar em outra personalidade. Cyborg tentou impedi-la de continuar, mas o pobre homem já estava morto e totalmente desfigurado quando a mesma recuou um passo.

Todos os Titãs se juntaram ao redor do segundo cadáver, assombrados pelo silêncio que se instalara.

– Conseguimos? Matamos Jericó? – Columba arriscou-se.

– Não. – Donna, Cyborg e eu respondemos ao mesmo tempo utilizando um tom de voz uníssono. Infelizmente, não era tão fácil assim. Ele com certeza havia escapado.

– O filho da puta estava brincando conosco o tempo todo. – No fundo do salão, Tim falou. Quando a atenção foi voltada para ele, o mesmo apontou para janela para qual olhava com uma raiva sem descrição. Ao longe, seguindo em linha reta, a vista dava para um outro prédio com o andar na mesma altura que o do salão. Uma janela se encontrava aberta, e era possível ver que tinha alguém lá.

– Equipe Cyborg, venham comigo! O resto cuida das vítimas! – Junto com ele, Cassie e Tim Drake saíram como um jato do hotel.

– Também irei. Sei que chegarei mais rápido. – Kid Flash mal terminou a frase e já não se encontrava mais entre nós.

Em meio a longos suspiros de fracasso e cheiro de morte, o resto de nós fez o que nos foi ordenado.

JOVENS TITÃS: SALVAÇÃO OU AMEAÇA?

Por todos os veículos de comuniação aquela frase circulava. Só naquela semana já havia queimado mais de quatro jornais utilizando o raio dos olhos. O fato de Jericó ter sido um Jovem Titã junto com a morte de dois inocentes, uma delas, de certo modo, provocada por um de nós... Tudo aquilo caía sobre nós em uma chuva de imprensa ridícula e cidadãos revoltados. Havíamos recebido várias “visitas” de rebeldes depravando a torre Titã, além de alguns processos com a justiça de Nova York. Wally¹, com toda a sua influência tanto na Liga da Justiça quanto no meio da ciência, tentava limpar nossa barra. Não só ele, como muitos outros super heróis. Por mais que eu quisesse, meu sentimento não era de gratidão, e sim de raiva. O que eles deviam estar pensando? “As crianças fazem a bagunça e nós, adultos, temos que arrumá-la...”

Só para piorar a situação, não havíamos conseguido prender Jericó. O mesmo havia usado um corpo qualquer no prédio vizinho de mesmo nível de altura, deixando o mesmo com os olhos arregalados, mirando a visão para a janela do salão do hotel. Ele havia arquitetado uma maneira brilhante de escapa podendo manter contato direto, preservando seu corpo verdadeiro fora da nossa atenção.

Em meio a toda aquela situação, mesmo contra minha vontade, Cyborg não cancelara a cerimônia do Dia do Herói.

Desde que eu chegara a Terra e me tornara uma Titã, conheci aquela data tão importante não só para a minha nova família como para todos os heróis do planeta. Um dia único destinado a visitar o hall dos heróis, localizado em uma instalação subterrânea da torre Titã de Nova York. Lá estavam todas as estátuas de super heróis mortos que já passaram pela equipe tanto nossa quanto da Liga da Justiça e afins. Por mais que achasse aquele gesto bonito, me doía ver monumentos feitos para amigos meus já falecidos. Era como catucar uma ferida para que ela nunca sarasse.

Todos iriam se reunir novamente, talvez até Dick aparecesse. Vários heróis em um único lugar, em um momento como aquele, não me parecia ser algo nada bom. Contudo, a fala de Cyborg me calara: “Desde antes dos Jovens Titãs existirem, os primeiros protetores do planeta já faziam essa cerimônia em agradecimento aos que já se foram. Não importa como estejamos, não irei mudar a nossa história”.

Já estava acabando de vestir o uniforme quando percebi que ainda não tinha varrido muito menos jogado fora os cacos de vidros da minha janela acidentalmente quebrada por mim mesma. Você não consegue mais dormir, Kory, quase não visita mais o seu próprio quarto... Com uma vassoura e disposição zero, comecei a arrumar a única porcaria que eu podia resolver sozinha sem atingir mais pessoas.

O pôr do sol condecorava o céu, e junto com ele, os amigos iam chegando e entrando na torre. Vi da minha varanda rostos que achei que não veria nunca mais, como os de Ravena e Arqueiro Vermelho. Ao cair da noite, vários já se encontravam na sala, esperando apenas pelos últimos para que todos pudessem ir juntos para a cerimônia. Mutano era um dos que faltavam, como sempre atrasado. Havia acabado de juntar todo o vidro dentro de um saco quando percebi que meu amigo verde corria em forma de guepardo para a torre Titã. Não pude deixar de sorrir.

De repente, uma sombra saiu por entre as árvores próximas, fazendo Mutano se transmutar novamente para ser humano. Não consegui enxergar quem era, o que me deixou apreensiva. Após longos minutos de conversa, o corpo escuro voltou-se para o lado da luz da lua, beijando meu amigo de forma ardente.

– Mas quem... – A ponta do saco plástico derreteu dos meus dedos. – Tara²!! Essa não...


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Notas finais do capítulo

Após ver Tara, a antiga Titã morta em combate nos braços de seu amigo, Estelar, mesmo sem entender o que está acontecendo, vai em ajuda a Mutano. Estamos entrando nas noites mais densas...



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