Imouto escrita por Mitsue chan


Capítulo 13
Uma última vez


Notas iniciais do capítulo

Gente! Perdão pela demora, mas meus dias estão beeeem corridos! Espero que não me abandonem >.< Bem, tá aí um novo capítulo, mas quero esclarecer que está bem TARDE então NÃO REVISEI. Por isso, me avisem se virem algum erro. Agora, boa leitura ^.^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/640225/chapter/13

Para qualquer um olhasse, Kakashi era um borrão voando pelas árvores, e não um homem que temia o que faria a seguir. Mais uma vez ele estava no mesmo dilema: se pensasse racionalmente, estava tomando a decisão certa; mas os sentimentos que ele sempre abominou o incomodavam.

Sons de passos se aproximando chegaram aos seus ouvidos, então ele deduziu que o ANBU que estava vigiando Kaori o havia escutado e agora vinha ao seu encontro. Em poucos segundo ele avistou o ninja mascarado e eles pousaram no chão frente a frente.

– Kakashi – ele o cumprimentou.

– Tenzou.

O ninja mascarado o encarou por um instante e desviou o olhar, parecendo desconfortável, por mais que seu rosto estivesse oculto, até que ele finalmente voltou a fitar seu amigo através dos buracos em sua máscara.

– Cuide bem dela, Kakashi-senpai.

Dito isso, ele partiu, deixando um ninja confuso para trás. O que aquilo queria dizer? Por que Tenzou parecia tão sério? Ainda com essas dúvidas, o Hatake caminhou para sua casa.

Antes mesmo de abrir a porta o cheiro de comida o atingiu, lembrando-o de que sua última refeição havia sido há muito tempo e que já era hora do almoço. Kakashi retirou todo seu equipamento ninja, deixando-o ao lado da porta, e foi até a cozinha. Estava prestes a chamar por Kaori quando ela apareceu correndo.

– Oniisan! – ela disse e o abraçou – Você demorou muito!

– Eu sei – ele respondeu enquanto acariciava os cabelos dela – Houve um imprevisto, mas estou de volta.

Com um sorriso de alívio, ela o sentou na cadeira ao lado da mesa e pegou um prato e talheres para servi-lo.

– Chegou na hora certa! – ela exclamou assim que colocou um prato cheio de uma sopa fumegante em cima da mesa. Kakashi sorriu em agradecimento e começou a comer, constatando mais uma vez que, apesar de ser bem jovem, Kaori sabia cozinhar muito bem. Ela também se serviu e eles comeram enquanto Kakashi contava sobre sua missão, ocultando o que não poderia revelar. Ele parecia estar completamente normal por fora, mas por dentro se sentia angustiado com as palavras do Hokage.

Assim que acabaram de comer, Kaori colocou a louça na pia e fez menção de começar a lavar quando Kakashi a chamou.

– Kaori – ela se virou para ele – Deixe isso para depois. Precisamos conversar.

Ela franziu o cenho, já que não fazia ideia sobre o que seu oniisan poderia querer conversar, mas obedeceu e se sentou na cadeira em frente à dele, do outro lado da pequena mesa de madeira.

– Sobre o que, oniisan?

– Sobre uma coisa que o Hokage me disse hoje – ele hesitou – Ele me disse que encontrou alguém que poderia lhe ensinar a controlar seus poderes.

A boca de Kaori se abriu em uma expressão de completo espanto, para rapidamente ser substituída por um sorriso radiante.

– Verdade, oniisan?! – ela perecia querer pular da cadeira – Isso é maravilhoso! Eu nem acredito nisso!

Realmente, essa era uma notícia ótima, se não fosse por um pequeno detalhe. Assim que viu a falta de animação de seu oniisan, Kaori pareceu perder um pouco de sua felicidade.

– O que foi, oniisan? – ela tinha um sorriso encorajador no rosto – Não está feliz?

Kakashi soltou um pequeno suspiro, sabia que aquela seria a parte difícil.

– O homem que pode te ajudar é um monge que mora no ponto mais ao norte no País da Terra.

A expressão da garota se entristeceu quando ela percebeu o quão distante de Konoha isso era.

– Então... – ela disse, fitando o tampo da mesa – Teremos que nos mudar para bem longe.

É agora Kakashi pensou.

– Nós não, só você.

...

Ela jamais havia ficado tão incrédula em toda a sua vida. Por mais que negasse para seu oniisan e para si mesma todos os dias, seu maior medo era perdê-lo. Chegava até a imaginar que um dia ele decidiria abandona-la, mas passara a acreditar que isso era impossível, que ele a amava e que cuidaria dela para sempre.

Está acontecendo! Ela pensou. Seu oniisan iria abandona-la.

– Você... – ela gaguejou sentindo os olhos arderem com as lágrimas – Vai me deixar?

– Eu não queria, mas o Hokage não me deu permissão para partir. – ele disse – Posso apenas te levar até lá.

– Por quanto tempo eu vou ficar longe?

– Não sei – Kakashi admitiu – Pelo tempo que for necessário, talvez-

– Anos – ela concluiu por ele, sentindo algo que nunca havia sentido antes – Você vai me afastar por anos?!

– Entenda, Kaori – ele tentou se explicar – Não posso ir. Tenho um time e responsabilidades com a vila.

– Você também tem responsabilidades comigo! – ela gritou e levantou-se de brusco, sentindo raiva de seu oniisan pela primeira vez em sua vida. Por mais que não quisesse acreditar no que ele dizia, ela era uma criança inocente e confusa, por isso, em sua cabeça, seu oniisan apenas queria se livrar dos problemas que ela poderia causar.

– E é por esse motivo que eu quero garantir que você aprenda o que precisa saber! – ele retrucou – Para poder voltar e ter uma vida normal, sem machucar ninguém.

– Mas... – ela nem sabia mais o que argumentar. Só havia entendido que viajaria com seu oniisan até um lugar do outro lado do mundo e completamente desconhecido, e então ele a deixaria lá por um tempo indeterminado, mas, com certeza, longo. Resumindo: iria perdê-lo. – Quando – hesitou – quando iremos partir?

– Amanhã – Kakashi sentenciou. Pelo que o Hokage havia dito, ele tinha permissão de leva-la até o templo do tal monge, mas, como não queria chamar a atenção para seu sumiço repentino, ele levaria seu time junto com o pretexto de estarem em uma missão de escolta.

Saber que ela iria partir do único lar que conhecia no dia seguinte fez com que Kaori sentisse mais raiva ainda. Com a expressão dura, ela disse:

– Entendido, Kakashi-san. Estarei pronta pela manhã.

Então correu para seu quarto e bateu a porta, deixando Kakashi para trás.

...

Eles caminhavam lado a lado até o portão da vila, mas não trocavam uma palavra desde a noite anterior. Kaori parecia querer esconder toda sua tristeza com a raiva e Kakashi simplesmente sabia que a melhor coisa a se fazer no momento era respeitar seu espaço.

Ao longe, eles avistaram duas silhuetas já os aguardando.

– Ohayo, mina – Kakashi cumprimentou.

– Kakashi-sensei? – Sakura exclamou surpresa, enquanto Sasuke continuou calado – Nem está tão atrasado hoje.

– Bom, há uma primeira vez para tudo – ele respondeu, tentando a todo custo parecer normal.

– Ah, você é quem nós devemos escoltar? – Sakura disse, apontando para Kaori – Me lembro de te ver na Academia, mas...

– Sim – Kakashi interrompeu, temendo onde essa conversa poderia parar – Sakura, Sasuke, essa é Kaori, minha-

– Protegida – ela o interrompeu, continuando com sua birra de querer parecer zangada com ele. Kakashi continuou impassível, embora se sentisse magoado com a frieza dela.

Percebendo que a morena não estava muito afim de conversar, Sakura se calou e eles esperaram por mais alguns minutos em silêncio até que avistaram Naruto se aproximando, parecendo um zumbi de tanto sono.

– Ohayo – ele balbuciou – Desculpem o atraso.

– Que coisa, Naruto! – Sakura o repreendeu – Já é a quinta vez que você se atrasa!

Kakashi nem teve tempo de brigar com Naruto, já que sempre poderia contar com a Haruno para isso.

– Humpf – Sasuke bufou – Você não tem jeito. Nem sei como espera se tornar Hokage se nem consegue cumprir com o horário, e ainda aparece com essa cara de idiota.

Como que por mágica, a provocação de Sasuke fez o sono de Naruto desaparecer, restando apenas sua obsessiva competitividade.

– Repete isso, Teme!

– E você vai fazer o que? Usuratonkachi!

Antes que os dois começassem a se atracar sem que pudessem sequer começar a missão, Kakashi decidiu apartar a briga.

– Já chega, vocês dois – ele disse – Jamais cumpriremos a missão se não partirmos logo.

Ele parece bem determinado a terminar isso o mais rápido possível Kaori pensou com amargura.

Assim que se acalmou, Naruto pareceu notar pela primeira vez que a presença da garota que, até aquele momento, apenas assistia a briga dos dois rapazes com incredulidade, se questionando se esses eram os jovens excepcionais de quem Kakashi falava tanto.

– É você quem nós vamos escoltar? – ele perguntou.

– É claro que é ela, Naruto – Sakura respondeu.

– Hmm – ele a olhou mais atentamente, tentando se lembrar de onde a conhecia, sorrindo quando finalmente conseguiu – Ah! Você estudava na Academia junto com a gente! Mas não me lembro de te ver no exame para genin.

Oh, não Kakashi pensou. Ele nem tivera tempo de impedir que Naruto falasse o que não devia, e estava preocupado com a reação que Kaori pudesse ter.

A garota apenas estreitou mais os olhos, fitando o loiro com uma raiva assassina, e saiu do meio deles, pisando duro.

– Foi alguma coisa que eu disse? – o loiro se perguntou enquanto coçava a cabeça. Então Sakura ralhou com ele por falar demais e Sasuke disse que ele era um idiota.

Kakashi soltou um suspiro e começou a seguir a trilha, sabendo que seus alunos viriam atrás dele, fitando sua imouto logo à frente. Aquela seria uma longa viajem.

...

As primeiras horas da viajem foram extremamente tensas. Kaori se recusava a sequer olhar na direção de Kakashi, enquanto ele não se sentia confortável em tentar uma aproximação. Ele já havia lidado com Kaori triste, alegre, emburrada, enciumada, rabugenta, ferida e zangada. Mas Kaori zangada com ele era algo que nunca tinha acontecido. Cada passo que dava em direção ao seu destino o fazia repensar sua decisão, procurando a todo custo por uma alternativa.

Mas nada parecia servir. Sabia que a prioridade era fazer de tudo para que Kaori fosse treinada o quanto antes, tanto para segurança dela quanto dos demais. Do mesmo modo, também sabia que era impossível para ele simplesmente abandonar sua vila e seus alunos, não quando havia tanto dependendo dele. Claro, nada disso tornava a decisão mais fácil. Durante o tempo em que ficasse longe de sua imouto ele faria de tudo para visita-la quando pudesse. Isso se ela decidisse voltar a falar com ele, o que não pareci ser provável no momento.

Eles viajaram por quase dois dias, parando apenas para refeições e curtos descansos. Ao pôr-do-sol do segundo dia eles se instalaram em uma pequena vila para passar a noite e poderem descansar de verdade. Na hora de dividirem os quartos, Kaori simplesmente subiu as escadas, entrou em um e bateu a porta atrás de si, sem dar a chance para que Kakashi entrasse ou sequer dissesse boa noite.

– Hã... – Naruto murmurou – Ela é meio rabugenta, não é?

Sakura deu um cutucão nas costelas de Naruto para que ele ficasse quieto, notando a expressão levemente triste de seu sensei. Ela se adiantou para a porta por onde a garota havia entrado e segurou a maçaneta.

–Bem, acho que esse é o quarto das garotas – ela disse para os outros – Até a amanhã.

Dito isso ela entrou e Kakashi, Naruto e Sasuke foram para o outro quarto.

O loiro já foi logo pulando em um dos futon, se esparramando todo.

– Ah... que delícia – ele disse.

– Baka – Sasuke respondeu – Como pode se deitar na cama que vai dormir estando todo sujo da viagem?

– Isso é porque eu não sou uma garotinha fresca como você, teme! – Naruto retrucou, fazendo Sasuke bufar e se dirigir ao banheiro.

– Vocês podem ir se arrumando – Kakashi disse aos dois – Eu vou comprar mais alguns suprimentos para a viagem e resolver algumas coisas com o estalajadeiro.

Os rapazes assentiram e o Hatake saiu.

...

Sakura esquadrinhou o quarto simples com os olhos, constatando que havia dois futon, duas cômodas, um armário pequeno e uma porta que deveria levar ao banheiro. Na parede logo a sua frente havia uma grande janela quadrada com o parapeito largo e, sentada sobre ele, encontrava-se Kaori.

Com passos hesitantes, a Haruno se aproximou de sua mais nova companheira de viagens, vendo apenas seu perfil contra a luz da lua. Ela estava sentada e abraçava seus joelhos, olhando para o lado de fora.

– Oi – a rosada tentou começar uma conversa, mas só recebeu um olhar irritado como resposta. Aquela garota estava começando a ficar parecida com Sasuke – Hã... só queria perguntar se você quer tomar banho primeiro.

– Pode ir – a morena respondeu secamente. Sakura assentiu e já estava se direcionando para o banheiro quando tomou coragem para perguntar o que realmente queria.

– Desculpe incomodar – ela disse – sei que não nos conhecemos direito, mas tenho que perguntar. Você está bem?

Kaori encarou Sakura mais uma vez.

– Não.

– Oh – a Haruno exclamou – Você... quer conversar sobre isso? Sei que não somos amigas, mas poderíamos ser, não é?

Amiga... Fazia muito tempo que Kaori não usava esse termo, desde o dia em que foi afastada. Era estranho pensar em ter alguém para quem contar coisas que não falava nem para seu onii... Kakashi-san. Mas, considerando que sua última conversa sentimental havia sido com um ANBU, cujo rosto ela sequer conhecia, poderia mesmo estar precisando de uma amiga.

– Eu... – ela hesitou, se lembrando que não tinha permissão para contar tudo – Não quero ir para onde vocês estão me levando.

– Ah – Sakura exclamou enquanto se sentava no outro lado do parapeito da janela, ficando de frente para Kaori – Então por que está indo?

– Será melhor para todo mundo se eu me afastar.

– Por que?

– Porque... – será que poderia contar? – Sou perigosa.

– Perigosa? – Sakura perguntou, curiosa. – Como?

Kaori apenas desviou o olhar de volta para o lado de fora e a Haruno pareceu perceber que aquele era um assunto proibido.

– Bem... – a rosada recomeçou – Já terá que ir de qualquer maneira, poderia ver o lado bom disso. Tenho certeza que o Hokage-sama não a mandaria para um lugar tão ruim assim.

– O problema não é para onde estou indo – Kaori responde – é o que estou deixando.

– Deixando? – Sakura questionou e a Hatake soltou um suspiro. Aquela garota de cabelo cor de rosa era bem insistente, mas poderia vir a ser uma boa amiga.

– Eu perdi minha família quando era pequena – ela revelou – Foi Kakashi quem me encontrou e cuidou de mim desde então. Ele virou meu oniisan, a única pessoa que posso considerar como família. Quando ele me disse que iria me levar para um lugar desconhecido, distante e sem data pra voltar eu fiquei furiosa com ele.

Elas ficaram em silêncio por alguns instantes, enquanto Sakura pensava no que dizer.

– Acho que eu te entendo – ela disse – Mas, se Kakashi-sensei acha que isso é o melhor para você, então deve ser. Duvido que ele queira fazer isso. Nunca imaginei que ele tivesse esse tipo de relação alguém e, se ele tem isso com você, deve se importar muito. Pense que ele vai sofrer também.

Aquilo pareceu atingir Kaori que, até o momento, estivera concentrada em sua própria dor, sem perceber que seu oniisan também estava triste. Ninguém iria recebê-lo das missões com um abraço e comida pronta, ninguém iria cuidar dele quando ficasse doente ou dizer “Boa noite” antes de dormir. Ele não falava muito sobre seu tempo antes de encontrá-la, mas, pelo que a garota pôde deduzir, ele era bem infeliz. Pela primeira vez desde que havia recebido a notícia de sua viagem, Kaori percebeu que estava sendo egoísta.

Sentindo o clima pesado que havia se formado e tentando amenizá-lo, Sakura chamou a atenção da morena.

– Ei! Se você viveu com Kakashi-sensei já deve ter visto o rosto dele, né?

– Ha! – Kaori riu – Bem que eu queria, mas todas as minhas tentativas terminavam em desastre, cócegas e dias sem dangos.

– Kuso – Sakura resmungou, emburrada. Se nem a pessoa que mais conviveu com Kakashi havia conseguido ver seu rosto, não restavam esperanças para ela e seus amigos.

Kaori riu com a reação dela. De uma maneira meio estranha, realmente havia feito uma nova amiga. A rosada parecia ser uma pessoa bem agradável, embora um tanto incomum.

Logo abaixo delas, escondido sob a copa de uma árvore em frente à janela do quarto e com o chakra devidamente escondido, Kakashi sorria discretamente e agradecia que pelo menos um de seus alunos tinha habilidade de conversar com outro ser humano.

...

Na manhã seguinte, Kaori acordou com o sol atravessando a janela do quarto. Se espreguiçou e, ao olhar para a outra cama, percebeu que estava vazia. Sakura de veria estar tomando banho, então teria de esperar até que ela saísse.

A conversa que tivera com ela na noite anterior havia sido de grande ajuda. De certo modo, ainda estava um pouco abalada com a perspectiva de uma vida totalmente nova, num lugar desconhecido e com pessoas estranhas. Mas ela iria, pelo menos, tentar aceitar essa ideia e não ser ingrata com seu oniisan, porque sabia que aquilo não deveria estar sendo fácil para ele também.

Ouviu o barulho da porta do banheiro sendo destrancada e se levantou a tempo de ver Sakura saindo.

– Ohayo, Sakura-chan – ela cumprimentou com um sorriso.

Os olhos verdes dela se arregalaram levemente, mas então ela sorriu de volta, aceitando a demonstração de amizade.

– Ohayo, Kaori-chan.

Era bom ter uma amiga de novo.

...

Tomou um banho rápido e tinha acabado de abrir a porta quando um borrão loiro nublou sua visão.

– Kaori-cha-

Ela jurou que aquilo havia sido um reflexo, sério. Mas, quando um ser vindo do nada pula na sua frente, os anos que você passou tendo treinando com um jounin de elite surtem efeito. Por isso, assim que Naruto se jogou em cima com seu jeito espalhafatoso, simplesmente para dizer “Ohayo”, o corpo de Kaori se moveu sozinho, se inclinando instintivamente para trás enquanto seu pé subia em um arco ascendente, acertando em cheio a cabeça do loiro.

– ITAAAAAI! – o grito esganiçado no Uzumaki despertou Kaori para o que ela havia feito.

– Ah! Por Kami! – ela exclamou e se agachou ao lado de Naruto, que estava estirado de costas no chão – Gomen! Você me assustou!

Enquanto o loiro se ocupava em gemer e ela pedia desculpas, Sakura se contorcia de rir na cama e Sasuke se esforçava para manter sua expressão neutra, mesmo que quisesse gargalhar com gosto da cara de baka de Naruto.

– T-Tudo bem – ele respondeu com um sorriso forçado.

– Mas... – a Hatake disse assim que teve certeza de que o garoto estava bem – O que vocês estão fazendo aqui?

– Kakashi-sensei desceu para tomar café-da-manhã e pagar pela noite – Naruto explicou – Pediu que viéssemos aqui chamar vocês – então ele estreitou os olhos em direção a Kaori – Mas eu quero fazer outra coisa.

Eles se encararam em silêncio, a morena apenas esperando, com uma expressão surpresa, o que ele iria falar.

– Eu sou ninja de elite – Naruto exclamou – Um futuro Hokage. Só aceito missões importantes e, por isso, tenho que ter certeza de que você é alguém importante para ser escoltada!

Depois dessa declaração absurda, Sakura foi a primeira a partir pra cima dele.

– Naruto! – ela ralhou – Isso é jeito de falar com as pessoas? Kaori-chan é a imouto do Kakashi-sensei e ele ficaria muito zangado se soubesse que você fala com ela assim!

– Imouto?! – ele exclamou com surpresa e se virou para Kaori – Você já morou com ele?

– Bom, sim – ela respondeu depois de decidir não se ofender com o que Naruto havia dito – Praticamente a minha vida toda.

– Sugoi! Então você já deve ter visto o rosto dele, certo?

Dessa vez até Sasuke se interessou pela conversa. Kaori deu um suspiro e olhou para os três.

– Infelizmente, nunca vi – respondeu – Ele dorme com aquilo no rosto e imagino que só tire para tomar banho.

– Não tira – Sasuke se pronunciou de repente.

– É verdade – Naruto disse – Já tentamos forçar ele a tirar, mas até nas fontes termais ele usava uma tolha para cobrir o rosto.

– O único momento em que quase vimos foi quando ele ia comer – Sakura continuou – Mas uns amigos nossos apareceram e, assim que olhamos para ele, a tigela de rámen estava vazia e a máscara estava no lugar. Foi tudo muito rápido.

– Nossa... – Kaori disse. Nunca imaginara que existiam mais pessoas com a mesma fixação com o rosto de Kakashi que ela possuía – Acho que jamais conseguiremos ver.

Aquelas palavras foram o que bastaram para despertar a curiosidade dos membros do time 7, um desejo que compartilhavam e uma das únicas coisas que os fazia se unir sem brigas. Eles trocaram um olhar de determinação ferrenha, praticamente lendo os pensamentos um do outro, deixando Kaori se perguntando o que aquela conversa silenciosa entre eles poderia significar.

– O que foi? – ela indagou.

– Não aceitaremos isso! – Naruto exclamou – Jamais desistiremos de ver o verdadeiro rosto do Kakashi-sensei!

– Isso mesmo! – Sakura concordou.

Sasuke apenas assentiu com a cabeça.

– E então, Kaori-chan – Naruto a olhou solenemente – Irá se juntar a nossa causa?

Kaori pensou por um instante. Bom, uma última travessura com seu oniisan não parecia uma má ideia... pelos velhos tempos.

...

Aquela manhã estava sendo bem estranha para Kakashi. Assim que as crianças desceram para o café-da-manhã, pareciam estar do mesmo modo que no dia anterior. Seus três alunos andavam juntos, ocasionalmente conversando entre si, e Kaori vinha atrás, emburrada e pisando duro. Ele imaginou que, depois da conversa que ela tivera com Sakura na noite anterior, estaria pelo menos uma pouco mais maleável.

Ficaram assim durante toda a refeição, enquanto sua imouto se negava a olhá-lo nos olhos. Foi apenas no momento em saíram da estalagem, por apenas um segundo, um mísero segundo. Kakashi estava fechando a porta atrás de si e, ao olhar para frente, viu de relance os olhos de Kaori. Aquele olhar...

Ele conhecia muito bem aquele olhar. Kaori iria aprontar, e ele tinha certeza que seu querido time 7 não ficaria de fora disso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Comentem e recomendem, onegai! Quero saber o que vocês pensam!