Imouto escrita por Mitsue chan


Capítulo 12
ANBU, o confidente


Notas iniciais do capítulo

Yo mina! Demorei, né? Gomen! Eu queria dizer que, por estar no meio de uma outra fic, com bloqueio criativo e faltando pouco mais de um mês para o ENEM, e eu estou no terceiro ano, posso demorar para postar. Mas prometo que de modo algum irei abandonar a fic, então não me deixem, onegai! Bom, aqui vai mais um capítulo pra vocês! Espero que gostem. Boa leitura!



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1 ano depois

Kakashi pulava pelos telhados a toda velocidade, já sabendo que chegaria atrasado, como sempre, aliás. Toda vez que isso acontecia ele dava uma desculpa: atalhos, gatos pretos ou velinhas que precisavam de ajuda (essa última ideia ele devia a um velho amigo), mas jamais diria a verdadeira razão.

Depois da decisão do Hokage ser tomada, ele e Kaori se mudaram para uma das cabanas que ficavam na periferia da vila. Elas eram feitas especialmente para moradores que desejassem se manter afastados ou que precisassem ficar em quarentena, e esse era o caso de sua imouto. O lugar, embora fosse limpo e bem feito, não era nem de longe tão aconchegante quanto seu antigo apartamento, mas ela jamais reclamava, mantinha tudo bem cuidado e sorria sempre que Kakashi aparecia lhe trazendo dangos. Contudo, o ninja percebia que alguma coisa havia mudado. Os grandes olhos castanhos agora eram resignados ao invés de cheios de expectativas do futuro. Algumas vezes ele a flagrara treinando Taijutsu em árvores até que seus membros ficassem esfolados, mas sem derramar uma lágrima de dor, pelo menos não de dor física.

A única coisa que alegrava Kaori era a promessa dele de jamais abandoná-la e, em função disso, aceitara o cargo de sensei, largando a ANBU. Depois de vários grupos terem passado por ele, finalmente havia um que fora aprovado em seu teste. Aquele trio era peculiar e poderia ser tanto uma fonte de problemas como de orgulho, mas Kakashi até que estava gostando de treiná-los. Eram dedicados e unidos, apesar das constantes brigas infantis. O único problema era que, toda vez que marcavam um encontro, ele passava tempo de mais com sua imouto e perdia a hora, sendo obrigado a dar desculpas cada vez mais esfarrapadas. Pelo menos agora suas missões eram curtas e simples, sem correr risco de vida, e isso era o que importava.

Sua vida estava o melhor que a situação permitia, mas ainda havia um problema crucial. Ninguém parecia ser capaz de entender e muito menos controlar o poder de Kaori e isso a impedia de interagir com os outros de tal modo que já estava ficando preocupado com a possibilidade de ela entrar em depressão, mas nenhum dos exames foi conclusivo. Kakashi já estava suspeitando de um novo Kekkei Genkai. O único com algum resultado foi o exame de chakra, embora a explicação da médica tenha sido muito incomum, algo como: “Imagine que os chakras de todas as pessoas sejam como cachorros. Tem diferentes raças, mas são todos da mesma espécie. O seu chakra, Kaori, não é. Ele é como se fosse... um gato! Por isso que os jutsus normais não funcionam.” Uma grande metáfora, mas esclarecedor. Então cabia ao Hokage procurar pelo mundo alguém que entendesse desse tipo especial de chakra. Uma amostra foi recolhida e ninjas ANBU’s faziam a busca. Enquanto isso Kaori aguardava.

Gomen, mina! Tinha um gat-

– Está atrasado!!

Kakashi riu sem graça enquanto seu time o olhava com raiva. Gostava muito deles e ficaria muito feliz se Kaori pelo menos tivesse alguns amigos, mas até agora isso era impossível. Com um suspiro ele pediu que sua equipe o seguisse, teriam outra missão. Mais uma vez tinha sido algo bem simples: capturar o pobre gato que já devia estar ganhando comissão por participar de tantas missões de genins, sempre fugindo de sua dona espalhafatosa. Como de costume eles o perseguiram, capturaram, levaram de volta e Naruto deu seu usual chilique, alegando que jamais se tornaria Hokage fazendo missões ridículas como essas. Tudo normal.

Mas, para a surpresa o jounin, o Hokage acatou, dando ao time 7 uma missão Rank C. Isso vai sobrar pra mim Kakashi pensava. Teriam que escoltar um construtor de pontes até sua terra natal, o que levaria alguns dias de caminhada, sem contar na viagem de volta, e protege-lo enquanto construía sua obra. Em sua mente, o Hatake só pensava em quanto tempo deixaria sua imouto sozinha. Não poderia fazer isso!

Assim que seus alunos deixaram a sala ele desfez a postura relaxada que sempre mantinha e olhou para o Hokage.

– Hokage-sama – ele chamou – Posso ter uma conversa em particular com o senhor?

O Hokage nem sequer perguntou o assunto e pediu licença às outras pessoas da sala, já sabia do que se tratava. Assim que ficaram sozinhos, fitou a expressão grave do ninja de cabelos brancos.

– Sei o que quer, Kakashi, mas não pode leva-la.

– Não posso deixa-la sozinha por tanto tempo – ele retrucou com a voz calma – Já é difícil ser a sua única companhia. Tenho medo do que ela pode fazer.

– É justamente por eu compartilhar seu medo que não posso permitir que ela vá – o Hokage disse – Mas posso pedir que um dos agentes da ANBU a vigie – viu a pequena carranca que se formou na expressão de Kakashi – Sei que não gosta disso, mas não há outra opção. As únicas outras pessoas que sabem dela além de nós são Kurenai e Gai, mas eles estão ocupados com suas próprias equipes.

– Foi justamente para evitar esse tipo de situação que larguei a ANBU – o Hatake disse.

– Sei disso, mas você terá de lidar com isso agora. Sua equipe também é responsabilidade sua.

Kakashi ficou calado e, pela primeira vez em sua vida, saiu da presença do Hokage sem fazer uma reverência. Quando se viu sozinho do lado de fora da sala, sua carranca se aprofundou. Deixar sua imouto sob os cuidados de um ninja tão frio quanto um ANBU só a faria se sentir pior.

Contudo, para o bem ou para o mal, ele se apegara demais aos seus alunos e jamais os decepcionaria numa hora dessas. O jeito ia ser resolver tudo logo e voltar o mais rápido possível para sua imouto.

...

Com um último chute, Kaori terminou sua sessão de trinos, não por ter algo melhor para fazer, mas seus braços e pernas já estavam sensíveis demais. Ela andou vacilante até a sombra de uma árvore e se sentou no chão, retirando as ataduras de seus membros para passar mais remédio. Depois de algum tempo de treino eles ficaram bastante feridos e ela tinha que passar uma pasta medicinal, mas não parava de treinar. Era a única coisa que mantinha sua mente ocupada.

Depois de alguns segundos, quando sua respiração se normalizou, ela virou a cabeça lentamente para a direita, fitando o ninja sentado no chão a alguns metros dela. Quando era pequena ela se sentia intimidada pelas máscaras de animais que eles usavam, mas sabia que, assim como seu oniisan, eles deveriam ser pessoas bem agradáveis por debaixo delas.

Pensar nele fez com que ficasse triste. Já fazia alguns dias que seu oniisan partira e de manhã recebera uma mensagem dizendo que houvera uma complicação na missão e que ele demoraria mais. Agora ela só tinha o tal mascarado como companhia. De início ela se incomodara em ter uma “sombra” para vigiá-la o tempo todo, mas agora simplesmente não dava mais atenção. De vez em quando um ninja diferente assumia o posto do primeiro, provavelmente para permitir que ele descansasse, mas normalmente era o mesmo.

Enquanto descansava ela ficava encarando o ANBU. Sem seu oniisan para conversar os dias passavam mais devagar. Uma ideia veio a sua mente. Pelo que sabia, esse tipo de ninja era treinado para guardar informações e não tinha relação nenhuma com ela.

– Posso te contar uma coisa? – Kaori perguntou, mas ele sequer se moveu. Ela ignorou esse fato e continuou falando – Tem coisas que eu não gosto de conversar nem com meu oniisan. Acho que você deve conhecer ele, de quando ele era da ANBU. – ela esperou por uma reação. Nada. – Sabe, ele não é meu irmão de verdade, mas eu não me importo, já que nem me lembro da minha família. Eles morreram há muito tempo e o oniisan me encontrou e cuidou de mim – ela passou a fitar as próprias mãos e, com um sorriso triste, continuou – Foi complicado no começo, mas depois a gente se adaptou bem. Tiveram até umas histórias bem engraçadas. Uma vez eu tentei tirar a máscara dele durante a noite porque sempre fui muito curiosa, mas claro que ele foi mais esperto e, quanto eu vi que era um bunshin, o verdadeiro me pegou por trás e começou a me fazer cócegas – Kaori olhou para o céu enquanto as lembranças povoavam sua mente – Depois disso eu fiquei três dias proibida de comer dangos. Claro que tentei de novo, mas o oniisan é rápido demais pra mim. – olhou de novo para o ninja. Era impressão ou ele parecia ter virado a cabeça levemente em sua direção? Tomando isso como um incentivo, voltou a falar – Ás vezes eu acho que sou um fardo pra ele. Por minha causa ele não tem a casa só pra ele, teve que sair da ANBU e que se mudar comigo pra cá, mas aí ele me diz que me ama, e que vai cuidar de mim, e isso me faz sentir bem. Então se ele me diz que é melhor ficar aqui, eu acredito. Não quero perder o controle de novo e machucar o oniisan. Ele é minha família – a Hatake deu um sorriso sem humor e se virou mais na direção do ninja – Ah, eu não te contei? Fui eu que matei a primeira. Bom, não totalmente. Os saqueadores que mataram, mas acho que a destruição do resto da vila foi minha culpa. Isso quase aconteceu de novo há um ano e eu nem fazia ideia do que estava fazendo! – agora ela sorria como se achasse graça da situação – Por fim, estou presa aqui, sabendo que jamais vou me tornar genin, e olha que eu ralei muito! Mas isso não importa, porque o pior é saber que o oniisan vai ficar ainda mais preso a mim, coitado. Já deve estar se cansando! – o sorriso sumiu e ela voltou à expressão triste – Já perguntei se ele preferia não ter me encontrado e ele diz que não. Eu fico muito feliz de ele ter decidido cuidar de mim, porque eu sei que ninguém mais iria me acolher depois de saber o que eu sou e – Kaori fungou e sentiu uma lágrima correr por seu rosto – eu não sei o que faria se ele morresse. Do jeito que eu sou, acho que vocês teriam que me matar antes que eu destruísse a vila toda. Mas eu confio no oniisan e sei que esse atraso é bobagem e que logo ele volta pra mim.

Ela ficou lá, sentada, então sorriu para o ninja mascarado e fez o sinal da cruz em frente à boca.

– Jura que não conta pra ninguém – disse – Você é meu confidente agora e não pode dizer pro oniisan o que eu te falei. Jura? – ele não expressou nenhuma reação – Bom, quem cala consente. – Kaori se levantou e guardou suas coisas – Vou tomar um banho e daqui a pouco trago algo pra você comer, tá?

Dito isso, ela correu para dentro da cabana. Assim que a porta bateu, o ninja mascarado soltou o ar que estivera prendendo desde que a garota começara a contar sua história, dando a ele a chance de ver em primeira mão todo seu sofrimento.

...

Demorou muito, muito mais do que Kakashi planejava, mas finalmente estavam voltando à vila. Fora uma missão inesperadamente perigosa, mas que também lhe trouxera muito orgulho. Seus alunos haviam crescido bastante, tanto em força quanto em maturidade. Por causa disso, assim que a missão acabou, ele se deu o direito de relaxar um pouco e apreciá-los, mas sabia o que deveria fazer assim que voltasse.

Com passos decididos o ninja se dirigiu até a sala do Hokage com um pergaminho na mão. Levara algum tempo para fazer o relatório da missão, mas passara as noites durante a viagem de volta preparando-o e finalmente havia conseguido, agora teria que conversar com seu líder. Assim que recebeu a permissão, abriu a porta e entrou no escritório.

– Hokage-sama.

– Bem-vindo de volta, Kakashi.

– Aqui está o relatório – ele disse e entregou o pergaminho ao outro homem. O Hokage o pegou e começou a ler, seu cenho se franzindo mais a cada frase. Quase no final do relato ele finalmente entendeu o motivo do homem tão sério a sua frente.

– Kakashi-

– Por que ela não pode? – era a primeira vez que interrompia o Hokage – Eu entendo seu medo de Kaori perder o controle, mas achei que o selo do Yondaime fosse o suficiente para manter a Kyuubi. Imagino que o senhor já suspeitasse da possibilidade de Naruto ser possuído por ela, mas se ele pode ter uma vida normal porque Kaori não?

O Hokage deu um suspiro, realmente não esperava que isso acontecesse.

– O Naruto é um caso especial. O Yondaime selou a Kyuubi dentro dele com um propósito que eu não posso revelar agora, mas é importante que ele se fortaleça. Além disso, o selo que ele carrega é forte e conhecemos a ameaça. Kaori é um caso novo e não sabemos como contê-la ou controla-la.

– Então o que eu devo fazer? – Kakashi perguntou. O Hokage levantou os olhos e o fitou com seriedade.

– Sobre isso...


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Comentem e recomendem, onegai!