Imouto escrita por Mitsue chan


Capítulo 11
Mudança


Notas iniciais do capítulo

Geeente! Me lembrei de dizer uma coisa que tinha esquecido (óbvio!) e que é muito importante! Recebi uma mensagem do Mensageiro da morte! Não, não é isso que vocês estão pensando. Na verdade Mensageiro da morte é o nome do perfil da pessoa que fez minha primeira recomendação, mas eu estava postando os capítulos meio as pressas e esqueci de agradecer! Muitíssimo obrigada por recomendar! Isso alegra meu coraçãozinho :3 Espero continuar agradando! Agora, boa leitura ;)



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Agora tudo fazia sentido, da pior maneira possível. Estaria mentindo se dissesse que essa possibilidade nunca passou por sua mente, mas agora sabia da verdade e nunca desejou tanto estar errado.

Kakashi ainda lutava para se manter em pé enquanto via outra rachadura começar a partir o chão, não fazia ideia de onde seus companheiros estavam e só conseguia encarar com descrença enquanto sua imouto destruía tudo ao seu redor sem nem perceber.

Com um passo vacilante atrás do outro, Kakashi cambaleou até ela. Precisava parar aquilo antes que mais alguém se machucasse. Desviou das rachaduras no chão que só se alargavam e tentou inutilmente proteger o rosto com os braços.

Estava quase tocando Kaori quando uma chama mais forte partiu dela e passou raspando por ele. Ignorando o calor, ele deu mais um passo e tocou seu ombro.

Lentamente, Kaori levantou o rosto e Kakashi sentiu dor ao ver seus olhos banhados de lágrimas e a expressão distorcida pelo medo. Olhos sempre tão alegres que não mereciam parecer tão assustados.

Aos poucos sua expressão se abrandou, os olhos o focalizaram melhor e, com mais uma onda de lágrimas e um soluço, Kaori se atirou nos braços de seu oniisan. Vivo. De repente o vento parou, a terra se estabilizou e apenas resquícios do incêndio ficaram para trás. Pelo canto dos olhos, Kakashi pôde ver quando Kurenai e Gai se levantaram cambaleantes e, sem perder tempo, algemaram juntos os nukenins que ainda se encontravam caídos. Depois de fazerem isso, apenas lançaram olhares preocupados para ele. Não iriam fazer perguntas agora, não enquanto Kaori chorava copiosamente em seus braços.

...

Depois de chorar por mais algum tempo, Kaori desfaleceu em seu colo. Por mais que se preocupasse, assim era melhor, ela descansaria. Ele ia pegá-la no colo, mas os ferimentos que recebera fizeram efeito. Usando um Genjutusu, Kurenai obrigou o ninja médico a curá-lo e assim puderam partir: a garota, os três jounins e apenas cinco nukenins.

Kakashi ainda fez um jutusu de convocação para ver se Pakkun estava bem. Aparentemente, a confusão tinha sido tão grande que ele não aguentara e fora enviado de volta para sua terra. Mais aliviado, Kakashi o liberou com a promessa de que iria conversar com ele depois.

Durante a viagem de volta, Kaori apenas dormia no colo de Kakashi. Quando chegaram à cidade deixaram os nukenins na prisão e voltaram para a casa do líder da vila, que parecia nem ter notado que a garota havia desaparecido. O Hatake pediu que ele chamasse um médico enquanto cuidava de sua imouto no quarto ao que o homem prontamente obedeceu.

O médico chegou enquanto ela ainda dormia e fez todos os exames possíveis. Ele concluiu que, fisicamente, ela estava bem, apenas com exaustão de chakra. O ninja agradeceu e foi se sentar no chão ao lado dela, fazendo guarda. Em algum momento Kurenai e Gai apareceram, perguntando como ela estava e se ele queria descansar ou algo para comer, ao que Kakashi negou e voltou a ficar sozinho com Kaori.

Já era a manhã do dia seguinte quando Kaori começou a acordar, encontrando seu oniisan a encarando depois de uma noite em claro. Ela o fitou com olhos inexpressivos por um segundo para então virar o rosto para outro lado.

– Kaori-chan – Kakashi chamou suavemente. Ela nem parecia ter ouvido. Com um suspiro preocupado, ele se aproximou e, com todo o cuidado, a colocou sentada no futon. Ela simplesmente se deixou ser movida e ficou lá, sentada, com o corpo praticamente inerte, olhos obscurecidos e uma expressão vazia, fitando suas mãos em seu colo. – Kaori? – Kakashi tentou de novo, sem receber resposta.

Estava começando a se preocupar quando escutou a porta ser aberta e viu Gai entrando seguido de Kurenai que carregava uma bandeja com café-da-manhã. Ambos se espantaram por ver Kaori acordado e antes que Kakashi pudesse impedir, eles estavam ajoelhados ao seu lado.

– Kaori-chan – Kurenai chamou docemente – Como está se sentindo?

A única reação de Kaori tinha sido olhar de relance para a porta quando ela foi aberta, para então voltar para a posição em que estava. Os olhos avermelhados de Kurenai estavam preocupados enquanto Gai apenas via a expressão abatida de seu colega. Eterno rival ou não, nunca gostara de ver um amigo assim.

– Kaori-chan – Kurenai chamou de novo, inclinando o corpo para tentar olhá-la nos olhos, mas a garota apenas escondeu mais o rosto, o movimento fazendo com que uma cortina de cabelos castanhos e encaracolados cobrisse um lado de seu rosto. Com expressões preocupadas, os dois shinobi deixaram os Hatake sozinhos, depositando a bandeja ao lado do futon. Assim que a porta se fechou atrás deles, Kakashi olhou para sua imouto. Mesmo a conhecendo tão bem, não conseguia decifrar seus pensamentos, não quando seus olhos estavam tão escuros e sua expressão era tão apática. Ele nunca a vira assim antes.

– Imoutosan? – sem reação – Está com fome?

Dessa vez, ele recebeu um quase imperceptível balançar de cabeça que só era visível por causa do movimento dos cabelos. Já era melhor que nada.

– Quer tomar um banho? – mais uma vez, ela negou. Kakashi já estava ficando preocupado com o estado em que sua mente poderia estar – Quer conversar?

Muito lentamente, Kaori virou seu rosto na direção dele, o fitando com aqueles olhos mortos que só o assustavam.

– Vai me mandar embora, não vai?

A expressão de Kakashi era a mais surpresa possível.

– Mandar embora? – ele repetiu – Por que faria isso?

– Porque fui eu – ela explicou em um tom tão natural que nem parecia falar de algo tão sério – Eu me lembro agora. Da minha vila. Fui eu, não é? – o ninja não respondeu, apenas a olhou com preocupação – Já sabia – ela continuou – Não posso ficar na vila.

Finalmente Kakashi se pronunciou.

– Não diga bobagens. Jamais a mandaria embora.

– Eu sei – ela respondeu sem emoção – Mas o Hokage vai, e ele está certo. Poderia machucar alguém da vila, meus colegas de equipe, meu sensei... você. Acho que nunca me tornarei uma genin – finalmente alguma expressão passou pelo seu rosto. Fechando os olhos com força para não derramar mais lágrimas e crispando os lábios, Kaori continuou – Seria muito melhor se você não tivesse me encontrado, se eu tivesse morri-

– Chega! – Kakashi gritou com ela. Não se lembrava de já ter feito isso, mas não iria ficar parado assistindo enquanto sua imouto ficava desejando a morte. Ele encarou os olhos levemente surpresos dela – Encontrar você foi a melhor coisa que já aconteceu pra mim. Acredite ou não, mas você me ajudou a sair de uma situação tão ruim quanto a que você está agora. Eu te fiz parte da minha família porque quis e não vou ficar escutando você abominar a vida!

As palavras dele chegaram aos seus ouvidos como palavras de libertação. O único pensamento em sua mente era que seria afastada, exilada, odiada por seu oniisan. Mas ele jamais a deixaria. A imagem de seu oniisan começou a ficar embaçada e, sentindo as grossas lágrimas voltarem a escorrer por seu rosto, ela deixou os ombros caírem com o cansaço.

– Oniisan – ela disse com a voz embargada. – Gomen.

Kakashi se aproximou e a envolveu em um abraço apertado.

– Está tudo bem, imouto – ele sussurrou para ela enquanto acariciava seus cabelos. Sentia enquanto ela tremia em seus braços e só sua força de vontade o impedia de chorar também. Seria forte por ela. Ele cuidaria de sua imoutosan. Afinal, se ela podia derrotar um exército de ninjas assassinos, ele podia fazer isso.

...

A viagem de volta foi feita em um silêncio sepulcral. Gai e Kurenai se limitavam a falar com Kakashi e apenas quando fosse necessário, enquanto este carregava a garota nas costas. Depois de descansar bastante Kaori parecia ainda ser incapaz de se esforçar demais, então seu oniisan decidiu carrega-la de volta até a aldeia, mas o mais preocupante era o modo como ela havia se fechado.

Kaori não falava, só respondia às perguntas com movimentos leves de cabeça, seus olhos estavam escuros e ela não encarava ninguém. Vez ou outra Kakashi tinha de insistir para ela comer alguma coisa e ficava cada vez mais preocupado com ela. Ele poderia ser um homem calado, mas era incomum que sua imouto passasse mais do que poucos minutos em silêncio, sempre querendo conversar com ele. Aquele silêncio o assustava.

Quando finalmente chegaram à aldeia o Hatake levou Kaori até em casa, pediu que ela tomasse um banho e preparou seu jantar. Assim que ela acabou de comer e pareceu ter adormecido, Kakashi foi relatar tudo o que tinha acontecido ao Hokage, mas temia o que poderia acontecer. Se o Sarutobi fosse um homem mais rígido, com certeza a expulsaria da vila,mas jamais permitiria que sua imouto ficasse sozinha no mundo.

Deu um longo suspiro e abriu a porta.

– Hokage-sama.

– Olá, Kakashi – ele respondeu casualmente enquanto desenrolava um pergaminho – Correu tudo bem na missão?

A medida que o ninja relatava o que tinha acontecido a expressão do Hokage se tornava mais séria, escutando enquanto suas suspeitas eram confirmadas. Ele imaginava que a garota tivesse alguma coisa a ver com o que acontecera na vila, mas não fazia ideia do quão perigosa ela poderia ser. Deixa-la na vila seria, com certeza, um risco e seria impossível admiti-la como genin, que passavam por várias situações estressantes que poderiam resultar em um desastre. Com um olhar grave, ele fitou o homem de cabelos brancos a sua frente. Se afastasse Kaori da vila ela não seria a única a sofrer, Kakashi, que parecia prender a respiração enquanto aguardava por sua decisão, também sofreria.

– Não vou expulsá-la, se é isso que te preocupa – viu o ninja espirar lentamente – Mas não posso permitir que ela fique no centro da vila. Leve-a para uma área afastada, vigie seus movimentos e sugiro que suspenda seu treinamento. Infelizmente não posso permitir que ela se torne genin e preciso que ela se submeta a vários exames. Talvez possamos entender esse poder, aprender a controla-lo.

Kakashi assentiu, aliviado e decepcionado ao mesmo tempo. Por um lado, a decisão do Hokage poderia ter sido muito mais dura, por outro, sua imouto tinha se dedicado por meses a um treinamento muito rígido em vão.

– Mais uma coisa – o Hokage chamou sua atenção – Você não pode mais sair em missões de Rank S. Não posso nem imaginar o que aconteceria com Kaori, e consequentemente com a vila, se chegássemos com a notícia de que você está ferido ou morto. Quero que você troque de emprego. Ao invés de um agente ANBU, poderia se tornar sensei, por exemplo.

O Hatake ficou sem ação por alguns instantes. Ele? Um sensei? Isso simplesmente não parecia combinar com sua personalidade.

– Não sei, Hokage-sama – ele respondeu – Acho que prefiro ficar perto de Kaori.

– Faça como quiser – respondeu – Mas pense sobre isso.

– Hai – Kakashi concordou, então algo lhe veio a mente – Com sua permissão, Hokage-sama, peço que me deixe adiar a mudança até amanhã. Queria que ela descansasse por essa noite.

– Claro – o homem assentiu e seu olhar ficou cansado – Cuide dela. Criança nenhuma deveria passar por isso.

Kakashi fez uma curta reverência e saiu, vários pensamentos rondando sua mente. Não iria desistir de sua imouto, mas temia o que poderia acontecer; queria ficar ao seu lado 24 horas por dia, mas não teria como sustenta-la se parasse de ganhar dinheiro com missões e não podia esperar que o Hokage o bancasse. Talvez a opção de ser sensei não fosse tão ruim, com certeza seria menos perigosa do que continuar como ANBU.

As imagens voltaram a sua mente. O modo como Kaori entrara em desespero quando achou que ele poderia morrer e a destruição que se seguiu. No final o plano de pressioná-la fora desnecessário e ele descobriu o que não queria. A expressão dela quando olhou em seus olhos, grandes olhos castanhos e muito assustados, estava marcada em sua mente. Desde que Kaori entrara em sua vida, Kakashi passara a zelar pela própria vida mais do que nunca, não por si mesmo, mas por ela. Antes disso, estar vivo ou morto não lhe importava, apenas viver um dia atrás do outro, sem muita emoção. Aí, uma pequena criaturinha aparece sem mais nem menos e vira seu mundo de cabeça para baixo. Ele preferia assim.

Com a intenção de não acordar Kaori com o barulho da porta, Kakashi decidiu entrar pela janela de seu quarto que ele havia deixado aberta, mas qual foi sua surpresa ao constatar que o quarto estava vazio? A cama de Kaori estava bagunçada e ele não a via ou sentia em nenhum lugar da casa.

– Kaori? – ele chamou, mas sem realmente esperar por uma resposta – Kuso.

Ele subiu no telhado e, com alguns rápidos movimentos de mão, invocou Pakkun.

– Ah, Kakashi – o cão disse – Imagino que queira conversar. Olha, antes de se zangar comigo-

– Esqueça isso – o Hatake ralhou – Encontre-a!

Com uma leve surpresa, Pakkun se pôs a farejar e, em pouquíssimos segundos, já estava pulando pelos telhados com Kakashi logo atrás. Antes mesmo que pudesse dizer a onde a garota estava, Kakashi a viu e, depois de agradecer, desfez a invocação.

Kaori estava sentada num balanço que ficava no meio do parquinho que frequentava quando era mais nova. Ela olhava para cima, como se apreciasse a lua, mas não parecia realmente fazê-lo, e o único som era o ranger das correntes enquanto ela se movia lentamente para frente e para trás.

Kakashi foi até ela e se sentou no balanço ao seu lado, tendo que se encolher um pouco para caber. Ele fitou o céu assim como ela, então seu olho visível orbitou na direção dela. Não sabia o que dizer, nem o que ela queria o que ele dissesse.

– Desculpe ter saído – Kaori o surpreendeu quando começou a falar tão calmamente– Me senti... sufocada.

– Tudo bem – respondeu no mesmo tom.

– O que o Hokage disse? – ela perguntou como se falasse de um assunto banal.

– Bom – o homem começou – teremos que nos mudar para a periferia da vila, um lugar mais afastado.

– Poderia ter sido pior – Kaori comentou – você vai também?

Kakashi a olhou levemente surpreso.

– Claro que vou. Por que não iria?

– Não quero que pare sua vida por minha causa. Ficaria muito difícil cumprir as missões como ANBU.

– Cuidar de você não é como parar minha vida, Kaori – ele respondeu em um tom mais sério – E eu não pretendo continuar com as missões.

– Então como vai ganhar dinheiro?

– Vou dar um jeito, tenho várias economias. E o Hokage me ofereceu um cargo como sensei, mas não sei se-

– Deveria aceitar. – ela o interrompeu. Kakashi viu quando ela passou a fitar as próprias mãos em seu colo – Ia ser bom pra você.

– E por que diz isso? – ele questionou com curiosidade.

– Você é um bom professor – Kaori respondeu com um pequeno sorriso – E, já que não vai mais me treinar, pensei que te faria bem.

O Hatake ficou tenso com as palavras dela.

– O que? – sua imouto finalmente o olhou de frente, com um sorriso forçado que não alcançava seus olhos castanhos – Já te disse que sei que não posso mais treinar. Ninguém pode se tornar genin quando não sabe controlar o próprio poder. Alguém poderia se machucar.

Ficaram em silêncio, apenas o ranger das correntes e um ocasional pio de coruja preenchiam a noite. Kakashi não sabia o que dizer para aplacar a dor que sua imouto obviamente sentia, por mais que tentasse esconder, mas sabia que nada poderia fazer desaparecer as lembranças em sua mente. Bom, não exatamente lembranças, mas a consciência de que ela havia dizimado a própria vila. Ele se sentia culpado por exatamente duas mortes, mas Kaori tinha dezenas de fantasmas pra enfrentar.

Enquanto pensava nisso, ouviu um ruído ao seu lado. Kaori fungava baixinho e segurava os soluços. Aquilo pesou no coração do ninja, mas o fazia admirar o quanto sua garotinha havia se tornado madura e forte. No final, apesar de todas as suas dúvidas, parecia que ele a tinha criado bem.

Se levantando de seu balanço e se colocando sobre um joelho na frente dela, Kakashi colocou uma mão carinhosamente nos cabelos exóticos, como sempre fazia. Esperou que ela secasse os olhos e o fitasse. Quando o fez, ele sorriu para ela e disse a única coisa de que realmente poderia ter certeza.

– Não se preocupe, imouto. Vou cuidar de você.

Com mais algumas lágrimas descendo, mas com um pequeno sorriso de alívio pintado nos lábio, Kaori abraçou seu oniisan e se deixou ser levada de volta para casa. O dia seguinte seria bem longo.


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Notas finais do capítulo

E aí? Algum comentário ou outra recomendação? Me contem o que se passa em suas cabecinhas!