Imouto escrita por Mitsue chan


Capítulo 10
Desastre na missão


Notas iniciais do capítulo

Ohayo, mina! Tudo bom? Então, quero dizer que esse capítulo ficou um pouquinho maior, então não revisei. Por isso, se tiver algum erro, me avisem! Espero que gostem :) Boa leitura!



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Já na porta de entrada do escritório, e com Kaori devidamente fora das costas de seu oniisan, Kakashi bateu na porta e ouviu um abafado “Entre” como resposta. Ele obedeceu e já estava quase pedindo para que Kaori esperasse do lado de fora quando uma voz o chamou.

– Ah, Kakashi – o Hokage disse – Estávamos a sua espera. Como vai, Kaori-chan? Pode entrar se quiser.

Dito isso ambos entraram e fizeram uma reverência e um breve cumprimento à Gai e Kurenai que já estavam na sala.

– Hokage-sama – o Hatake disse – Desculpe a demora.

– Sem problemas – ele respondeu – Fiquei sabendo que Kaori-chan tem progredido em seu treinamento.

– Está mesmo – Kakashi confirmou, olhando com carinho para uma Kaori muito corada.

– Muito bem – o Hokage interrompeu o momento – Vamos ao assunto principal. Tenho uma missão para vocês. Um grupo de nukenins está vagando pelos arredores de uma pequena vila. Eles fugiram da prisão e não são dos mais perigosos, mas são muitos e a vila contratou os serviços de Konoha. Essa é uma missão Rank A e deve ser cumprida o mais breve possível. Todos entenderam?

– Hai, Hokage-sama – os três jounins responderam em uníssono. Então o Hokage puxou um mapa de uma gaveta e o entregou à Kakashi.

– Você será o líder da missão, Kakashi. A localização da vila está marcada no mapa. Partam antes de o sol nascer.

– Wakatta – todos responderam juntos mais uma vez.

Antes de dispensá-los, o Hokage estreitou os olhos em direção a Kaori sem que ela percebesse, como se uma ideia tivesse lhe surgido de repente. Ele se lembrava claramente do dia em que, aos cinco anos de idade, a garota havia sido submetida à um interrogatório. Nada violento, é claro, mas definitivamente intimidador para uma criança tom jovem, até uma psicóloga infantil foi envolvida. Contudo, no final, só descobriram que Kaori tinha vagas lembranças de homens estranhos invadindo sua casa, e nada mais. O caso foi deixado de lado por não haver como proceder, mas o Hokage ainda se preocupava com isso. Era muito estranho o fato de apenas Kaori ter sobrevivido à destruição de sua vila. Poderia ter sido por pura sorte ou... ela estava envolvida de algum modo. Dessa forma, com o exame genin tão próximo, ele se sentiu na obrigação de fazer um último teste, e aquela era a oportunidade perfeita. Talvez, se estivesse em uma situação de perigo real, ela revelasse alguma coisa. Mas esse teste exigiria todo cuidado possível.

– Kaori-chan – o Hokage chamou, surpreendendo a garota – em breve você se tornará genin, correto?

Ela corou um pouco, mas, com um grande sorriso, respondeu:

– Hai, Hokage-sama. Eu deixarei o oniisan orgulhoso.

Todos na sala sorriram de leve e o Hokage continuou.

– Imagino que deve estar nervosa – Kaori assentiu timidamente – Talvez, se fizesse um treino diferente, você se sentiria mais bem preparada.

Aquela conversa estava tomando um rumo estranho e todos estampavam uma expressão curiosa em seus rostos.

– Kakashi – o Hokage chamou enquanto escrevia algo em um pedaço de papel e o ninja de cabelos brancos o fitou de volta – Por que não leva Kaori nessa missão? Apenas para observar. Seria um ótimo treino.

Os olhos de garota dobraram de tamanho. Seria possível que ela teria permissão de partir em uma missão Rank A, sendo que não era nem genin ainda?! Sua surpresa só não era maior que a de Kakashi e dos outros jounins, embora não demonstrassem nada além de um suave estreitar de olhos ou franzir do cenho. Eles sabiam que essa sugestão do Hokage era completamente inapropriada, mas também sabiam que ele jamais iria sugerir tal coisa sem um motivo plausível. Então, meio surpresos, todos concordaram, fazendo com que Kaori sentisse seu sangue fugir da face.

– Ótimo – o Hokage continuou com um sorriso e então estendeu o papel no qual estava escrevendo para Kakashi – Tenho certeza que vocês a manterão segura. Aqui está o nome do líder da vila e o que vocês devem dizer a ele quando chegarem. Podem ir agora.

Eles fizeram outra reverência e saíram. Kurenai e Gai lançaram um olhar preocupado para Kakashi e Kaori que, por sua vez, estava completamente chocada com o que havia acontecido. Estava tão surpresa que quase não aproveitou sua porção de dangos e não prestava atenção em nada. Kakashi aproveitou esses instantes de distração para ler o papel que havia recebido do Hokage. Nele não havia escrito nada sobre a vila ou a missão, mas sim uma explicação sobre o porque de Kaori estar sendo mandada em uma missão e, por fim, o Hatake finalmente entendeu os motivos do Hokage, com o coração na mão, percebeu que era necessário. Aquela missão seria mais difícil do que pensava.

...

Enquanto esperavam seus companheiros no portão de Konoha, Kakashi assistia sua imouto praticamente pular no mesmo lugar, como se estivesse carregada de eletricidade. Por um lado, era engraçado, mas por outro ele também estava nervoso. Mesmo que ele soubesse que poderiam protegê-la, não se sentia confortável com o plano do Hokage, primeiro pelo simples fato dela ser uma criança que ficaria exposta ao perigo, mas mais porque a ideia de deliberadamente simular uma situação de perigo real para assustar sua imouto era muito cruel. Infelizmente, se pensasse friamente, era um bom plano. Ele não só garantiria que Kaori não representava nenhuma ameaça como impediria que Konoha sofresse algum dano, já que eles iriam agir fora da vila. Só tinha um problema: quando se tratava de sua imouto, Kakashi não conseguia pensar friamente, por isso o nervosismo tomava conta dele por dentro. Apenas por dentro.

Depois de aproximadamente 10 minutos de espera eles puderam ver Kurenai se aproximando e, logo em seguida, Gai.

– Ohayo, mina – Kurenai cumprimentou – Chegaram cedo.

– Ohayo. – ambos responderam, então Kakashi completou – Kaori não conseguiu dormir.

– Ah, que beleza! – Gai continuou de maneira animada – É gratificante quando o fogo da juventude queima tão intensamente que não conseguimos ficar parados! Não é mesmo Kaori-chan?

– H-Hai, Gai-sensei – Kaori respondeu com nervosismo. Os jounins tentavam a todo custo deixar o clima mais leve em consideração à criança. Kakashi já havia deixado seus colegas cientes dos planos do Hokage, então eles já haviam bolado uma simples estratégia. Depois de lidar com os nukenins, eles parariam para acampar em algum lugar deserto e, enquanto os jounins saíssem com a desculpa de fazer uma ronda, Gai usaria Henge no jutsu para se disfarçar de bandido e a atacaria. Se, até aí, ela não demonstrasse nenhuma reação estranha, Kakashi entraria na “briga” e acabaria ferido. Eles esperavam que ao ver seu oniisan em perigo e sendo ameaçada ela reagiria de alguma forma, sendo que o normal seria entrar em pânico, uma surpresa seria se ela tentasse entrar na luta, e ainda havia a opção do inesperado, que era o motivo de toda aquela farsa. É claro que eles poderiam simplesmente prendê-la em um genjutsu, mas decidiram não usar de truques mentais sendo que havia a mais remota possibilidade de ela ficar presa neles.

Por fim, tudo que podiam fazer agora era seguir com o plano e ver o que aconteceria.

...

Apesar de relativamente curta, a viagem até a vila marcada no mapa fora tensa. Kakashi, Kurenai e Gai se sentiam culpados por estar escondendo um segredo tão importante de Kaori, que parecia estar distraída demais pra prestar atenção nisso. Ela simplesmente se sentia ansiosa por estar em uma missão de Rank A, imaginando milhões de possibilidades e, mesmo sabendo que isso era impossível, fantasiava uma situação em que ela salvava à todos, mas isso era coisa de criança.

O grupo chegou ao seu destino por volta do meio dia e foram se apresentar na casa do líder da vila. Ele os recebeu com toda a gentileza e lhes ofereceu quartos ema sua casa. Depois de devidamente instalados e de comerem, começaram a fazer investigações pela vila. Kurenai foi falar com as autoridades, Gai foi para o mercado da vila e Kakashi e Kaori foram fazer um estudo dos nukenins que haviam escapado.

Eles eram 6 ninjas, sendo que haviam 5 chunins e apenas 1 jounin, esse último seria o mais perigoso, mas nada impossível de lidar com o plano certo. Os Hatake ficaram horas estudando as habilidades de cada um e preparando um plano, na verdade Kaori observava enquanto a mente de seu oniisan trabalhava, tentando absorver o máximo de conhecimento possível. Depois de algumas horas o time se reuniu na casa do líder e discutiram suas informações.

– Muito bem – Kakashi começou – Kurenai, o que conseguiu?

– Parece que esses ninjas escaparam da prisão durante o período de recreação, mas foi algo bem simples, na verdade. Eles começaram uma rebelião e escaparam no meio da confusão, fazendo uso de muitas ameaças e alguns subornos. Desde então eles saqueiam a vila e ninguém sabe onde fica o esconderijo deles. Como há poucos ninjas na vila e a maioria ainda é genin, não conseguiram contê-los.

Kakashi assentiu, tomando nota mental de tudo, e se virou para Gai.

– Os mercadores contam várias histórias diferentes – ele começou – Alguns dizem que eles atacam a noite e apenas roubam dinheiro, outros que eles roubam as criancinhas e alguns ainda dizem que são um grupo libertador. Mas a única coisa em que todos concordam é que um deles comanda os outros, provavelmente o jounin. O descreveram como um homem por volta dos 30, com cabelos curto e negros e a pele escura, de olhos azuis. Parece que ele é um usuário de Hyouton (elemento gelo).

Kaori engoliu em seco. Nunca havia visto esse Kekkei Genkai antes.

– Eles estavam corretos – Kakashi confirmou – O jounin em questão é mesmo um usuário de Hyouton e um bem habilidoso. Sobre os outros, um é um ninja do tipo Taijutsu, dois são usuários de Katon, um de Fuuton e um de Suiton. Eu quero que Kurenai se concentre primeiramente no ninja do Taijutsu, enquanto eu e Gai seguraremos os outros. Então vocês dois se dividiram entre os quatro restantes enquanto eu cuido do jounin. Tentarei ser o mais rápido possível para dar apoio. Todos de acordo?

Kurenai e Gai assentiram e receberam as fotos dos ninjas que enfrentariam. Então o Hatake se virou para sua imouto e disse:

– Quanto a você, ficará nos esperando aqui, entendeu?

– Hai, oniisan – Kaori respondeu – Mas...

– Mas? – Kakashi arqueou uma sobrancelha.

– Bom, se um dos ninjas é especialista em Taijutsu, não seria melhor deixar que Gai-sensei lutasse com ele?

– Isso deixaria a luta mais justa – Kakashi respondeu – Mas nós buscamos a vantagem. Pense sobre isso: você e Gai são ninjas de Taijutsu. Por que?

– Porque não somos bons em manipular chakra – a garota respondeu e uma luz começou a brilhar em seus olhos.

– E o que é necessário para sair de um Genjutsu, que é a especialidade de Kurenai?

– Causar distúrbios de chakra – ela conclui – Eles não vão conseguir sair.

– Exatamente. Mesmo que eles possam manipular chakra, não devem ter dedicado muito tempo para treinar isso, e o Genjutsu de Kurenai é muito forte e, além disso, a maioria dos ninjas que usam Ninjutsu não lidam muito bem com os do tipo Taijutsu, e isso acaba sendo uma vantagem – Kakashi disse e completou – Temos de estar sempre um passo a frente, certo?

– Hai, Kakashi-niisan!

...

Depois de apenas poucos dias de rastreamento, finalmente acharam o esconderijo dos nukenins. Ficava em uma cabana bem antiga e afastada da vila. Aparentemente eles mantinham o chakra escondido e, do lado de fora, parecia uma casa na floresta como qualquer outra. Mas os cães de Kakashi jamais se enganam.

Deixando Kaori devidamente segura na casa do líder da vila, os jounins avançavam devagar e cercavam a casa. Com a mira precisa, cada ninja atirou uma kunai com tarjas explosivas por janelas em diferentes lados da casa, mas não esperaram que elas atingissem algo. No instante em que atravessaram o vidro, eles liberaram o jutsus e os papéis bomba explodiram.

De repente, 6 ninjas saíram correndo da casa, sendo que um deles tinha uma kunai cravada nas costelas. Que sorte o Hatake pensou Um a menos.

Já familiarizados com os rostos dos nukenins, Kurenai rapidamente se dirigiu ao especialista em Taijutsu e, antes que ele pudesse reagir, o prendeu em um Genjutsu. Enquanto isso, Kakashi e Gai lhe davam cobertura. Foi só quando sentiu um arrepio pela espinha foi que Kakashi se esquivou, sentindo afiadíssimas adagas de gelo passarem voando por cima de sua cabeça. Deu uma rápida olhada e seus companheiros, que pareciam não estar tendo problemas com os chunins, e se concentrou no usuário do Hyouton.

– Não se distraia, Copy Ninja – ele disse – Seu adversário sou eu.

Com um único movimento ele levantou seu protetor de testa, revelando um Sharingan preparado para a batalha.

...

Ela definitivamente teria que pedir desculpas ao líder da vila por criar um buraco em seu piso, mas, quando estava nervosa, Kaori andava de um lado para o outro. E, no momento, estava muito nervosa.

Já havia passado por essa situação antes incontáveis vezes, mas dessa vez era diferente. Dessa vez ela sentia na pele o nervosismo de estar em uma missão, mesmo que não ativamente, e saber que seu oniisan estava enfrentando um usuário de Hyouton?! Era assustador. Kaori tinha convicção de que Kakashi era um dos melhores ninjas da vila, não cairia por qualquer coisa, mas o medo de perder sua única família se apoderava de sua mente infantil com a rapidez de fogo em palha seca.

Ela já estava prestes a se atirar sem rumo na floresta para encontra-lo quando ouviu o som de passos atrás dela. Se virou de súbito, mas não via nada.

– Yo, Kaori! – a garota olhou para baixo e se deparou com um pequeno pug de cara entediada a encarando – Você está distraída, hein, garota?

– Pakkun! – ela gritou e se ajoelhou na frente do cão ninja – O que faz aqui?

– Depois de ajudar Kakashi a rastrear os nukenins ele me mandou vir checar você.

– Ótimo! Você pode me ajudar! – Kaori se empolgou de tal modo que Pakkun estranhou. – Pakkun-san, onegai, me leve até meu oniisan!

Os olhos apáticos do cão se arregalaram.

– Perdeu o juízo?! – ele perguntou – Acha que pode se meter em uma briga dessas? E o que Kakashi faria se eu te levasse até ele? Me mataria!

– Ah, Pakkun-san! – Kaori juntou as mãos e se agachou ainda mais, implorando – Onegai, onegai, onegai! Não aguento mais essa agonia! Quaro saber se ele está bem!

– Confie nele, garota-baka – Pakkun respondeu – Kakashi pode muito bem se virar sozinho, não se preocupe. Você só atrapalharia.

Kaori fez uma cara de extrema tristeza, que foi imediatamente trocada por uma determinada.

– Ótimo! Se não quer me guiar, vou sozinha!

Dito isso ela saiu correndo, mas não foi muito longe, pois Pakkun já havia pulado em suas costas com a agilidade de um cão ninja e a derrubado no chão.

– De jeito nenhum – ele falou – Eu também tenho a missão de te vigiar e daqui você não sai.

Com um pulo, Kaori saiu debaixo de Pakkun e continuou correndo, só para ser derrubada de novo perto dos limites da propriedade.

– Me solta, Pakkun! – ela gritava – Eu tenho que ir!

– Não! – ele respondeu, irredutível.

E eles continuaram assim: ela corria, ele a derrubava, ela fugia e corria de novo, ele a derrubava de novo. Qualquer um teria se cansado, mas, se tinha uma coisa que Kaori podia afirmar que “herdara” de seu oniisan era a persistência. Depois de incontáveis tombos, ela se virou contra Pakkun e tirou duas bolinhas verdes da bolsa de sua cintura. O cão estreitou os olhos.

– Você não se atreveria – ele desafiou.

– Tenta! – Kaori respondeu – Ou você me mostra onde o niisan está ou eu jogo isso em você! Se só se afastar, eu vou atrás dele sozinha.

Pakkun ficou indecisa. Por um lado não poderia deixa-la ir sozinha, por outro, se tentasse impedi-la ele sofreria por isso. Aquelas malditas bolinhas de fumaça não só facilitavam na fuga, mas tinham um cheiro horrendo. Para um humano era fedido, para um cão ninja, com o faro ampliado, era quase uma sentença de morte, ou perda permanente do faro, pelo menos. Garota esperta ele pensou. Deu uma olhada na posição do sol. Se tudo tivesse corrido como planejado, a luta já teria acabado, além disso, ele poderia fazê-la segui-lo sem destino por um tempo até realmente guia-la até Kakashi. Com um pesado suspiro, ele a olhou.

– Vem.

Kaori sorriu de orelha a orelha, guardou suas “armas” e seguiu Pakkun até onde seu oniisan estava, sentindo uma sensação ruim tomar conta de seu estômago.

...

Aquilo definitivamente não estava saindo como planejado. O ninja que havia sido atingido pela kunai era médico e, em poucos segundos, curou seu ferimento, libertou seu companheiro do Genjutsu de Kurenai e agora eram cinco chunins contra os dois jounins da folha. Poderiam dar conta, só levaria mais tempo.

O jounin usuário de Hyouton era bem habilidoso, mas Kakashi, com seu Sharingan e Raiton, estava conseguindo desequilibrar a luta para seu lado. O único inconveniente era desviar das inúmeras adagas de gelo que voavam a toda hora em sua direção, mas podia ver que seu adversário já estava ficando sem chakra por fazer isso tantas vezes. Mais alguns golpes e ele seria derrotado.

Até que Kakashi sentiu algo que fez seu sangue gelar mais rápido do que as adagas de Hyouton. Uma assinatura muito familiar de chakra apareceu de repente a sua esquerda e ele viu quando os olhos de seu adversário se desviaram para a pequena figura que pulara pra dentro da clareira onde estavam e então se focaram nele. Tudo foi tão de repente que por um centésimo de segundo o medo ficou estampado nos olhos do Hatake. Mas o nukenin viu e na mesma hora mudou seu alvo.

Kakashi só teve tempo de se jogar na frente de sua imouto e desviar uma saraivada de adagas de gelo antes que elas a empalassem viva. Kaori ficou estática com o medo que estava sentindo. De repente, se atirar em uma luta muito acima de seu nível não fora uma ideia tão brilhante. Seu oniisan estava claramente tendo problemas em bloquear todos aqueles ataques sem poder desviar um passo sequer, para que nada a acertasse.

Com uma postura de ferro, o Hatake não recuava um milímetro, defendendo Kaori com todas as suas forças. Mas, num movimento rápido, o nukenin atirou algumas adagas em Kakashi e, logo em seguida, lançou outras pelos lados, de modo que elas fizessem uma curva fechada e fossem se encontrar exatamente onde Kaori estava parada. Sem tempo para bloquear todas nem para desviar e com Kurenai e Gai lutando no outro lado da lareira, Kakashi só via uma opção.

Ele se virou e se jogou contra sua imouto, caindo de joelhos, a envolvendo com seu corpo. Sentiu o impacto de várias lâminas de gelo contra seu corpo. O toque frio se misturava com o quente de seu sangue escorrendo por suas costas. Sem fazer nem uma careta devido a dor, ele olhou nos olhos castanhos e muito arregalados de sua pequena.

– Está bem? – ele perguntou. Kaori o encarou, sem entender direito tudo o que acontecera. Fora tão rápido. Então sentiu algo escorrer por seu ombro. Olhou para o lado e viu o líquido vermelho manchar a grama de vermelho. Aquilo era... sangue? Mas se não era seu, então era de seu oniisan! Ele estava ferido e ela era a culpada!

Em um segundo, Pakkun estava ao lado deles. Kakashi o olhou de modo acusatório e, depositando sua imouto no chão, se levantou.

– Falo com vocês depois. Cuide dela, Pakkun.

Quando se virou para encarar o outro ninja, Kaori pode ver a quantidade de estacas translúcidas que estavam enterradas nas costas de seu oniisan e que com certeza a teriam matado.

– Ainda não acabamos – o Hatake se pronunciou, mas sentiu um frio que não era gerado pelas adagas se apoderar dele quando viu o sorriso nos lábios do nukenin.

– Sim – ele respondeu – Acabamos sim.

Com uma mão ele puxou uma adaga e, com a outra, fez um movimento no ar como se puxasse uma corda. Kakashi sentiu quando as estacas perfuraram um pouco mais em suas costas, mas o que mais o surpreendeu foi quando se sentiu empurrado a toda velocidade na direção do ninja, que mantinha uma adaga na direção de seu coração. Um golpe fatal.

Vendo que não poderia parar o movimento, Kakashi esperou até o momento certo e, com uma mão, desviou a kunai, fazendo com que ela perfurasse levemente seu ombro esquerdo, e não seu peito.

Mas, de onde estava Kaori não percebeu isso. Ela só via seu oniisan ferido e com um homem o perfurando com uma kunai. E tudo era culpa dela. Já estava tão assustada, tão traumatizada que sua cabeça e seu coração doeram.

Um homem grande e mal que machucava sua família.

Era com um dejá vu e, com lágrimas que ela não conseguia mais conter, se encolheu no chão e gritou.

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Finalmente conseguira olhar diretamente nos olhos no nukenin, que, muito sabiamente, não olhava na direção do Sharingan. Estava prestes a prendê-lo em um Genjutsu quando um grito o fez ficar paralisado. Teria deixado que alguma coisa atingisse sua imouto? Não teve muito tempo para pensar nisso porque, assim que o grito chegou aos seus ouvidos, a terra toda tremeu.

Todos, inclusive Kurenai, Gai e seu adversários, se sentiram pegos em um furacão. Kakashi quase saiu do chão com a ventania e não consegui ver nada, embora seus olhos procurassem freneticamente por Kaori, preocupado que ela tivesse se ferido.

Kuso! Quem está fazendo isso?!

A ventania continuava e, de repente, o chão tremeu mais e uma rachadura começou a partir a clareira ao meio. O Hatake só teve tempo de cambalear para o lado antes de ser tragado pela fenda, mas o seu adversário não teve a mesma sorte. Com folhas e poeira voando pra todo lado, ele tentava se manter em pé e arregalou os olhos quando uma luz forte o cegou por um instante. Fogo. Um pequeno incêndio já se formava e era carregado pelo vento. No meio de toda aquela destruição, Kakashi finalmente localizou sua imouto e ela estava ajoelhada no chão, segurando a cabeça com as mãos e se curvando sobre seu próprio corpo, ilesa. Mas seu medo não diminui por isso.

A rachadura que partira a clareira começava logo a frente dela, o vento parecia girar ao redor dela e o fogo partia dela.

Oh, Kami foi tudo em que conseguiu pensar.

...

Não, de novo não, de novo não, de novo não! Meu o oniisan estava ferido, poderia estar morto! A culpa é minha, se não tivesse sido estúpida isso não teria acontecido. Estou sozinha de novo, está ventando, está quente e vermelho, a terra treme e todos dormem. O barulho é tão alto! Cadê meu oniisan?! Será que ele... Não! Kami-sama, por favor, salve meu oniisan!

Ajoelhada e chorando, o máximo que Kaori fazia era chorar em posição fetal. Desesperada e com um medo tão intenso quanto o que experimentara aquela noite.

E, assim como naquela noite, alguém surgiu em meio à destruição. Ela sentiu uma mão em seu ombro e, levantando os olhos cheios de lágrimas, viu um par de olhos coloridos e fios brancos voando ao vento.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram do drama?