Em família escrita por Hikari Mondo


Capítulo 18
Hipoteticamente Falando


Notas iniciais do capítulo

"Hipótese: proposição que se admite como verdade, independentemente de ser verdadeira ou falsa, a partir da qual se pode deduzir ou avaliar um determinado conjunto de consequências."

Então, Abril é o mês da Consciência/Aceitação do Autismo, e eu queria escrever algo sobre. Mas ao invés disso, só me vieram ideias sobre a Família Nara, então cá estou com outro capítulo. Não sei como me sinto a respeito deste, quis escrever esse primeiro antes da minha outra idéia.



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“Eu poderia ter uma irmãzinha também, não?” Shikadai surpreendeu a ambos seus pais ao fazer esta pergunta na sala silenciosa da casa. “Quero dizer, hipoteticamente falando.” Ele adicionou, ao ver os rostos atônitos se virarem na sua direção.

“Poderia.” Shikamaru foi o primeiro a se recuperar do choque. “Hipoteticamente falando, é claro... Mas, porque a pergunta?”

Temari piscou duas vezes. Seu marido fazia soar como se eles estivessem falando de algum dado ou suposição científica, e não como se aquela fosse a família deles.

“Ahhh......” Shikadai pareceu hesitar, baixando a cabeça e pensando na resposta. “Bem, Boruto fica muito feliz quando fala da Himawari, parece que ele faria qualquer coisa por ela. Esse tipo de responsabilidade pode ser bom para o desenvolvimento de um shinobi... Não?” Ele aparentava querer a aprovação de ambos seus pais sobre sua afirmação.

Um breve relance às feições de Shikamaru rapidamente lhe disseram que ele encontrara diversas maneiras de refutar esta hipótese. Mas, ao contrário, ele decidiu seguir aquele jogo.

“Isto realmente traz um grande senso de responsabilidade, e o torna muito mais consciente de suas escolhas. Isso nem sempre é bom cedo, eu diria.”

Shikadai torceu a boca, como Temari também fazia, ao pensar sobre o que responder. Porém, nenhuma resposta foi necessária, já que Shikamaru falou novamente. “Além do mais, se você, hipoteticamente falando, tivesse uma irmã, a dinâmica entre vocês não seria como a de Boruto e Himawari...”

“Sim, eu estou ciente disso.” Respondeu Shikadai prontamente. “Mas seria equivalente a vontade de protegê-la, não seria? Quero dizer, Himawari traz alegria e felicidade por simplesmente existir.... Para Boruto e os pais dela.” Ele adicionou com um tom de que era óbvio.

“Bem, eu posso lhe dizer que tudo isso é o que se sente ao ter um filho. Mas eu não posso lhe garantir se é o mesmo com ter irmãos. Eu não tive um – ao menos não dentro da minha família.”

E com isso, ambos os homens da casa viraram seu olhar para Temari. Ela parpadeou duas vezes. O que eles queriam que ela dissesse? Um outro filho? Ou filha, Shikadai queria uma irmã... O que ela achava disso?

Como que percebendo sua dúvida, Shikadai ergueu ambas suas sombrancelhas, no exato instante em que Shikamaru também arqueava sua sombrancelha direita, em um sincronismo quase cômico. Isso foi o suficiente para tirar Temari de seu transe, enquanto ela trabalhava para suprimir o riso de escárnio por quão parecidos os dois homens de sua vida eram. “O que vocês dois querem?”

O sorriso no rosto de seu marido era convencido e de cumplicidade, ao contrário de seu filho, que revirava os olhos e expressava a pergunta antes silenciosa. “Você tem irmãos. Como é ter um irmão?”

O silêncio tomou conta da sala novamente. Mas era um silêncio diferente de antes de entrarem nessa conversa. Agora, o ambiente era carregado de curiosidade e nostalgia, em oposição ao clima de paz e tranquilidade, tão prezados pelo seu marido.

Temari inspirou profundamente, e então soltou o ar como em derrota, antes de tomar a palavra. “Ter irmãos é... frustrante, eu diria.” Outro suspiro, dessa vez mais curto. Silêncio.

“É difícil explicar como é ter um irmão. Existem muitas coisas que você só vai entender se tiver um. Irmãos são pessoas que estão sempre com você, mas isso não é necessariamente bom. Quer dizer que eles vão estar lá sempre que você fizer algo errado, e eles não vão medir esforços para jogar isso na sua cara, de novo e de novo. Eles vão se meter na sua vida, comer seus doces, estragar suas roupas, pegar ‘emprestado’ sem pedir. Eles vão se meter em problemas e jogar a culpa em você. E mesmo quando eles não jogam, as pessoas ainda acham que você está envolvido. Se você for o mais velho então, você ainda recebe uma reprimenda por não estar ensinando seu irmão direito.” Temari riu, sob os olhares atentos de seu filho e marido.

“É claro que tem um lado bom. Seus irmãos são aquelas pessoas que vão sempre te apoiar mesmo, em tudo. São seus cúmplices em travessuras, são aquelas pessoas com quem você pode brincar de fazer guerra. Ninguém entende quão disfuncional sua família pode ser tão bem quanto os seus irmãos. Eles vão estar lá naquele almoço chato onde só tem velhos, e vocês vão ficar rindo dos comentários um do outro. Mas ele ainda vai te fazer passar vergonha em público, só pela satisfação de te ver sofrer. Mas também são os primeiros a entrarem em uma briga pra te defender se outra pessoa fizer isso com você....” Ela parou, pensando em como explicar sucintamente algo tão complexo. “Ter irmãos é....... é como ter o seu melhor amigo e o seu pior inimigo na mesma pessoa.”

“Parece problemático... Mas legal. Problemático e legal.” Analizou Shikadai, ainda a encarando com curiosidade.

O sorriso que surgiu no rosto de Temari era gentil e carinhoso, enquanto ela olhava para seu filho, e também se lembrava de seus irmãos. “É... problemático e legal define bem como é ter um irmão.”

Shikadai sorriu genuinamente também. E foi então que Temari se lembrou do porquê eles estarem tendo essa conversa. “Mas, por que você quer ter uma irmãzinha?”

Shikadai desviou o olhar e coçou a nuca. “É, bem, parece legal... Ter uma irmãzinha para cuidar e proteger, e ver ela crescer..... Sei lá...” Ele terminou em um tom de quem preferia não continuar falando sobre aquilo. Envergonhado.

A risada pelas ações de seu filho foi inevitável. Mas ela ainda lhe deu mais um conselho. “Só pense bem, que ela não vai ser sempre sua irmãzinha linda e bonitinha. Isso é só fachada. No fundo ela vai te dar um monte de trabalho, e vai te levar a loucura mais vezes do que você acredita ser humanamente possível!”

“Ainda mais sendo filha da sua mãe.” Shikamaru completou. “Você já imaginou?”

Os olhos de Shikadai se arregalaram levemente, enquanto ambos seus pais se divertiam ante a hipótese que ele mesmo levantara. Até que Temari percebeu o que seu marido acabara de insinuar.

“HEY!”

Uma gargalhada de Shikamaru não era algo comum de se ouvir.


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Notas finais do capítulo

Por favor, reviews são sempre apreciados, e fazem um escritor feliz!!!



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