Em família escrita por Hikari Mondo


Capítulo 12
Máquina da Guerra, parte II


Notas iniciais do capítulo

"Ele acordou. O quarto não era o seu. Onde ele estava?"



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“NNÃÃÃÃOOOOOOO!”

Shikamaru arregalou os olhos. Ele acordara suando, tremendo e com a respiração entrecortada. O ar não parecia chegar ao seus pulmões, e ele estava com a boca aberta. Mas seu peito parecia ser esmagado por toneladas, exigindo muita força para que ele pudesse inalar o ar que precisava.

Shikamaru olhou seus arredores. Ele estava em um quarto sem decoração alguma. Esse não era o quarto dele. O que isso sig-?

A porta do quarto se abriu. Shikamaru levou alguns instantes para reconhecer Gaara do outro lado, com seu rosto impassível – mas que por algum motivo parecia mais sombrio. Temari? Shikamaru queria lhe perguntar, mas nada saiu pela sua boca. Seu corpo mal parecia estar reagindo. Tudo que ele fazia era gastar suas forças para continuar respirando. Shikamaru então ficou só olhando, esperando que ele dissesse algo que pudesse acalmar seu desespero. Gaara não falou nada, apenas o encarou. Talvez ele também estivesse esperando alguma declaração. Um pedido de desculpas, ou uma consolação. Shikamaru não tinha condições de lhe oferecer nenhum destes. Uma parte dele pedia, que se houvesse qualquer misericórdia no mundo, que Gaara o matasse ali mesmo, por raiva ou por dor. Que ele morresse na guerra. Qualquer coisa...

Ou que Temari aparecesse na porta a sua frente.

Ela chegou junto com Kankurou, e olhou para ele. Temari estava ali. Temari. Seria uma ilusão? Seu corpo finalmente pareceu reagir aos seus pensamentos pela primeira vez desde que ele abrira os olhos. Ele saltou da cama e no segundo seguinte abraçava Temari com todas as suas forças. Ele ainda respirava com dificuldade, mas segurar o corpo dela, pequeno, suave, e quente contra o seu aliviava aos poucos aquele peso gigante em seu peito, aquela bola que se instalara em sua garganta.

Sua mão esquerda estava na sua nuca, apertando o rosto dela contra seu peito para acalmar seus batimentos, enquanto seu outro braço a segurava firmemente pela cintura contra seu corpo. Temari. Fora um pesadelo. Só um pesadelo. Agora ele entendia o que era ter um pesadelo tão real.

Ele pode sentir Temari tensa pelos primeiros segundos, mas depois ela relaxou em seu agarre, e envolveu seus braços na cintura de Shikamaru. Ele finalmente conseguiu fechar os olhos de novo, que até então estavam arregalados. Temari estava aqui com ele. Ela estava bem. Ela estava viva.

Ele sentiu como ela inclinou a cabeça para trás, e soltou um pouco a pressão, para que ela pudesse apoiar o queixo em seu ombro. Ela levou a mão direita até o seu cabelo e passou a deslizar seus dedos sobre este. “Está tudo bem...” A voz dela era calma e gentil. Mas mesmo que fosse a voz altaneira e mandona de sempre, ainda seria música para seus ouvidos. Seu coração pulou uma batida ao ouvi-la.

“Temari.” A voz dele saiu raspada, seca. Ele enterrou seu rosto no cabelo dela e repetiu “Temari” em um sussurro mais baixo e aliviado, apertando-a contra si.

“Tá tudo bem, já passou.”

“Não me deixe... Nunca...” Ele ouviu um riso leve vindo dela. Um pouco do peso em seu peito simplesmente sumiu ao ouvir este som. Ele já não precisava de tanta força para respirar. “Não nos deixe. Nós precisamos de você...”

A resposta foi instantânea. O corpo dela se enrijeceu, e ela parou de mexer no seu cabelo. Ele se arrependeu de ter dito. Não devia preocupá-la. Ele se moveu para abraçá-la mais gentilmente, e dessa vez o “Está tudo bem” veio dele, ainda mergulhado nos cabelos soltos dela.

Ela então relaxou novamente, tirou o queixo de seu ombro e apoiou o rosto contra o seu peito. “Nunca” foi a resposta abafada que saiu de sua boca.

Eles ficaram assim, abraçados, aproveitando a companhia um do outro. Shikamaru não conseguia pensar em nada que não fosse Temari neste momento.

Ele não sabia dizer quanto tempo ele ficara naquela posição, simplesmente abraçando a ela. Mas a sensação úmida em seu peito fez sua consciência voltar a si.

“Você está chorando?” Ele perguntou, enquanto levava gentilmente suas mãos até o ombro dela para afastá-la e poder ver seus olhos. Quando seu rosto não estava tinha mais o apoio do peito dele, Temari abaixou a cabeça, e levou a mão direita para esfregar os olhos. “Ei, o que houve?” A respiração dele ainda não estava normal, mas já era bem mais calma e sua voz não soava tão estranha – apenas com um pouco mais de sentimento que o comum, mas quem se importava com isso? Ele ainda estava atordoado.

“Me desculpe,” ela disse ainda olhando para baixo. Desculpar? Pelo que?

“Ei, Temari. O que houve?” Shikamaru colocou toda a tranquilidade que poderia a sua fala, dado seu estado. Ela suspirou pesadamente ao ouvi-lo.

“Você iria rir de mim...” Ele ficou apenas a encarando pacientemente. Ele podia estar alterado, mas ele tinha certeza que ela sabia que ela estava enganada – ou melhor dizendo, ela estava se preocupando a toa. “É só que... as vezes... as vezes dói...”

Ele abriu os olhos. “Desculpe, eu te machuquei? Eu não queria -”

“Não! Não, céus Shikamaru, não. Você não me machucou. Eu sou uma kunoichi, sabe?” Bem, o lado irônico era algo típico de Temari. Isso era bom. Ele sabia lidar com o comportamento típico dela. “É só que... as vezes dói ser amada tanto assim...” No entanto, ele com certeza não sabia como lidar com esse lado tão... frágil... de Temari. “Porque... eu não estou acostumada com isso... As vezes me pergunto se eu mereço tanto assim...” Essa declaração tocou rapidamente algo dentro dele.

“Como assim não merecer? Você perdeu o juízo!?” Ele estava quase bravo. Bem, culpa do sonho. Ele precisava livrar seu coração do excesso de emoções. “Você merece muito mais! Você...! Você é incrível, ninguém merece tanto quanto você! Você merece muito mais do que um cara como eu pode te dar! Muito mais...-”

Subitamente ela se jogou de novo em seu peito e o abraçou pela cintura, enterrando o rosto em seu peito. A respiração dele estava ofegante, e ele tremia, mas por um motivo diferente agora. Como Temari podia achar que ela não merecia o amor que tinha? Será que ele não deixava claro o quando ele queria ela – precisava dela – junto a ele? Ele só deixou seu corpo agir por si só e seus braços envolveram docemente o corpo da mulher da sua vida. Céus, ele precisava dela.

Foi só então, quando permitiu-se relaxar depois de tudo, que ele percebeu a presença silenciosa dos irmãos dela ainda na porta, que provavelmente observaram a situação toda. Bem, ele lidaria com eles quando eles se manifestassem. No momento, o importante era Temari. Ele fechou os olhos e aspirou aquele aroma dela.


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Notas finais do capítulo

NÃÃÃOOO gente, vocês acham que eu ia matar meu personagem favorito na história?
Apesar de que eu sempre vejo essas fanfics de quase morte, então não seria ruim ver algo um pouco diferente finalmente. Outra coisa é que sempre vejo Temari tendo pesadelos, e nunca Shikamaru, então né? XD
Sinceramente, gostei mais da parte I =/ Talvez eu devesse tentar mais mortes de personagens também



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