Aquele a quem chamam Severus Snape escrita por magalud


Capítulo 9
Capítulo 9




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A comoção em torno dos Malfoy ainda demorou um pouco a passar.

Lucius decidiu se concentrar no bem-estar de Narcissa e esqueceu os visitantes. Quando ele entrou na área da ala hospitalar onde estava sua esposa, ele viu Severs, seu amigo de infância, ao lado de Harry Potter. Lucius notou que Draco tinha os olhos grudados no antigo diretor de Hogwarts. As asas eram inconfundíveis — e inesquecíveis, claro. Lucius também sentiu que ele mesmo tinha dificuldade de tirar os olhos das lindas e imensas plumas que apareciam por debaixo dos lençóis do hospital.

A enfermeira da escola estava lá, viu Lucius, assim como a diretora e Molly Weasley. O que a matriarca do clã dos ruivos fazia ali foi explicado quando Lucius enxergou Harry Potter na cama ao lado da de Severus. O rapaz inconsciente parecia pálido, mas pelo menos não tinha criado asas. Teria sido demais para o ricaço louro aguentar.

Não demorou muito para Narcissa recobrar os sentidos. Assim que ela assegurou estar totalmente recuperada, Elohim reuniu os três novamente.

Desta vez, porém, Lucius estava preparado.

— Exatamente o que são vocês e o que querem conosco?

Elohim foi direto. — Nós somos Elohim. Devido ao estado de Severus, temos que levá-lo para nosso lar, assim como Harry Potter. Ocorreu-me que um velho amigo, como é seu caso, poderia gostar de acompanhá-lo nesta jornada. Tenho certeza que Severus ficará contente ao ver um rosto amigo ao acordar. Igualmente, talvez o jovem Draco pudesse fazer companhia a Harry Potter.

Draco deu um risinho de desprezo e ironia, e Lucius imediatamente o repreendeu com um olhar. Depois, o chefe da Casa Malfoy se voltou para Elohim.

— Foi para isso que nos chamou?

A voz agradável de Elhim tornou-se áspera de novo.

— Eu quis lhe dar uma oportunidade de reparar o que fez a Severus e muitos, muitos outros, tenho certeza. Você decidiu seguir o Bruxo das Trevas porque você acreditava sinceramente que bruxos são melhores que pessoas sem magia e, pior ainda, que alguns bruxos são melhores que outros. Baseado em quê? Sangue, como se o seu fosse diferente. Se eu furar sua carne, ela vai sangrar de uma maneira diferente em relação àqueles que você chama de inferior?

Lucius assumiu uma postura arrogante e desafiadora, os dentes cerrados, os lábios crispados. Ainda assim, ele não negou as palavras de Elhoim. Ao invés disso, perguntou, irônico:

— E essa viagem compensaria isso?

Elohim parecia cada vez mais irritado e hostil.

— O senhor é diferente do resto de sua família, Sr. Malfoy. O senhor voluntariamente seguiu aquele homem, arrastou sua família e seus amigos nessa loucura. Quando a maré virou e as coisas deram errado, você quis sair. Só que você sabe que não existe jeito de deixar os serviços do Lorde das Trevas. Então você se viu sem escolha a não ser ficar e contemplar a dimensão de seus erros. Ainda assim, você não repensou suas atitudes, posso ver. Já seu filho e sua mulher foram diferentes. No início, seu filho buscava sua aprovação, por isso o seguia. Ele era jovem demais para oferecer resistência. Ele o seguiu, porque o admirou toda a sua vida e esperava crescer para ser igual a você um dia. Acho que isso mudou. Hoje são grandes as chances de Draco querer simplesmente viver sua vida e construir coisas, não comprá-las ou intimidar outros para consegui-las.

Lucius nem conseguiu formular uma resposta e Elohim inclinou a cabeça para Narcissa.

— Quanto à sua mulher, ela jamais gostou de seu Mestre ou das ideias dele. Se ele ajudasse a manter a postura de prestígio, ainda melhor. Só que quando aquela criatura passou a ameaçar Draco, ela não hesitou em abandonar os ideais de pureza e proteger o filho. Sua mulher pensa em outras pessoas, não só em si mesma. A atitude dela em salvar a vida de Harry Potter prova isso. Ainda que ela não tivesse qualquer motivação altruísta, a não ser tentar assegurar a segurança de Draco, foi um gesto nobre, tornado ainda mais nobre porque ela jamais usou essa informação para obter vantagens. Agora Draco se deu conta do tipo de colheita que se obtém com chantagem e intimidação, tratando as outras pessoas como inferiores. — Elohim o encarava com desprezo. — Não, Sr. Malfoy, é o senhor que não consegue enxergar além do seu próprio nariz mesquinho. Eu tinha esperanças que estar ao lado de seu amigo o ajudaria a se dar conta disso, também. Talvez eu tivesse expectativas irreais.

O rosto de Lucius era inescrutável — tanto quanto o de Elohim.

— E tem ideia de quanto tempo essa... jornada vai levar?

Ao ouvir a pergunta, Elohim sorriu pela primeira vez, e era um sorriso triste.

— Agora vejo que vir conosco não lhe trará nenhum bem, Sr. Malfoy. Não concorda?

Lucius pressionou um lábio contra o outro, sentindo uma sensação ruim no peito. Então ele foi obrigado a assentir, como se estivesse sendo forçado ou como se não pudesse mentir. Elohim suspirou, parecendo envelhecer 20 anos.

— Nesse caso, eu agradeço sinceramente terem vindo aqui tão prontamente. Podem ficar tranquilos que não haverá repercussões negativas do fato em seu julgamento vindouro.

— O Ministro Shacklebolt já nos alertara para isso — disse Lucius, agora incapaz de disfarçar nos gestos ou na voz sua impaciência e disposição de sair o quanto antes. — Confio que Severus ficará bem.

— Eu lhe agradeço por inquirir a respeito da saúde de Severus. Ainda não sabemos, mas estamos esperançosos.

— Boa sorte para vocês. Tudo de bom. — Lucius se virou para Narcissa, ao lado de Draco. — Todos prontos? Hora de ir.

Kingsley interveio. — Não tão depressa. Já que não vão ajudar, é preciso assegurar o segredo.

Os dentes de Lucius estavam cerrados quando ele sussurrou, perigosamente:

— Nós demos nossa palavra! Juramos pela Honra Bruxa! Só a mera sugestão já é insultuosa-

Kingsley ergueu os braços, literalmente mostrando estar desarmado.

— Não sugeri coisa nenhuma. Contudo, nem todo mundo é capaz de resistir a Imperius. Ou a uma compulsão.

— Então o que está pensando?

— Obliviar os três.

Os olhos de Narcissa tinham um brilho perigoso de indignação, muito mais do que Draco ou Lucius. Elohim interveio antes que a coisa piorasse ainda mais:

— Embora eu seja grato pela zelosa precaução do amigo Kingsley, não há necessidade para medida tão drástica. Lamento, amigos, informar que vocês serão incapazes de falar sobre o que viram aqui com qualquer um a não ser vocês mesmos. Estão sob um tipo ameno de compulsão, por assim dizer. Talvez seja parecido com um tipo qualquer de feitiço.

Houve olhares alarmados para Elohim, que se apressou em garantir.

— Não que isso vá causar qualquer desconforto ou dor. Nada desse tipo. Só vai evitar que falem de nós. Peço desculpas por ter feito isso sem consultá-los, mas achei que era necessário para proteger meu povo. De novo, peço desculpas.

Lucius se ajeitou, desconfortável, parecendo ser um dos pavões albinos de sua mansão. — Não adianta discutir isso agora. Está feito. Devemos ir agora. Mais uma vez, receba nossos votos profundos de uma recuperação rápida para Severus.

Elohim fez uma mesura solene.

— Agradeço mais uma vez por sua cooperação. Se pudermos fazer alguma coisa, por favor, não deixe de nos avisar.

Lucius fez um gesto curto e esticou o braço. Narcissa graciosamente tomou o braço proferido, sorrindo socialmente para Apsara, inclinando a cabeça. Draco seguiu a dica dos pais, sem ousar abrir a boca, nem mesmo uma despedida. Kingsley os conduziu com elegância até a porta que os levaria ao Floo. Elohim suspirou quando saíram. Apsara o amparou.

— Eu tinha tantas esperanças — confessou Elohim, desanimado.

— Dê tempo a eles, amado. Humanos geralmente precisam disso.

Minerva e Molly escolheram esse momento para entrar de novo no local. A diretora não pôde evitar sentir o desânimo.

— Os planos não saíram como o esperado, pelo que vejo.

— Infelizmente — confirmou Elohim. — Não importa. Estou confiante que tudo será resolvido no tempo certo.

Molly Weasley quis saber:

— Como posso ajudar? Sinto-me tão inútil.

Apsara afastou-se do marido para tomar a mão dela e dizer, com grande emoção:

— Madame, é tão gentil de sua parte oferecer ajuda quando nós é que deveríamos oferecer. A senhora sofreu uma perda tão devastadora.

Os olhos da matriarca ficaram marejados, e ela sorriu, comovida:

— Fico agradecida. Eu estou mesmo preocupada com Harry. Tem certeza que ele ficará bom?

— Estamos fazendo de tudo para garantir que os dois estejam totalmente recuperados no menor tempo possível. Por isso eles receberão os melhores cuidados em nossa terra. Tudo está preparado e iremos assim que os dois estiverem em condição de serem removidos.

— Graças a Merlin — aliviou-se Molly. — Não tenho certeza de que suportaria outra má notícia.

— Por favor, volte para casa e acalme sua família. Sei que todos querem o melhor para Harry, e nós também. Descanse e tome conta dos seus. Harry está em boas mãos.

Molly insistiu:

— Mas se precisarem de qualquer coisa...

— Eu pedirei ao nobre Kingsley imediatamente — garantiu Elohim. — Não tema, mãe gentil. Vá em paz.

Molly concordou:

— Acho que têm razão. Já que não há nada que eu possa fazer para ajudar...

Minerva tentou tranquilizá-la.

— E Harry não deve acordar tão cedo. Ele está sob controle, tanto que Madame Pomfrey está cuidando de outras coisas.

Apsara esclareceu:

— Estou cuidando pessoalmente de Harry, além de Severus. Diga a sua família que ele ficará bem.

Mas Kingsley voltou nesse momento e anunciou:

— Bom, alguém não podia esperar a volta de Molly para saber das notícias.

Todos encararam o rapaz ruivo que entrou na ala hospitalar com o Ministro. A mãe dele não parecia nada satifeita.

— Ron, eu não falei para me esperar?

— Eu tinha que vir — argumentou o rapaz. — Eu já decepcionei Harry uma vez e não quero fazer isso de novo. Ginny queria vir, mas eu falei a ela que ele ainda podia estar de cama.

— Mas você poderia ter esperado — argumentou Molly. — Eu já estou indo para casa. Vamos já.

— Desculpe, mãe. Eu não vou.

— Como não?

— Mãe, olha só para ele. Ele precisa de mim. Ele é meu amigo. Vou ficar.

Molly reclamou:

— Mas você mal chegou depois de passar todo aquele tempo com Harry. Achei que ia querer ficar um tempo em casa.

Elohim e Apsara acompanhavam atentamente o diálogo, deixando o drama dos Weasley se desenrolar. Ron tentou argumentar, ficando vermelho:

— Sim, mãe, mas -

Molly o interrompeu:

— Mas Harry está sob ótimos cuidados. Estas pessoas aqui vieram de uma terra distante e sabem o que estão fazendo. Além do mais, eles vão levá-lo assim que Harry melhorar. Eu esperava que você ficasse conosco nessa hora.

A morte de Fred abalara toda a família, mas Ron parecia irredutível.

— Mãe, Harry é meu melhor amigo! Eu tenho que ficar com ele até ele ficar bom. Dá para entender?

Apsara e Elohim se olharam, satisfeitos. Então Elohim assentiu.

— Essa é a definição de amigo. Bem-vindo, Ron Weasley. Com a permissão de sua mãe, talvez você deva começar a se preparar para uma nova viagem, se quiser mesmo ajudar Harry.

Uma voz diferente soou, com um pigarro.

— Er — fez Kingsley. — Eu estou pensando que talvez lidar com a revoada fosse mais urgente.

— Revoada? — repetiu Minerva. — Pássaros?

— Na verdade — respondeu o Ministro —, são corujas. Elas estão formando um bloqueio na entrada e janelas da ala hospitalar, sujando literalmente tudo pela frente — incluindo os repórteres que continuam de plantão. As pessoas estão ficando bem preocupadas com a saúde de Harry.

Apsara se virou para Ron.

— Talvez nosso jovem amigo devesse se juntar a Neville e dizer a eles que Harry está ficando bom o bastante para ser transferido para outro local, que no momento é desconhecido.

Ron consultou Kingsley com os olhos, mas perguntou à mulher desconhecida:

— Quem é você?

— Chame-me de Apsara; sou curadora. Se pedirem detalhes, diga que ele está estável, mas ainda inconsciente. Levem Kingsley, e os repórteres vão acreditar nele também.

— Falar com repórteres?

Apsara tranquilizou o ruivo:

— Vai dar tudo certo, Ron. Enquanto vocês vão até eles, vou verificar Harry e Severus.


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