Aquele a quem chamam Severus Snape escrita por magalud


Capítulo 10
Capítulo 10




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— ... e tudo que sei é que Harry vem melhorando, porque daí ele vai poder ir para aquele lugar onde os especialistas poderão tratar dele.

A resposta de Neville era clara e sincera, diante dos repórteres que o encaravam um deles se virou para Ron:

— Pode confirmar isso, Sr. Weasley?

— Sim. Neville sabe mais que eu sobre tudo que está acontecendo. Acabei de chegar.

Outro repórter questionou Kingsley:

— Sr. Ministro — os flashes espoucaram, as luzes se afastaram de Neville —, o que está fazendo aqui? Não deveria estar numa reunião de gabinete ou algo assim?

Em alto e bom som, Kingsley ignorou as insinuações e respondeu:

— Como todos vocês bem sabem, estou aqui a pedido do Wizengamot, que quer se manter bem informado sobre e estado de saúde do Sr. Potter. Como o Sr. Potter desmaiou durante uma sessão do Wizengamot, é natural que os membros da Corte estejam preocupados com o estado do nosso jovem herói. Eu também estou acompanhando a situação do Ministério.

— Existe algum risco da volta de O-Senhor-Sabe-Quem, Sr. Ministro?

Kingsley encarou a repórter morena, de cabelos encaracolados e garantiu, com firmeza:

— Não existe o menor risco disso. Essa maldição é grave, mas definitivamente não está relacionada a qualquer possibilidade de retorno do assim chamado Lorde das Trevas. Sobre isso não há qualquer dúvida.

Um outro repórter, um barbudo baixinho de trajes escuros, foi irônico e perguntou:

— Então Harry Potter poderá ficar bom e se eleger Ministro da Magia?

Houve risos, e Kingsley ignorou a provocação:

— Todos nós temos certeza de que Harry vai se restabelecer em breve. Sobre os planos dele para o futuro, o senhor terá que perguntar diretamente a ele, se é que ele vai responder. — Com elegância, o Ministro ironizou: — Até onde consigo me recordar, o Sr. Potter e a imprensa têm um histórico e tanto de mal-entendidos. Fico imaginando os motivos para isso.

Rita Skeeter, calada até o momento, produziu uma voz doce e fina para jogar uma bomba:

— Sr. Ministro, fontes me informaram que a sessão secreta do Wizengamot durante a qual o Sr. Potter desmaiou foi sobre o prêmio concedido a Severus Snape, conhecido Death Eater. Gostaria de comentar?

Kingsley sentiu uma pitada de irritação, mas procurou manter postura.

— Deixe-me apenas fazer algumas pequenas correções, Sra. Skeeter. A sessão não foi secreta, e a condecoração ao Prof. Snape não é segredo. Severus Snape foi durante muitos anos um espião para a Ordem da Fênix, um espião que tinha a confiança mais completa e inabalável de Albus Dumbledore, e que lutou contra o Lord das Trevas com grande risco para si mesmo. Ele também morreu pelas forças da luz, e o que estou dizendo não é novidade para ninguém aqui. Harry Potter em pessoa reafirmou ao Wiengamot o real papel de Snape durante a Segunda Guerra, e deu o testemunho das memórias de Dumbledore.

Skeeter não se deixou abalar.

— Há muitas dúvidas sobre o real papel de Snape. Temos protestos de leitores pela medalha a Snape. O mandato dele como diretor de Hogwarts, concedido por um Conselho de Educação dominado por Você-Sabe-Quem em pessoa, foi descrito por estudantes como um reinado de terror. Se ele era leal a Dumbledore, como diz, por que aceitou o posto?

— Em defesa de Snape, Harry Potter apresentou uma memória na qual ficou provado que Dumbledore pediu a ele que protegesse Hogwarts, se o pior acontecesse. Se Snape se rebelasse contra os poderes vigentes, a consequência mais branda que ele poderia esperar era a demissão, e aí como ele poderia manter a promessa feita a Dumbledore?

Skeeter fez uma expressão de quem estava prestes a dar o golpe de misericórdia.

— Não vamos fazer rodeios, tá, Ministro? Snape matou Albus Dumbledore, e com testemunhas. Que tipo de herói é esse?

Houve burburinho entre repórteres, diante da polêmica. Kingsley pediu silêncio e lembrou, com firmeza:

— Vou repetir: as memórias apresentadas ao Wizengamot provaram, acima de qualquer dúvida e de maneira contundente, que Dumbledore exigiu que Snape o matasse num momento apropriado, já que ele estava condenado a morrer devido a um objeto que carregava uma terrível maldição. Prof. Snape se rebelou contra o pedido, mas no fim terminou atendendo, pois ele e Dumbledore esperavam poupar um jovem que tinha sido coagido a aceitar a missão de matar o diretor. Eu diria que o plano deles funcionou.

— Sr. Longbottom — chamou um repórter no fundo da multidão. — Concorda que Snape era um agente contra as Trevas? O senhor não sofreu as torturas deles e punições cruéis por instalar um tipo de resistência contra o novo regime de Hogwarts?

Todos os olhos, câmeras e penas se voltaram para o Gryffindor quieto e tímido, que já estava vermelho. Neville respondeu, com sinceridade:

— Snape foi rigoroso, sim. Mas ele nunca usou uma maldição contra nós, Imperdoável ou não. Pensando nisso agora, se ele tivesse sido demitido, muitos de nós teríamos sofrido com a Cruciatus regularmente. Levou algum tempo até eu me dar conta do quanto tudo poderia ser pior se os Carrows estivessem no comando. Do jeito que podia, Snape tentou nos proteger, acho.

O repórter insistiu:

— Mas as coisas eram ruins, não eram?

Neville olhou para ele como se estivesse falando com uma criança teimosa e mimada.

— Claro que eram! Se Snape amolecesse conosco, eles teriam percebido. Achamos que eles iriam nos expulsar de repente, por isso nos escondemos.

Skeeter indagou:

— Sr. Ministro, existe algum fundo de verdade no rumor que os pais de Snape estiveram na sessão do Wizengamot?

Kingsley contraindagou:

— Onde ouviu esse rumor?

— Então é verdade? — Agora ela sorria. — Gostaria de comentar?

— Na verdade, não, não gostaria-

A morena de cachos interrompeu-o antes que terminasse a frase:

— Por que tanto segredo? E os pais dele não morreram há muito tempo?

Kingsley olhou com severidade para a jovem e ralhou, pela primeira vez demonstrando irritação:

— Não se trata de segredo, mas de privacidade. São momentos difíceis numa família que sofre uma perda tão terrível. Não há o que esconder aqui, não há segredo ou conspiração. Tenho sido educado e respondi a todas suas perguntas, respeitando seu trabalho, mas vou respeitar a privacidade que essas pessoas me pediram. Tudo que posso dizer é que Severus Snape foi separado de seus pais biológicos, que vieram aqui para recolher seus restos mortais e enterrá-lo em sua terra natal. Por favor, não me perguntem mais nada. Conto com sua compaixão por pais enlutados pela perda de seu filho, como muitos de nossos compatriotas nesse momento sofrem a perda de seus próprios entes queridos. E estamos falando de um herói de guerra. Nós devemos a essas pessoas respeito, admiração e gratidão pelo sacrifício que o filho deles fez por nossa liberdade. Não concordam?

Até Neville e Ron, que nem eram as pessoas a quem Kingsley se dirigia, hipnotizado pelas palavras do ministro, concordaram, a exemplo de diversos repórteres. Rita Skeeter, porém, permanecia pouco impressionada.

Aliás, Ron estava se sentindo meio deixado de lado naquela entrevista coletiva, até que algo chamou sua atenção perto da porta, além da massa de repórteres. Ele pensou ter visto errado: não podia ser a moça que ele pensou ter visto. Ela estava na Austrália, não estava?

Contudo, por mais improvável que parecesse, a recém-chegada era mesmo Hermione, que acenou e correu para ele, atraindo atenção das câmeras e flashes. Eles se abraçaram brevemente, e depois ela abraçou Neville também.

— Vim assim que soube — Hermione ofegou. — Ron, o que aconteceu? O que houve com Harry?

Ron abriu a boca para responder, mas se deu conta dos repórteres prestando atenção no que diziam:

— Harry está estável, mas continua inconsciente. Ele está sob tratamento. Por que não perguntamos se Madame Pomfrey nos deixa vê-lo?

— Não podemos ficar com ele? — ela quis saber.

— As visitas são limitadas — respondeu Ron, olhando para os repórteres, ávidos por captar partes da conversa. — E como estão seus pais?

Ela respondeu:

— Estão bem. Viemos de avião da Austrália e soube quando cheguei. Vim assim que pude. Harry está lá dentro?

— Vamos lá para dentro — convidou Ron. — Nev, quer vir também?

— Sim, deixe-me ver se houve mudança desde que o vi. — Ele se virou para os repórteres. — Por que vocês não vão descansar? Harry está bem, e parece que não vai acordar tão cedo. Tenho certeza que vocês vão gostar de um descanso. O ministro também.

Ron levou Hermione pela mão e Neville foi com eles, deixando Kingsley lidar sozinho com os recalcitrantes membros da imprensa que não estavam dispostos a deixar o recinto.

Assim que eles saíram do alcance dos repórteres, Hermione parou e encarou os dois.

— Tem alguma coisa errada, não tem? Harry não está bem, né?

— Relaxe, Mione — disse Ron. — Harry está bem, mas não podíamos falar mais na frente deles.

A moça ficou confusa.

— Então o que acontece?

Levou um tempo para os dois explicarem tudo a ela. Ron descobriu que sua mãe não lhe dissera tudo, e coube a Neville preencher as lacunas. Como toda moça esperta e curiosa, Hermione queria ouvir detalhes e minúcias de tudo, e entender o máximo que pudesse sobre todas a situação.

— Eu nunca ouvi falar dessas pessoas — confessou Hermione, parecendo envergonhada por isso. — O que vocês estão me dizendo é inacreditável. Snape está vivo?

Neville cochichou:

— Espere até você ver as asas.

Ela quis saber:

— E Harry tem o cérebro dele dentro da mente? Que loucura.

— É alguma coisa assim — confirmou Ron. — Neville disse que os pais deles são bem legais, na verdade. Eles falaram com os Malfoy, mas seja lá o que foi, não deu muito certo. Shacklebolt foi com eles, mas não falou o que era.

— E o que podemos fazer?

Uma voz diferente soou atrás dos três e respondeu:

— Acho que você já sabe a resposta a essa pergunta, Ronald Weasley.

O ruivo se virou para ver Elohim e sua mulher. Hermione fez o mesmo e Ron viu que ela tinha ficado impressionada. Até aí, nada de novo: as expressões amistosas e benignas pareciam transmitir muito sobre emoções profundas e atitudes desprovidas de preconceito. Ele se apressou em fazer as apresentações.

— Mione, estes são o Sr. Elohim e sua mulher Apsara. Eles são os verdadeiros pais do Prof. Snape. Hermione Granger é uma grande amiga de Harry.

O sorriso de Apsara se ampliou.

— Ficamos felizes que tenha vindo.

Hermione disse:

— Queria ter vindo antes. Ron me disse que Harry e o Professor vão se recuperar.

— Sim, esperamos que ambos fiquem bons. Em pouco tempo, o jovem Harry vai acordar e então poderemos viajar.

— Viajar?

— Eles só podem ser tratados em nossa terra — explicou Apsara. — Meu marido e eu tínhamos esperança de conseguir convencer Ronald a nos acompanhar. Agora tenho certeza que você também deveria vir conosco, Hermione.

— Ir exatamente onde? — ela quis saber.

— A nossa terra, onde podemos tratar dos dois. Na verdade, você pode ser exatamente o que Harry vai precisar. Se quiser ir, claro.

— Meus pais não vão gostar. Acabei de voltar depois de quase um ano fora de casa.

Neville lembrou:

— A mãe de Ron disse a mesma coisa.

— Tudo parece tão inacreditável — confessou Hermione. — O professor Snape não parecia ser o tipo que associamos com... er, anjos.

— Harry vai ter um ataque quando acordar — observou Ron, espantado. — Parece mesmo que acontece de tudo com ele.

Apsara garantiu:

— Não devem se preocupar com o tempo que ficarão fora. Afinal de contas, tempo é uma coisa tão relativa, não é mesmo? Lamento ter que ir cuidar do jovem Harry agora. Chamarei vocês quando ele estiver pronto.

Ela entrou na área reservada, as vestes vaporosas ondulando suavemente. Hermione quis saber:

— Então Harry estará consciente?

Elohim não se perturbou:

— Não há motivo para não pensar que sim, uma vez que suas essências, agora unidas, se separarem o suficiente para que ele sinta a própria individualidade.

Hermione percebeu que a resposta dele aprofundava o conceito de consciência. Mas ainda assim, indagou:

— E o Prof. Snape? Ele também?

O rosto de Elohim dessa vez denunciou a tristeza e preocupação.

— Receio que não. A essência dele está na mente de Harry. O delicado equilíbrio foi severamente perturbado, e estamos tentando restaurá-lo.

— Inacreditável. — A garota estava maravilhada. — E ele voltará a ser o mesmo quando acordar?

Elohim respondeu com sinceridade e preocupação:

— Isso é o que veremos. Afinal, muitos traços e características humanas parecem ter desaparecido quando ele morreu. Ele pode se tornar uma pessoa totalmente diferente uma vez que ele se integre com sua essência.

— Que irado — foi a observação sincera e espantada de Ron.

Neville é que parecia cético.

— Snape com uma nova personalidade? Isso eu só acredito vendo.


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