Aquele a quem chamam Severus Snape escrita por magalud


Capítulo 2
Capítulo 2




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— Sr. Potter!

A voz da diretora McGonagall chegou a ficar mais aguda, tamanho o seu espanto. Ela encarou seu pupilo e os dois estranhos de maneira abertamente inquisidora.

— Eles gostariam de falar com o Professor Dumbledore — explicou Harry, esclarecendo. — Com o retrato dele, quero dizer. É sobre o Prof. Snape. Eles são... bem, eles são a família dele.

Os olhos de McGonagall se apertaram, agora encarando os dois desconfiadamente. O mesmo acontecia com todos os retratos dos ex-diretores.

Porém, antes que qualquer um pudesse abrir a boca para falar qualquer coisa, Elohim apontou um dedo ao retrato diretamente acima da cabeça da atual (e interina) diretora de Hogwarts.

— Você! Dumbledore! — Ele gritava sem reprimir a raiva. — Eu exijo uma explicação!

Harry ficou abismado ao ver que seu antigo diretor, o todo-poderoso Albus Dumbledore, parecia intimidado com o estranho. Pelo que ele notara, McGonagall devia estar pensando a mesma coisa, porque ela tinha uma expressão de incredulidade idêntica à sua.

Dumbledore tinha a voz pesarosa:

— Lamento muito, meu amigo. Mas não havia nada que eu pudesse fazer para salvá-lo.

— Você pediu minha ajuda e eis o que consigo! Você deixou meu filho morrer! Tudo que ele era! Tudo que ele poderia ter sido! Tudo agora se foi! Para sempre!

McGonagall olhou para Harry, que ergueu os ombros, tão confuso quanto ela. Ele começava a perceber que não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo.

Ainda irado, Elohim explicou:

— Viemos levar conosco a essência dele, o midrash. Mas ele estava sozinho quando morreu. Não passou para ninguém. Ninguém o tocou. Agora não podemos reunir nosso garoto com seu povo – seu verdadeiro povo.

— Elohim, eu lamento tanto — repetiu o velho mago. — Seu rapaz foi de uma coragem acima de qualquer medida ou padrão. Ele salvou a nós todos. Eu desejei tanto que ele pudesse se salvar.

A diretora estava estupefata.

— Severus Snape? Um covarde, um traidor!

Harry apressou-se em dizer:

— O professor Dumbledore tem razão, diretora. Estávamos errados. Prof. Snape espionava para a Ordem.

— Permita-me discordar, Sr. Potter — insistiu a diretora. — Você não esteve aqui no ano escolar. Você não viu a atuação dele como diretor. Foi uma mancha e uma vergonha para a história de Hogwarts!

— Ele fez o melhor que pôde, diante das circunstâncias — insistiu Dumbledore. — Talvez, Minerva, você queira considerar o que poderia ter acontecido se um dos Carrows estivesse no comando da escola?

— Ainda assim-

Ela foi interrompida por Elohim, que parecia irredutível:

— Nada poderia me aborrecer mais do que suas fúteis discussões humanas. Eu espero uma reparação ou indenização. Na verdade, eu exijo!

Harry encarou Apsara. A mulher torcia as mãos, lágrimas caindo silenciosamente pelo seu rosto. Ela fez um barulho suave, uma mistura de soluço e suspiro que quebrou o coração de Harry.

A atenção de Harry então se voltou para Elohim, que apontou o dedo para Dumbledore.

— Vocês têm três dias — ele admoestou o retrato, e o tom foi tão peremptório que Harry sentiu os pelos do braço se eriçando. — Eu aparecerei em traje completo e formal diante de suas autoridades para receber a indenização que me é devida. Vocês foram avisados.

Um clarão de luz apareceu, e, com ele, os estranhos se foram. Harry sentia o coração acelerado. Fosse lá o que Elohim tinha ameaçado, ele falava sério.

Harry olhou para a Professora McGonagall, que parecia pensar a mesma coisa. Os dois se viraram para Dumbledore, que se deixou cair na sua cadeira antes de dizer:

— Não é hora de perder tempo. Por favor, Minerva, chame o ministro da Magia em exercício, seja ele quem for.

— É Kingsley Shacklebolt — disse ela.

— Ótimo — disse Dumbledore. — Ao menos, esse tem uma boa cabeça em cima do pescoço. Há muito a ser feito.

— Mas o que é tudo isso? — perguntou Harry. — Senhor, o que está acontecendo?

— Harry, Minerva, por favor, esperem só mais um pouco. Eu prefiro explicar tudo apenas uma vez. E Harry precisa descansar um pouco mais.

Não havia jeito de Harry dormir naquele momento, e ele disse isso. Então eles resolveram fazer uma reunião de emergência em Hogwarts.

* * *

Kingsley Shacklebolt tentou atender ao pedido da diretora de Hogwarts, mas ele não conseguia entender por que tinha que deixar o Ministério quando estava tentando formar um governo de emergência depois da queda de Voldemort, que havia deixado metade de todos os funcionários do imenso prédio sujeitos a uma temporada em Azkaban. Levou algum tempo até Dumbledore conseguir explicar apropriadamente que eles tinham visitantes.

Visitantes que ele jamais esperara.

— Quem são essas pessoas? — perguntou McGonagal. — Eles são mesmo pais de Severus?

— Sim, pode-se dizer que sim — foi a resposta de Dumbledore.

— Como assim? — quis saber ela. — Então Severus foi adotado por Eileen Prince e o marido, é isso?

— Também se pode dizer que sim — disse Dumbledore gravemente. — O fato é que eles acham que a morte de Severus é minha culpa, e eles podem ter razão quanto a isso. Afinal, Severus era Elohim, mas acho que ninguém sabia disso.

Harry ficou espantando.

— Eu pensei que Elohim fosse o nome do pai dele.

— Na verdade, Harry — corrigiu Dumbledore —, Elohim é o nome que os humanos deram a esta raça antiga. Eles são antigos, mais antigos que a humanidade, e vivem isolados. Em raras ocasiões, eles interagiram com humanos. Eles eram encarados como intervenção divina, na verdade. O nome Elohim tem longa tradição entre povos antigos da humanidade, normalmente traduzidos por deus, deuses ou anjos. Literalmente, a palavra quer dizer “aqueles que vêm do céu”.

Houve uma pausa e surpresa na sala. Foi Harry quem sussurrou a palavra que todos estavam pensando:

— A-anjos...?

Ou Dumbledore não ouviu ou ele decidiu ignorar Harry totalmente.

— Eles estão para a humanidade ainda mais longe do que Muggles estão para bruxos. Eles podem se relacionar com a natureza num nível que nós apenas sonhamos. Claro, estando aqui desde a infância da humanidade, eles foram confundidos com seres sobrenaturais. Houve um tempo em que eles vinham muito até nós, mas já faz tempo que eles se misturaram com humanos. De qualquer modo, eu consegui entrar em contato com um deles, que foi Elohim, que vocês conheceram. Foi na primeira guerra, e Voldemort estava a caminho da vitória. Nossa situação era desesperadora. Elohim prometeu ajudar. Disse que mandaria seu próprio filho. Severus nasceu de uma bruxa e um Muggle para que nós nos lembrássemos de que a humanidade tinha tanto gente com magia como sem magia. Infelizmente, as coisas não deram muito certo para ele.

McGonagall estava abismada.

— Isso é um absurdo. Severus não era uma criatura mágica.

— Elohim me disse que a herança mágica de Severus só apareceria no fim, quando sua missão tivesse disso concluída. A raça deles tem longa expectativa de vida e eles são muito resistentes, não morrem à toa. Segundo Elohim, mesmo que ele perdesse o corpo, ele não estaria perdido. Mas eu não sei o que aconteceu, ou por que isso terminou não acontecendo. Suponho que eu tenha me esquecido da verdadeira natureza de Severus e passei a pensar nele como totalmente humano.

— Mas senhor — disse Harry, ainda confuso. — Como podemos estar certos de que o professor Snape não fez o que eles pensam que ele teria feito? Ele era um homem cheio de recursos e muito esperto. Como podemos saber que ele não fez o que eles acham que ele deveria ter feito?

Dumbledore sorriu para ele, mas era um sorriso triste.

— Entendo o que quer dizer, Harry. Infelizmente, não acho que isso seja provável. Severus nem mesmo sabia quem eram seus pais verdadeiros. Elohim tinha certeza de que tudo seria diferente do modo como as coisas aconteceram.

— E agora ele exige algum tipo de compensação ou indenização — lembrou Shacklebolt, gravemente. — O que isso quer dizer, exatamente?

— Não posso sequer começar a imaginar — confessou Dumbledore. Harry podia sentir uma ameaça no ar, algo pesado como uma volta de Voldemort. — Acredito que seja a hora de reunir o Wizengamot para uma sessão plena. Elohim nos deu três dias antes de aparecer em traje completo. Se não estou enganado, da última vez que algo assim aconteceu, as coisas ficaram muito ruins para as cidades de Sodoma e Gomorra.

Fez-se silêncio.


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