Aquele a quem chamam Severus Snape escrita por magalud


Capítulo 13
Capítulo 13




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Era tão estranho quanto podia ser, pensou Hermione, enquanto entrava na Merkavah. Nem mesmo o Grande Salão de Hogwarts se comparava.

O Altar Mais Nobre era monumental. Na verdade, era tão grande e amplo que parecia ficar num platô no alto de uma montanha. Havia paredes, porém, e uma abóbada no alto (muito no alto, ressaltou Hermione), de um tipo que ela nunca tinha visto. “Seria um truque de luz?”, indagou-se.

Bom, fosse o que fosse, aquela luz tinha que ter algum tipo de truque, pensou Hermione. Um lugar daquele tamanho deveria provocar uma sensação de intimidação, mas não era o caso. Ainda assim, não tinha o aconchego do Grande Salão em Hogwarts. Havia um ar de respeito e circunspecção ali, com certeza.

Parecia uma montanha num deserto, a cor rosada puxando para o tom coral, não muito diferente da cor das próprias túnicas que elas usavam. O ar era agradável, calor sem opressão. Contudo, havia algo no ar. Hermione tinha a impressão de que havia milhares de pessoas observando o que se passava. Contudo, não havia ninguém ali – à exceção da pequena procissão e de mais cinco sacerdotisas adiante, num miniplatô, para dar assistência à Hierofanta.

O grupo marchou em silêncio respeitoso para a estrutura alta e redonda, como um imenso mezanino, onde a Hierofanta e as sacerdotisas estavam de pé, em espera solene. Outras jovens acólitas estavam no fundo do ambiente. Ao menos, elas pareceram jovens a Hermione, mas seus rostos já eram tão circunspectos como o da Hierofanta.

Uma verdadeira cortina de carrilhões de vento, 30 metros de altura por 60 de largura, atraiu a atenção da grifinória. O som que o objeto monstruoso produzia era celestial, quase como o sussurro de uma brisa, enquanto eles percorreram o caminho rumo ao Altar Mais Nobre. O ar solene se mantinha suave. Hermione sentia que todo aquele ambiente conduzia a uma conexão profunda dentro de si mesma.

Finalmente, dentro de uma distância respeitosa da Hierfanta e suas sacerdotisas, a procissão deteve-se. Os sinos silenciaram-se.

As pessoas da procissão foram dispostas diante do corpo de sacerdotisas: Snape, a mãe e uma acólita à direita, e Hermione, Harry e outras acólitas à esquerda. Hermione tentou verificar o estado de Harry, mas mal pôde vê-lo. Ficou mais tranquila por ver que estava consciente debaixo do capuz.

A voz da Hierofanta devolveu Hermione à realidade do momento. Soou com autoridade e clareza, enchendo o domo. Ela falou diretamente para sua antiga pupila.

— Você veio diante do Altar Mais Nobre em favor daquele a quem chamam Severus Snape. Diga o seu nome.

— Eu sou Apsara — a voz dela ecoou em ondas suaves e relaxantes.

— Apsara, Filha, Irmã, Amiga. — Ela citou como fossem títulos formais. — Você veio até nós com um pedido muito inusitado. Diga o seu desejo diante do Merkavah.

— Eu desejo a Fusão Viva. — De novo, a voz era firme e doce.

Fez-se silêncio. A tensão era palpável, notou Hermione. A Hierofante pareceu intrigada - como se não esperasse por aquele pedido.

— O que pede não foi feito em qualquer tempo de nossa memória. E ainda assim, só foi feito em histórias e lendas.

Apsara abriu os braços, suplicante. Hermione estava com os olhos arregalados.

— Perdoe-me, Mãe de Todas as Mães. Mas este é meu filho. Para salvá-lo, recorrerei a mitos e qualquer coisa além.

A Hierofanta assentiu — e era o primeiro gesto positivo dela em relação a todo o caso, notou Hermione. Ela perguntou:

— Quem fala pelo guardião do midrash?

Hermione sentiu os olhos de Apsara se dirigirem para ela e adiantou-se.

— Eu falo. Meu nome é Hermione.

— Diga, hochendame, você ficará ao lado do guardião do midrash?

Em voz firme, a garota respondeu:

— Ficarei até o fim.

A Hierofanta assentiu, antes de continuar, em voz solene:

— Sendo apenas humana, Hermione, é meu dever avisar a você e seu tutorado que a Fusão Viva é considerada perigosa. Os riscos para ele são tão graves e grandes quanto os riscos para aquele a quem chama de Severus Snape. Como hochendame, você deve fazer a escolha por seu pupilo.

Hermione consultou Harry com um olhar e encontrou aceitação nos olhos verdes brilhantes.

— Nós escolhemos os riscos.

— Então tragam o guardião até o Merkavah.

Com a ajuda das acólitas, Hermione levou Harry até o altar, onde as sacerdotisas levaram-no a uma cama ritual e o puseram ao lado de Snape. Já deitado, Harry lançou à amiga um olhar só para tranquilizá-la, mas Hermione notou que ele tinha os olhos pesados e não conseguiu mantê-los abertos. A moça foi gentilmente retirada do Altar e se posicionou ao lado de Apsara, que estava tensa. O ar, antes tão leve e gentil, começou a ficar pesado, quase opressivo.

Os sinos de vento começaram a soar novamente, num tom completamente diferente do anterior, e a Hierofanta se aproximou dos dois homens deitados, agora lado a lado. A Alta Sacerdotisa se posicionou entre os dois, de frente para o grupo de mulheres. Ela pôs uma mão na fronte de Snape e outra na fronte de Harry. A sacerdotisa auxiliar pôs-se a intonar um cântico, e a matriarca abaixou a cabeça, entrando no que Hermione supôs ser um transe profundo. Apsara também tinha a cabeça baixa, como se estivesse rezando. De algum modo, pensou Hermione, era um momento de oração.

Durante um bom tempo, nada aconteceu, exceto o cântico, as rezas, os sinos. Ao menos, era o que parecia olhando de fora. Mas o ar estava extremamente pesado e grosso, embora não estivesse sufocante. Hermione juntou-se às orações, mas o foco dela era Harry. Ele não aparentava nenhum desconforto, então ela gradualmente conseguiu relaxar um pouco.

Não havia como dizer quanto tempo se passara. Então a Hierofanta uniu as mãos acima da sua cabeça, esticada, e olhou para o alto. As sacerdotisas e acólitas, num balé sincronizado, fizeram o mesmo, e os sinos tocaram ainda mais alto. Apsara jogou a cabeça para trás, na direção do céu. Hermione ficou tensa, sentindo que alguma coisa grande estava acontecendo. Ela estava toda arrepiada, a estática parecia saturar o ar. Era estranho, era uma exaltação quieta, uma emoção profunda.

De repente, tudo tinha acabado. A cantoria, os sinos. O silêncio repentino foi um contraste com o barulho anterior. Hermione segurou a respiração enquanto as sacerdotisas ajudaram Harry a se levantar. Ele nem olhou para ela. Em passos trôpegos, apoiando-se nas mulheres, ele foi guiado para uma porta lateral que pareceu se abrir de repente no meio da parede. Ela fez menção de ir lá, mas Apsara tocou-lhe o braço, e cochichou:

— Você vai poder vê-lo depois.

Harry e as moças sumiram pela porta adentro.

Um segundo grupo ajudou Snape a se levantar. O antigo professor de Hogwarts manteve-se de costas para Hermione, mas ela pôde ver as moças o ajudando a colocar uma roupa branca com um capuz, parecida com a que Harry usava. Ele andava de maneira ainda pior do que Harry, e elas praticamente o carregaram para uma segunda porta na parece.

A ansiedade de Hermione era palpável quando a Hierofanta se aproximou. A velha senhora parecia ter envelhecido 50 anos naqueles poucos minutos. Pela primeira vez, ela olhou para Hermione e Apsara com bondade e simpatia.

— Apsara, filha, criança. Acho que seu filho vai se recuperar, com tempo. Tudo correu bem.

Hermione ficou surpresa em ver Apsara, geralmente tão centrada e calma, soltar um suspiro de alívio e uma lágrima de alegria.

Então a Hierofanta se virou para a moça e comentou:

— Seu pupilo se comportou surpreendentemente bem. Pude ver na mente dele profunda gratidão e apreço por coisas no passado. Ele também não tinha medo, mas trazia grande arrependimento por não ter sido capaz de ajudar o companheiro antes. A qualidade mais valiosa dele é seu coração.

— Então ele ficará bem?

A Hierofanta garantiu:

— Dê-lhe tempo para se recuperar. Guardar o midrash de outro é geralmente muito cansativo. Mas manter vivo e inteiro para alguém que ainda respira é uma façanha, e não é pequena. Seu pupilo deve ficar bem.

Hermione deu um sorriso e soltou um suspiro que não sentiu estar segurando. A Hierofanta virou-se para Apsara:

— Ambos precisarão ficar isolados um pouco. Serão chamadas quando for hora de retirá-los da quarentena. Agora podem se juntar aos homens.

As duas mulheres desceram o imenso salão e atravessaram a porta de madeira maciça. Hermione localizou Ron e Elohim no mesmo banco onde estavam antes da cerimônia começar. Desta vez, Ron parecia mal se conter de ansiedade. E, pela primeira vez que ela reparou, o mesmo acontecia a Elohim. Os dois se levantaram e foram até as duas.

Elohim indagou:

— Como foi?

Apsara respondeu, satisfeita:

— A Hierofanta disse que tudo correu bem. Ambos estão em isolamento, e devem se recuperar totalmente. Ela elogiou o jovem Harry exaustivamente. O midrash de nosso filho não poderia ter ficado em melhores mãos.

O alívio dos dois era quase palpável. Hermione percebeu que Elohim estava impressionado.

— Não me lembro de ter ouvido a Hierofanta elogiar alguém antes.

— Ela disse coisas bacanas a respeito de Harry — confirmou Hermione.

Apsara comentou:

— Para a Hierofanta, não foram elogios vãos. Ela não tem a menor simpatia por homens de qualquer espécie, especialmente humanos.

Campeã das causas igualitárias, Hermione comentou:

— Parece preconceituoso. Pode ser uma coisa cultural. Quem sou eu para julgar? Ela tratou Harry muito bem.

— Você viu Harry? — indagou Ron, agitado. — Como ele está? E por que demorou tanto lá dentro?

Hermione ficou confusa diante da agitação dele.

— Harry está ótimo, mas precisa descansar no isolamento. E o que quer dizer com demora? Uma hora é um tempo bem razoável.

Apsara gentilmente informou:

— O tempo flui de maneira diferente no Merkavah. Eu temia que ficássemos lá dentro durante dias. Felizmente só algumas horas foram o bastante.

— Horas? — Hermione ficou admirada. — Nós ficamos lá dentro durante horas?

— Fluxo de temporal totalmente diferente — comentou Elohim. Ele olhou em volta, observando: — Vocês precisam de descanso. Venham. Deixem-nos ser bons anfitriões e atendê-los.


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