Justiceira escrita por Clarisse Arantes


Capítulo 8
Parte sete


Notas iniciais do capítulo

Olá, espero que gostem!



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Com minha bolsa acompanhando-me junto a meus todos os tipos de kits de emergência, avistei Pedro já de longe.

Ao aproximar-me percebi o quão incrível ele aparentava. Seus cabelos escuros cobriam boa parte de sua testa, como sempre. Ele usava uma roupa refinada, que me fez sentir um pouco tímida em relação a minha simplicidade. Pedro usava uma calça preta, que contrastava com sua camiseta branca de botões, sob um casaco também escuro.

Ele me ofereceu seu braço, que logo aceitei.

— Devo comentar que você está deslumbrante.

— Obrigada. Você não está tão mal.

Ele riu.

— Posso saber aonde vamos? — perguntei, enquanto começávamos a andar e Pedro guiava-me. Ele me levou até seu esplêndido carro. Eu não precisava conhecer muito de marcas pra saber que era uma marca conhecida e bem... cara.

Respirei fundo, ao sentar-me no banco da frente. Estava começando a ficar nervosa.

Eu estava saindo com um cara rico?

Nunca imaginaria que Pedro fosse rico, por toda sua humildade.

Ele deu a volta pelo carro e entrou ao meu lado. Olhou para mim, antes de encaixar a chave na ignição e dar partida, sorrindo de canto. Um belo sorriso.

— E então — comecei a dizer. — Vai contar-me onde está me levando, ou devo temer ser um seqüestro?

Ele riu, quase escandalosamente.

— Não é um seqüestro, Raquel. Vou te levar em lugar com música, bebidas e lá, talvez você possa me pagar sua parte daquele táxi. O que acha?

Minhas sobrancelhas ergueram-se de surpresa.

— Maravilhoso. — sorri.

Durante o caminho, Pedro ficou olhando para mim vez ou outra. E todas às vezes ele sorria. Isso estava me enlouquecendo. Eu queria saber o que se passava por sua cabeça todas essas vezes.

Quando estacionou, saiu do carro rapidamente, enquanto retirava o cinto, e abriu a porta para mim. Ele conseguia fazer gestos maravilhosos o tempo inteiro? Sorri em agradecimento. Ele pegou em minha mão e fechou a porta.

O local em que estávamos era tão chique quanto o carro. E a única coisa que entrou em minha mente ao adentrarmos o local foi: como iria pagar alguma bebida pra ele ali?

Meu nervosismo começava a aumentar.

Ainda com minha mão na sua, Pedro sorriu aos guardas do local. Aparentemente, ele era bem conhecido por ali. Levou-me para o balcão, no bar.

— Esse lugar não é o que imaginei que você me levaria — comentei um pouco constrangida. Eu estava muito pobre para o local.

Ele pareceu surpreso.

— Achei que gostaria. É uma das franquias de meu irmão, e, bom, ele pediu-me para que viesse hoje aqui. É uma festa de cinco anos de casado que ele está fazendo.

Meu queixo caiu. Foi ao chão. Não literalmente, óbvio.

— Aí meu Deus. É sério?

Ele assentiu.

— Bom — ele sorriu, virando-se de lado. — Depois de pensar muito em quem traria, você foi minha escolha mais óbvia. Gentil, legal e educada. E não sei muito sobre você, exceto que possui uma beleza extraordinária.

Tomate. Aquele bem vermelho. Era a cor que possuía meu rosto no momento. Fui obrigada a rir de nervoso.

— Obrigada, Pedro. Não sei nem o que dizer.

Ele chamou o moço que estava lavando alguns copos. Em instantes, ele apareceu.

— Duas cervejas, da boa, por favor.

O atendente assentiu e se foi. Pedro virou-se para mim.

— Pode começar em me contar a sua história.

Joguei o cabelo de lado e fiquei pensativa. Minhas unhas tamborilaram contra o balcão e mordi meus lábios.

As bebidas chegaram e dei um gole, tomando coragem. Pedro encarava-me ansioso, esperando.

— Não tenho muito o quê dizer — comecei. — Eu tive uma adolescência bem difícil. E fiquei reservada na escola quanto a isso. Meus pais foram assassinados na minha frente quando eu era menor. — Pedro estava, absolutamente, surpreso. Ele deu um gole em sua cerveja. — Isso me traumatizou. Desde então, tento fazer o melhor para que outras crianças não sofram o mesmo que sofri. Escolhi ser repórter para saber bem do que acontece no mundo, ficar por dentro. Minha vida não é extraordinária, mas sei que estou fazendo algo que gosto.

Ao terminar, Pedro deu, novamente, um gole em sua cerveja.

— Você é quem me deixou sem palavras. — Eu ri.

— Sua vez.

— Minha história?

Assenti inquieta.

— Também possuo uma história breve — ele sorriu, e captei seu nervosismo. — Quando era menor algo também me traumatizou, e passei um bom tempo tentando me aliviar do trauma. Mais tarde, meu pai havia falecido, e também minha mãe. — Meu coração gelou. Ele não havia tido uma vida fácil. — Meu irmão e eu fomos mandados para morar com um tio nosso. Aos dezoito, as franquias de meu pai foram dividas entre nós. Porém, dei-as para meu irmão e segui o caminho que gosto: o jornalismo. Ser repórter. — Ele sorriu. — E aqui estou eu.

— Você realmente deu a volta por cima.

Pedro consentiu. Dei mais um gole em minha cerveja, finalizando-a.

— Às vezes você me lembra as mulheres de antigamente — surpreendi-me com suas palavras. — Sua forma reservada...

— Às vezes, costumo mesmo fazer o penteado de Marlyn no meu cabelo.

Ele riu.

Pedro levantou-se e ofereceu-me sua mão.

— Me concede uma dança?

— Deixe-me pensar...

— Como pagamento do táxi?

Semicerrei os olhos, diante da injustiça e ri, aceitando sua mão e indo junto a ele para a pista de dança.

A música era lenta. Dançar. Algo que eu sabia fazer, finalmente. Não tão bem, mas nem tão mal.

No meio da pista de dança, Pedro enlaçou seu braço direito em minha cintura, causando-me um arrepio dos pés à cabeça. Sua mão esquerda juntou-se com a minha e eu apoiei minha mão livre em seu ombro.

Durante a música, eu senti que estávamos em uma espécie de jogo de olhares. Pedro encarava-me intensamente, e, todas as vezes que olhava em seus olhos, ele desviava. Às vezes chegou a dar um pequeno riso.

— Você está realmente muito bela esta noite.

Sorri. Deveria me acostumar com seus elogios.

— Obrigada.

Giramos mais algumas vezes e sorri desacreditada.

— Posso te contar uma coisa? — ele perguntou, aproximando sua boca ao meu ouvido. Respirei fundo.

— Claro.

— Eu estou com uma vontade muito grande de te beijar.

Enrubesci. Foi minha vez de aproximar-me de seu ouvido e sussurrar-lhe:

— E o que te impede?

Pedro então sorriu. E foi o que fez. Ele me beijou, naquela bela noite.

E não parou por aí.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)



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