Justiceira escrita por Clarisse Arantes


Capítulo 6
Parte cinco.


Notas iniciais do capítulo

Espero que a alma que lê isso, goste.



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Meu rosto virou-se para a direção de algo metálico, ao lado de minhas costas. Uma caixa de luz.

— Cinco. Quatro.

Abri-a com rapidez.

— Três.

O dono sorriu em cima do palco.

— Dois.

Não sei qual é o pino de energia certo que tenho que desligar, e meu instinto, me fez abaixar todos aqueles que estão acesos.

— Um.

Não há mais luz. Música. E vozes. Todos estão paralisados.

— Parabéns, Justiceira. Você conseguiu.

Desliguei a chamada e corri entre as mesas. As vozes começavam a murmurar. O que teria acontecido? Em cima do palco, o dono da companhia estava aflito e nervoso. Corri para suas costas, na parte dos computadores e puxei o pen drive com rapidez do computador. O homem olhou-me confuso.

— Preciso que devolva — ele comentou, nem tão certo disso.

— Não posso.

E sai correndo dali também. Mantive-me mais afastada o possível dos computadores. Escondi o pen drive dentro da bolsa. As luzes gerais não demoraram a voltar e todos no salão, inclusive eu, respiraram aliviados.

— Que estranho — disse para uma mulher ao meu lado. Ela sorriu e assentiu.

— Bem que comentei com o meu marido que algo estava estranho — ela riu.

Sorri nervosa.

Pedro apareceu em minha frente com a garrafa d’água.

— Por que eu tenho a sensação de que o que aconteceu tem haver com você? — ele riu. — Aqui está.

Peguei a garrafa, com as mãos tremulas e tentei esconder o meu nervosismo o máximo que pude, ao beber a água.

— Talvez.

Ele sorriu de lado e semicerrou os olhos. Encaramo-nos por um tempo, Pedro não deixava de lado o fato de que eu sabia que ele estava me fitando com vontade. Senti-me exposta sob seus olhos e sorri, desviando os olhos, porque o calor estava começando a voltar.

— Acho que vou entrevistar outras pessoas sobre o “blecaute”.

— Tudo bem — ele consentiu. — Daqui a meia hora podemos ir? Sei que devemos ficar um pouco mais, mas, se você não contar, eu não conto.

Eu ri. Era realmente exaustivo ficar ali por três horas.

Os pratos começaram a serem servidos. Logo recebi um convite para um almoço com Pedro, que fora irrecusável.

[...]

O motorista havia ido embora. Ou não conseguimos achá-lo. E nem tinha como nós contatá-lo, o que me deixou muito frustrada. Então, Pedro e eu, combinamos de dividir um táxi. Ele morava não muito longe de minha casa, que era na mesma direção que a sua.

Em pequenos segundos, estávamos os dois acomodados no carro. Dessa vez, eu fora na frente, e expliquei onde morava para o motorista.

O caminho, assim como a ida, havia sido silencioso. Talvez por causa do cansaço e do estresse, minha vontade de falar era igual à zero. Ficamos por ouvir a melodia calma do rádio.

Quando o carro parou em frente à minha casa, desci. Abri minha bolsa e retirei algumas notas, pronta para pagar o táxi. Entretanto, Pedro desceu também e o táxi foi embora.

— Acho que estou te devendo, então — comentei envergonhada. Ofereci-o minhas notas.

Ele dobrou-as sobre minha mão e fechou-a.

— Seria uma maravilha se me pudesse pagar mais tarde. Hoje à noite, o que acha?

Fiquei surpresa. Ele estava mesmo me chamando para sair?

— Bom, eu não sei... Amanhã tem o trabalho e...

Sua mão fora parar em minha bochecha, paralisando-me. Deixando-me sem fala. Sem reação.

— Hoje à noite.

Sorriu. Ele possuía mesmo lindos olhos.

— Tudo bem. — Dei de ombros, aceitando o fato de que, hoje à noite, eu teria um encontro com um cara muito bonito e educado. Atrevido também estava em sua lista de adjetivos. Bons.

Ele deu-me as costas, então, e saiu andando. Ainda meio sem reação, suspirei e caminhei na direção do meu apartamento. Descobri que estava sendo observada pelo meu porteiro e quando passei por ele, o mesmo sorriu maliciosamente. Nojento.

Enquanto subia para o meu andar, chequei as mensagens e, como esperado, não havia nada importante. Somente minha amiga viria me visitar mais tarde. Eu adoraria contar sobre Pedro para ela.

Passos à porta, eu coloquei a chave e a destranquei, porém, não abri a mesma. Minha audição aguçada deixou-me saber que havia alguém ali dentro. Meu coração começou a acelerar-se.

Deixei a bolsa de lado e chutei a porta. Não olhei para saber quem era, mas sei que a pessoa estava sendo prensada contra a parede. Eu não o conhecia, mas sabia que não era meu arquiinimigo.

Soltei-o. Um homem moreno e de cabelos escuros, um pouco alto, e de terno, olhou-me furiosa. Ele possuía um tampão no olho esquerdo e várias cicatrizes no rosto.

Mas sou eu quem tinha o motivo de estar furiosa.

— Quem é você?! — eu praticamente gritei. Ele ajeitou o terno e focalizou seu olhar em mim.

— Olá, Raquel. Fico um pouco constrangido com nossa recepção um tanto quanto... estranha. E um pouco chateado por não saber quem sou eu. Em todos os casos, perdão, meu nome é Nick Fury, e há coisas que quero tratar com você.

Afastei-me alguns passos.

— Como você entrou em minha casa, Nick Fury?

Ele começou a andar para os lados.

— Você anda atraindo muita atenção. Soube que ajudou um garotinho ontem a encontrar sua mãe. Salvou um rapaz. Está fazendo o certo.

— Como entrou em minha casa?

— Você não é tão bem precavida, caminhar normalmente, e levar o uniforme na bolsa? Qualquer um poderia ver, entretanto, não estou aqui para falar de seus modos. Você sabe lutar, possuí superpoderes. É alguém que estamos dispostos a levar pra frente.

Sentei-me no sofá. Eu poderia matá-lo, se quisesse.

Ele apontou para uma caixa ao lado de meu pé.

— Se abri-la, encontrará um uniforme feito exatamente com sua medida e as cores de seu país. É feito com vários tipos de protetores e uma máscara bem mais eficaz da que você vinha usando. Sei que tem uma grande batalha com um sujeito que se autodenomina “Garoto Solitário”. Adoraria saber o desfecho dessa história, só para saber.

— Como você sabe disso tudo? — questionei. — E de onde você vem?

Peguei a caixa ao lado de meu pé e deixei-a em meu colo.

— Sou dos Estados Unidos — ele explicou —, e sei disso tudo porque, como comentei você é bem descuidada e eu sou eu. Junto à caixa há meu número e espero que me ligue quando tiver certeza que não quer ser somente mais uma heroína mirim. Apesar de ser boa, há várias coisas que você tem que aprender. Em nossas bases, há pessoas que treinam super-heróis. Adoraríamos ter você por lá.

Assenti.

— Como posso ter certeza de que isso tudo que me diz é verdade?

Ele sorriu, parando finalmente de andar e me olhou nos olhos.

— Você não pode.

Levantei-me e deixei a caixa no sofá.

— Só tem uma coisa que quero dizer-lhe e que espero que saiba que é algo que alguém já deveria ter dito-te antes: com grandes poderes, vem grandes responsabilidades. Espero que saiba que tudo o faz, terá uma consequência.

Assenti.

— Agora preciso ir.

— É melhor.

Acompanhei-o até a porta. Ele chamou o elevador e quando chegou, entrou, com a porta prestes a fechar, sorriu mais uma vez e contou-me:

— A propósito, uma chave em baixo da porta é uma coisa bem óbvia.

Droga.


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Notas finais do capítulo

Obrigada, alma.



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